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Luis Alves 09/10/2019 08:49
    Montanhas no Peru: Trekking e Escalada na Cordillera Blanca

    Montanhas no Peru: Trekking e Escalada na Cordillera Blanca

    Viagem realizada em agosto de 2019, onde tive a oportunidade de realizar o Trekking de Santa Cruz e escalar três montanhas na cordilheira

    Alta Montanha Trekking Escalada

    Olá a todos!

    A partir deste relato, vou iniciar uma série sobre montanhismo na América do Sul, todos baseados em minha experiência pessoal nos últimos dois anos Meu objetivo é compartilhar informações e contribuir com aqueles que tem interesse em travessias e alta montanha na região. A princípio, vou compartilhar experiências em três países: Peru, Chile e Bolívia.

    Peru: Trekking (Santa Cruz, incluindo aproximação ao Nevado Alpamayo) e Alta Montanha (Nevados Urus, Ishinca e Pisco)

    Chile: Trekking (Cruce de los Andes - Travessia dos Andes) e Alta Montanha (Vulcán Vilarica, independente)

    Bolívia: Alta Montanha (Corilheira Real - Condoriri e Cordilheira Oriental - PN Sajama)

    Não tenho ainda uma data para postar os demais relatos, pois tenho que preprar e depende de disponibilidade. O enfoque será parecido com este, ou seja, dicas práticas para realizar as atividades de forma econômica e, na maioria das vezes, independente.

    Esse primeiro relato ficou muito grande, mas porque tentei disponibilizar a maior quantidade de informações.

    Montanhas no Peru: Trekking e Escalada na Cordillera Blanca

    1.Introdução

    A Cordillera Blanca sempre esteve entre os meus objetivos na América do Sul. Este ano tive a oportunidade de realizar a viagem. Trata-se do maciço central dos Andes no Peru, região com grandes montanhas nevadas, geleiras e lagoas, sendo um destino perfeito para trekking e montanhismo. A maior parte da cordilheira faz parte do Parque Nacional Huascarán, um dos mais importantes do país.

    A porta de entrada é a cidade de Huaraz, localizada a oito horas de viagem de ônibus da capital Lima. A cidade em si não tem atrativos, a nao ser as vistas dos nevados. Ocupa-se basicamente em ser um ponto estratégico para acesso à cordilheira, possuindo quantidade significativa de hospedagens, restaurantes, supermercados, transporte e agências de turismo, além de lojas para compra e locação de vestuário e equipamentos.

    Vista Plaza de Armas de Huaraz:

    Vou tentar ser bem prático no relato, trazendo informações específicas sobre o roteiro e atividades realizadas, pois a internet está lotada com posts que tratam dos diversos atrativos e que com informações gerais para subsidiar uma viagem à região.

    2. Roteiro

    Meu objetivo com a viagem estava bem traçado: realizar o Trek de Santa Cruz e escalar três montanhas, tudo feito de forma independente e com o menor custo possível. Inicialmente, fiz um trabalho de pesquisa para juntar informações que permitisse realizar o projeto. Posso dizer que não foi muito fácil. Até existe informação, mas são muito direcionadas a realizar as atividades com agência, principalmente as escaladas. Por isso, acho importante compartilhar.

    O roteiro foi esse aqui, bem próximo do que tinha planejado (ao final, vídeo resumo):

    Dia 2/8: Chegada em Lima e ônibus para Huaraz

    Dia 3/8: Aclimatação em Huaraz, organização e abastecimento para o trekking

    Dia 4/8: Aclimatação na Laguna Parón e pernoito em Caraz

    Diia 5/8 ao Dia 9/8: Trek Santa Cruz (Caraz - Vaqueria - Punta Unión - Aproximação Alpamayo - Cashapampa - Caraz)

    Dia 10/8: Transporte para Cahuaz, organização e abastecimento para alta montanha (Nevados Urus e Ishinca)

