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CEM 07/08/2022 09:30 com 1 participante
    TRAVESSIA OURO BRANCO - OURO PRETO (PARTE 01/03)

    TRAVESSIA OURO BRANCO - OURO PRETO (PARTE 01/03)

    Travessia entre a cidade mineira de Ouro Branco, até o povoado de Itatiaia, pelo alto da serra.

    Hiking Trekking


    Trilha Canela-de-Ema, no Parque Estadual Serra do Ouro Branco, com a serra de Itatiaia ao fundo.

    TRAVESSIA OURO BRANCO – OURO PRETO

    Embora o Quadrilátero Ferrífero não faça parte da Cadeia do Espinhaço sob o ponto de vista geológico, uma vez que não está associado às rochas do Supergrupo Espinhaço, é entendido como tal, quando associado ao conceito da “Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço”, que delimita uma porção maior do território no contexto do patrimônio ecossistêmico a ser conservado. Na proposta de criação da Trilha de Longo Curso Transespinhaço (TESP) foi considerada essa delimitação maior, motivo pelo qual ela abrange Ouro Branco, Ouro Preto e demais municípios que compõem esta região do Quadrilátero Ferrífero.

    Ao longo de 2021 e 2022, membros do Centro Excursionista Mineiro (CEM), juntamente com outros voluntários da TESP, realizaram diversas ações voltadas para a definição de um traçado adequado entre as cidades de Ouro Branco e Ouro Preto.

    O presente relato apresenta uma consolidação dos trechos estudados e validados em campo, resultando em uma primeira proposta para a travessia Ouro Branco e Ouro Preto, com cerca de 50 km de extensão, que passa pelos distritos de Itatiaia, Chapada e Lavras Novas e interliga quatro unidades de conservação e duas áreas de proteção especial.

    - RPPN Luiz Carlos Jurovsk Tamassia (Gerdau);

    - Parque Estadual Serra do Ouro Branco;

    - Monumento Natural Estadual de Itatiaia;

    - Parque Estadual do Itacolomi;

    - APE Estadual Bacia Hidrográfica do Ribeirão do Verissimo;

    - APE Estadual Ouro Preto/Mariana.

    A travessia pode ser realizada de uma única vez ou em etapas, pois os trechos começam e terminam em povoados com facilidade de acesso e boa estrutura para pernoite e alimentação, o que permite que seja percorrida com pouco peso, sem a necessidade de barraca, fogareiro e grandes quantidades de alimento.

    TRECHO 1: Ouro Branco ao distrito de Itatiaia

    Extensão aproximada: 15,5 km

    A Serra de Ouro Branco está situada na borda sul do Quadrilátero Ferrífero, junto ao município homônimo, integralmente inserida na área do Parque Estadual Serra do Ouro Branco, criado em 21 de setembro de 2009. A partir da cidade de Ouro Branco e adjacências é possível observar os imponentes paredões que a caracterizam no contexto paisagístico da região.

    Diante da impossibilidade de acesso ao topo da Serra de Ouro Branco pela vertente oeste, devido a restrições impostas pela empresa Gerdau, proprietária da RPPN Luiz Carlos Jurovsk Tamassia, foi definido como o início da travessia a “Trilha do Paredão”, cujo traçado apresenta trechos íngremes e expostos.

    A trilha do Paredão é menos assustadora do que aparenta. Vista à distância, para quem segue em direção à serra a partir do centro da cidade, parece intransponível. Mas a subida, apesar de exigente e exaustiva, não apresenta maiores dificuldades técnicas para quem está habituado a caminhar em relevo acidentado. Ainda assim, exige cuidado nos trechos mais íngremes onde o risco de quedas e acidentes graves é maior.

    Trilha do Paredão

    A caminhada tem início a partir do entroncamento da rua das Missões com a rua das Mercês, onde há uma pequena via não pavimentada que dá acesso à trilha, logo após o portão de uma empresa de ônibus. A trilha tem início a partir de uma passagem na cerca (passa um) e segue em direção à base do Paredão, cruzando inicialmente uma área utilizada como pastagem e depois pelo meio da mata. Existem algumas bifurcações pelo caminho, devendo-se optar pela trilha mais batida.

