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André Deberdt 13/04/2022 06:02 com 1 participante
    FECHADOS

    FECHADOS

    Quatro dias em Fechados, região repleta de belas cachoeiras na encosta oeste da Cadeia do Espinhaço.

    Hiking Acampamento Cachoeira

    Às margens do ribeirão Fechados. Da esquerda para a direita: André, Giselle, Fernando, Leila e Dênio.

    Fechados é um distrito de Santana de Pirapama localizado na encosta oeste do Espinhaço Meridional, na bacia do rio Cipó, cerca de 190km de Belo Horizonte (via BR-040 e MG-238). Alguns moradores atribuem a origem do nome do povoado aos riachos “fechados” ou encaixados em cânions, que descem a serra formando belas cachoeiras, que compõem o principal atrativo da região. E não são poucas!

    A proposta foi de acampar nas terras do Fernando, que ele e alguns colegas adquiriram recentemente na encosta e no pé da serra, e fazer passeios diários pela região com mochilas leves de ataque, dentre eles, um trecho da travessia Extrema – Fechados, que deverá fazer parte da trilha de longo curso Transespinhaço.

    A possibilidade de chuva foi nossa principal preocupação nas semanas que antecederam a viagem, diante de um início de ano com precipitação atípica. Porém, fomos brindados com quatro belos dias de Sol e céu azul, conforme já vinha sendo previsto no meteograma do INMET, acompanhado diariamente antes da viagem.

    Sábado, 26/02/2022

    Na manhã de sábado partimos cedo em dois carros, rumo a Sete Lagoas e depois em direção a Fechados, aonde chegamos por volta das 10h, após uma rápida parada para o café-da-manhã em Jequitibá e de alguns quilômetros em estrada de terra. Estacionamos os veículos em um local “semisombreado” próximo ao início da trilha e iniciamos a subida da serra, rumo ao “latifúndio” do nosso colega Fernando, onde ficaríamos acampados pelos próximos dias.

    Depois de duas horas e meia de subida chegamos à cachoeira Horizontes, cartão postal da região, onde fizemos uma breve parada para algumas fotos. Em seguida, subimos mais um pouco em busca de um bom ponto para montar o acampamento, que encontramos na margem oposta do ribeirão Fechados, em um local isolado, sombreado e bastante agradável.

    Montado o acampamento, eu (André), Dênio e Fernando fomos visitar duas cachoeiras próximas, enquanto Giselle e Leila preferiram relaxar em um agradável pocinho junto ao nosso quartel general. A primeira delas, conhecida como cachoeira do Ofurô, despenca por um cânion alto e estreito, formando um poço na base, dando a entender que esse tipo de formação “fechada” ou “encaixada” comum na região, pode mesmo ter sido a origem do nome do povoado.

    Um pouco acima está a cachoeira Cobu, uma das mais belas da região, com um grande poço na base e diversas quedas. Descendo um pouco pela extensa laje de pedra onde o ribeirão se espraia, é possível chegar ao alto do cânion que vimos a partir da cachoeira Ofurô. Sem dúvida um belo espetáculo das águas.

    De volta ao acampamento, tomamos mais um banho no ribeirão Fechados e demos início ao preparo do jantar. No cardápio, lombo defumado acebolado e arroz, acompanhado de vinho tinto. Antes de dormir, fomos observar o céu estrelado deitados nos blocos de rocha que cobrem o leito do ribeirão, atividade repetida nas noites subsequentes.

    Início da subida da serra a partir do povoado de Fechados, rumo ao nosso local de acampamento.

    Parada rápida na cachoeira Horizontes, antes da chegada ao local do acampamento.

    Cachoeira do Ofurô, próxima ao local do nosso acampamento.

    A belíssima sequência de quedas da cachoeira Cobu. Dênio, de branco e com o braço esticado, nos dá uma ideia das dimensões do local.

    Trecho final da cachoeira Cobu, com a água despencando pelo cânion que segue até a cachoeira Ofurô, mais abaixo.

