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Peter Tofte 15/07/2019 11:19
    Cânion do Espraiado

    Cânion do Espraiado

    Continuação de uma bonita viagem pelo sul do País, com o amigo Edver Carraro, percorrendo trilhas na Santa e bela Catarina.

    Trekking Acampamento

    Após a primeira etapa, a travessia do cânion das Laranjeiras até o cânion do Funil (ver relato) seguimos para Urubici/SC, bonita cidade num vale que podíamos acreditar que ficava nos Alpes não fossem as araucárias no lugar de pinheiros.

    Passamos numa casa a beira da estrada onde se paga o ingresso para o Espraiado. Em seguida fomos para um pequeno chalé reservado pelo Edver, ideal para secar os equipamentos e lavar as roupas. Um pequeno aquecedor a lenha num canto serviu para esquentar o ambiente e secar o vestuário lavado, que deixamos pendurado sobre ele.

    A noite jantamos trutas. A região é uma das poucas no Brasil que tem água fria o suficiente para criação deste peixe. Aproveitei para beber cerveja artesanal de boa qualidade. Coisa boa!

    Na manhã seguinte um excelente café colonial. Nos servimos várias vezes, mais por gula do que por fome.

    Deixamos a pousada as nove horas e pegamos a estrada rumo ao cânion do Espraiado, chegando na Pedra da Águia cerca de 45 minutos depois. Bonito local dentro de um vale estreito. Ali os visitantes deixam os carros que não tem tração 4 X 4.

    O bonito Rio Canoas, ao lado do local do estacionamento.

    Pedra da Águia.

    Começamos a andar acompanhados por dois cariocas que iriam fazer um bate-e-volta para o cânion.

    Subida puxada. Mata bonita ladeando a estrada. Em alguns locais mesmo um 4 X 4 teria dificuldade para subir num dia chuvoso.

    Primeira vista do Espraiado, quase chegando na fazenda.

    Após 3 horas chegamos numa casinha de madeira, sede da fazenda. Ali apresentamos o comprovante de pagamento da entrada ao seu Martim, o proprietário. Conversamos um pouco. Ele sugeriu que ficássemos na casa dele, com direito a cama, ao uso da cozinha e banho quente por R$ 50 cada.

    Eu e Edver sabíamos que a previsão para o dia seguinte era de geada e 0ºC. O tempo já começava a mudar. As nuvens da viração pareciam querer subir o desfiladeiro do Espraiado (parece um mar de nuvens que ocupa o cânion e quer transbordar ). Assim não vacilamos em aceitar a oferta.

    Acomodamos as coisas e recebemos as chaves da casa, pois seu Martim iria voltar para Urubici levando dois casais que ele trouxe na sua pickup. No dia seguinte, ao sairmos e trancarmos a casa, deveríamos deixar as chaves num local pré-determinado.

    Perto do final da tarde demos um passeio rápido até a borda do cânion, trilha fácil. Algumas hastes com tecidos coloridos sinalizavam o caminho, úteis especialmente no caso de cerração. Estava ventoso e nublado. Ficamos felizes por termos optado pela cabana. O bivaque é legal mas volta e meia dá preguiça praticar a resiliência.

    Bonita vista da sede da fazenda.

    Edver acendeu o fogão a lenha com habilidade. Usou como iniciador do fogo a grimpa, folhagem seca da araucária, abundante na região, que é bem inflamável. Pusemos uma chaleira para esquentar água. Pena que não tínhamos mate e cuia para fazer um chimarrão. Aquele final de dia frio estava perfeito para isto.

    Preparamos o jantar usando ou o fogão a lenha ou o fogão a gás. Comemos muito, para esvaziar as mochilas, já que amanhã retornaríamos para casa. Estes fogões de ferro fundido a lenha dos colonos são bonitos e eficientes.

    Um bom chuveiro quente e fomos dormir. Durante a noite a temperatura dentro da casa não baixou de 9º C. A previsão de 0º C e geada não se concretizou.

    Pela manhã arrumamos as mochilas e as deixamos num canto da casa. Partimos para explorar melhor o cânion, indo até a cabeça do Corvo. Dia lindo, a frente fria limpou o céu.

    Passamos pelo local onde o pessoal pratica o pêndulo, uma espécie de bungee jump onde uma corda, presa em cada extremidade a uma das bordas do cânion, sustenta a corda que está presa ao maluco, digo, ao corajoso saltador, formando um "T". O maluco, ops, o corajoso, salta em queda livre até ficar seguro pela corda, fazendo um movimento de pêndulo.

