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Edson Maia 06/04/2018 08:11
    Pico Paraná - Trupe Suricatos Hiperativos

    Pico Paraná - Trupe Suricatos Hiperativos

    Depois de um longo hiato, uma pequena fração da trupe se reuniu com o propósito de subir o ponto mais alto do sul do Brasil.

    Trekking Montanhismo Acampamento

    Subindo o Pico Paraná

    A montanha:

    O pico Paraná, localizado no município de Antonina, pertencente ao conjunto de serra chamado Ibitiraquire, que na língua tupi significa "serra verde". Imponente e desafiador, destaca-se do alto dos seus 1.877 metros de altura, como a montanha mais alta da Região Sul do Brasil. É assim, um convite irresistível à aventura para todos que curtem montanhismo.

    Fazia um bom tempo em que o PP era mencionado nas conversar casuais da trupe, como uma trilha indispensável para o nosso álbum de recordações, sendo que ao menos duas vezes no ano passado, tentamos organizar a missão e em ambas, as previsões climáticas fazia com que fossemos obrigados a cancelar a missão quase em cima da hora.

    Só agora, em 2018, após uma conversa com meus brothers de perrengues, Bruno e Filipe, decidimos novamente escolher uma data para subir o PP. Com o cuidado de não pegar um final de semana, nosso plano era ter a trilha o mais vazia de gente possível, para assim termos uma experiência mais intensa com a montanha. Foi então que Filipe comentou que no dia 23 de março, uma sexta-feira, seria feriado por conta do aniversário de Floripa. De pronto batemos o martelo e definimos que nossa investida ao PP iniciaria na sexta-feira, dia 23 e terminaria no sábado, dia 24, evitando assim, o movimento intenso que é normal na trilha durante os finais de semana. Plano perfeito! Bastava apenas monitorar o clima na montanha para termos o sinal verde.

    Quinta-feira, dia 22, previsão de tempo firme para a sexta e alguma chuva fraca no fim de tarde de sábado, era este o nosso sinal verde. Tratei de jogar os equipos todos na cargueira e com uma carona providencial de uma amiga, rumei para pernoitar na casa do Filipe em Floripa, de onde, às 05h30min da madruga, a trupe pegaria estrada rumo ao PP, distante aproximadamente 350 km para serem percorridos em pouco mais de 4 horas de viagem.

    Primeiro dia:

    Conforme programado, antes do sol nascer, já estávamos na estrada, levando café na térmica para evitar o sono e também aquelas paradas desnecessárias que sempre consomem tempo, pois todos estavam cientes que precisávamos estar no cume ou perto dele antes do sol ir embora. Com muita conversa e risadas, quase nem vimos o tempo passar e com tranquilidade, antes das 10h da manhã, já nos encontrávamos dentro da Fazenda Pico Paraná, ponto zero de nossa pequena aventura.

    A previsão de tempo para completar a trilha até o acampamento A2, carregando cargueiras, fica por volta de 6 horas de pernada morro acima, e para chegar ao cume é necessário mais uma hora.

    A trilha, já de inicio, começa numa subida boa para aquecer as panturrilhas, o que dava uma pista que ali não era o “Beto Carrero”... kkk No começo, o que se vê é uma trilha normal, bem aberta e sem obstáculos, mas na medida em que fomos subindo, aos poucos começam a aparecer degraus de pedras e raízes de tamanhos variados. Gradativamente os obstáculos se multiplicam e se tornam cada vez maiores. Uma diversão para quem está bem preparado e, obviamente, um perrengue para quem não está. Já fizeram le parkour com uma cargueira nas costas?

    A trilha segue sempre bem marcada e com bastante sinalização de fitas brancas, com pouquíssimos pontos que exijam maior atenção ä navegação. De qualquer maneira, é sempre recomendável ir com alguém que tenha experiência e/ou conheça bem a região.

    Água não é um problema, com um bom estudo de relatos da trilha, e uma programação simples, chega-se ao topo sem a preocupação de ficar com o bico seco.

    Nosso plano inicial era subir direto, alcançar o cume e acampar por lá se o tempo estivesse firme e antes do escurecer. No entanto, a turma sentiu o desgaste causado pela noite de sono curta, as horas de estrada, e somado a estas coisas, a subida forte... Após os paredões que possuem grampos e cordas, já bem próximos do acampamento A2, Filipe começou a sentir câimbras fortes nas pernas. Com isso, diminuímos um pouco o ritmo e ao chegamos no A2, Filipe, já bem cansando e sentindo câimbras, informou que ali era o fim da linha para ele neste primeiro dia. Numa conversa rápida, definimos montar o acampamento ali mesmo, no esquema “ninguém fica para trás”. Ainda durante a conversa, eu e Bruno, inicialmente, estávamos decididos a continuar a trilha num ataque até o cume, pois eram apenas 17 horas, aproximadamente, e o sol só iria embora lá pelas 18h20min. Daria tempo de subir, assistir ao pôr do sol e descer no escuro até o acampamento. Mas se assim fosse, o Filipe ficaria de fora, então mudamos o plano e decidimos acordar na madrugada do dia seguinte e fazer o ataque ao cume ainda no escuro para pegar o sol nascendo lá no alto.

