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Marcelo Baptista 22/03/2016 00:04
    Expedição Argentina: Córdoba - Out/07

    Expedição Argentina: Córdoba - Out/07

    Cap. VII: Córdoba, a cidade animada dos estudantes, e seus arredores: Villa Carlos Paz, Alta Gracia (lar de Che Guevara), festas e alfajor!

    Córdoba – 1º dia (18/10)

    Na primeira visada, logo que saí do terminal de buses em direção ao centro, saquei: Córdoba é igual a São Paulo. Pelo jeito das pessoas, pelo trânsito, pela fama de cidade cultural...cheguei ao Hostel Córdoba Backpacker, bem ruizinho, tomei um banho, e saí para conhecer. Sentei para tomar um suco, e até o final do segundo copo, contei SEIS pessoas que vieram me pedir dinheiro; TRÊS crianças vendendo bugigangas, UM bêbado. Para se gostar de Sampa, tem que se levar tempo; sabendo disso, vou dar um desconto à Córdoba, explorar e conhecer melhor. Fui ao bar do hostel, abri uma Stela Artois (a cerveja belga que é muito consumida na Argentina, bem aguada...) e convidei um gringo pra tomar comigo – afinal, uma garrafa de 1 litro te pressiona a convida alguem pra dividir...

    Tomei, falei, ouvi...o islandês é meio louco, jovem demais. Ficou meio breaco com uma cerva. Subi, fui dormir um pouco, creio que razoavelmente, acordei meio indisposto. Banho tomado, e fui jantar: fui a um restaurante chamado Il Gatto, italianinho meio metido a besta. Bom serviço, ótima lasanha. Voltei ao hostel, e ao bar. Lá conheci uns brasileiros, Nei e Felipe, dois caras do interior de São Paulo, gente boa. Altas conversas, conheci um povo gente boa da Colômbia, Argentina, Peru...o papo tava bom, mas depois que o Felipe derrubou cerveja na minha calça, aproveitei a deixa para dormir. Lavei a calça, e deitei. Amanhã vou à Villa Carlos Paz.

    Córdoba – 2º dia (19/10)

    Acordei cedo, já que queria aproveitar o dia. Fui ao banheiro pegar minha calça que estava secando...mas cadê ela?! Pois é, me roubaram a calça. Incrível, triste e ao mesmo tempo engraçado: fiquei sem uma calça jeans, companheira de viagem, e ainda morri com um prejuízo de $50 de uma calça nova, que acabei comprando no Centro da cidade. Ainda saí perguntando para alguns hóspedes, mas logicamente ninguém sabia de nada.

    Fui ao Mercado Sud, local de onde saem os minibuses para a Villa Carlos Paz. Quarenta e cinco minutos depois, cheguei uma cidade muito agradável, com ares de cidade litorânea. O que tem aqui é na verdade um imenso lago artificial, usado como praia, local de descanso e de esportes náuticos. Sensacional! Andei muito nessa cidade, que por agora começa a se preparar para o verão que se aproxima, já que vive em função disso. Resolvi voltar para Córdoba, e me dirigi para a simpática rodoviária da Villa Carlos Paz. Às 15h30 peguei o micro ônibus, e cheguei em Córdoba com um calor de rachar, mas nem isso me impediu de sair caminhando e fazer algumas fotos; nessas andanças descobri uma igreja belíssima, chamada Sagrado Corazon de Jesus, estilo gótico.

    Saí para jantar fora de novo, no Il Gatto novamente. Dessa vez rolou uma berinjela ao forno, com queijo e presunto, e depois um involtini de pollo (um medalhão, só que mais sofisticado). Comi muito bem! Terminei a noite no bar do hostel, jogando um pouco de bilhar (que por aqui, bilhar se chama pool) e fui dormir. Amanhã quero ir a Alta Gracia , lar de Che Guevara.

    P.S.: Só para esclarecer a questão do furto da calça: depois fui entender que não se tratou de um furto, mas sim de um engano, já que algum hóspede desavisado (e talvez bêbado...) pegou minha calça pensando ser a dele. Como sei disso? Porque coincidentemente com o sumiço da minha calça, uma outra, três números maior que a minha, ficou “sobrando” por ali, sem que nenhum dono a reclamasse. Claro que eu a trouxe para São Paulo, e a doei para alguem que pudesse usá-la...(rs)

    Córdoba a Alta Gracia - 3 dia (20/10)

    Mais uma vez, acordei cedo, tomei uma ducha, um bom desayuno, e segui para Alta Gracia, pegando o micro lá no mesmo Mercado Sud de ontem. Dessa vez estava em companhia de Pablo, um argentino gente boa que conheci no hostel. Os mesmo quarenta e cinco minutos que gastei no dia anterior foram suficientes para que chegássemos à Alta Gracia. A cidade me pareceu simpática já no primeiro momento, bonita e aconchegante. Fomos direto para o Museo del Che que funciona na casa onde o famoso revolucionário passou a infância. É um lugar interessantíssimo, mostrando o lado humano desse mito em que se transformou o Che! Vimos dois documentários, um sobre a infância de Ernestito (o nome de Che Guevara era Ernesto), outro sobre a Revolução Cubana e a morte de Che, em 1968, na Bolívia. Gostei do museu, do clima...para fechar, almoçamos num resto cubano, bem ao lado do Museu, cujos donos são cubanos muito divertidos. Acabamos comendo um prato típico, chamado locro, um mexidão com carne suína, batata, cenoura, enfim...gostoso!!