    Dia 11/8: Cahuaz - Campo Base Ishinca/Urus

    Dia 12/8: Campo Base - Nevado Urus

    Dia 13/8: Campo Base - Nevado Ishinca - Carhuaz (pernoite)

    Dia 14/8: Transporte para Huazaz, descanso, organização e abastecimento para alta montanha (Nevado Pisco)

    Dia 15/8: Huaraz - Punta Olimpica - Chacas - Huaraz

    Dia 16/8: Huaraz - Campo Base Pisco (Refúgio Peru)

    Dia 17/8: Campo Base - Nevado Pisco - Huaraz

    Dia 18/8: Huaraz - Lima - São Paulo

    3. Informações sobre Transporte, hospedagem e alimentação:

    As principais preocupações de todo viajante! Posso dizer o seguinte: as opções são muitas e os preços muito bons. Em valores médios, mais ou menos o seguinte (cambio à época: R$ 1 = S/0,70; $1 = S/3,35 = R$4,20):

    Hospedagem econômica:

    Quarto individual com banheiro - S/30-35; sem banheiro - S/25; quarto coletivo S/10-20 (geralmente a hospedagem contempla café da manhã bem simples); refúgio de montanha (Refúgios Ischinca, Peru e Huascarán): S/45, sem alimentação (valor tabelado).

    Alimentação:

    Menu del dia no almoço (sopa, prato principal e bebida): S/5-8; jantar (pizza, pollo a la brasa, picante de cuy, etc): S/9-13. Alimentação nos refúgios já é mais cara.

    Tabela de preços nos Refúgios:

    Transporte:

    Em Lima, no Gran Terminal Terrrestre/Plaza Norte, há variedade de empresas e saídas para Huaraz. O Uber do aeroporto custa S/20-25. O valor do ônibus depende dos serviços, varindo de S/35 a S/100. As mais econômicas são as empresas de cooperativas, com ônibus mais velhos. Utilizei a empresa Oltursa em um bus-cama com refeição e paquei S/70 (reservei previamente pela net), excelente em tudo. Na região de Huaraz, dentro das cidades, o melhor meio de transporte é o moto-taxi com trajetos geralmente entre S/1-4, dependendo da distância, com grande abundância. Entre cidades, o meio são as vans que saem dos "paraderos" (tem que se informar qual "paradero" atende o destino pretendido). A disponibilidade é excelente e o preço varia de S/2-7, dependendo da distância (a mais distante é Caraz, duas horas, duas horas e meia de viagem). Geralmente sai uma van de linha a cada minuto.

    Tebela de preços das vans (linha Huaraz-Carhuaz):

    Transporte Especial:

    Transporte entre localidades não atendidas por transporte regular (como o início do Trek de Santa Cruz e aquelas próximas aos acampamentos base). Geralmente, o serviço é realizado por taxi-coletivo e o custo varia de S/15-30. Dependendo do destino, esse transporte pode não estar disponível em Huaraz, sendo necessário pegar a van até a localidade onde há o serviço. No próximo tópico apresento mais informações.

    Paradero de Yungay:

    4. Informações e detalhes sobre as atividades realizadas:

    Para ter acesso à maoria das atrações na Cordillera Blanca, há necessidade de adquirir o boleto do Parque Nacional de Huascarán. Como em 2018 houve um forte reenquadramento das tarifas, ainda há muita informação desatualizada na net. Os valores atuais são (2019):

    • Passe de um dia: S/30
    • Passe de três dias: S/60
    • Passe de 30 dias: S/150 (não existe mais o passe de 21 dias)

    Aclimatação na Laguna Parón:

    Muito importante realizar pelo menos um ou dois passeios para aclimatação, antes do trekking ou montanha. Escolhi a Laguna Parón (4.300m), não sé pelo atrativo, mas pelo fato de sua rota passar na cidade de Caraz, que é bem mais próxima ao início da trilha de Santa Cruz. Contratei no hotel mesmo por S/50, que é mais ou menos um valor tabelado. Informei que levaria a mochila e ficaria em Caraz na volta. Em Caraz há disponibilidade de hospedagem, mas não como em Huaraz. Fiquei em quarto individual com banheiro (importante, principalmente na volta do trekking para poder lavar e organizar o equipamento e vestuário), ao preço de S/35. Deixei parte da bagagem para pegar na volta do trekking, sem problema.