    Colocamos em prática o nosso plano B. Com tranquilidade tratamos de escolher um lugar bom para montar o acampamento, e enquanto a turma armava as barracas, fui buscar água para preparamos o jantar, na única e última nascente, que fica numa pequena trilha de uns 80 metros (bem chatinha), ao lado das ruínas da casa de pedra.

    O clima estava perfeito, embora abaixo de nós, o que se via era um enorme mar de nuvens cobrindo tudo, deixando visíveis, apenas os demais picos próximos. Nada de vento.

    Fizemos nosso jantar, jogamos conversa fora, e sem muita enrolação, nos entocamos dentro das barracas para descansar os esqueletos castigados pela subida e colocar o sono em dia.

    Durante a madrugada, que não foi fria, lembro que acordei com duas pancadas leves de chuva, que me fizeram lembra que a previsão para o dia seguinte era de chuva na tarde... Fiquei um pouco preocupado com a possibilidade de o clima estar mudando antes das previsões, mas não perdi o sono não... Kkkk Voltei dormir rapidinho.

    Dados do primeiro dia:

    Distância percorrida: 7,6 kms

    Tempo na trilha: 7 horas

    Acúmulo de subida: 1011m

    Acúmulo de descida: 348m

    Segundo dia:

    Cinco e meia da madrugada, toca o despertador e de pronto, tratei de me mexer. Abri a porta da barraca para dar uma olhada no céu e vi estrelas. Era um bom sinal, depois da chuva que rolou durante a noite.

    Chamei a turma e apenas o Bruno se prontificou em fazer o ataque até o pico. Vesti meu anorak, bebi um pouco de água, coloquei uma maçã na boca, a headlamp na cabeça e, junto com o Bruno, começamos a trilha. Ainda que visualmente, o pico esteja bem próximo, leva por volta de uma hora para alcançar o cume. Com a primeira claridade no horizonte rompendo a escuridão da madrugada, tocamos morro acima. A trilha estava bem molhada, e como o trecho inicial é repleto de mato alto, inevitavelmente acabamos tão molhados que parecia que tínhamos tomado uma chuva na tampa... kkk

    Após uma hora de subida com vários obstáculos, e também como não poderiam faltar, algumas escalaminhadas, o sol nos dava boas-vindas no cume do Pico Paraná. Olhando em 360 graus, não havia nada acima de nós além do sol e o céu azul. Abaixo, os picos próximos se destacavam parcialmente dentro de um mar branco de nuvens baixas. Nosso acampamento, um tanto distante, era apenas um pequeno ponto cor de laranja no meio do verde, bem abaixo de onde nos encontrávamos. Um visual alucinante!

    Depois de curtir aquele momento mágico e registrar a passagem da trupe no livro de cume, começamos a descida até o acampamento para tomar café e desmontar o circo.

    Não demorou muito e os primeiros trilheiros, passarem por nosso acampamento, munidos apenas de mochila de ataque, rumo ao cume.

    Quando chegamos ao acampamento, Filipe nos aguardava com um fabuloso café da manhã... #sqn Diante desta falta lamentável, tratamos de fazer o café da manhã reforçado para recarregar as calorias, e assim, de barriguinha cheia, começar a longa descida até a Fazenda Pico Paraná.

    Assim que terminamos de desmontar o acampamento e carregar as cargueiras, lembrei do momento em que, ainda em casa, deixei meu par de bastões de caminhada, por preguiça e crendo não serem necessários... Ainda bem que arrependimento não mata. Não é verdade?

    Divagações e murmurações à parte, começamos nossa descida pouco depois das 10 horas da manhã, com sol e temperatura amena. Sem pressa, para poder aproveitar o visual e também tendo o cuidado que certos trechos da descida exigem, seguíamos bem, anda que a descida, a meu ver, é sempre mais casca que a subida.

    Depois que descemos os dois lances de paredões com vias ferratas, começaram a aparecer grupos de trilheiros com suas cargueiras rumo ao alto da montanha. Enquanto cruzávamos com a turma em sentido contrário, comentei com Bruno e Filipe, o quanto fomos felizes em ter feito a escolha da data da forma como se deu. Afinal, tudo indicava que o A2 e possivelmente o cume, ficariam lotados de barracas naquela noite de sábado. Certamente mais de vinte pessoas, em grupos diferentes.

