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Cristiane Kinguti 01/06/2016 08:36
    Torres del Paine – Circuito O ou 360º

    Torres del Paine – Circuito O ou 360º

    Quer saber um pouco mais sobre as minhas aventuras?

    Nível: moderado
    Data: 25 de dezembro de 2014 a 4 de janeiro de 2015
    Duração: 3 dias de logística e 7 dias de circuito

    Como chegar:

    Existem duas formas de ir para lá: uma pela Argentina, por El Calafate, e uma pelo Chile, por Punta Arenas. Como eu já tinha visitado El Calafate em 2012, resolvi ir pelo Chile para conhecer outras cidades

    O primeiro trecho é São Paulo x Santiago no Chile, COM duração de 4 horas. Na sequência, pegamos um voo de mais 3h50 para Punta Arenas – aeroporto mais próximo de Puerto Natales.

    O último trecho é um deslocamento terrestre de 3h de ônibus entre Punta Arenas e Puerto Natales, distantes cerca de 250km.

    Empresas que operam a linha Punta Arenas – Puerto Natales:

    Buses Pacheco: www.busespacheco.com
    Buses Fernandez: www.busesfernandez.com
    Bus Sur: www.bus-sur.cl
    Os ônibus saem quase de hora em hora, começando às 8h, até as 20h

    O deslocamento todo é longo e cansativo. Como meu voo chegou em Punta Arenas meia noite, optei por dormir lá e realizar o trecho de ônibus no dia seguinte. Chegando a Puerto Natales passei o dia conhecendo a cidade e no dia seguinte fiz o último trecho terrestre, que é um ônibus que te deixa na entrada do parque.

    Ali pegamos o catamarã que nos deixa dentro do parque. Tem duas opções de catamarã: a de 3 horas vai pelo lago Grey, e a de 30 minutos, vai pelo lago Pehoé. Foi a que eu peguei.

    Equipamentos:

    – Isolante térmico
    – Saco de dormir
    – Roupas técnicas: segunda pele, fleece ou pluma leve e anorak, e camisetas e calça de trilha

    Fogareiros e panelas não estão listados porque optei por usar a estrutura das agências que oferecem serviços dentro do parque. É possível alugar barracas, reservas vagas no refúgio e contratar logística de transporte e alimentação completa

    http://www.fantasticosur.com/

    www.verticepatagonia.com/

    Sobre a sinalização:

    O parque é bem organizado e sinalizado. Não dá medo de andar sozinha, ainda mais em temporada, quando você encontra gente o tempo todo. A trilha é marcada por postezinhos alaranjados, ou marcas laranjas nas árvores. Quando você ficar em dúvida, procure o próximo poste laranja (ou uma marca laranja) que não tem erro. No Vale do Francês eram fitinhas cor de rosa nas árvores.

    Os guarda-parques também estão ali para nos ajudar em caso de dúvidas. No Circuito W vi poucos, mas no Circuito O eles estão sempre controlando se seu tempo está bom para chegar ao cias você fará um registo no meio do caminho com um guarda-parque e no camping com outro).

    Resumo:

    1º dia – Paine Grande (Antigo Pehoe)

    Cheguei por volta da s 13h, peguei minha barraca, organizei tudo e saí para uma caminhada na região. Atrás do refúgio começa uma trilha bem tranquila que segue beirando o lago Pehoe, com um visual maravilhoso, com aquela coloração turquesa dos lagos de glaciar.

    2º dia- Paine Grande – Los Cuernos

    Existem duas opções de acampamento: o acampamento Italianos, a aproximadamente 7,6 km, e o Britânico, que não possui estrutura. Se preferir ficar em refúgio, existe o Los Cuernos, a 12 km.

    Outra decisão importante a ser tomada é se você irá subir o Vale do Francês ou não.

    Às 7h30 estava tomando o café no Refúgio Paine e me preparando para o dia de caminhada. A trilha atravessa uma vegetação que foi afetada pelo grande incêndio de 2012. Após contornar as margens do lago Skottsberg, você voltará a encontrar vegetação viva.

    A chegada ao acampamento Italianos é marcada por uma grande ponte de madeira.

    Para iniciar a subida do Vale do Francês deixei a mochila próximo a casa dos guardas no acampamento e subi fazendo apenas um ataque, pois depois você voltará pelo mesmo caminho. Peguei uns amendoins, água, anorak, minha câmera e iniciei a subida.

    Um pouco depois de começar a subida você irá ver o Glaciar del Francés. Com um dia lindo de céu limpo, fiquei deitada no primeiro mirante, admirando a imensidão da montanha à minha frente.

    Ali frequentemente ocorrem “avalanches” e que faz um som como se fosse um grande trovão.

    São diversos mirantes ao longo do caminho. Depois de aproximadamente 4,5 km você passará pelo Acampamento Britânico. Esse acampamento gratuito não possui infraestrutura.