    Laguna Paron com Artesonraju ao fundo:

    Dica (essa inforamção não achei em nenhum site que pesquisei, só no local mesmo): Na laguna há restaurante e hospedagem administrados ple comunidade local. Além disso, há espaço para camping (segundo me informaram não cobram para ficar em barraca). O quarto coletivo fica em S/20 e a refeição entre S/15 e S/20. Portanto, fica aí a dica para quem quiser pernoitar na Laguna. O transporte entre Caraz e a laguna é de S/20 (taxi coletivo), segundo ainda informação do pessoal.

    A partir da Laguna Parón é possível realizar a aproximação ao Nevado Artesonraju, frequentemente reconhecido como a imagem da monhanha da Paramount.

    Trek de Santa Cruz:

    Um dos trekking mais procurados da cordilheira. Geralmente é feito em 4 dias, mas pode ser feito também em 3 ou 5 dias, dependendo do ponto de início ou variante.

    • Quatro dias, o mais tradicional e oferecido pelas agências, iniciando em Cashapampa e finalizando em Vaqueria. Pelo que vi, custa entre S/400-500 (não incluso passe do parque);
    • Três dias, pelo sentido oposto ao tradicional, iniciando no pueblo de Vaqueria;
    • Cinco dias, incluindo aproxiamação ao Nevado Alpamayo (Campo Base e Campo Morena), o que fiz e recomendo fortemente (iniciei pelo pueblo de Vaqueria).

    Alpamayo ao fundo do vale (esquerda):

    Transporte Especial:

    Para Vaqueria, disponível no Paradero da cidade de Yungay (bem próxima a Caraz) com custo de S/25 em um percurso de três a quatro horas (importante chegar até umas 8h30 em Yungay), dependendo dos percalços pelo caminho. Para retornar a Caraz, geralmente, até duas da tarde, haverá uma van no final da trilha, junto à guarita de controle do parque, aguardando os trekkers (foi a que peguei). Chegando mais tarde, terá que caminhar mais um pouco até o próximo pueblo, onde o transporte para Caraz está disponível até umas quatro ou cinco da tarde (segundo informação do motorista).

    Percurso:

    Em Vaqueria, o início da trilha é bem marcado. Há opção de restaurante, hospedagem e pequeno comércio. Em seu início, a trilha passa por comunidades da região com casas e pequenas tiendas. O primeiro pernoite é no Campamento Paria, duas horas depois do posto de controle do parque, onde há necessidade de apresentar o passe de acesso. No total são umas quatro horas de caminhada.

    No segundo dia, talvez o mais puxado, o trecho é de subida até Puta Union, um passo de montanha a 4.800m. A trilha é muito bonita, pois caminha-se ao lado de grandes montanhas. Importante ter cuidado na navegação, pois há trechos em rocha onde a trilha não é muito visível. Há várias opções de área para camping depois da descida de Punta Union, mais o ponto oficial é o Campamento Taullipampa, que foi o local do segundo pernoite. Total de umas sete ou oito horas de caminhada.