    A descida seguia tranquila e devagar no eterno superar de subir e descer pedras, raízes e troncos, até que num dos pontos de água, num pequeno córrego que cruza a trilha, algo aconteceu...

    Como cheguei na frente da turma ao ponto de água, sentei num tronco com o córrego bem aos meus pés, para assim descansar um pouco, beber água tranquilamente e curtir a vibe daquele lugar bonito. Eu nem tinha terminado de tomar a primeira caneca de água, quando Filipe, se aproximado de mim para pegar água e arrumar um lugar para sentar, escorrega na laje molhada e caindo sem controle, bate forte com um dos braços na minha cabeça. Nada demais, uma pancada apenas, não fosse pelo fato de eu estar com os óculos na cabeça. A pancada forte fez com que a armação dos óculos fizesse um corte razoável em minha “linda careca” e rolasse uma sangueira no mesmo instante. Uma pequena correria para avaliar o tamanho do corte e fazer um curativo para proteger o ferimento e tudo voltava a normalidade do que estava acontecendo até então. São bons esses óculos da Julbo não quebram e se precisar improvisar um canivete, pode contar com eles... kkk

    Após andar mais uma hora e pouco, a trilha começou a abrir, mostrando que já estávamos próximo do fim. Com sol forte na tampa, já cansados da descida de cinco horas, o trecho final parecia infinito, mas logo apareceu no visual a Fazenda e nos reanimamos para descer mais rápido.

    Ao chegar à fazenda, tratamos rapidamente de tirar as botas e meias, e ficar descalços naquele gramado impecável.

    Alguns rápidos minutos de relax na grama, organizamos a fila do banho e encomendamos alguns pastéis, que por sinal são muito bons, para fazer uma rápida confraternização, dar algumas risadas das coisas que aconteceram e por fim, pegar a estrada de volta para casa.

    Dados do segundo dia:

    Tempo na trilha (ataque cume): 1 hora, 12 minutos

    Acúmulo de subida: 269 m

    Acúmulo de descida: 25 m

    Tempo total (ataque cume e descida até Fazenda PP): 9 horas, 44 minutos

    Distância total percorrida: 8,9 kms

    Acúmulo de subida: 599m

    Acúmulo de descida: 1253m

    Dicas e recomendações:

    - Fazenda Pico Paraná:

    Gostamos e recomendamos, apesar de ter apenas um banheiro, o lugar é bastante bonito, bem cuidado e seguro para deixar o carro.

    A dica aqui é deixar uma muda de roupa limpa, toalha e demais equipos de banho no carro, para na volta da montanha, resolver a questão da higiene pessoal e voltar para casa bonitxs e cheirosxs. ;)

    A fazenda possui uma pequena cantina que serve deliciosos pasteis com refri e cerveja bem gelada.

    Custo da entrada na fazenda em março de 2018: R$10,00

    Mais informações: acesse aqui.

    - Levar bastões de caminhada! Kkkk

    - Faça uma boa previsão do tempo antes de subir para o PP, pois se pegar chuva lá no alto, a descida pode se tornar bastante perigosa.

    Edson Maia
    Edson Maia

    Publicado em 06/04/2018 08:11

    Realizada de 23/03/2018 até 24/03/2018

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    8 Comentários
    Fabio Fliess 06/04/2018 16:02

    Anotado: levar bastões de caminhada! kkkkk Bela pernada meu amigo... Show de bola!

    Renan Cavichi 06/04/2018 16:06

    Boaaaaa Suricatos! Estamos partindo para o Caratuva amanhã cedo! Espero pegar esse amanhecer! 🤘🏻

    Edson Maia 06/04/2018 16:28

    Alô Renan! revisão de tempo bom: https://www.mountain-forecast.com/peaks/Pico-Parana/forecasts/1877 se eu não tivesse compromissos de família, colava junto... fica para outra oportunidade. Fábio: levar bastões de caminhada! hahaha

    Fabio Fliess 07/04/2018 12:45

    Duplo check nos bastões, meu brother! Hahaha

    Edson Maia 07/04/2018 18:08

    hahaha... é isso aí chefe Fábio!

    Alberto Farber 09/04/2018 17:09

    Massa, já deu vontade de conhecer!!

    Edson Maia 17/04/2018 11:04

    A região do PP é um verdadeiro parquinho de diversões, Alberto... dá para ficar alguns dias tranquilamente "pulando" de um pico para o outro.

    Aislan Mendes 28/04/2018 19:13

    Excelente cara! Pretendo Subir em Agosto! Forte Abraço

    Edson Maia

    Edson Maia

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