A subida ao Kilimanjaro é a terceira montanha do Projeto 7 Cumes que estou realizado, projeto de forma desportiva e não comercial. Objetivo é se preparar para tentar a subida ao Everest sem ajuda dos Xerpas e se auxilio de oxigênio suplementar.
Considero o Kilimanjaro como a montanha mais fácil do projeto, mas devido as restrições do Kilimanjaro National Park é proibido a subida sem guia local e com carregadores, algo para ajudar a renda do povo local. Bem diferente das expedições que costumo a fazer, mas temos que respeitar as regras de cada lugar.
Para essa expedição havia convidado algumas pessoas, mas somente uma amiga se dispôs a encarar o desafio, fizemos toda expedição juntos, mas no último dia ela desistiu um pouco acima dos 5 mil metros, o guia acompanhou ela na descida, com isso segui ao topo sozinho para cumprir objetivo.
A viagem de Arusha para Kilimanjaro mostra um pouco da paisagem local, mais seco do que eu havia imaginado, os vilarejos no percurso mostram a desigualdade social. Depois de chegar ao Kilimanjaro Nathional Park pegamos as autorizações para a subida e iniciamos a trilha.
Iniciamos a trilha junto com um casal de suecos, eles estão fazendo a primeira alta montanha e estão um pouco preocupados com aclimatação, já no início da trilha eles começam a ficam para atrás. Nesse dia objetivo é sair de Machame Gate (1490m) e ir até Machame Camp (2980m), nessa parte da subida é em meio a floresta por uma trilha bem cuidada e sem dificuldades técnicas. Depois de quase duas horas na trilha o tempo muda e começa a chover forte e depois de quase três horas de forte chuva chegamos a Machame Camp (2980m) nosso primeiro acampamento. Durante a subida percebo que o guia não se encontra muito bem aparentemente, vejo ele muito lento já no primeiro dia na trilha.
Os carregadores que levam meus equipamentos também pegaram a chuva e a minha duffel fica em parte molhada e sinto que várias roupas minhas se encontram úmidas, até meu saco de dormir esta úmido, a noite não foi agradável com isso e me sinto desconfortável.
No segundo dia a subida vai de Machame Camp (2980m) para Shira Camp (3840m), amanhece com um lindo sol e um amanhã fria, tomo meu café da manhã e decido subir sozinho e chegar antes ao próximo acampamento, meu objetivo é chegar mais cedo e colocar meu saco dormir e outras roupas para secar ao sol.
Início a subida bem seguro das minhas condições e vou passando vários grupos durante o percurso, o que me chama atenção é a quantidade de embalagem de comprimidos que encontro pelo caminho, acho que as pessoas se preocupam mais em tomar medicamentos para dores de cabeça do que prevenir. A maior prevenção é água e nada mais, quanto mais água menos dor de cabeça. Chego ao Shira Camp muito bem e encontro somente alguns carregadores de outras expedições que começam a montar acampamento, minha amiga e o guia Agry chegam duas horas e meia depois. O sol das somente pequenas aberturas e aproveito mesmo assim as poucas aberturas para secar minhas coisas. Os suecos demoram muito para chegarem ao acampamento parecem bastante cansados e pela conversa dos guias vão sugerir a eles que descem a desistam da subida. Depois de uma longa conversa ele aceitam abandonarem a jornada na montanha, acho muito cedo mais cada um precisa tomar sua própria decisão e encontrar a melhor alternativa.
Nesse terceiro dia o trajeto sai de Shira Camp (3840m) para Barranco Camp (3950m) mas é um percurso longo que sobe primeiro até Lava Tawer 4630m e depois desce até chegar Barranco Camp (3950m) nosso próximo destino.
O tempo começa fechado desde os primeiros momentos, o terreno nessa parte da subida é bom, caminho aberto com uma subida leve mas larga até Lava Tower. Aos 4400m começa a cair os primeiros flocos de neve e parece que não teremos chuva nesse dia, melhor neve que chuva. A vantagem da neve é que ela não molha como a chuva. Chegamos bem em Lava Tower 4630m e devido à forte neve juntada com vento decidimos não ficar ali, somente tiramos algumas fotos e começamos a descer direto. Depois de algum tempo começa a vir o pior, a neve dá lugar a chuva novamente, essa chuva parece me perseguir e na parte final decido descer o restante correndo e fugir dela.
