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Nilov 11/12/2015 13:45
    Paraty, Praia do Sono, Martim de Sá até Pouso da Cajaíba - RJ

    Paraty, Praia do Sono, Martim de Sá até Pouso da Cajaíba - RJ

    Aventura num dos litorais mais bonitos do Brasil, trilha a pé saindo de Laranjeiras até chegar em Pouso da Cajaíba passando por Martim de Sá

    Gosto muito do litoral brasileiro e apesar de ter nascido no cerrado sempre que posso dou uns pulos pelo nosso litoral. Tive o prazer de conhecer praias belíssimas em vários estados do norte ao sudeste. Em 2011 aproveitei a oportunidade de fazer uma aventura pelo litoral sul do Rio de Janeiro. Tinha programado pra tirar férias no começo daquele ano e uma promoção baratíssima pra viajar de avião pro Rio me levou a conhecer um dos lugares mais lindos do Brasil. Eu tenho parentes no Rio e quando morei em Sampa vivia visitando a cidade maravilhosa, mas sem nunca me aventurar de verdade pela natureza exuberante da mata atlântica. Muito tempo depois, já com uma boa câmera fotográfica às mãos, finalmente pude fazer essa tão sonhada jornada. Quando chego no Rio eu tenho uma espécie de ritual: depois de deixar as malas na casa de uma tia vou correndo pra Santa Teresa e fico perambulando por lá até subir no Museu das Ruínas e apreciar a paisagem da Baía da Guanabara. Se estou mais empolgado e chego mais cedo tento chegar até o Cristo e de noite curto um bom samba na Lapa. O Rio tem muitas praias bonitas, não só na cidade mas em todo estado, especialmente entre Rio das Ostras até em Trindade em Paraty há uma sequência notável de belas praias e paisagens, incluindo a Ilha Grande. Mas já conhecia muita coisa quando fiz essa aventura em 2011, quando resolvi ir sozinho até o litoral sul do estado. Já conhecia boas praias em Ubatuba, que fazem divisa com o Rio e fiquei curioso de conhecer Trindade. Lembro que tinham uns amigos bem malucos que adoravam aquele lugar e que sempre passavam o ano novo por lá.

    Quando cheguei em Paraty já era noite e no sufoco consegui descolar um Camping. No outro dia aproveitei a cidade histórica que lembra muito outras cidades coloniais do Brasil e alguns atrativos por perto. Aluguei uma bike e deu pra dar um role bem legal, visitar umas cachoeiras e tirar bastante foto da cidade. No outro dia fui cedinho pra Trindade, uma vila mais tranquila com muitos surfistas no limite do estado do Rio. Trindade é linda e muito charmosa com várias praias, piscinas naturais, barzinhos, luais com violão, pessoas interessantes, um paraíso pra muitos malucos belezas. Lembro de tirar muitas fotos boas na praia do Cachadaço. Praia Brava e Cepilho são igualmente belas. Mas eu queria mais e peguei uma carona até Laranjeiras, um distrito muito bonito onde tem um condomínio fechado e dali parti a pé pra praia do Sono começando de verdade minha aventura. Quando cheguei no Sono estavam procurando um turista desaparecido. A comunidade da praia é muito simpática ( e a praia muito linda!), comi com os pescadores locais, peguei onda com os mais jovens, tudo muito lindo. Quando falei que gostaria de conhecer mais me disseram que o corpo de bombeiros que estavam procurando o desaparecido não iria deixar eu passar pela praia de Antigos e Antiguinhos. Me mostraram a barraca do turista sumido, tentaram por tudo me dissuadir, mas estava muito determinado em chegar ao Pouso da Cajaíba. No outro dia cedinho sem muito alarde saí pra Ponta Negra e quando cheguei em Antigos batata, quatro bombeiros me perguntaram pra onde eu estava indo. Disse que só iria até a Ponta Negra, que um amigo me aguardava por lá. Me disseram do caso do turista e disse que era muito perigoso andar sozinho pela região. Disse que eles podiam ficar tranquilos que eu não iria dar trabalho pra eles e me deixaram passar. Fiquei mais aliviado. A chegada na Ponta Negra é bem bonita, por cima se avista uma praia de água esverdeada e transparente. A vila é um tanto descuidada e com muitas crianças, mas a beleza do lugar pode compensar qualquer adversidade. A trilha desse dia não foi das mais difíceis mas a trilha que faria no dia seguinte seria o trecho mais difícil da minha aventura. Não tinha levado mapa e estava somente com informações de como chegar até Martim de Sá na cabeça. Na Ponta Negra durante uma refeição um maluco colou em mim e disse que faria o trecho no outro dia comigo. Ele não parecia muito confiável então disse que sairia num horário e no dia seguinte acabei saindo mais cedo que o "combinado".

