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André Deberdt 03/06/2023 07:11
    PARQUE ESTADUAL PICO PARANÁ

    PARQUE ESTADUAL PICO PARANÁ

    Ascensão ao cume do pico Paraná, o ponto mais elevado da região sul do Brasil.

    Montanhismo Trekking Acampamento

    Maciço do pico Paraná. Da esquerda para a direita, os cumes do Ibitirati, União, Paraná e morro dos Camelos, mais à direita.

    Localizado na Serra do Mar, entre os municípios paranaenses de Campina Grande do Sul e Antonina, no maciço do Ibitiraquiri, o pico Paraná é a montanha mais alta da região Sul do Brasil, com 1.877m e proeminência de 1142m. É uma formação rochosa de granito e gnaisse, bela e imponente, que logo à primeira vista já mostra o desafio que será galgá-la.

    No sábado, 20/05/2023, me encontrei com a Giselle na cidade do Rio de Janeiro, que retornava de uma viagem ao Peru, para participar do evento “Rio nas Montanhas” (ATM-RJ). Na segunda de manhã viajamos de carro até São Paulo e pernoitamos na casa da minha mãe. A ideia era seguir no dia seguinte para o Paraná, onde passaríamos alguns dias para conhecer o pico Paraná e o conjunto do Marumbi.

    Seguindo as dicas fornecidas pelos colegas montanhistas paranaenses, alugamos um chalé na fazenda Rio das Pedras, em Campina Grande do Sul, ao lado do posto do Instituto Água e Terra (IAT), no Parque Estadual Pico Paraná. Uma propriedade bela e muito bem cuidada, com um ar bucólico proporcionado pelos gramados, morros e córregos, cercados por florestas de pinus e araucárias. Um verdadeiro paraíso de paz e sossego, já que éramos os únicos que estavam por lá. Aproveitamos a tarde para caminhar pelas trilhas, visitar a cachoeira e coletar alguns pinhões.

    Acordamos cedo no dia seguinte, seguimos até o posto do IAT para o cadastro e iniciamos a trilha rumo ao pico Paraná, em uma bela manhã de sol e céu azul. O primeiro trecho até a bifurcação para o pico Caratuva, passando pelo morro do Getúlio, é uma subida sem maiores desafios, boa parte em meio a uma mata em regeneração, onde pinheiros exóticos invasores (Pinus elliottii) se destacam na paisagem, pontuando as encostas de toda a serra, num triste presságio de que, em algumas décadas, a região toda poderá ser convertida em um imenso pinheiral.

    Após a bifurcação para o Caratuva, tem início um trecho mais exaustivo, especialmente para aqueles que carregam mochilas cargueiras, por uma trilha acidentada, com muitas raízes, rochas e pequenas escalaminhadas. Até o local conhecido como Acampamento 1, há dois bons pontos de água, ambos perenes. Dali em diante, apenas um ponto minguado na trilha da Casa de Pedra.

    A partir do Acampamento 1, a trilha segue pela cumeeira, em meio a uma vegetação arbustiva mais baixa, com o predomínio do bambuzinho nativo conhecido como caratuva (Chusquea pinifolia), típico dos campos de altitude, e que dá nome ao segundo pico mais alto do Paraná. Em seguida, tem início a travessia de um colo íngreme que dá acesso a uma via ferrata, considerada o trecho mais crítico de toda a trilha, caracterizado por uma escarpa bastante exposta, que exige mais o psicológico do que do físico. Porém, nada muito complicado para quem está habituado a caminhar em regiões montanhosas e de relevo acidentado.

    Chegamos ao Acampamento 2 por volta das 14:30, depois de percorridos 9,3 km ao longo de 6h e 30min, por uma trilha bastante exigente e exaustiva, onde encontramos com um casal montando o acampamento. O plano inicial era acampar no cume do pico Paraná, mas optamos por montar a barraca no Acampamento 2 e subir até lá sem peso.

    O trecho do Acampamento 2 até o cume é um dos mais acidentados, com passagens sobre blocos de rocha e trilha estreita, que percorremos sem maior dificuldade em cerca de uma hora. A partir do cume, uma vista espetacular de todo o relevo do entorno, com destaque para os picos Itapiroca, Caratuva, Taipabuçu e Ferraria, mais próximos de nós.

