Turma interclubes no cume do Pico do Glória. Da esquerda para a direita: Marcos Linhares (CEC), Caroline Goulart (CEC/CNM), Waldecy Lucena (CEC/CERJ), Giselle Melo (CEM), Daniel Rodriguez (CERJ), Hernando Bedoya (CERJ) e Fernando Sabioni (CEC). O André Deberdt (CEM) tirou a foto.

O convite para participar de uma caminhada ao cume do Pico do Glória partiu do Wall, em uma animada reunião social no “rooftop” do Centro Excursionista Guanabara - CEG, da qual também participaram representantes do Clube Excursionista Carioca - CEC e do Centro Excursionista Rio de Janeiro - CERJ, além de mim (André) e da Giselle, ambos do Centro Excursionista Mineiro – CEM, em visita ao Rio.

O Pico do Glória (1.900m), conquistado pelo Centro Excursionista Brasileiro - CEB em 22/06/1931, é uma montanha com cume pontiagudo, localizada na parte interna do Vale do Bonfim, no lado petropolitano da Serra dos Órgãos, rodeado por montanhas com mais de 2.200m, dentre elas o Açu, Morro da Luva e o Cubaio. A caminhada de 5,6 km até o cume é exigente, com trechos bastante íngremes e alguns lances técnicos em locais mais expostos.

Combinamos de nos encontrar às 7h da manhã de sábado na padaria Casa Petrópolis (ao lado da Casa do Alemão), conforme a programação definida pela “WalTur”. De lá seguimos em três veículos até a portaria do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Petrópolis, onde realizamos os trâmites de praxe para o ingresso (identificação e preenchimento de formulário). A caminhada teve início às 8h e 40min, rumo à cachoeira Véu da Noiva.

Vencemos a primeira etapa da caminhada até a cachoeira Véu da Noiva (4,1 km) em aproximadamente uma hora, por uma trilha bem definida, com alguns poucos trechos de subida mais forte. A partir do alto da cachoeira, seguimos caminhando rio acima por um belíssimo trecho formado por lajes de rocha mais clara, até um ponto em que o leito volta a ser formado por grandes blocos de granito recobertos por “tapetes” de musgo verde, em meio à floresta, onde tem início a etapa de “pula-pedra”, até uma laje lisa íngreme com um pequeno pocinho na base, a partir da qual não é mais possível avançar.

Fizemos uma breve parada para pegar água e tomamos uma trilha discreta à direita, que adentra um trecho de mata, onde tem início a etapa mais íngreme até o cume, com um desnível vertical de 380m a ser vencido. Pelo caminho, uma alternância de subidas fortes, trechos recobertos por vegetação arbustiva e bambus, lajes inclinadas e blocos de rocha, alguns deles formando pequenos abrigos. O crux da caminhada foi a passagem por um formigueiro em um ponto íngreme da trilha, que logo ficou tomado por milhares de formigas grandes e agressivas, que não nos pouparam de suas ferroadas.

Na etapa final, a poucos metros do cume, um conjunto de blocos íngremes dificultam um pouco a passagem, exigindo certa destreza, por se tratar de um trecho bastante exposto. Parte do grupo optou por utilizar baudrier, enquanto os demais se valeram da corda fixa no estilo “Batman” (aquele do seriado nos anos 60). Vencido este trecho mais crítico, bastou seguir pela crista, em meio à vegetação arbustiva, até o cume, onde em 19/07/1997 foi instalado um belo totem de pedra, que alcançamos por volta das 12h e 40min, totalizando 4 horas de caminhada.

Permanecemos no cume por cerca de 50 minutos, tempo suficiente para descansar, comer algo, repor as energias e tirar muitas fotos. Também registramos nossa ascensão no livro de cume, escondido em um compartimento na base do totem. Na descida, alguns poucos lances de rapel, mais uma temerosa passagem pelas formigas assassinas e uma carga extra de esforço nos joelhos, que não foram poupados!

Ainda tivemos tempo para um banho rápido nos pocinhos formados na parte alta da cachoeira Véu da Noiva, em um agradável final de tarde, com o céu azul e o Sol iluminando o Pico do Alicate despontando em meio à mata. Belas paisagens foram presença constante ao longo de toda a caminhada!

Concluímos nossa aventura às 17h e 40min brindando com algumas cervejas adquiridas em um Eco Lounge vizinho ao estacionamento, em uma agradável e bem sucedida prancheta extraoficial interclubes, conduzida com esmero pelo nosso querido representante da “WalTur”, agora presidente do CEC. Na saída do Parque fomos informados que o Fábio Fliess e a Letícia também estavam pela região. Uma pena que não os encontramos!

Apesar de ser considerada uma caminhada semipesada e de dificuldade técnica relativamente alta (vide o Guia de Trilhas, Cachoeiras e Montanhas do PARNASO, 2012), a trilha é bastante agradável, com boa parte do traçado por dentro da mata, belas paisagens e bastante dinâmica, proporcionando novos desafios a cada etapa vencida, mesmo nos trechos íngremes mais extenuantes, onde a vegetação exige certo contorcionismo por parte do caminhante. A corda e o baudrier proporcionam o conforto e a segurança adequados para evitar riscos desnecessários em pontos mais expostos. Porém, isto em condições meteorológicas favoráveis e com a rocha seca. Na chuva a trilha se torna impraticável.

Final da primeira etapa da caminhada, no alto da cachoeira Véu da Noiva, com o morro do Alicate ao fundo.

Belo trecho da caminhada percorrido sobre lajes de pedra de coloração mais clara.

Início do “pula-pedra”, com o leito do córrego tomado por blocos de granito.

Em alguns trechos mais íngremes a corda ajudou.

A etapa final até o cume alterna lajes inclinadas e trechos íngremes em meio à mata.

Quase chegando ao cume do pico do Gloria.

O livro de cume fica escondido na base do totem de pedra instalado em julho de 1997.

Waldecy contemplando a paisagem em um bloco de rocha próximo ao cume.

O Vale do Bonfim com a Serra da Maria Comprida ao fundo, agora transformada em Monumento Natural.

Alguns lances de rapel no caminho da volta.

Turma reunida no alto da cachoeira Véu da Noiva, com o Pico do Glória ao fundo. O cume verdadeiro fica um pouco mais atrás.

Ainda fomos brindados com belas paisagens no final de tarde.