    O agradável poço ao lado do acampamento, ideal para os banhos no final da tarde e de onde observávamos o céu estrelado após o jantar.

    Domingo, 27/02/2022

    Tínhamos como proposta a realização de caminhadas mais longas no domingo e na segunda-feira, até o córrego do Bicho, no sentido para Cemitério do Peixe e para o Rio Preto, sentido Extrema. A ideia era desfrutar um pouco das belas paisagens na parte alta da serra.

    É claro que demoramos no café da manhã e acabamos pegando a trilha por volta das 9h, com algumas paradas ao longo da subida da serra para conhecer uma lavra de cristais de quartzo e a bela cachoeira do Cânion. Com isso, chegamos muito tarde ao início do caminho que segue rumo ao rio Preto, destino que havíamos escolhido. Já eram 10h e 20min da manhã e ainda teríamos que percorrer, no mínimo, mais 30km, contando a ida e a volta. Totalmente inviável.

    O jeito foi seguir até a casa do Valtinho, referência local, onde não resistimos à tentação de tomar algumas cervejas geladas, acompanhadas de pão de queijo, antes de prosseguir com a caminhada. E não podemos negar que foi providencial, diante do calor e do Sol forte naquela bela manhã de domingo!

    A casa do Valtinho, situada na parte alta da encosta da serra, tem capacidade para hospedar até 30 pessoas, mas todos os feriados, até o final do ano, já haviam sido reservados por agências de ecoturismo. Mesmo com a pandemia, os negócios prosperaram por lá.

    Curados da insolação e mais conscientes das possibilidades para aquele dia, decidimos caminhar até a cachoeira da Vaca Morta, no meio da trilha que segue para o povoado de Cemitério do Peixe. O caminho passa por áreas de cerrado e campos rupestres já bastante alterados pelo gado e pelo fogo, mas que ainda guardam a beleza única das paisagens nos altos da Cadeia do Espinhaço.

    Observada de longe e com um bom volume de água, a cachoeira da Vaca Morta se destaca na paisagem. Mas ao chegarmos em sua base, não encontramos um local adequado para um banho. O Fernando, que já havia visitado o local, recomendou que subíssemos até a parte alta, onde encontraríamos melhores condições para nos refrescar. No alto encontramos um agradável e convidativo pocinho cercado de vegetação semiaquática e um pequeno trecho da queda com borda infinita, onde pudemos nos esbaldar.

    No local também encontramos o grupo Elite da Serra, que fazia a travessia Gouveia – Fechados. Chegaram lá pouco depois das 14h montaram acampamento, enquanto nós seguimos de volta para o acampamento.

    Depois de mais uma parada no Valtinho, iniciamos a descida da encosta da serra até o nosso acampamento. Eu e o Fernando fizemos mais uma parada na lavra para tentar garimpar algum cristal no “refugo” do garimpo. Ainda deu tempo para um banho na cachoeira Horizontes, onde pudemos apreciar um belo pôr do sol na borda infinita que dá nome ao local.

    Reencontramos com a turma dando início ao preparo do jantar. No cardápio, penne com calabresa e molho de tomate, com porções generosas de queijo parmesão. Tudo sob a tutela da Leila, nossa Chef de acampamento. Para não perder o costume, fomos ver as estrelas após o jantar.

    Neste dia caminhamos 20,4km ao longo de 10 horas, contando as paradas e banho nas cachoeiras.

    Manhã do segundo dia no acampamento. Tudo pronto para mais uma caminhada.

    Pelo caminho uma passada rápida na lavra de cristais de quartzo. Essa da foto é apenas uma das muitas cavas existentes no local.

    A cachoeira do Cânion, no caminho para o Valtinho.

    Parada estratégica no Valtinho para reavaliar a programação, tomar cerveja e comer pão de queijo.

    No altiplano, rumo à cachoeira da Vaca Morta (ao fundo).

