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Marcelo Baptista 22/01/2017 09:51
    Expedição Bolívia - Peru: Salar do Uyuni (BOL) - Set/10

    Expedição Bolívia - Peru: Salar do Uyuni (BOL) - Set/10

    Trecho 4: um dos pontos altos da trip, o inigualável e surpreendente Salar de Uyuni, Chiguana e o vulcao Licancabur. Lugar único no mundo!

    Uyuni - (12/9)

    Levantei cedo, e já decidido: vou a Uyuni. Fiz um acerto com Ben, o garoto norte-americano, e ele vai pegar meu chapéu em Sucre, já que ele estará indo pra la mesmo. Pego o sombrero em La Paz, na recepção de algum hostel que o Ben vai estar. Hecho!

    Com esse problema quase resolvido, fui preparar minha ida a Uyuni: comprei minha passagem através do hostal mesmo, indo pela Flota Diana Tours, por Bs. 39 saindo às 11h. Arrumei minha mochila e no desayuno bati um papo com o casal francês Julian e Noemy, e peguei umas dicas bem legais e baratas sobre Machu Pichu.

    Segui para o "terminal" de buses que saem para Uyuni dividindo um taxi com uma japonesinha que não sei o nome até agora. O tal terminal nada mais é do que um monte de ônibus encostados em frente a diversas agências improvisadas, numa avenida qualquer de Potosi.

    A viagem ate Uyuni não é exatamente fácil: sete horas de viagem, cobrindo 220 km, numa estrada com um terço de pavimentação, e dois terços de terra. O calor, o ar seco, o sacolejo, tudo poderia fazer da viagem um inferno, mas há uma coisa que compensa tudo: a paisagem absolutamente incrível desta região. As montanhas, o céu sempre azul, planícies a perder de vista. É espetacular!

    Quando se chega a Uyuni, você se dá conta que esta no meio do nada mesmo. A cidade é pequena e totalmente horizontal, cercada pelo deserto, ou seja, nada! A impressão é de terra desolada. O ônibus nem bem encostou, e começou a juntar uma multidão em volta do veículo: são os representantes das agências, oferecendo roteiros para o Salar. Fui "atacado" por duas mulheres oferecendo os serviços, e comecei ali mesmo um leilão: quem oferece mais por menos? A coisa acabou rolando tanto que eu fechei desta maneira: tour de três dias, com esta noite já incluída em um residencial chamado Wara del Salar (calle Bolívar 84), e nos demais dias desayuno, almuerzo e cena, e com hospedagens e transporte também. Tudo por Bs. 550. Achei justo, alem disso o atendimento foi bem honesto na agência Olivos Tour (calle Ferroviária, quase em frente aos baños publicos). Quando estava fechando o tour, chegaram alguns viajantes que fizeram o tour de um dia, entre eles uma brasileira chamada Lilian. Ficamos conversando um pouco, os bolivianos olhando a gente... brasileiro conversando deve ser bem engraçado para eles.

    Fui para o Residencial Wara del Salar, tomar um banho e descansar. Logo sai para comer algo, encarei uma chuleta com arroz y papas por Bs. 10. Carne boa e arroz horrível. Ainda comi, em outro lugar, uma hambuerguesa muito boa por outros Bs. 10, e arrematei com uma bombita de dulce de leche por Bs. 2. Antes de dormir, liguei para casa a fim de saber se estava tudo bem.

    Amanhã vou ao Salar.

    Dicas: Primeiro, recomendo fortemente a agência Olivos Tour. Rosemary, a mulher que me "atacou" quando sai do bus, é muito honesta e o preço foi justo. Para ficar hospedado, recomendo também com segurança o Residencial Wara del Salar. O dono, Sr. Gustavo, é muito simpático e foi muito atencioso. Do outro lado da rua onde fica o Wara del Salar, tem uma confeitaria muito boa pra fazer um desayuno e comer um hambúrguer bem feito.

    Salar do Uyuni - 1º dia (13/9)

    Ok, here we go!

    Saltei da cama e me pus a preparar para o tour de três dias pelo Salar do Uyuni. Comprei alguns gêneros de higiene, tomei um desayuno com mate de coca e duas medias lunas, e me encaminhei até a agência Olivos Tour para começar o roteiro. Conheci o grupo que ia estar comigo nestes três dias: um alemão chamado Bastian, um casal alemão (Katrine e Phillipe), e pai e filha suíços (Papa e Marie).

