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Danielle Hepner 21/04/2021 14:03 com 1 participante
    Um final de semana no Parque Nacional do Itatiaia

    Um final de semana no Parque Nacional do Itatiaia

    Trilha da Pedra do Altar, com pernoite no camping do Abrigo Rebouças - Parque Nacional do Itatiaia, Itatiaia - RJ

    Trekking Hiking Montanhismo

    Em 2021 ainda seguimos na pandemia do Covid-19. Durante um bom tempo segui as restrições de ficar em casa, mas aos poucos, com os devidos cuidados, tentei retomar meu contato com a natureza. Em fevereiro tive que retornar ao trabalho presencial depois de um 2020 de aulas transmitidas online. A pressão e cobrança do retorno presencial, ver colegas que não cumprem os protocolos básicos... Tudo isso mexeu com a minha cabeça. Voltei a ter problemas de saúde relacionados ao estresse. Numa conversa com a minha psicóloga, ela falou sobre a importância de tirar um tempo pra mim, de reconexão, fazendo algo que alimentasse a alma. Daí conversei com o meu namorado, o Bruno, sobre a ida ao lugar que considero um templo, que é meu lugar no mundo: O Parque Nacional do Itatiaia. Decidimos que iríamos passar o final de semana por lá, mesmo que sem um roteiro definido. A gente ia ver o que desse vontade, andar pro lado que desse na telha.

    Então, na quinta anterior entrei no site do PNI para comprar ingressos, e como se o mundo conspirasse a meu favor, tinha espaço disponível no camping Rebouças. Comprei.

    Saí de casa, em Caxambu - MG, na manhã de sábado, cedinho, por volta das 6h00. Lá pelas 7h40 cheguei na Garganta do Registro, pra tomar um dos melhores cafés da manhãs da vida: pãozinho de queijo e café preto. Uns 15 min depois o Bruno chegou, vindo do Rio de Janeiro. Deixei meu carro perto do Miguelzinho, e fomos pra parte alta do Parque.

    Chegamos lá no Posto do Marcão era quase 9h. Apresentamos ingressos, documentos... Preenchi toda a burocracia.

    O guarda falou que poderíamos ir de carro até o camping, e acrescentou: "Deixem tudo dentro do carro que os lobos estão roubando e rasgando barracas!". Ok, entendemos, mas não pude esconder um sorrisinho: "ow, será que vamos repetir a outra vez e ver o guará???"

    Bem, chegamos na área de camping, conseguimos um espaço bem bacana para montar a barraca. Um olhou pra cara do outro, eu exausta da rotina pesada da escola (aulas, provas, simulados, listas de exercício, prazos...) somado ao cansaço mental de ter passado pela perda de um familiar no fim do ano e à solidão de ter voltado sozinha para a cidade que moro, deixando família, amigos... 'Vamos lá na Pedra do Altar, depois a gente vê o que faz'.

    Início da Trilha

    E assim fizemos. Organizamos uns petiscos, água na mochilinha. Todo o resto no carro, afinal eu queria ver o lobo, mas não queria que ele comesse os meus equipamentos né rs

    Começamos a andar pela represa, depois seguimos pela trilha bem marcada sempre de frente para as Agulhas Negras. Talvez essa seja a minha mágica da montanha: foi só encarar a belezura das Agulhas que o mundo todo pareceu desaparecer, e de repente o caos que se fazia em mim foi totalmente embora. Passei a caminhar em passos leves.

    Depois de um tempinho, chegamos na bifurcação e tomamos o caminho da esquerda, em direção à Pedra do Altar. Dali começa uma subidinha sob o olhar atento dos sulcos perfeitamente talhados por chuva e ventos nas Agulhas Negras. Terminada a subida, um campo levava ao nosso ponto de desejo. Desta última plaquinha, em mais 10 minutinhos chegamos ao cume da Pedra do Altar.

    Bifurcação - Circuito 5 Lagos e travessias x Pedra do Altar

    Para minha felicidade, éramos só nós dois ali, olhando, respirando, agradecendo principalmente por termos saúde. Como sempre, fiquei sentada um tempinho só sentindo o vento bater e a circulação do sangue no meu corpo pulsar.

