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Laila 23/11/2017 17:54
    Kilimanjaro - África - Rota Machame

    Kilimanjaro - África - Rota Machame

    A expedição dos sonhos. Um relato de emoções!

    Alta Montanha Trekking Montanhismo

    Quando comecei a trabalhar como guia, escalar o Kilimanjaro era um sonho que parecia muito distante. Daqueles sonhos que alimentam a alma, mas que por algum tempo parecia algo inatingível.

    Bom, dia 09 de outubro estava eu, de malas prontas, cheia de roupas, equipamentos, incertezas, ansiedade e medo. Aquele sonho estava agora à um oceano de distância e eu iria cruzá-lo.

    Nosso ponto de encontro seria Arusha, na Tanzânia, e lá encontrei meus companheiros de aventura! Alguns já conhecidos, outros não, mas que em pouco tempo tornaram – se as companhias perfeitas para esta empreitada.

    Tudo foi possível graças à parceria da Mantra Adventure (minha empresa) com a AFCC Aventuras (do Antonio Fonseca) que foi a responsável pela contratação dos guias locais.

    Além dos guias tínhamos a equipe de carregadores e cozinheiros, somando mais de 40 pessoas montanha acima.

    Aliás, a equipe local merecia um texto à parte, tamanho empenho e alegria que desenvolviam suas tarefas, sempre soltando um caloroso “JAMBO” (comprimento local) e um largo sorriso, além é claro das palavras de incentivo e as músicas que enchiam os acampamentos e os corações de alegria...

    Sem dúvidas, sem aqueles meninos nada seria possível e tão mágico!

    1 dia:

    Coração acelerado fizemos nosso chek in na entrada do parque, que estava bem cheio. Almoçamos por ali e iniciamos.

    Nossa rota foi a Machame, um pouco mais dura e com menos estrutura do que a mais popular Marangu, também conhecida como Coca – cola.

    Saímos de aproximadamente 188mts e caminhamos em meio à uma mata exuberante, com a trilha bem larga e demarcada. Após 5 horas chegamos ao primeiro acampamento à 3100mts.

    O Machame Camp oferece uma estrutura de banheiros (latrina) separados em feminino e masculino, o que me deixou contente porque no ponto que ficamos só tinha eu e as outras duas mulheres do grupo. Bobagem..., esta divisão não foi respeitada!

    Foi montada a estrutura de cozinha e a tenda para refeições, sempre acompanhada de sopas, muito pimentão e pepino, além do chá de gengibre.

    Para aclimatação é importante ingerir muita água, então borá tomar água e chá de gengibre o tempo todo.

    O Sol se recolheu e nossos corpos cansados encontraram abrigo nas barracas para uma boa noite de sono.

    2 dia:

    Despertamos às 6 e após o café da manhã, com chá de gengibre é claro, iniciamos a caminhada.

    A paisagem já estava diferente, mais seca e com muitas subidas. Nosso acampamento seria o Shura Camp, à 3800mts.

    Foi um dia tranquilo, mas a altitude já começava a interferir e caminhávamos mais lentos, sempre ouvindo “Polo Pole” dos guias, que significa pouco à pouco.

    No acampamento seguimos o mesmo ritual de jantar, chá de gengibre e muita risada! O grupo estava animado.

    A noite foi mais fria, mas o cansaço fez com que o sono fosse ótimo.

    3 dia:

    Durante o café nos preparamos para o que seria um dia bem puxado...

    Sairíamos de 3800mts, atingiríamos os 4600mts, o que seria ótimo para aclimatação, e depois desceríamos à 3900mts onde seria o acampamento.

    Saímos animados, todos estavam bem... A caminhada era linda, um terreno muito árido, com muita poeira, mas maravilhoso!

    Seguimos até encontrar a “Lava Tower” (Torre de Lava), uma rocha vulcânica vertical que emerge e destaca-se na paisagem.

    A tenda para o almoço foi montada e enquanto todos se preparavam para refeição, eu, Antônio e Geraldo, acompanhados por alguns guias, que iam surgindo do nada rsss, subimos a Torre imponente. Foi um “trepa pedra” delicioso, e a vista lá do alto impressionante. Realmente um momento de muita alegria para mim.

    Após alguns clicks era hora de descer e me juntar novamente ao grupo para o almoço e um descanso rápido.

    Estávamos no ponto mais alto do dia, à 4600mts e tínhamos que descer à 3900, onde seria o acampamento.

    Esta parte do caminho foi igualmente linda e com uma vegetação única. Em algumas partes me lembrou muito o Monte Roraima, algo meio pré histórico.

    No fim da caminhada uma chuva fina veio dar as boas vindas e durante a noite a temperatura caiu bem...