    Começamos o tour pelo Cementerio de Trenes, um lugar onde estão depositados as carcaças de trens, máquinas e vagões. Tem muito lixo também...Seguimos para o povoado de Colchani, onde a turistada faz a festa e aproveita para comprar artesanato. Comprei uma chalina (cachecol) de alpaca, gostoso e quentinho, pois está frio agora, e seria pior a noite.

    Seguindo, fomos ate a Isla del Pescado, um lugar muito interessante. É como se o Salar fosse o mar, e esta grande rocha com cactus fosse uma ilha. É até difícil descrever, só vendo as fotos mesmo, ou estando lá, claro. O nosso guia, um senhor já de certa idade chamado Sr. Octavio, nos preparou o almuerzo: pollo empanado con arroz e ensalada mixta. Almoçar em mesas de sal, no meio de um salar, é insólito. Depois do almoço, seguimos para a nossa hospedagem, um hotel também feito de sal, no povoado de Atulcha. Esse hotel e todo feito com blocos de sal, e apesar do frio lá fora e bem quente e aconchegante. Quando chegamos ao povoado, estava rolando uma festa típica, religiosa, chamada Fiesta de la Exaltacion: duas bandas bolivianas tocando em homenagem a pequena capela do povoado. Tem coisa mais boliviana que isso? Tomei chichila (tipo um refresco feito de milho) com as pessoas, foi bem legal. Na hora de dividir os quartos, acabei ficando no de numero 6 com o alemão Bastian.

    A noite, depois do jantar (sopa de aspargos, depois carne de llama com quinua), fomos para a festa novamente, agora com direito a tragos mais fortes, dança e boas risadas. Foi umas das minhas noites mais animadas na Bolívia até agora. Ficamos todos meio borachos, e acabamos indo dormir, já bem tarde. A festa continuou, a bandinha tocando e o povoado em festa.

    Dicas: O que eu posso dizer? Aproveite cada minuto nesse lugar incrível chamado Salar do Uyuni.

    Salar de Uyuni - 2º dia (14/9)

    Fomos despertados bem cedo pelo Sr. Octavio, nosso idoso guia. Enquanto ele preparava nosso desayuno, fomos ajeitando as coisas. Saímos por volta das 7h, sol já no alto.

    Seguimos para o que seria o dia mais longo do tour, e também o mais cansativo. Passamos pelo Salar de Chiguana, um salar menor que o de Uyuni, mas igualmente bonito. Em seguida tomamos a estrada de areia até o mirante do vulcão Ollangue, de cujo topo sai fumaça constantemente. Apesar do sol, faz muito frio nesta região. Quando se sai da Land Rover, nunca é desagasalhado.

    Na sequência, visitamos as cinco lagunas altiplânicas. A primeira (Cañapa), a segunda (Hedionda) e a terceira (Honda) tem uma coloração azulada e estão lotadas de flamingos, um espetáculo da natureza. As duas seguintes (Charcota e Ramaditas) não tem fauna.

    Depois dessa peregrinação por lagunas, seguimos adiante e chegamos ate o monumento natural Arbol de Piedra: como diz o nome, parece uma árvore de pedra, só que esculpida pelo vento. Esse mesmo vento que faz a gente se sentir dentro de uma geladeira, a despeito de estarmos em um deserto. Para fechar o dia cansativo, chegamos ao nosso local de pouso, e também o mais bonito de hoje: Laguna Colorada. Esta laguna se localiza dentro do Parque Nacional Eduardo Avaroa, que por sua vez esta dentro do Desierto de Siloli. A laguna é uma imensa porção de água avermelhada, lotada de flamingos por todos os lados que se olhe, e rodeada de montanhas. Altitude de 4.278 m. Como havia sol ainda, segui até o mirante para ver a laguna do alto. Foi um espetáculo, e valeu bastante a pena de um dia cansativo.

    A pousada em que estamos é bem rústica, com banheiros precários sem água, e quartos coletivos. Por uma noite, tudo bem. Durante o jantar, Phillipe (o alemão enjoadinho) trouxe um termômetro digital: 6ºC dentro da pousada. Fora, ainda mais frio: 1ºC !!

    O jantar do dia preparado pelo sr. Octavio foi o prato típico picamacho, feito com cebolas, batatas fritas, salsichas, carne, tomate e ovos cozidos. Muito bom mesmo. Tudo regado a vinho, tinto e branco. Como não havia muito o que fazer, fui dormir, assim como os outros. Amanhã vamos acordar muito cedo para o último dia de roteiro.