    Na base da cachoeira da cachoeira Vaca Morta não encontramos nenhum poço adequado para um banho. O jeito foi procurar na parte de cima.

    Já no alto da cachoeira, um belo poço com borda infinita.

    Na volta, mais uma parada estratégica no Valtinho, antes do final do dia.

    Segunda-feira, 28/02/2022

    Caminhada até o rio Preto (ou quase!)

    Em nosso terceiro dia em Fechados decidimos fazer atividades em dois grupos distintos: eu (André) e Fernando tentaríamos novamente chegar ao rio Preto, enquanto o restante do grupo faria um tour pelas principais cachoeiras (Ofurô, Cobu e Horizontes).

    Por volta das 6h da manhã, enquanto os demais dormiam, eu e Fernando tomamos um rápido café, juntamos as tralhas e iniciamos a caminhada. Levamos cerca de uma hora para percorrer o trecho de subida da serra (4km) até a proximidade da casa do Valtinho, onde tem início a trilha rumo ao rio Preto, a mesma adotada na travessia Extrema – Fechados.

    A primeira parte da caminhada percorre o alto da serra por uma região de campo, com belas paisagens, mas bastante alterada pela pecuária e pelo fogo ao longo dos anos. Um emaranhado de caminhos feitos pelo gado dificultou bastante a navegação, tornando o GPS imprescindível. Em alguns pontos a trilha desaparecia por completo, enquanto em outros reapareceria bem marcada no solo, muitas vezes acompanhada por outras trilhas paralelas. Perder o rumo em alguns momentos foi inevitável.

    Depois de cerca de três horas de caminhada, nos deparamos com uma descida íngreme até o vale formado pelos córregos Samambaia e Barbado, que nos fez refletir se realmente valeria a pena continuar até o rio Preto. Na realidade, o que nos assustou não foi a descida, mas sim a subida que teríamos que enfrentar na volta, depois de uma longa caminhada. Decidimos então abandonar, mais uma vez, nossos planos originais e seguir apenas até a cachoeira Samambaia (que fica no córrego Barbado!), onde poderíamos tomar um banho e recuperar as energias. Até então, já havíamos percorrido 17,5km em 5 horas de caminhada, sob Sol forte e muito calor.

    A cachoeira Samambaia não é muito grande, mas suas águas formam um pequeno poço em meio uma ampla área recoberta por lajes de rocha quartzítica bastante clara. Tomamos um banho, comemos algo e descansamos por cerca de uma hora. Às 13 horas iniciamos a volta, tendo a nossa frente 1.700m de subida íngreme, com 300m de desnível, por uma trilha esburacada e cheia de pedras soltas. Mas vencemos o desafio sem maior dificuldade.

    Uma vez aprendido o caminho, foi fácil evitar os erros de navegação cometidos na ida e não enfrentamos maiores dificuldades além do desgaste provocado pelo Sol forte e pelas moscas que nos importunavam sempre que o vento diminuía. Assim como no dia anterior, a principal motivação na volta foi a possibilidade de tomar uma Heineken gelada no Valtinho, situação que se concretizou depois de 29km percorridos em 8h e 45min de uma caminhada bastante cansativa. Faltavam ainda os 4km de descida da serra até o nosso acampamento, tarefa concluída com êxito em mais uma hora de caminhada rápida serra abaixo.

    Tour pelas cachoeiras

    Enquanto os dois empolgados encaravam a longa caminhada pelo alto da serra, Dênio, Leila e Giselle acordaram calmamente, tomaram um café da manhã com tranquilidade, acompanhado de ovos caipiras mexidos (como a gema é amarela!) e seguiram despreocupadamente até a cachoeira do Ofurô, situada um pouco acima do acampamento. Vale lembrar que as moças não participaram da visita feita às cachoeiras nos dias anteriores.

    A seguinte foi a cachoeira Cobu, em um trecho um pouco mais elevado da serra, onde o grupo passou mais tempo aproveitando o belo poço e as corredeiras espraiadas sobre a laje de pedra, para nadar e relaxar.

