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André Deberdt 05/06/2023 13:56
    CONJUNTO MARUMBI

    CONJUNTO MARUMBI

    Ascensão aos píncaros do Marumbi pela trilha Noroeste.

    Montañismo Trekking Hiking

    Cume do Olimpo (1.539), Conjunto Marumbi.

    Localizado no município de Morretes-PR, o conjunto do Marumbi é uma serra granítica formada pelas seguintes elevações: Olimpo (1.539 m), Boa Vista (1.491 m); Gigante (1.487 m); Ponta do Tigre (1.400 m); Esfinge (1.378 m); Torre dos Sinos (1.280 m); Abrolhos (1.200 m); Facãozinho (1.100 m) e Morro Rochedinho (625 m). A conquista do Olimpo (ou pico Marumbi) em 1879 por Joaquim Olympio Carmeliano de Miranda é um importante marco do montanhismo brasileiro. Maiores informações podem ser obtidas na matéria publicada pelo Nos Alpes.

    Depois de conhecer o pico Paraná, seguimos rumo a Morretes pela estrada da Graciosa, em busca de um local para pernoite e preparativos para uma ascensão aos principais cumes do Marumbi. Na busca de maiores informações, fizemos novamente contato com o montanhista paranaense Natan Lima, que prontamente nos convidou para pernoitar na casa localizada na vila dos Marumbinistas, para onde iria no final de semana acompanhado dos colegas Adriano Safiano (Cruel) e Marcelo Correa (Capitão).

    Chegamos a Morretes por volta do meio-dia, aproveitamos para comer um tradicional barreado. Passeamos pela cidade, depois fomos até Antonina, retornamos a Morretes para o jantar e seguimos para o distrito de Porto de Cima, onde combinamos de nos encontrar com o Natan no início da noite, para seguir pela estrada do Itupava até a estação Marumbi. O trajeto de 4 km da portaria do Parque Estadual do Marumbi (base do IAT), até o estacionamento na antiga estação Engenheiro Lange, só é recomendável para veículos 4x4, que percorremos com o Duster sem maior dificuldade. De lá, são mais cerca de 1200m de caminhada até a estação Marumbi, pela calçada de pedras primorosamente construída por Antônio Moraes Pereira (Antoninho Palmiteiro), detentor da marca de 500 ascensões ao cume do Olimpo, hoje aposentado.

    A casa em que pernoitamos, localizada em meio à mata, na Vila dos Marumbinistas, pertenceu a Henrique Paulo Schmidlin, o Vitamina, notório montanhista paranaense. Hoje está aos cuidados da Associação Nas Nuvens Montanhismo. Apesar da vila estar situada dentro dos limites do Parque Estadual do Marumbi, suas cerca de 30 casas não fazem parte da unidade de conservação, tendo sido adquiridas, em sua maior parte, por montanhistas.

    Depois de uma rápida limpeza para espantar as aranhas marrons e armadeiras que tomam conta da casa nos períodos de maior ausência, ocupamos os espaços com os sacos de dormir, tomamos um vinho e batemos um papo, antes de dormir.

    Na manhã seguinte, por volta das 8 horas, eu e Giselle tomamos a trilha Noroeste (vermelha), que leva aos picos Abrolhos, Ponta do Tigre, Gigante e Olimpo. Para descida, optamos pela trilha Frontal (branca). As duas trilhas foram abertas entre 1938 e 1942. Na década de 40 foram instaladas as correntes, substituídas em 1998/99 por degraus de ferro (via ferrata). Em 1979 foi adotada a sinalização por meio de fitas coloridas, mantida até os dias atuais.

    A trilha tem um início suave no calçamento da vila dos Marumbinistas e depois sobe, sobe, sobe e não para mais de subir. Concluímos o primeiro trecho até o cume do Abrolhos sem maior dificuldade, a partir do qual tivemos uma bela vista da serra da Graciosa, estação Marumbi e dos picos vizinhos que compõem o maciço, dentre eles a Esfinge, Ponta do Tigre e Gigante, estes dois últimos nossos próximos destinos. Tiramos algumas fotos, assinamos o livro de cume e relaxamos um pouco sobre os grandes blocos de rocha.

    Do cume do Abrolhos, descemos novamente até a bifurcação e seguimos subindo, agora pelo Desfiladeiro das Lágrimas, entre a Esfinge e a Ponta do Tigre. Sem dúvida uma subida bastante exaustiva, mas extremamente bela, por onde um vento frio nos proporcionou uma breve sensação de bem-estar, em um dia de muito Sol e calor decorrente do esforço físico despendido.

    Cometi um erro estratégico, que afetou um pouco o meu desempenho ao longo da subida. Confiei na informação de que existe uma pequena fonte de água pouco antes da subida para o Abrolhos e não me preocupei em encher todos os reservatórios. Chegando a este local, encontrei apenas um pequeno gotejamento, insuficiente para completar o que me faltava de água. Com isso, tive que racionar o que tinha ao longo da trilha, o que causou certa preocupação.

    Passamos pela Ponta do Tigre e seguimos direto para o Gigante, agora em meio a uma densa vegetação formada por bambus e arbustos retorcidos e duros, que nos encobria vez por outra. Fizemos uma breve parada em um pequeno afloramento rochoso para descansar e seguimos para o Olimpo, que não estava muito distante dali. Pelo caminho, vários grupos indo e voltando, com os quais a Giselle não perdia a oportunidade de conversar.