    Dicas: Por mais que se descreva muito bem, nunca é fiel a sensação de frio que se passa a grandes altitudes. É um frio que te vai até os ossos, muito incômodo mesmo. Por isso, recomendo que traga equipamentos (roupas, principalmente) que suportem bem baixas temperaturas, pois assim facilita um pouco mais a sua vida nesse lugar lindo, mas inóspito.

    Salar do Uyuni - 3º dia (15/9)

    4h45 da manhã, e o nosso vetusto guia bate na porta do quarto. Não sei quantos graus fazia naquele momento, mas a sensação era de que estava mas frio do que na noite anterior. Lavar o rosto e escovar os dentes foi uma tortura. Eu estava no piloto automático. Às 5h30, depois do desayuno, seguimos. Nem sinal do sol.

    Meus pés estavam congelados, uma sensação que eu não recomendo para ninguém. Até o sol nascer, e até uma hora depois, o frio é absurdo. Nesse ínterim, paramos para visitar os gêiseres, soltando vapor d´agua quentíssimo a 5000m de altitude. Deu um certo alívio ficar ali, pôr os pés e mãos naqueles jatos de vapor que saem dos buracos no chão, a cerca de 100ºC. Isso se dá devido ao contato da água no subterrâneo com a lava. Mas o cheiro de enxofre é forte, ou seja, cheiro de ovo podre…

    Seguimos adiante, ate um lugar bem legal: as águas termales. Ali tirei minha bota e meti meus pés naquela água caliente, de 28ºC a 30ºC e fiquei ali, só curtindo. Aquilo me salvou, de verdade. Me ajudou a espantar aquele incômodo que eu passava com o frio nos pés. As termales são como uma piscina no meio do nada, de onde brota água diretamente do subsolo, também em contato com lava.

    Meia hora por ali curtindo, e tivemos que ir, agora para Laguna Verde, aos pés do vulcão Licancabur. A paisagem é um espetáculo: uma lagoa verde-claro imensa, e uma montanha avermelhada (o Licancabur!) ao fundo. Ali fiz um totem de pedra em homenagem a Pachamama, a mãe-terra. Ali ela caprichou mesmo!

    O tour seguiu, agora até a Laguna Blanca, que tem esse nome devido a sua coloração. Naquele momento se encontrava congelada. Ali o casal alemão se separou de nós: iriam escalar o Licancabur no dia seguinte. Deixaram saudades.

    A partir deste momento, tecnicamente o tour acabou. Só nos restava almoçar e encarar cinco horas de estrada empoeirada de volta ate Uyuni. Almoçamos em uma vila chamada Villa Mar, e depois rasgamos o deserto até Uyuni, com algunas paradas para banheiro. As 18h, chegamos em Uyuni, cansados mas satisfeitos. Peguei com Rosemary (da agência Olivo Tours) meu bilhete de trem para Oruro, e voltei ao Residencial Wara del Salar, para uma ducha e também para poder arrumar as coisas para a viagem, que seria às 00h15.

    Me encontrei com Bastian, o outro alemão do tour, numa pizzaria chamada Arco Iris (plaza del Reloj) e ficamos ali, comendo, bebendo e papeando até umas 23h, quando então fomos para a estação de trem.

    O trem

    O trem que vai de Uyuni para Oruro me surpreendeu. Claro que eu fui numa classe boa (Ejecutivo), que seria como a primeira classe (há ainda a Salón e a Popular). Paguei Bs. 101 e posso garantir que o serviço é bom. Logo quando entramos no vagão e achamos nossos assentos, já nos foi oferecido um sanduíche de queijo e mortadela quente, mate de coca, travesseiro e uma manta boa para passar a noite.

    A viagem dura sete horas, das quais eu vi poucos minutos. Dormi a maior parte do trajeto, descansando um pouco do extenuante dia que tinha passado no Salar de Uyuni. No meu vagão, maioria absoluta de gringos.

    Dicas: Vale a pena investir Bs. 101 no trem que vai para Oruro: a viagem é mais tranquila, não tem poeira nem estrada ruim! Você chega às 7h em Oruro e, se quiser, vai para La Paz no mesmo dia (são três horas em estrada boa). Eu sou suspeito para falar, já que adoro trens, mas o serviço é muito bom mesmo!

    Marcelo Baptista
    Marcelo Baptista

    Publicado em 22/01/2017 09:51

    Realizada de 05/09/2010 até 10/10/2010

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