    Após cruzar uma pequena ponte pênsil instalada sobre o ribeirão Ouro Branco, onde tem início a RPPN Luiz Carlos Jurovsk Tamassia, deve-se pegar o acesso à direita. Pouco antes do início da subida do Paredão, a trilha cruza um pequeno trecho ocupado por samambaias (Pteridium aquilinum).

    Cerca de 50m após o início da subida do Paredão, existe uma bifurcação. O caminho correto segue reto, pela trilha mais batida. O da esquerda é um atalho que leva a uma encosta bastante íngreme e exposta, que não deve ser utilizado.

    Seguindo pela trilha correta, chega-se ao primeiro ponto mais íngreme, que exige uma pequena escalaminhada. Um pouco mais a frente, outro trecho íngreme, na forma de uma parede com cerca de 5 a 6 metros de extensão, que também exige uma pequena escalaminhada.

    Toda a trilha a seguir é formada por uma sucessão de trechos um pouco mais ou um pouco menos íngremes, que demandam boa disposição e condicionamento físico do caminhante, com o apoio das mãos em alguns pontos.

    No trecho final desta primeira etapa da subida há uma antiga tubulação de ferro, seguida dos cabos de uma linha de distribuição de energia elétrica, alguns deles ao alcance das mãos. Chega-se então ao primeiro platô, onde está a “Pedra Quadrada”, representada por um bloco de rocha pichado, além de um mirante com uma bela vista de toda a região de Ouro Branco e um ponto de água, aparentemente potável.

    Do platô partem dois ramais principais que se ramificam em três trilhas e um atalho. O caminho correto é pela trilha principal, mais em uso, que apresenta melhores condições, com alguns trechos mais íngremes e exaustivos, porém, sem maior complicação.

    O trajeto do início da trilha até o alto da serra, possui cerca de 2 km de extensão e pode ser realizado em menos de 1h de caminhada, contando as paradas para apreciar a paisagem e recuperar o fôlego. Chegando ao alto, aproveite para dar uma esticada até o morro do Cruzeiro, logo ao lado, à esquerda, de onde se tem uma belíssima vista de toda a região.

    Há um caminho alternativo para quem não se sentir disposto a encarar a Trilha do Paredão. Tem início no final da Av. Macapá, seguindo ao longo do calçadão que margeia MG-129, até a Fazenda Hotel Pé do Morro. A partir deste ponto é necessário prosseguir pela lateral da rodovia por cerca de 1.800m, até a COPASA, onde tem início a trilha que sobe a serra até a guarita abandonada da CSN. Apesar de seguir pela rodovia, o caminho é arborizado e agradável, além de passar por alguns pontos de interesse histórico, dentre eles algumas pontes remanescentes da antiga Estrada da Corte.

    Alto da serra

    No alto da serra, o percurso mais óbvio é o que segue pela estrada que cruza o altiplano. Em um dia com pouco ou quase nenhum movimento de veículos, a caminhada é fácil e agradável. Porém, se realizada nos dias de maior visitação, pode se tornar bastante desagradável, devido à poeira levantada pelos veículos em circulação. Neste caso, a orientação é que o trajeto seja realizado ao longo das primeiras horas da manhã, quando a circulação de veículos é menor.

    A partir de um agrupamento de eucaliptos o traçado segue por trilhas existentes e em uso, rumo à Trilha da Biquinha, próximo à COPASA. Apesar de descer um bom trecho da Serra, o traçado passa por uma região com belas paisagens e uma grande riqueza histórica, ao cruzar com ruínas da antiga fazenda Meio da Serra, muros de pedra, estradas escavadas na rocha e pontes antigas.