    Não havia ninguém na ocasião. Apenas vimos as ancoragens do pêndulo. Charcos estavam presentes em boa parte do caminho. Não é a toa que o seu Martim aluga botas de borracha para os visitantes.

    O lindo Cânion do Espraiado ao amanhecer. Dia bonito.

    Tiramos muitas fotos. Na ponta do cânion dava para ver ao longe, direção sul, a perigosíssima estrada da Serra do Corvo Branco. Tentaram uma vez asfalta-la mas o constante desmoronamento de pedras impediu a realização da obra.

    Dentro do cânion, beeem lá embaixo, uma bonita queda dágua. Mas zoom de celular é ruim!

    Na volta passamos ainda pela cachoeira do Adão, que cai dentro do começo do cânion. Dali regressamos rápido para casa da fazenda, pois nossa intenção era iniciar a descida por volta de dez horas.

    Retornamos, em parte por um caminho diferente, não pela estrada, entrando na fazenda vizinha e subindo por uma trilha no morro. Um cachorrinho nos seguiu. Tentamos espantá-lo para que não ficasse longe de sua casa, mas não adiantou. Ninguém teve coragem de enxotar o bichinho batendo nele. Edver passou a chamá-lo de cusco, um nome bem sulista para cães.

    Apesar da subida cansativa o cachorrinho não arrefeceu. Chegamos no alto do morro, coberto por um campo de altitude.

    Foto do alto, direção Sul. A fina risca branca descendo na encosta do morro ao centro e ao fundo é a perigosa estrada da Serra do Corvo Branco.

    De lá podíamos ver parte do Campo do Padres, ao Norte, outra excelente travessia de Santa Catarina, porém bem puxada devido aos charcos.

    Tiramos fotos de nossa última visão daquela serra magnífica, pois iríamos começar a descida. Pouco depois achamos a estrada que se encontraria com aquela na qual subimos.

    Eu e o Cusco.

    Durante a descida encontramos um trekker, o Hans, de Blumenau ou Joinville, guardando 18 mochilas, de um grupo que estava subindo de caminhonete. Muita gente e mochilas, não cabia numa só viagem de carro. Iriam fazer o Campo dos Padres em 3 dias. Conversamos um pouco e após a despedida, retomamos o caminho. Não pudemos deixar de reparar no tamanho e no peso das mochilas daqueles jovens. Iriam sofrer um bocadinho. Pouco peso vem com a experiência.

    Na estrada muito turista subindo a pé, bufando e perguntando quanto tempo faltava para o Espraiado. Acho que em torno de 100 pessoas. Felizmente o cusco resolveu seguí-los voltando para casa.

    Subiam alguns carros 4 X 4, motos e até uma pickup puxando um reboque para transporte de cavalos com pessoas dentro!

    Cerca de 14 horas estávamos de volta a Pedra da Águia e pegamos o carro. Almoçamos em Urubici e retornamos para Veranópolis, onde chegamos pela noite.

    Um excelente jantar encerrou esta viagem. No dia seguinte sairia de ônibus pela madrugada, de Veranópolis para o aeroporto de Porto Alegre, e dali para Salvador, cheio de lembranças maravilhosas desta linda região do Brasil e do reencontro com amigos queridos.

    Grande companheiro de aventuras, Edver Carraro, de azul. Agora ele me deve um trekking na Chapada Diamantina ou outro internacional, nos Andes ou Patagônia. Pode ser nas Dolomitas também, para ele praticar seu italiano.

    Peter Tofte
    Peter Tofte

    Publicado em 15/07/2019 11:19

    Realizada de 19/06/2019 até 20/06/2019

    Visualizações

    3405

    3 Comentários
    Peter Tofte 15/07/2019 16:48

    Beleza! Valeu a companhia Edver! Aguardo vc aqui na Bahia para visitarmos a Chapada!

    Alberto Farber 16/07/2019 08:17

    Para mim, é o canion mais bonito que já conheci !!

    1
    Peter Tofte 17/07/2019 14:57

    É bonito Alberto. Mas lá é difícil decidir qual o mais bonito. Gostei muito do cânion do Funil.

    1
    Peter Tofte

    Peter Tofte

    Salvador, Bahia

    Rox
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    Carioca, baiano de criação, gosto de atividades ao ar livre, montanhismo e mergulho. A Chapada Diamantina, a Patagônia e o mar da Bahia são os meus destinos mais frequentes.

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