    Para subir tudo se leva aproximadamente 2 horas. Ao descer peguei minha mochila e segui ao Los Cuernos.2º dia – Camping Los Cuernos – Camping Chileno – 13km

    Um pouco antes, havia uma praia cheia de pedras. Como estava cedo me sentei ali para relaxar um pouco e curtir o silêncio e a beleza do local. Aproveitei para mergulhar os pés na água extremamente gelada, e logo continuei o caminho pois uma garoa fina se iniciou.

    Los Cuernos possui opção de refúgio e acampamento. Ele fica bem escondido no meio das árvores, de frente para uma montanha. Eu optei por fechar as refeições no parque, então peguei um bom vinho e saboreei o jantar. A entrada era uma sopa de legumes acompanhada de pão caseiro. Como prato principal, arroz temperado e peito de frango ao molho de champignons, fechando a refeição com uma torta de limão. Foi um jantar fabuloso.
    Na Patagônia, nessa época do ano, demora muito para escurecer. Às 21h ainda estava claro, então peguei minhas coisas e me sentei num rio atrás do refúgio. Fiquei ali relaxando e conversando com outras pessoas que estavam fazendo a trilha, alguns começavam naquele dia como eu, outros encerravam o percurso..


    3º dia – As Torres

    Esse dia tem como as opções de destino o Refúgio Las Torres ou o Refúgio Chileno.
    A escolha deve ser baseada na sua condição física neste ponto do circuito. Optando por seguir para o Refúgio Las Torres, o caminho será mais leve. Porém, no dia seguinte, você terá uma subida mais longa pela frente. Caso você opte por seguir para o Refúgio Chileno será necessário encarar uma subida longa até o passo que dá acesso ao Vale Ascencio, onde estão as torres símbolo do parque.

    Saindo do refúgio Los Cuernos são cerca de 6,5 km até a bifurcação para o refúgio Chileno. Durante esse trecho você terá que enfrentar uma subida inicial de aproximadamente 2,5 km, mas depois o terreno se tora mais plano e segue assim até perto da bifurcação para o refúgio Chileno.

    Quando você chegar à placa que marca a bifurcação, a trilha passa a ganhar altitude em uma subida de aproximadamente 3,8 km, onde você subirá quase 300 metros. O final dessa subida é o passo que dá acesso ao Vale do Ascencio e a vista nesse ponto recompensa o esforço. Em dias claros você poderá avistar toda a estepe que fica ao sudeste do parque, o Lago Sarmiento, o rio Ascencio e a trilha que desce o vale em direção ao refúgio Chileno.

    O refúgio Chileno conta com opção de camping e hotel. Também possui um restaurante, loja de suprimentos e uma área para cozinhar.

    Quando cheguei no acampamento fiquei surpresa com a estrutura que ele possui para barracas, pois como seu chão é bem instável, o parque criou estruturas de madeira para as barracas da agência.

    Iniciei a subida para ver as Torres. O tempo estava um pouco nublado e por todo o caminho se escuta o som do rio.

    A última etapa da trilha exigia um pouco mais de esforço, em especial para quem já estava ao fim de um dia de caminhada. Nesse trecho começou a chover, e eu pensava “não é possível que eu subi até aqui para não ter visibilidade de nada…rs”.

    No entanto, alguns minutos antes de chegar ao topo, o tempo abriu e todo cansaço foi recompensado pela visão das torres sendo adoradas pelo lago verde turquesa.

    Depois de um tempo admirando toda essa beleza, desci até o refúgio me sentindo privilegiada e emocionada. Jantei e fui dormir.

    Aqui finaliza o Circuito W e inicia o Circuito O.

    4º dia – Camping Chileno – Camping Seron

    Existe somente essa opção de camping. Nesse trecho, recomendo levar um bom repelente.

    Essa parte da trilha sai do Chileno, na frente de uma maravilhosa montanha, e segue por um trecho de subidas e descidas bem leves. Essa parte é cheia de pernilongos e tábanos, que parecem mutucas e são extremamente irritantes.

    Após um tempo se entra em um grande vale, repleto de margaridas.

    Chegando no camping tive um grande choque: o local era totalmente diferente dos outros, com muitos pernilongos. Por ser alérgica, cheguei, tomei meu banho e me isolei na barraca.

    A refeição foi maravilhosa, uma das melhores que comi. Depois passei um tempo conversando com os meninos responsáveis pelo camping e fui dormir.

    5º Dia – Camping Seron – Refúgio Dickson

    Existe somente essa opção de camping.

    Esse trecho também recomendo levar um bom repelente.

    Ainda em terreno privado, em um lindo campo com muitas margaridas, me deparei com vários cavalos atravessando à minha frente, uma cena realmente bonita.

    No final deste trecho é possível avistar o Refúgio Dickson a menos de 700 metros de distância, logo após contornarmos uma grande baía no Rio Paine. Temos realmente uma vista muito bela deste vale, tendo ao fundo o Lago Dickson.

    Atrás do acampamento tem um mirante com uma excelente vista do Lago Dickson e das duas geleiras que terminam no leito do rio. Avistamos também alguns picos nevados.