    Aproveito para abrir um parêntese e comentar um ponto que chamou muito nossa atenção: a quantidade enorme de lixo, fezes, papel higiênico e lenços umedecidos pela trilha e, principalmente, nos cumes. Realmente assustador! No pico Paraná encontramos até folhas do livro de cume utilizadas para limpar a bunda, além de muito lixo acumulado e verdadeiras latrinas a céu aberto. Uma cena triste que contrasta com a beleza do local. Lembrando que lenços umedecidos são feitos com materiais sintéticos como o poliéster, que não é biodegradável e se acumula na natureza.

    Depois de assinar o livro de cume, tirar algumas fotos e conversar com um rapaz acampado no local, iniciamos a descida para o Acampamento 2. Ainda fomos pegar um pouco de água em uma pequena nascente na trilha que passa pela Casa de Pedra, e iniciamos o preparo do jantar, seguido de uma noite de sono tranquilo.

    O dia amanheceu tomado por nuvens baixas e forte cerração. Tomamos café e levantamos acampamento para iniciar o retorno. Na chegada ao Acampamento 1, optamos por tomar a trilha que segue para o cume do Caratuva e conhecer o segundo pico mais alto do Paraná (1.860m). Apesar de curta, a vegetação arbustiva e fechada dificultou um pouco nossa progressão em alguns trechos. Na chegada ao cume, apesar da bela vista que tivemos do pico Paraná, parcialmente envolto em nuvens, a degradação do local nos decepcionou um pouco. Assinamos o livro de cume em um dos poucos espaços em branco que sobraram e retomamos a descida para nossa base na fazenda Rio das Pedras, aonde chegamos às 18 horas.

    Na manhã seguinte, pegamos a estrada, rumo aos píncaros do conjunto Marumbi.

    Nossa aconchegante e bucólica base na fazenda Rio das Pedras.

    Trecho inicial da caminhada, em uma bela manhã de sol e céu azul, com os vales ainda tomados pelas nuvens.

    Giselle no morro do Getúlio.

    Pelo caminho os picos Caratuva, à esquerda e Itapiroca, à direita. Ainda tínhamos muita trilha pela frente.

    Na bifurcação para o Caratuva e nosso destino, o pico Paraná.

    No trecho entre os picos Caratuva e Itapiroca a trilha se torna mais acidentada, com muitas raízes e trepa pedra pelo caminho em meio à mata.

    Rochas e troncos pelo caminho, com muito sobe e desce em grotas.

    E finalmente um pequeno trecho com vegetação mais aberta, de onde pudemos contemplar toda a grandiosidade do pico Paraná.

    Uma breve parada em um ponto com água, próximo ao Acampamento 1.

    A partir do Acampamento 1 a vegetação arbustiva típica dos campos de altitude passa a compor a paisagem, com o predomínio do bambu nativo conhecido como caratuva (Chusquea pinifolia).

    O “crux” da trilha, representado por uma via ferrata, em um trecho bastante íngreme e exposto.

    Mas nada muito complicado para quem é do ramo montanhístico!

    O cume do pico Paraná (atrás do falso cume) finalmente é revelado!

    Mais algumas vias ferratas antes do cume.

    Missão cumprida! O cume do pico Paraná (1.877m).

    A ascensão foi devidamente registrada no livro de cume.

    De volta ao Acampamento 2, ficamos bem instalados em um local protegido pela vegetação.

    Na manhã seguinte juntamos a tralha e retomamos a trilha, rumo à nossa base na fazenda Rio das Pedras.

    Na volta decidimos encarar uma subida ao cume do Caratuva (1.860m).

    Não é mole não!

    Chegada ao cume do pico Caratuva, bastante degradado pela visitação desordenada.

    Início da descida a partir do cume do Caratuva.

    De volta ao nosso refúgio bucólico no final da tarde.

    Com um belo início de noite.

    André Deberdt
    André Deberdt

    Publicado em 03/06/2023 07:11

    Realizada de 24/05/2023 até 25/05/2023

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    André Deberdt

    André Deberdt

    Belo Horizonte - MG

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    Biólogo e montanhista filiado ao Centro Excursionista Mineiro.

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