Acampamento Barranco é bem tranquilo e mais agradável que o Shira, o tempo esta chuviscando e não consigo ver qual a vista desse acampamento, a única vista que aparece é a subida que leva ao Barafu Camp o nosso próximo destino.
Quarto dia, Barranco Camp (3950m) para Barafu Camp (4600m). Acordo bem nesse quarto dia e tomo um café da manhã, aproveito para comer dois omeletes e vários pães, isso vai garantir minha principal refeição e uma quantidade de calorias necessárias para caminhar forte.
Começamos a subir depois das 7 horas, a subida do Barranco é tranquila e um pouco lenta, passo a passo vamos ganhando altitude e deixando para trás a temida subida. No final do Barranco encontramos um pequeno platô e paramos um pouco para comer algo e se hidratar, é um lugar lindo, consigo ver parte do Kilimanjaro, o tempo piora e parece que iremos pegar chuva, estamos abaixo dos 4400m nesse momento e aqui no Kilimanjaro abaixo dessa altitude é sinal de chuva e não neve. Depois de mais de 7 horas chegamos finalmente do Barafu Camp (4600m), dali é somente ir ao topo e começar a voltar para casa.
A chegada tardia ao Barafu Camp deixa pouco tempo para descanso, e não tem muito que fazer nessa região da montanha, comer bem, hidratar, entrar no saco de dormir e aguardar chegar as 23 horas para começar a se organizar para subida ao topo do continente africano.
O jantar é novamente um espaguete, sopa, pães, pipoca, e um café africano para abrir o jantar.
Dia de ir ao topo da África, levantamos as 23 horas e começamos os preparativos para a parte final, me sinto muito bem mesmo não tendo muito tempo para dormir, o segredo agora é se alimentar e hidratar bem. Depois de tomar o café saio da barraca e já avisto luzes subindo as montanhas, vários grupos já haviam começado a subida bem cedo, antes das 23 horas.
Tudo pronto para a subida e lá vamos nós, a subida é feita pela minha amiga, nosso guia e eu, já no início da subida sinto o ritmo ser muito lento, mas estamos juntos e seguiremos dessa maneira para todos chegarem bem ao topo. Nas primeiras horas da manhã meu relógio marca temperatura de – 5 graus célsius e vai baixando de como que avançamos montanha acima. Próximo dos 5 mil metros começa a se avistar as luzes de Arusha e pequenos povoados próximos, a vista é bela a anima a subida no ritmo lento que estamos. Tento animar minha amiga e seguirmos forte, explico que o ritmo esta errado e isso faz se cansar mais, o correto é tentar subir mais rápido e com isso o organismo se aquece com mais movimento, em um ritmo lento sentimos mais frio porque o corpo produz menos calor e com isso sentimos muito mais esse fator. As vezes penso que o guia não quer ajudar ou não esta em condições de render mais e motivar, para mim não tem importância subir nesse ritmo porque para mim é questão de tempo para chegar ao topo.
Por fim um pouco acima dos 5 mil metros minha amiga decide voltar para acampamento, cada um precisa tomar suas próprias decisões, e com isso o guia desce junto com ela. Me despido do grupo e sigo meu ritmo montanha acima, em poucos minutos já não os vejo mais. Com o passar do tempo ultrapasso os grupos que haviam passado por nós e o que chama atenção dos guias é o fato de eu estar subindo sozinho, digo que o guia teve que descer e continuo subindo.
Chego no Stella Point 5.718 metros onde se finaliza a subida mais íngreme perto das 7 horas, até o tempo é uma leve inclinação que leva de 30 a 60 minutos. Muitas pessoas ficam ali mesmo e nem vão até Uhuru Peak 5895m onde é o topo do Kilimanjaro. Quando chego ao topo encontraram 2 grandes grupos tirando fotos, peço para um alemão tirar algumas fotos e fazer uma filmagem com a bandeira da Chapecoense, havia levado a bandeira para fazer uma homenagem, foi um momento emocionante porque aquela subida tinha um objetivo muito maior do que somente chegar ao topo da África.
Obrigado Renan! vamos para a próxima, abraço
Valeu Antonio!
Aeeee sim... demais!!!!
Representou SC! Boa!!
Obrigado Laila e Eduardo!
Olá gostaria de saber o custo básico para escalar o Kilimanjaro,fora o custo das passagens aéreas do Brasil até lá.fico no aguardo e desde já agradeço.
Olá Flávio! Kilimanjaro não tem um custo muito barato na montanha, deve gastar um torno de 1.250 (dólares).
😍🔝👏👏👏