    Trilha percorrida a Punta Union:

    Punta Union:

    O terceiro dia marca a opção pela aproximação ao Nevado Alpamayo ou continuidade até o final da trilha. Para chegar ao Campo Base do Almpamayo (4.500m), basta pegar uma variante à direita, subir e seguir pelo vale. Na temporada (junho-agosto), o Campo Base é adminstrado por uma família, que permanece residindo em pequena edificação existente e oferece bebidas e refeição simples (S/15 a 20). Pelo que vi não há alojamento. Total de três ou quatro horas de caminhada

    Campo Base Alpamayo:

    Barraca Iluminada:

    No campo base, há opção de conhecer a Laguna Arwayqucha, subir até o Campo Morena (5.000m) e também chegar ao Campo Alto (5.500m), neste caso com uso de equipamento completo de montanha e aptidão para pequena escalada. Agora para o cume do Alpamayo, depois do Campo Alto, a conversa é outra: uma parede de 400m, a 60° - 90°.

    Vista da Laguna Arwayqucha do Campo Morena:

    No dia seguinte, deixei o Campo Base por volta de 12h30, depois de ter subido até o Campo Morena. O retorno se dá pelo mesmo caminho no vale até em um ponto de forte descida, e onde há uma bifurcação. Basta seguir à direita no sentido de Cashapampa. O quarto pernoite foi em uma área de camping localizada mais ou menos a cinco horas do Alpamayo. No último dia, basta continuar descendo a trilha até o seu final, que se dá em um posto de controle do parque, onde será solicitado o passe. Umas três ou quatro horas de caminhada.

    Equipamento / Vestuário / Navegação:

    Durante o dia o clima esteve muito aberto e com sol, mas depois da cinco da tarde o frio é bem intenso, sendo bom pelo pelo menos flece, jaqueta de aquecimento (plumas ou sintética), luvas e gorro. Uma corta vento é importante também (principalmente nos trechos de alta montanha), podendo ser leve. Um bom saco de dormir, principalmente se a barraca for ventilada. Água sempre disponível, mas fundamental algo para esterelizar (geralmente uso iodo, que é bem barato). Os bastões ajudam muito e acho imprescindíveis se a mochila estiver pesada. Calçado próprio para trilha, não necessariamente botas. Calça de trekking é suficiente. Para dormir, uma segunda pele ajuda bastante.

    De forma geral, o percurso é bem marcado e movimentado na temporada. Não há dificuldade para navegação, mas necessita pelo menos um tracklog no celular, pois em alguns trechos há bifurcações não sinalizadas e rochas onde a trilha não é muito perceptível.

    Custo:

    Duas noites de hotel em Caraz: S/70; Transporte: S/25 + S/15; Alimentação (compras): S/80; Refeição e Bebida Campo Base: S/30

    Total: S/220 para cinco dias de trekking, que corresponde a aproximadamente R$ 300.

    Escalada dos Nevados Urus e Ishinca:

    Pesquisando, descobri que estas duas montanhas poderiam ser escaladas a partir do mesmo acampamento base, o que facilitou muito a logística. Trata-se de uma traticional escalada oferecida pelas agências em Huaraz. O custo para contratar a expedição fica em torno de S/ 800 a 1200, dependendo do tamanho do grupo e número de dias.

    O Vale de Ischinca permite o acesso a três nevados escaláveis: Urus (5.450m), Ishinca (5.750m) e Tocllaraju (6.034m). O objetivo inicial era escalar as três, mas acabei desistindo do Tocllarju, pois possui um trecho final bem exposto que demanda fixação de cordas, o que sozinho seria difícil.

    Parte da bagagem deixei no hotel, em Carhuaz.

    Transporte Especial:

    Van de Huaraz até o pueblo de Paltay, dizendo ao motorista que a descida é logo antes da ponte (se vem de Carhuaz, a descida é logo depois da ponte, que foii o meu caso). A direita (que vem de Huaraz), há uma estrada de terra e logo à frente uma tienda onde ficam táxis que podem ser contratados. Basta negociar com o motorista o transporte até Pashapampa, local de início da trilha ao acampamento base. O valor cobrado é de S/30 (transporte privado), mas negociei com o motorista S/20, permitindo que ele pegasse outros passageiros. Caso haja necessidade, em Pashapampa podem ser contratadas mulas para transporte. Geralmente o valor fica em S/30 por mula mais S/30 para o arriero, que leva até duas mulas.