    Foi o único dia em que choveu durante a aventura, justamente o dia mais difícil. Lembro de ter armado barraca numa varanda de uma casa por causa da chuva e acabei deixando meu colchão inflável lá. Isso me ajudou porque eu já estava com uma mochila muito pesada e tive que subir nas primeiras horas mais de 500 metros de altura. Ao alcançar o ponto mais alto encontrei dois rapazes que faziam pesquisas na região. Eles ficaram impressionados com minha coragem e com o tamanho da mala que levava. Conversamos um pouco, eles tinham um mapa de relevo da região que acabou me ajudando a esclarecer mais ainda meus planos de chegar até Martim de Sá, mas nós estávamos em sentidos opostos e seguimos nossos caminhos. Essa trilha é de uma beleza incrível. A todo momento você cruza com pequenas quedas d'águas paradisíacas, a mata bem fechada tem um som próprio que é encantador. Vez por outra uma cobra cipó curiosa me acompanhava por perto me deixando mais feliz ainda. Logo antes de chegar em Martim de Sá um banho em uma corredeira pra me recuperar da caminhada me deixou tão animado que cheguei cantando no acampamento. Quando cheguei sozinho muita gente acreditou que eu era o turista desaparecido, alguns com retrato falado às mãos queriam provar a todos inclusive a mim mesmo. Disse que não, que tinha passado no Sono e vi a barraca dele que continuava desaparecido, pra desapontamento geral. Então no dia seguinte acordei bem cedo e aproveitei ao máximo aquele lugar paradisíaco. Muitos surfistas gostam de pegar onda lá. O dono do local, seu Maneco, é uma figura típica da cultura caiçara, muito divertido e atencioso. Protege aquele lugar como ele deve ser protegido, isso é muito bonito de se ver e saber que aquele paraíso está em boas mãos. Conheci um pessoal que estava partindo pra Paraty no dia seguinte a colei neles pra fazer a volta juntos, pois eles tinham combinado com um cara dum barco pra fazer o translado. No último dia nos despedimos de Martim de Sá e andamos até Pouso da Cajaíba onde as praias já não estão mais em mar aberto, mas nem por isso deixa de ser menos bonitas. Um tom bastante esverdeado toma conta do mar naquela região. A vila igualmente simpática e bucólica convida pra uma temporada mais longa. Infelizmente não pude curtir lá como gostaria, aproveitei a carona no grupo e partimos de volta a Paraty. O Barco se chamava Cheiro de Mar e seu comandante era uma figura. Passou em alguma ilhas pra darmos uns saltos do alto do seu barco. Muito gente boa.

    Depois de chegar em Paraty rumei noutro dia cedo pro Rio, cheio de histórias novas pra contar. Ainda aproveitei um dia na cidade e depois peguei o avião pra Brasília, estava na hora de voltar. Lembro que naquele ano um desastre praticamente destruiu Petrópolis e Teresópolis e durante o voo sobrevoamos a região devastada. Fiquei bem triste da janela vendo a destruição e pensando nessas coisas de saber viver em harmonia com o meio ambiente. Com certeza ainda temos muito o que aprender com pessoas como seu Maneco legítimo representante da cultura caiçara e quem cuida exemplarmente de Martim de Sá. Que saudade desse lugar tão bonito, quero levar minha filha lá o quanto antes e em outros lugares incríveis como esse onde pra chegar exige um certo esforço e sacrifício com a certeza de que vai valer a pena.

    Nilov
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    Publicado em 11/12/2015 13:45

    Realizada de 15/02/2011 até 20/02/2011

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    Alto Paraíso - GO

    Rox
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    Guia na Chapada dos Veadeiros, Alto Paraíso, Goiás. Apaixonado pelo Cerrado, ecoturismo e aventuras; especialista em T.L.C. Guia do Caminho dos Veadeiros. Whatsapp (62) 99930 4553

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