    Pouco depois passou um grupo de SP que ia fazer a travessia Rancho Caído. Tentamos manter o distanciamento, e ficamos num cantinho comendo e papeando. O grupo foi embora e aí vi a expressão do Bruno, um sorrisão na cara de quem vê algo muito maneiro: 'Caraca Dani, aquele ali é o Gadetto!'

    E era. Eles ficaram conversando um pouquinho, Gadetto contando sobre o Refúgio da Matilha, ambos dividindo experiências, falando da beleza da região e, inclusive, trocando de boné. Por sinal, tenho que falar do look do dia do Bruno. Quando ele chegou na Garganta do Registro eu logo falei: 'VOCÊ TÁ DE CALÇA?!?!'. Olha, ele foi na beca pra Itatiaia, calça marronzinha, camisa preta do Clube Outdoor, bandana tubular, bota... E o boné da Vara Mato, presente do Gadetto, completou certinho a combinação.

    Cume da Pedra do Altar com a vista para o caminho da Travessia Rancho Caído e a Serra da Mantiqueira. Ao fundo, Serra do Papagaio.

    Cume do Altar, com vista das Agulhas Negras. Foco no lookinho do Bruno, por favor.

    Um tempinho depois, com o tempo fechando e a certeza de que cairia uma chuvarada, a gente desceu e logo chegamos novamente no Abrigo Rebouças. Eu quis tomar um daqueles banhos congelantes no abrigo, fazia tempo que não tomava um desses que revigoram até a alma. E a chuvarada caiu, mas foi rápida.

    Preparamos comida, aliás, enchemos o bucho. Ficamos por lá de papo, comendo, olhando pras Agulhas Negras, pro parque como um todo... Conforme a noite foi caindo, a cara de que um novo temporal viria, e as chances de ver o lobo guará cada vez menores.

    Não deu outra, assim que entramos na barraca o céu começou a piscar intensamente: raios, trovões e, ainda assim, silêncio. Logo caiu um temporal emoldurado num show de luzes que durou toda a noite. Caí no sono em paz.

    Na manhã seguinte o frescor da chuva ainda pairava. Arrumamos as comidinhas, e subimos umas pedras nos arredores do Rebouças pra tomar um café da manhã de respeito. Nos perdemos na conversa, ora rindo, ora falando de assuntos mais sérios, e entendendo o quão privilegiados somos por poder ter momentos como aquele em face à tantos problemas como os atuais.

    Num novo prenúncio de chuva a realidade veio com tudo pra cima de nós e decidimos ir embora, afinal nós dois ainda teríamos que pegar estrada para voltar pra casa. Saímos do parque ainda com uma centelha de esperança de ver o guarázão, que não apareceu desta vez. Fomos embora. Mas claro, antes de cair na estrada pra casa de novo, coquinha gelada e pastel no Miguelzinho.

    Não fizemos muito na parque, mas estar ali era exatamente o que a gente precisava. E fez todo o sentido. Sorriso no rosto, agora sim eu estava pronta pra encarar tudo de novo.

    Danielle Hepner
    Danielle Hepner

    Publicado em 21/04/2021 14:03

    Realizada de 13/03/2021 até 14/03/2021

    1 Participante

    Bruno Negreiros

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    5 Comentários
    Eduardo da Silva 21/04/2021 14:10

    Isso sim é recarregar as energias, pra encararmos tudo o que tem acontecido no dia a dia.

    Fabio Fliess 21/04/2021 14:16

    Melhor lugar para estar...

    Bruno Negreiros 21/04/2021 15:01

    Eu fui vestido só pra aparecer bonito nesse relato! S2

    David Sousa 22/04/2021 03:25

    Parabéns

    Marcio Mafra 08/05/2021 01:19

    Bacana! Tô afim de dar um pulo lá no PNI.

    Danielle Hepner

    Danielle Hepner

    Rio de Janeiro - RJ

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    nerd! professora de matemática apaixonada por montanhas, viagens, doguinhos e ukulele.

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