    Para a volta, deve-se retornar a Pashapampa ou seguir para Colón (há uma bifurcação sinalizada na trilha). Optei por Colón, mas recomendo a volta por Pasha mesmo, pois a trilha é bem melhor e mais marcada. Caso em Pashapampa não haja nenhum transporte aguardando, basta retornar pela estratada até o próximo povoado, que com certeza vai encontrar (qualquer morador que tiver um carro vai querer te levar e cobrar S/30).

    Aproximação Acampamento Base:

    A partir de Pashapampa, basta seguir a estrada até o seu final (+/- 500m) e pegar o início da trilha à direita. A trilha é bem marcada e leva ao acampamento base em uma caminhada de umas quatro a cinco horas, dependendo do peso da mochila. Mais ou menos umas duas horas depois do início da trilha, há um posto de controle do parque, onde pode ser solicitado o passe de acesso.

    A área do campo base (4.400m) é muito ampla e cortada por um riacho formado pelo degelo dos glaciares, o que garante ótimo suprimento de água, mas que deve ser purificada. No local há o Refúgio Ishinca, com excelente infraestrutrura, e disponibiliade de acomodação e comida, além de banheiro e banho quente. O pernoite custa S/45 e é uma ótima opção para reduzir a carga com barraca.

    Refúgio Ishinca:

    Há diversos locais para armar barraca, geralmente as expedições contratadas ficam mais distante do refúgio e os escaladores indenpendentes, mais próximos. Armei a barraca junto a outras próximas ao refúgio. O local é bem ventoso e exposto.

    Há banheiro disponível a uma pequena caminhada do refúgio, mas está em pessímas condições. Sugiro utilizar o do refúgio, que cobra uma pequena taxa (se não me engado S/2 para uso da baheiro e S/5 para banho).

    Equipamento / Vestuário / Navegação

    O vestuário é o de alta montanha completo, sendo obrigatório dispor de piolet e grampon. A barraca deve suportar rajadas de ventos, que são bem constantes. Além dissso, não deve ser muito telada por causa do frio e da poeira trazida pelos ventos. Importante dispor de tracklog da trilha, pois a navegação na moraina é um pouco complicada. Já no glaciar a trilha é bem marcada na temporada.

    Ataque Urus: deixei a barraca por volta das quatro da manha, no momento que outros dois grupos guiados também partiam. O início da trilha é bem marcado e relativamente fácil, apesar de ser em subida constante. A parte da trilha mais complicada é a aproximação pela moraina. Quando se aproxima do glaciar, na parte alta e de pedras maiores, a navegação visual fica um pouco difícil pois se dá pelo totens, que as vezes são confusos, requerendo atenção e cuidado. Já no glaciar, a travessia é relativamente simples, a não ser por um trecho de dez metros de escalada em uma parede de neve com 70°, mais ou menos. Essa escalada é realizada com a ajuda do piolet, necessitando de um alguma experiência ou do suporte de cordas. Para alcançar o cume, necessário fazer uma escalaminhada por um trecho de pedras, mas sem muita dificuldade. A descida se dá por uma rota mais direta, também bem marcada na neve (pelo menos na temporada). No total, são em torno de nove a dez horas de atividades.

