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Peter Tofte 02/01/2018 09:52
    Um mergulho no mar de Itapoã.

    Um mergulho no mar de Itapoã.

    Mergulho técnico a 67 m na Parede do 4 Rodas (Itapoã), local lindo, com muita vida marinha.

    Mergulho

    Eu e László Mocsári já havíamos tentado mergulhar neste ponto a cerca de um mês atrás, mas entrou um vento forte que tornou a navegação difícil. Neste tipo de mergulho fundo, as ondas tornam penosa a descompressão, o cabo da âncora ao qual ficamos agarrados sacoleja muito. Além do risco da âncora do barco começar a arrastar no fundo (não unhar). Uma pena, a água estava roxa na ocasião. Abortamos e fizemos o Galeão Sacramento (vide relato aqui no Aventure Box).

    O litoral baiano, especiamente em Salvador, é um dos mais próximos da beira da plataforma continental do Brasil. Para se fazer mergulhos a 200 metros de profundidade não é necessária muita navegação. A Parede do 4 Rodas fica a 5 milhas náuticas em frente ao antigo Hotel 4 Rodas, único prédio que se destaca ao norte do farol de Itapoã. Lá começa um dos degraus desta plataforma.

    A MPB consagrou a beleza do mar de Itapoã. Há trinta anos o soteropolitano veraneava lá, local distante de Salvador. Hoje é mais um dos bairros da cidade.

    ...............

    Voltamos e tivemos melhor sorte desta vez.

    Partida da lancha da Bahia Marina. László na faina de preparar os equipamentos. Na foto ajustando o rig de um cilindro de bailout.

    László e eu na saída da Baía de Todos os Santos. Ao fundo o farol da Barra.

    Após 40 a 50 minutos de navegação a partir da Baía de Todos os Santos, o László passou a observar a ecosonda e ordenou lançar âncora quando o display mostrou um empedrado no fundo.

    Não havia praticamente ondas, mas uma correnteza forte. Segui a sugestão do László e além do rebreather clipei os dois cilindros de bailout ainda a bordo (caso falhe o equipamento principal, pulamos para o circuito aberto, usando os cilindros de bailout). László, veterano mergulhador técnico com muito mais experiência que eu, clipou seus 3 cilindros na água (trabalho complicado com muita correnteza).

    A corrente tornou a descida cansativa, a quantidade de equipamento causa muito arrasto, impossível vencer a nado e sim puxando com as mãos o cabo da âncora. Fiquei ofegante em alguns momentos. Aos 20 metros de profundidade uma mágica! A correnteza quase desapareceu por completo. As 35-40 metros de profundidade já conseguíamos avistar o fundo a 65-67 metros. Visibilidade excelente.

    No fundo amarramos o cabo da carretilha na corrente da âncora. Observamos que a âncora, do tipo fateixa, já vinha sendo arrastada. Um longo risco na areia mostrava que ela já havia percorrido dezenas de metros entre o momento que tocou o fundo e aquele em que chegamos ali. O fundo é um lajeado coberto por fina camada de areia que não permitiu a âncora firmar. Começamos a nadar em direção ao empedrado, que justamente ficava apontado na direção do risco na areia. Perdemos 10 a 15 minutos nadando até chegarmos lá.

    Empedrado espetacular, muita vida marinha. Olhetes, ciobas, barracudas e muitos peixes menores, multicoloridos. Uma moréia verde graúda foi filmada pelo László. Encontramos uma poita. Parece que colocaram um atrator lá. Um atrator é um cabo fixado ao fundo e a uma bóia perto da superfície (mas não flutuando). Neste cabo se prendem tiras de tecido sintético que parecem bandeirolas compridas. Isto atrai muitos peixes. O vídeo dá uma pequena idéia da beleza do lugar.

    Após cerca de 45 minutos de fundo decidimos voltar. Já tínhamos ali pelo menos 2 horas de descompressão (deco) antes de retornar para a superfície. A descompressão evita que nosso sangue borbulhe como uma garrafa de Coca-Cola quente ao ser agitada e aberta.

    Comecei a enrolar o cabo da carretilha. Ela é que assegura a volta ao cabo da âncora. A última coisa que desejamos é fazer deco a deriva com aquela correnteza. Iríamos parar na pqp. Antes de podermos subir a superfície, devido a obrigação de fazer a deco, pararíamos quilômetros distantes da lancha com aquela correnteza se não estivermos agarrados ao cabo da âncora.

    Chegando perto da âncora, descobrimos que a fateixa continuou sendo arrastada enquanto mergulhávamos no empedrado. Uma fina nuvem de "poeira" indicava o arrasto. O cabo da carretilha poderia ter se partido neste processo.

    Perfil do mergulho. Observem a longa descompressão.

    Após mais de duas horas de deco estávamos de volta a superfície, cansados mas felizes por mais um mergulho fundo nas belezas do mar da Bahia.

    O vídeo com as imagens subaquáticas são do László Mocsári.

    Bons mergulhos!

    Peter Tofte
    Peter Tofte

    Publicado em 02/01/2018 09:52

    Realizada em 28/12/2017

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    2 Comentários
    Guiomar Vieira 08/01/2018 12:56

    Um aquario, mas muita coragem, adrenalina e emoção. Lindo mergulho

    Peter Tofte 26/01/2018 08:30

    Valeu Guiomar!

    Peter Tofte

    Peter Tofte

    Salvador, Bahia

    Rox
    3833

    Carioca, baiano de criação, gosto de atividades ao ar livre, montanhismo e mergulho. A Chapada Diamantina, a Patagônia e o mar da Bahia são os meus destinos mais frequentes.

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