    Alguns do grupo ainda arriscaram uma saída para fotos noturnas, mas o frio e o cansaço falaram mais forte e decidi descansar. No dia seguinte começaria a parte punk da brincadeira, onde um dia seria emendado no outro rumo ao TOPO DA ÁFRICA.

    Dia 4:

    Saímos cedo em direção ao Barafu Camp, à 4600mts, por um caminho acima do limite da vegetação.

    Com o ganho de altitude nossos passos iam se tornando mais lentos (Pole Pole).

    Chegamos cedo e precisávamos descansar, pois à meia noite partiríamos para o ataque ao cume.

    Uma das integrantes do grupo foi pega pelo mal da altitude, precisando de oxigênio suplementar. Percebemos que para ela a subida teria que ser interrompida! Apesar do ótimo preparo físico não seria possível para ela seguir.

    O grupo ficou abalado, mas a pequena grande guerreira saiu-se bem no final, não se deixando abalar. As vezes não podemos controlar tudo, mas tenho certeza que o gigante africano receberá os passos desta menina forte em breve!

    Dia 05:

    Meia noite fora da barraca. Coração acelerado, mais um integrante decidiu não subir! O cansaço do esforço bate forte.

    Seguimos... Noite escura, milhares de estrelas no céu, e na montanha as luzes das lanternas brilhavam em procissão silenciosa, quebrada pelas palavras e cantos de incentivo dos guias.

    Eram muitas, muitas lanternas, cada uma representando uma vida, um país, um idioma, um sonho, uma conquista.

    Após mais um pouco de subida, mais uma desistência. Precisamos entender nossos limites, escutar o coração. Um sorriso sincero, um abraço de gratidão.

    Continuei montanha acima e as luzes dos grupos à frente pareciam flutuar. Estavam muito alto, o que significava que tinha muito para subir!

    Caminhar era difícil e parar insuportável por causa do frio congelante.

    Minha mente, aproveitando-se do meu corpo cansado começou a me boicotar!

    Meus pensamentos estavam com as meninas que não puderam seguir e comecei a perder o controle, era difícil andar. Meus olhos ficaram pesados e eu só queria parar e dormir!

    O grupo seguiu e eu fui mais lenta, acompanhada por um anjo guia que não me deixava desistir.

    Respirei, tentei retomar as rédeas da minha mente e segui os passos que estavam à minha frente.

    A penumbra da noite foi pouco a pouco ganhando a luz.

    Quando finalmente atingi Stella, à 5745mts, os raios de Sol iluminaram o incrível glaciar do Kilimanjaro! A cratera do gigante adormecido apareceu majestosa diante dos meus olhos, não podia acreditar que estava ali! Minha mente e coração fundiam-se em uma só! Não tinha razão alguma, era uma explosão de sentimentos.

    Mas o fim não era ali! Ainda faltava para chegar ao ponto mais alto. Juntei minhas forças e segui lentamente até o cume (Uhuru Peak), o ponto mais alto do continente, o TETO DA ÁFRICA, à 5898mts.

    Ao chegar vi aquele aglomerado de pessoas para tirar fotos! Vi os integrantes do meu grupo e queria sentar e descansar! Acalmar a mente e o coração. Mas não foi possível, eu estava aérea e tinha a “sessão de fotos”, uma verdadeira disputa no cume, o que tirou um pouco do encanto.

    O verdadeiro encanto estava na jornada, e isso tornava-se cada vez mais perceptível.

    Não foi no cume que venci meus medos... foi na jornada. Não foi no cume que realizei meus desejos... foi na jornada. Não foi no cume que vivi o inesperado... foi na jornada. Não foi o cume que me ensinou a ser humilde e continuar lutando, foi a JORNADA!

    O cume foi a realização, mas a jornada me deixou forte para realizar mais e mais sonhos!

    O cume não foi o fim, ele está na metade do caminho!

    Era hora de respirar, sorrir e voltar!

    Tenho certeza que voltarei... Vamos junto?

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    Laila
    Laila

    Publicado em 23/11/2017 17:54

    Realizada de 12/10/2017 até 19/10/2017

    Visualizações

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    5 Comentários
    Ana Retore 24/11/2017 12:33

    Que D E M A I S!

    Laila 24/11/2017 21:36

    Ana Retore é realmente maravilhoso!!!!

    Anne 21/08/2018 06:05

    Relato emocionante! Obrigada por compartilhar :)

    Laila 22/10/2018 22:25

    Muito obrigada Anne ;)

    Aline de Castro Santos 08/10/2021 00:49

    Que lindo relato! Este final é de arrepiar. Parabéns!!!

    Laila

    Laila

    São Paulo

    Rox
    517

    Guia de turismo e Pedagoga apaixonada por atividades outdoor, fundadora do Projeto Mochila de Batom e sócia da agência Mantra Adventure

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