    Sem conseguir renunciar ao ímpeto aventureiro, nosso Crocodênio Dundee resolveu explorar melhor o local, especialmente os grandes blocos de rocha no entorno da cachoeira. Em um deles deu de cara com uma colmeia e foi atacado por uma esquadrilha de vespas ferozes, que lhe renderam quatro ferroadas. Durante a tentativa de fuga, ainda tomou um escorregão na laje de pedra molhada, porém, sem maiores consequências.

    A terceira cachoeira visitada no dia foi a Horizontes, cartão postal de Fechados, caracterizada por cortes em ângulo reto nas rochas de quartzito, que lhe atribuem um desenho peculiar, além de uma extensa borda infinita, com um visual espetacular de toda a região. Haja rolo de filme!

    No final da tarde os grupos se reencontraram no acampamento para o jantar. No cardápio, strogonoff de carne com champignon Paris, arroz e batata palha, tudo preparado com extremo esmero pela Leila, com a colaboração de seus auxiliares de cozinha.

    Terça-feira, 01/03/2022

    Nosso último dia em Fechados começou com um farto café da manhã, acompanhado de ovos caipira mexidos. Aventamos a possibilidade de procurar pinturas rupestres existentes nas proximidades ou visitar a cachoeira Buracão, mas o grupo preferiu levantar acampamento e retornar. Depois de uma descida tranquila da serra até o estacionamento dos veículos ainda passamos rapidamente em mais uma das propriedades adquiridas pelo Fernando, situada em um potencial condomínio residencial junto ao povoado de Fechados, onde conhecemos mais uma pequena cachoeira.

    Por volta do meio-dia pegamos a estrada e retornamos para BH, aonde chegamos no final da tarde.

    Floração da canela-de-ema (Vellozia glabra) no vale dos córregos Samambaia e Barbado.

    Fernando aproveitando para se refrescar na cachoeira Samambaia, antes de encarar uma subida árdua na volta para o acampamento.

    Trecho do subidão que enfrentamos na volta da cachoeira Samambaia.

    Giselle e Leila na cachoeira Ofurô.

    Cachoeira Cobu

    Giselle em uma das quedas da cachoeira Cobu.

    Parte de baixo da cachoeira Cobu, onde o córrego se espraia sobre uma laje de pedra antes de despencar num desfiladeiro.

    Não bastasse a cachoeira, a vista do lugar também é um espetáculo.

    A terceira cachoeira do dia foi a Horizontes, que já havíamos visto no primeiro dia.

    A borda infinita dá nome à cachoeira Horizontes.

    Parte de baixo da cachoeira Horizontes.

    Descida da serra até o estacionamento dos veículos.

    André Deberdt
    André Deberdt

    Publicado em 13/04/2022 06:02

    Realizada de 26/02/2022 até 01/03/2022

    1 Participante

    CEM

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    6 Comentários
    Fabio Fliess 13/04/2022 11:01

    Boa André!!! Tai um lugar que eu ainda preciso conhecer. 👏🏻👏🏻👏🏻 Abs.

    André Deberdt 14/04/2022 05:23

    Quando vier novamente para os lados de BH avise!

    1
    Fabio Fliess 15/04/2022 17:42

    Tô planejando pra esse ano ainda. Avisarei com certeza!!! Abs

    Peter Tofte 13/04/2022 15:39

    Belo lugar!👏👏👏👏👏

    Ricardo Feres 13/04/2022 20:19

    Que beleza, nunca tinha ouvido falar, valeu.

    Wanderson Dias 01/05/2022 19:26

    Lugar único. Fantástico a aventura. Muito bom ver o vale da vaca morta de novo. Vou dá um pulo lá qualquer dia desses. Abraço

    André Deberdt

    André Deberdt

    Belo Horizonte - MG

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    735

    Biólogo e montanhista filiado ao Centro Excursionista Mineiro.

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