    Acesso ao glaciar de Urus:

    Progressão na neve até o cume, que está à esquerda na foto:

    Ataque Ishinca: deixei a barraca por volta das duas e pouco da manhã. Os grupos guiados haviam saído antes. O início da trilha fica um pouco distante do refúgio mas é obvio, pois está bem marcado e sobe em zig-zag até alcançar o vale acima. O ataque ao cume pode ser feito por duas rotas distintas, pelo lado norte (chamada de esquerda da lagoa) e pelo lado sul (direita da lagoa). Optei pela direita, pois é menos recortada por fendas. Para alcançar o glaciar, segue-se ppor trilha marcada até a moraina à direita da lagoa, seguindo então por sua crista (a lagoa estará sempre à sua esquerda), até alcaçar as pedras maiores (geleira). Nesse ponto, a navegação visual se dá por meio dos totens de pedra. Deve-se estar bem atento, pois há algumas marcações de trilhas antigas que sobem pela moraina, que ja deve ter sido o melhor trajeto tempos atrás. O importante é encontrar a rota que leve até ao glaciar, que está à esquerda. A noite, a navegação nesse ponto é complicada, mas saindo uma duas da manhã, chega-se com o dia amanhecendo. A partir do glaciar, o trajeto ao cume é bem óbvio. Para alcançar o topo, há necessidade de uma escalada final em gelo de 15m, a aproxidamente 60°. O retorno se dá pela mesma rota. No total, são dez a 11 horas de atividade.

    Custo:

    Duas noites de hotel em Carhuaz: S/70; Transporte: S/20 + S/30; Alimentação (compras): S/60.

    Total: S/180 para três dias de escalada, que corresponde a aproximadamente R$ 200.

    Vista a partir do glaciar de Ishinca (observa-se a maraina à esquerda e a lagoa abaixo):

    Vista do cume de Ishinca:

    Escalada do Nevado Pisco

    Uma das escaladas mais procuradas da Cordillera Blanca. O cume do Nevado Pisco permite umas das melhores vistas panorâmicas da cordilheira. A escalada é oferecida pelas agencias em Huaraz por S/ 650 a 800. Devido à popularidade, é vendida como uma escalada fácil e acessível, mas não é bem assim não. Por exemplo, dos três grupos guiados que atacaram o cume, a partir do refúgio, somente um alcançou o objetivo.

    Localizado no campo base do Nevado Pisco, está o Refugio Peru com ótima infraestrutura. Dipõe de 80 camas em quartos compartilhados, serviço de restaurante, aquecimento, banheiro e chuveiro quente. O valor para ficar no refúgio é de S/45 por noite, sem refeição. Trata-se de uma boa opção para aliviar o peso da barraca. Optei por ficar no refúgio, reservando na Casa de Guias em Huaraz (Plaza Ginebra). Eles fornecem um comprovante da reserva e o pagamento pode ser feito no próprio refúgio.

    O início da trilha para o acampamento base situa-se na localidade de Cebollapampa, famosa por ser a parada dos ônibus que levam os turistas até a Laguna 69, uma das principais atrações da cordilheira.

    Refúgio Peru:

    Transporte Especial:

    O transporte para Cebollapampa está disponível no Paradero da cidade de Yungay (bem próxima a Caraz e uma hora e meia de Huaraz) ao custo de S/20, em taxi-coletivo. O percurso dura umas duas horas. O retorno a Yungay se dá no mesmo local. Os ônibus com turistas deixam o local por volta das 14-15h, sendo possível conseguir transporte até Huaraz ao custo de S/ 25-30, dependendo da negociação.

    Aproximação ao Acampamento Base:

    O início da trilha para o acampamento base é o mesmo que para Laguna 69, mas não é muito intuitivo pois atualmente existe uma cerca que impede o acesso mais direto à trilha, sendo necessário contornar a cerca descendo pela estrada. Mas basta perguntar alguém que esteja por lá que saberá indicar. Depois de dez a 15 minutos de caminhada, chega-se a uma bifurcação: para direita segue-se a trilha para Laguna 69 e, à esquerrda, para o acampamento base. No local há sinalização, e a trilha é bem marcada. Há algumas variantes, mas basta seguir o caminho mais largo (mais marcado) e a nevegação é tranquila. O percurso, sempre de subida, dura mais ou menos umas três horas.

