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Igor Hauch 06/12/2016 00:57
    Núcleo Travessia - Trabalho em Pedralva/MG

    Núcleo Travessia - Trabalho em Pedralva/MG

    Capacitação e trabalho de Recuperação de Nascentes e Sistemas Agroflorestais

    Uma parceria entre o Núcleo Travessia (Projeto de extensão da UNIFEI) e o projeto ELAS (Escola Livre de Agroecologia e Sociedade).

    O Núcleo de Pesquisa, Extensão e apoio à Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural – Núcleo Travessia – tem por objetivo promover discussões e reflexões acerca do desenvolvimento rural e da agricultura familiar. Ele teve origem espontânea em 2015, através de um coletivo de pessoas interessadas na temática sobre o rural e o campesinato.

    O encontro visa ampliar a compreensão sobre a expressividade do rural e estreitar laços entre alunos e a comunidade, apreendendo, além das técnicas, noções da realidade camponesa a partir da sua vivência.

    Foi realizado na Fazenda Belo Ramo um trabalho capacitação para recuperação de nascentes e planejamento de sistemas agroflorestais.

    Ficamos acampados na fazenda, trabalhando, aprendendo e se divertindo muito.
    Um ótimo espaço para interação, e aprendizado de técnicas agroecológicas e também lições de vida.

    Dois projetos de capacitação foram realizados no final de semana dos dias 3 e 4 de dezembro.

    Sistemas Agroflorestais (SAF)
    Foi realizado um projeto para a fazenda, atendendo as necessidades específicas do produtor com uma relação harmoniosa com o meio ambiente.

    Toda a agricultura realizada na fazenda é orgânica, e já existem diversos laboratórios ao ar livre com experimentos de interação entre espécies.

    Recuperação de Nascentes
    Projeto e execução da recuperação de uma nascente na região.
    Área em recuperação, onde antigamente funcionava uma fazenda de café.

    Fiquei nesse projeto, e vou detalhar melhor sobre minha vivência.

    As técnicas utilizadas são difundidas pelo SENAR.

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    Chegamos em Pedralva-MG aproximadamente uma hora da tarde, onde nos reunimos com os donos da fazenda onde iriamos acampar, e também com agricultores locais convidados para participar. Contávamos também com um instrutor do SENAR, que apesar de ajudar muito estava apenas como convidado do projeto que foi elaborado e executado pelos alunos e agricultores locais.

    O começo da tarde foi de conversa e café, explicando o que seria feito, tirando dúvidas e planejando o cronograma de atividades do final de semana.

    Fui para o projeto de nascentes.
    Uma caminhada rápida pela fazenda nos levou até uma trilha, um caminho íngreme e escorregadio, com uma vegetação bem espinhosa.
    Pegamos bastante chuva nos dois dias, que deixou as coisas um pouco mais difíceis, mas mais “interessantes”, com tombos, perrengues e muita risada.

    A trilha nos levava a um ponto de capitação de água na montanha.

    O primeiro ponto de capitação, que funcionava para fazenda anterior, já estava seco fazia muitos anos.
    Devido ao manejo errado da região ao redor e diversos outros fatores, houve uma redução significativa do nível do lençol.

    Um segundo ponto de capitação mais abaixo foi feito faz alguns anos, mas uma enxurrada em 2012 assoreou o leito da nascente, e este ponto estava bem comprometido e com uma vazão muito baixa quando chegamos.

    O primeiro passo foi limpar a área. No braço mesmo, na enxada tiramos o material assoreado do leito, e conseguimos encontrar a rocha e o olho d'água fluindo livremente. Somente com esse processo a vazão já quase dobrou.

    Foi construída uma pequena barragem aproximadamente um metro depois da nascente, utilizando pedras, terra de formigueiro e cimento.

    Na parte inferior da barragem, um cano em um nível um pouco abaixo da nascente fazia a ligação da nascente ao outro lado da barragem. Esse era o cano de limpeza do sistema.
    Na parte central foi instalado um cano de capitação, que atravessava aproximadamente 15 centímetros de cada lado da barragem. Este cano terá ligação com uma caixa d'água.
    Na parte superior foram colocados dois canos de suspiro (ladrão), para que o excesso de água seja facilmente escorrido pela barragem.

    Entre a barragem e o olho d'água, com a área devidamente limpa e aberta começamos a encaixar pedras, evitando tampar a nascente ou a conexão com os canos. Esse ajuntamento de pedras cresceu até um pouco acima da barragem, e ficou com um formato de forno de pizza.

    Um cano de limpeza foi instalado na parte superior do "forno" perpendicular ao horizonte, como uma “chaminé”.

    Com as pedras posicionadas, conectamos e vedamos o monte de pedras com a barragem, para evitar que entre qualquer coisa na nascente.

    Fizemos também um corredor para enxurradas paralelo ao sistema de proteção.

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    A ideia é a seguinte, a nascente é desobstruída, e começa a encher a barragem, a água flui livremente entre pedras e é coletada pelo cano de capitação.

    A limpeza deve ser feita periodicamente, e esse tempo muda de acordo com a região, solo, e outros fatores. Para isso, deve-se pingar água sanitária no cano "chaminé", e então abrir o cano inferior de limpeza, que vai esvaziar a barragem, deixando todo sedimento acumulado nas pedras escorrer.

    Todo o projeto e execução foi realizado no final de semana, muito trabalho foi necessário. Foram utilizados apenas materiais acessíveis a qualquer agricultor familiar.

    Trabalhamos os dois dias debaixo de chuva forte, muita lama e nenhuma frescura.

    Sobre a fauna local, tivemos a oportunidade de ouvir um bando de macacos da região um grupo de aproximadamente 50 indivíduos muito barulhentos e rápidos que atravessaram um corredor de árvores no alto das montanhas.

    Encontrar uma aranha armadeira (um dos agricultores que estava com a gente fez a identificação, eu tenho minhas dúvidas, mas respeitei e não falei nada, ele com certeza tem muito mais experiência que eu).

    E ouvir histórias reais de lobos e onças que andam por ali. No primeiro dia encontramos pegadas de onça, não muito longe da nascente onde estávamos trabalhando, mas um encontro com alguns desses animais, apesar de desejado (por mim pelo menos) é muito difícil.

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    Foi um final de semana fantástico, com muito trabalho e aprendizado.
    Apesar da chuva e todo trabalho pesado não faltou bom humor.
    A noite de sábado ficou marcada por uma fogueira, com muita música e conversa.
    E tivemos uma alimentação somente orgânica e espetacular durante todo o final de semana.

    Fica um agradecimento especial ao Núcleo Travessia e à Fazenda Belo Ramo (João e Letícia).

    Observação: Vou receber e adicionar mais fotos mostrando a barragem e outros detalhes do projeto em breve.

    Igor Hauch
    Igor Hauch

    Publicado em 06/12/2016 00:57

    Realizada de 03/12/2016 até 04/12/2016

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    Igor Hauch

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    Rox
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    Estudante de Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Itajubá. Apaixonado e praticante de Rugby, Trekking, MTB, Escalada e Skate.

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