    De uma maneira geral, a trilha que desce a encosta da serra, apesar de acidentada, é bastante agradável, não exigindo maior esforço do caminhante, mesmo em seu trecho final que sobe novamente até a guarita abandonada da CSN, onde tem início a trilha Canela de Ema.

    Trilha Canela-de-Ema

    A trilha Canela de Ema já está consolidada e liga a antiga guarita da CSN ao povoado de Itatiaia, passando por um extenso campo coberto por canelas-de-ema (Vellozia sp), seguido por uma mata em regeneração. Além de belas paisagens, possui como atrativos as ruínas de um antigo moinho, e um outro, ainda em operação, às margens do córrego Garcia. Do córrego, basta subir o morro pelos acessos existentes até Igreja de Santo Antônio, que marca a chegada ao povoado de Itatiaia, local recomendado para o primeiro pernoite.

    Somando os trechos representados pela Trilha do Paredão (2km), caminhos no alto da serra (7,5km) e Trilha da Canela de Ema (6km), temos um percurso de aproximadamente 15,5 km (sem considerar acessos a mirantes, corpos d’água e demais atrativos), adequado para um dia de caminhada.

    No distrito de Itatiaia há pousadas e boas opções gastronômicas, o que possibilita que a travessia seja realizada com uma mochila mais leve. Não deixe de visitar a choperia "Estrada da Corte" para beber e petiscar algo após a caminhada! Há ainda a possibilidade de permanecer mais um dia por lá, para explorar os atrativos naturais, históricos e culturais da região.

    A continuidade da travessia entre Itatiaia e Lavras Novas será detalhada na próxima postagem.

    Distâncias aproximadas:

    - Trilha do Paredão: 2 km;

    - Alto da Serra: 7,5 km;

    - Trilha Canela de Ema: 6km;

    - Travessia Ouro Branco até Itatiaia: 15,5 km;

    - Calçadão até Copasa (trecho alternativo): 4,5 km;

    - Travessia Ouro Branco até Itatiaia pelo trecho alternativo: 13 km;

    Travessia de Ouro Branco até o distrito de Itatiaia.

    Início da caminhada na cidade de Ouro Branco, com a serra homônima ao fundo.

    Alguns trechos mais ingremes na trilha do Paredão.

    Vista de parte da cidade de Ouro Branco a partir do primeiro platô.

    Trecho no alto da serra de Ouro Branco observado a partir do Mirante do Cruzeiro.

    Início da trilha a partir do agrupamento de eucaliptos (ao fundo), que desce a serra até a COPASA.

    Ruínas da fazenda Meio do Morro.

    Paisagem rupestre na encosta da serra de Ouro Branco.

    Corte na rocha feito no passado para permitir a passagem da estrada que dava acesso à fazenda Meio do Morro.

    Trilha Canela-de-Ema, no alto da serra de Ouro Branco.

    Turma do Centro Excursionista Mineiro em meio às canelas-de-ema, com a cadela "Valentina", moradora da região, que nos acompanhou voluntariamente no passeio.

    Ruínas e um antigo moinho às margens do córrego Garcia, na chegada ao distrito de Itatiaia.

    Igreja de Santo Antônio, no povoado de Itatiaia.

    CEM
    CEM

    Publicado em 07/08/2022 09:30

    Realizada em 11/07/2021

    1 Participante

    André Deberdt

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    2 Comentários
    Zé Roberto Senna 29/12/2022 13:41

    Excelente a inciativa do CEM. Assim que possivel seguiremos seus passos. Somos filiados ao GEAN- Grupo Excursionista Agulhas Negras, e nossas atividades são principalmente na Mantiqueira, mas acho que vamos tb nos filiarmos ao CEM.

    André Deberdt 30/12/2022 07:04

    Obrigado, Zé Roberto! O CEM está sempre de portas abertas para receber você e quem mais se interessar. Retomaremos nossas atividades a partir de fevereiro. Quando vier aqui pros lados de BH, não relute em nos procurar! Assim como a mantiqueira, Espinhaço (nosso quintal), é um mundo a ser explorado!

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