    Às 14:20, depois de 6h e 20min de uma caminhada (ou seria escalaminhada?) exaustiva, chegamos finalmente ao cume do Olimpo (1.539 m), ponto mais elevado do Marumbi, de onde tivemos uma vista espetacular das serras e cidades do entorno e da baia de Paranaguá. Embora ainda tivéssemos uma árdua descida pela frente, fomos tomados por uma agradável sensação de missão cumprida e pudemos relaxar e descansar com mais tranquilidade. Logo em seguida, três outros grupos chegaram ao local, com os quais conversamos um pouco.

    Perto das 15 horas iniciamos a descida, agora pela trilha Frontal (branca), mais curta, porém, bem mais íngreme, com algumas vias ferratas um pouco mais expostas. Se ao longo da subida minha falta de preparo físico e de água contribuíram para uma maior exaustão, não tive maiores dificuldades na descida, pelo contrário, me senti até bem revigorado, talvez pelo fato de saber que encontraria água mais à frente. Já com a Giselle foi o contrário, que teve um pouco mais de dificuldade para transpor os intermináveis degraus de rocha e raízes ao longo da extensa descida. Provavelmente o fator cardio x massa muscular também tenha contribuído. Depois de ter passado 14 dias no Peru, em alta montanha, o aumento na concentração de hemoglobina a ajudou na subida, mas a descida certamente exigiu mais da musculatura das pernas para transpor os infinitos degraus que, devido à sua estatura, nem sempre alcançou com facilidade.

    Ainda fizemos uma parada na cachoeira dos Marumbinistas, antes de concluir a trilha na estação Marumbi, quando já anoitecia, o que dificultou um pouco encontrar o caminho correto até a casa onde estávamos baseados. Entre subidas e descidas pelo calçamento de pedras, encontrei o caminho correto pelo faro, seguindo o cheiro de churrasco que sabia, de antemão, que só poderia estar vindo de lá!

    Na chegada à casa, ao invés de nossos colegas de pernoite, que ainda estavam escalando uma das paredes do Marumbi, encontramos com os montanhistas Júlio Fiori, Juliano Santos e o Rodrigo Barbosa, que, de imediato, nos intimaram a participar da reunião festiva em andamento.

    Pouco tempo depois, começou a chover forte, conforme o previsto, e tivemos que improvisar uma cobertura com uma lona, para dar andamento às atividades etílico-degustativas. Com a chegada dos demais colegas Natan, Adriano (Cruel) e Marcelo (Capitão), a festa ficou ainda mais animada. Não posso negar a satisfação que foi seguir noite adentro conversando com tão ilustres colegas sobre temas diversos ligados ao montanhismo paranaense.

    Deixo aqui meu sincero agradecimento ao Natan, Fiori, Adriano, Juliano, Marcelo e Rodrigo, pela acolhida e oportunidade.

    Mapa esquemático com as trilhas do Marumbi.

    Início da trilha Noroeste, próximo à vila dos Marumbinistas.

    Flor de amarílis (Hippeastrum aulicum).

    Uma das muitas vias ferratas na trilha Noroeste.

    Até 1988 só existiam correntes nestes trechos, alguns deles bastante extensos.

    Cume do Abrolhos (1.200 m), com a Esfinge (1.378 m) e a Ponta do Tigre (1.400 m) ao fundo. Entre os dois, o Desfiladeiro das Lágrimas, que trilhamos em seguida.

    Cume do Abrolhos, primeiro dos quatro que faríamos neste dia.

    Desfiladeiro das Lágrimas, um dos trechos mais íngremes e exaustivos que pegamos.

    Trecho final do Desfiladeiro das Lágrimas, em uma cavidade natural formada por blocos de rocha empilhados.

    Trecho próximo ao Gigante, onde a floresta dá lugar aos campos de altitude, com a vegetação herbáceo/arbustiva típica.

    O cume do Olimpo (1.539 m), observado a partir do Gigante (1.487 m).

    Registro oficial no cume do Olimpo.

    A baia de Paranaguá e a região de Antonina e Morretes, observados do cume do Olimpo.

    Casa da Associação Nas Nuvens Montanhismo, na vila dos Marumbinistas, que nos serviu de base durante a visita ao Conjunto Marumbi.

    Estação Marumbi na manhã chuvosa em que fomos embora.

    Foto com os nossos colegas de aventura. Da esquerda para a direita: Giselle, André, Marcelo, Natan e Adriano.

    André Deberdt
    André Deberdt

    Publicado en 05/06/2023 13:56

    Realizado desde 26/05/2023 al 28/05/2023

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    2 Comentarios
    Fabio Fliess 11/06/2023 12:22

    Irado demais!! Parabéns André e Gisa! 

    André Deberdt 13/06/2023 06:18

    Obrigado Fábio! Aqui em Minas temos uma influência muito forte do montanhismo do RJ. Foi muito bom ter contato com outras realidades, como no caso do montanhismo paranaense.

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    André Deberdt

    André Deberdt

    Belo Horizonte - MG

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    Biólogo e montanhista filiado ao Centro Excursionista Mineiro.

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