    Continuamos nosso passeio pela cidade e chegamos ás ruínas de um assentamento jesuíta, bem no centro da cidade, que ainda hoje está incrivelmente conservado. Tivemos uma verdadeira aula de história com a guia Cinthia, um presente que está incluído nos $2 pagos na entrada; entramos às 15h30, e saímos ás 17h. Muito bom! Pablo se revelou um bom companheiro de viagem, me diverti muito. Estou acostumado a andar sozinho, e pensei que estranharia essa parceria, mas foi bem agradável.

    Voltamos a Córdoba; calor, abrimos uma cerveja, e jogamos muito bilhar, na regra argentina; não ganhei uma... Fomos jantar superpancho, uma iguaria que eu havia comido lá no começo da minha trip, em Posadas; comi três deles, numa lanchonete que me remetia a um McDonalds de cachorros-quente...fomos em grupo, eu Nei e Felipe (os dois brasileiros), Reinner (um colombiano maluco, professor de filosofia) e Juan. Este último é um ex-soldado do Exército Americano, vinte e cinco anos de farda, e já lutou em algumas das frentes mais ferrenhas (Panamá, Golfo, Iraque, Afeganistão). Era curioso quando Juan sentava, abria uma garrafa de vinho, e começa a contar histórias da sua vida...as pessoas no hostel faziam roda para escutá-lo. E as histórias dele geravam em mim um tipo de curiosidade igual a quando você lê algo sobre viagens espaciais: você sabe que é verdade, mas aquilo é tão surreal, que parece brincadeira. Ouvir Juan falar sobre fronts, Iraque, montanhas afegãs, para mim, soava como adubo para minha imaginação. Altas histórias, que eram contadas enquanto Juan resistia ao álcool...duas garrafas de vinho, e aquele homem de alma torturada caía de lado, bêbado.

    Fui dormir, mas acabei acordado por Pablo, me convidando para sair para uma balada, junto com uma galera do hostel: enfim, fui para a noite cordobense. Agitada, movida, muitos bares, molecada boba. E a mulherada linda! Pulamos de boliche em boliche (é a maneira como eles chamam as baladas na Argentina), até que eu cansei. Fui dormir, afinal sigo ainda hoje para Buenos Aires, e de trem!!

    Córdoba a Buenos Aires - último dia na cidade (21/10)

    Acordei meio tonto, reflexo da noite anterior. Me lembrei que precisava fazer o check out até as 10h, senão pagaria uma diária a mais. Como a necessidade faz o homem, fiz a mochila em dez minutos! Com isso acabei esquecendo uma toalha ultra-absorvente na janela do quarto. Mais uma baixa na viagem...

    Desci, paguei, e fui até a estação de trem comprar um bilhete para Buenos Aires: só havia para classe turística, onde os assentos são fixos, não reclinam. Estou com espírito aventureiro, além do normal, afinal são quinze horas de viagem até Bue. Voltei ao hostel. Fiquei conversando com o pessoal lá, usei a internet, tava enrolando...uma mesa se formou com Pablo, Juan, Nei, Felipe, eu e um alemão que não lembro o nome; cerveja rolando (a boa e velha Stela Artois), e Juan começou de novo a relatar histórias de guerra, mas se aprofundando um pouco mais sobre sua companhia, uma tropa de elite do Exército Americano, os Rangers, que são sempre enviados para resolver as buchas em situações de conflitos.

    Ele tambem esclareceu porque estava ali, em Córdoba: em 2003, uma bomba explodiu o carro onde estava sua equipe, morreram cinco membros, e ele ficou 4 meses no estaleiro. Quando se recuperou, foi aposentado compulsoriamente, mas resolveu se formar paramédico, e pegou o rumo da América do Sul. Fiquei fascinado por essa figura humana... O papo estava ótimo, mas minha hora tinha chegado. Me despedi de todos, e fui para a estação de trem.

    Marcelo Baptista
    Marcelo Baptista

    Publicado em 22/03/2016 00:04

    Realizada de 01/10/2007 até 29/10/2007

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    2 Comentários
    Bruna Fávaro 22/03/2016 07:18

    Que delícia revistar essa cidade, Marcelo! Estive aí em 2011. Ótimo relato! Essa sua expedição toda durou quanto tempo?

    Marcelo Baptista 22/03/2016 11:17

    Oi, Bruna! Fiquei na Argentina 30 dias, com direito a um buque bus para Colonia do Sacramento (URU). Tá acabando a Expediçao já, faltam dois capítulos, ambos sobre Buenos Aires. Beijoca!

    Marcelo Baptista

    Marcelo Baptista

    São Paulo

    Rox
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    Montanhista, mochileiro, viajante, pai, conectado com as boas vibes do universo e com disposição ainda para descobrir os mistérios da vida.

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