    A noite no Dikson foi muito especial: noite de ano novo! O jantar teve cordeiro patagônico, sobremesa, vinho e um clima mágico. Após o jantar, às 19h ficamos conversando, bebendo, dançando. Os guarda-parques foram chegando, até que finalmente fizemos nossa contagem regressiva e comemoramos a chegada de 2015.

    Foi o primeiro dia que saí de noite e fiquei muito tempo admirando o céu. Parecia uma pintura de tão estrelado que estava. Fiquei ali, entre trilheiros, admirando o céu em silêncio.

    6º dia – Refúgio Dikson – Camping Los Perros

    Existe a opção de parar no camping Los perros ou no acampamento Paso.

    A partir desse ponto não é mais necessário o uso de repelentes. A caminhada começa tranquila. É um trecho pequeno e não estava com muita pressa, então fui caminhado devagar.

    Já na parte alta, o cenário muda totalmente do que foi visto até ali. É um bosque muito grande e bonito, com grandes árvores que foram torcidas pelo vento e se inclinam para o chão. Também foi a região onde mais me deparei com animais: vi carpinteros, os pica-paus de cabeça vermelha ou preta, e lebres.

    Andando mais um pouco saí do bosque, e me deparei com uma longa subida de pedras soltas. Você pensa: “socorro!”, mas chegando ao topo dela se depara com uma maravilhosa geleira pequena e um lago… logo já chega ao acampamento…

    Não tive uma boa impressão desse camping no início. Tinha muitas coisas amontoadas, desde carcaças de pequenos botes até latas podres e algum lixo, que deixavam o lugar com cara de abandonado. Chão de terra batida, com muitas raízes de árvores e pedras. Tem banheiro e ducha gelada. Dispõe de um galpão protegido pra cozinhar, que funciona também em como pequena mercearia. Esse camping não possui quase nenhuma estrutura e fica no meio do bosque.


    Cheguei, fiz meu jantar, fiquei ouvindo música e pensando que minha viagem estava acabando. Quem conhece a Patagônia sabe: não dá vontade de ir embora. Logo fui descansar.

    6º dia – Camping Los Perros – Refúgio Grey

    O dia começou com uma subida longa e acentuada, com muita água correndo pelo caminho e pontos lamacentos, sempre dentro da floresta, em direção ao Paso Gardner. As árvores vão ficando para trás e logo alcançamos as rochas, alguns trechos com vegetação e outros tantos apenas com pedras.

    Muito cuidado agora: é possível ver os galhos das árvores e grandes pedras por buracos na cobertura de gelo do chão, que já está derretendo. Ao pisar, senti ele se rachar todo.


    Alguns trechos de escalaminhada, muito vento, MUITO VENTO. Finalmente alcancei o trecho mais alto desse dia. Apesar do frio e do vento muito forte, tive um momento de contemplação e, é claro, fiz mais fotos. Quando você chega no topo da subida, que é cansativa, e vê o Glaciar Grey, com toda magnitude de sua extensão, é um momento único.

    Não existem palavras para descrever a sensação de chegar ali, foi mais surpreendente que as próprias torres para mim.

    Iniciei a descida, e os bastões ajudaram muito para me dar equilíbrio. Você passa por vários mirantes nessa descida, todos dignos de uma espiadinha e fotografias, fora os trechos de escadas e pontes.

    Finalmente cheguei ao Grey. Jantei com um casal chileno, grego e 2 brasileiros; uns começando o percurso, outros encerrando. O clima de comemoração , satisfação e alegria não estão no gibi, rs.


    7º dia – Refúgio Grey – Paine Grande – Catamarã de volta

    O trecho mais curto, com 2 horinhas de caminhada, é bem tranquilo. Tem um pouco de descida, um pouco de subida, e existe um mirante um antes da curva que fazemos para o Paine Grande de onde é possível ver o Grey de frente e se despedir dele.


    Dicas:

    Ao chegar no Refúgio Grey eu não sabia da existência de outros passeios, então quem puder ficar um dia a mais lá, seguem as informações:

    http://www.fantasticosur.com/tours-de-excursiones/kayak-grey-glacier/ e existe também um Ice trekking no Grey, ambos passeios de 3 horas cada.

    Cavalgadas: http://www.torresdelpaine.com/secciones/04/c/directorio.asp

    Cristiane Kinguti
    Cristiane Kinguti

    Publicado em 01/06/2016 08:36

    Realizada de 25/12/2014 até 03/01/2015

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    1 Comentários
    Marciel Trentini 21/07/2016 20:38

    Olá Cristiane, muito massa esse trekking, um sonho a ser realizado.Poderia me informar qual foi o valor gasto com viagem, parque e todo o resto?

    Cristiane Kinguti

    Cristiane Kinguti

    São Paulo

    Rox
    414

    Já me desafiei em trilhas como a Serra Fina em dois dias, Desafio Serra Fina, Bocaina, Chapada dos veadeiros, Torres del Paine, Transmantiqueira e muitas outras viagens.

    Mapa de Aventuras
    www.criskinguti.com.br