    Ataque ao cume:

    O ataque ao cume pode ser feito direto do refúgio, sendo a trilha bem visível e segue em subida constante até topo da moraina. Para descer a moraina, há uma corrente de apoio fixa à pedra. Depois sobe-se a moraina novamente, pelo outro lado, seguindo por sua crista.

    Vale uma obsrvação sobre a aproximação pela moraina: a navegação a noite não é fácil e, muito provavelmente, caso esteja sem guia ou sem referência visual (grupo à frente), você se perderá. Recomendo, portanto, para quem estiver fazendo independente, que faça o acompanhamento visual de algum grupo que esteja partindo. Foi o que fiz.

    No refúgiio, fiz amizade com um italiano que estava guiado, e combinei com ele e o guia que iria acompanhá-los na aproximação pela moraina, mantendo a devida distância, somente para ter uma referência visual. Foram receptivos e não tive problema. Na verdade, fizemos praticamente a escalada juntos. Tinha também um plano B, caso não tivesse nenhum grupo no refúgio, iria percorrer a aproximação até o glaciar no dia anterior ao ataque, gravando no GPS e colocando marcas de forma que pudesse repetir o trajeto a noite, mas como disse, não foi necessário.

    Outro aspecto da moraina, é que é bastante instável. Pelo caminho, há trechos com pedras elevadas apoiadas em sedimentos, que estão propensas a deslizar. Deve-se ter cuidado, sendo recomendado realizar a aproximação com uso de capacete e com bastões, para apoio.

    Chegando-se ao galciar, basta calçar os grampons, empunhar bastão ou piolet, e seguir a trilha no gelo até o colo, que é marcada. Há algumas fendas nesse caminho, que são bem fáceis de transpor. Depois do colo, inicia-se uma subida mais dura, que segue até o cume, como poucos momentos de descanso. Nesse segundo trecho há algumas fendas maiores que requer alguns saltos para transpó-las. A última fenda, mais próxma ao cume, é bem grande e é atravessada por uma ponte de neve. Na volta, a ponte tinha partido e foi necessário um grande salto para transpô-la, como pode ser visto no vídeo. Antes do cume, há uma parede que requer uma pequena escalada, mas sem muita dificuldade técnica. O retorno se dá pela mesma rota. No total, são 10 a 11 horas de atividade.

    Custo:

    Duas noites de hotel em Huaraz: S/70; Transporte: S/20 + S/20; Alimentação (compras): S/30; Refúgio: S/45

    Total: S/185 para dois dias de escalada, que corresponde a aproximadamente R$ 210.

    No cume, com o italiano Sergio:

    5. Conclusão:

    Viagem inesquecível! Consegui cumprir tudo o que tinha planejado. Custo bastante acessível, levei $350 mais R$300 e voltei com R$ 150. O câmbio em Huazaz é tranquilo e as casas localizadas próximas à Plaza Ginebra aceitam trocar reais. No total, a viagem ficou em torno de $25/dia.

    Vídeos resumo da viagem: https://photos.app.goo.gl/grgR347xKviAPUQx9

    Luis Alves
    Luis Alves

    Publicado em 09/10/2019 08:49

    Realizada de 04/08/2019 até 19/09/2019

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    4 Comentários
    Sabrina Marques 13/10/2019 16:17

    Fantástico, vou acompanhar as publicações... Parabéns pela conquista!

    Claudio Murilo 17/05/2020 23:01

    Excelente relato Luís! Obrigado por compartilhar. Uma dúvida: nas pequenas escaladas no Ishinca é Urus vc usou algo além do piolet? Crampons e/ancoragens por exemplo? Necessário rapelar em algum ponto? (Desculpe, 2 dúvidas rsrsr) muito obrigado cara!

    Bruno Silva 22/07/2020 15:36

    Muito bom seu relato. Muito obrigado por compartilhar!

    Walder Aguiar Serra 24/01/2022 18:17

    Irei em agosto e seus comentários serão úteis..obrigado e parabéns!

    Luis Alves

    Luis Alves

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