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Laguna Humantay - Cusco - Peru
Trilha de 2h30 partindo de 3.800 até 4.630 metros de altitude.
Montanhismo TrekkingEsta foi nossa quarta vez no Peru e terceira em Cusco.
Ficamos no Casa Real Hoteles, que tem um bom custo-benefício.
Selecionamos para conhecer desta vez a Laguna Humantay e a cidadela Inca de Pisac.
Como toda trilha no entorno de Cusco leva algum risco devido à altitude, é importante a aclimatação na chegada. Deve-se ir direto para o hotel, tomar chá de coca ou muña e descansar da viagem.
No dia seguinte em Cusco, nos dedicamos a andar a esmo pela cidade histórica e seus labirintos de ruas, com casas e igrejas formadas na base por construções sólidas de pedra (período Inca) e na parte superior por adobe e reboco da época colonial, lembrando quase o mítico Centauro.
Meu companheiro que esteve fortemente gripado antes da viagem, ou por sequelas da Covid 19 contraída no começo do ano, não estava se sentindo bem, com dor de cabeça e cansaço extremo. Decidimos então que ele não iria à Laguna, pois a trilha não é leve. Decisão que se mostrou muito acertada, pois mesmo eu que estava bem fisicamente, sofri na subida.
Contratei a Agência de Turismo Peru Leisure Travel (Calle Garcilazo, 284 +51 99483175), por 70,00 Soles, estando incluído transporte em Van, café da manhã, guia e almoço. A entrada de 20 soles é à parte.
Decidi comprar também um bastão de caminhada por 20 soles nas lojas da cidade. (não tive problemas em trazê-lo para o Brasil. Veio na mão e não foi barrado no Aeroporto de Lima).
Como a saída para a Laguna se dá muito cedo, o Hotel preparou um pacote de café da manhã, com lanche de queijo, frutas, barrinha de ceral e suco.
Às 4h30 da manhã a Van já estava na porta do Hotel. Do Hotel vizinho (trinta metros de distância), veio um jovem casal de brasileiros. Conversando, descobrimos que nós três estudamos na mesma Escola de Agronomia em Piracicaba. Eu complentando 35 anos de formado e eles 5 e 4 anos. A tradição da escola e o inusitado do encontro criou uma forte empatia e boa amizade. E na Van subiu mais um casal de brasileiros gente boa, eles de Natal.
Depois de percorrer algumas ruas estreitas de Cusco para recolher os demais participantes, seguimos viagem por boas estradas até Mollepata, onde nos foi servido café da manhã.
Depois seguimos viagem por mais 1h em estradas de terra até Sorayapampa, a base e estacionamento de Vans. Este ponto dista cerca de 130 km de Cusco e está a cerca de 3.800 metros de altitude.
Ali há banheiros e loja/lanchonete. Também é possível alugar cavalos com guias (arrieiros) para chegar próximo do topo.
Nossa Guia foi a Maribel Quispe Carpio (+51 940899273). Nosso Grupo recebeu então a denominação "Grupo Mari". Ela nos lembrou que não há prêmios para quem chegar primeiro, nem castigo para o último. Cada um deve seguir seu próprio ritmo.
Na verdade, só há punição para quem não respeitar seu "biorritmo". De fato, tinha havido uma morte recente no local, por parada cardíaca. Contaram que a pessoa subiu (tentou subir) de forma acelerada demais para a sua condição física.
Começamos então a caminhada, que é suave no início, por uma rua larga e convidativa.
A estrada vai seguindo quase paralela ao leito do rio formado pelo extravasamento da Laguna, e à vista da imponente Montanha Humantay.
As montanhas nevadas são consideradas sagradas desde tempos pré-incaicos. São os Apus, que protegem as cidades. Assim como a Humantay, há a Salkantay e a Ausangate (em cuja base fica a Montanha colorida ou Arco-íris), além de outras.
A subida vai ficando mais íngreme e estreita. A trilha se perde em alguns pontos, havendo rochas soltas, comum em áreas de glaciais.
As paradas vão ficando mais frequentes e mais demoradas. Dá-lhe mascar coca e aproveitar o tempo para tirar algumas fotos.
Aproveitei também uma dessas paradas para deixar uma oferenda de folhas de coca à Pachamama.
Se por um lado, a base já estava pequenina de tão longe...
....ao olhar para cima e ver onde ainda havia pessoas e cavalos caminhando, percebia-se que ainda faltava um bom trecho a ser vencido.
O Sol e o esforço me fizeram tirar as blusas e luvas, mas o frio ia aumentando com a proximidade do pico nevado e ventos. Um protetor de orelhas foi providencial.
Pode parecer estranho, mas próximo à chegada à Laguna, experimentei um sentimento de força renovada e foi fácil fazer o ataque final, chegando então à "boca" da Laguna, onde muitos grupos já festejavam e pessoas possavam para fotos.
De início ficamos um pouco decepcionados com a cor da água, que desse ângulo não parecia tão turquesa. Mesmo assim, o espelho refletindo a majestosa montanha Humantay já era de tirar o fôlego (e não era por causa do ar rarefeito!)
Eu e o casal de agrônomos resolvemos subir mais um pouco, numa lateral escarpada e escorregadia à esquerda da Laguna, onde havia menos pessoas. A ideia era achar um local mais tranquilo para fazer um lanchinho.
E para nossa surpresa, o encanto se deu. De um ângulo mais de cima, se observa toda a exuberância dessa Laguna.
Nossa guia explicou que a cor vem do cobre mineralizado das rochas que formam o leito da Laguna.
Contemplar os reflexos das geleiras e nuvens na água, a grande montanha tão próxima e o ar tão puro, refizeram nossas energias.
(detalhe da geleira acima)
Comemos os lanches trazidos e começou uma fraca chuva com gotas pesadas. As capas de chuva para mim e para a mochila da máquina fotográfica foram providenciais.
Antes de iniciar a descida, e ainda com os pingos da chuva marcando a Laguna, deixei mais uma oferenda à Pachamama, agradecendo a oportunidade de estar em um lugar tão rico de beleza e de histórias centenárias.
A descida para mim é, por vezes, mais complicada do que a subida. Apesar de não haver tanto cansaço por falta de oxigênio, o esforço das pernas e principalmente dos joelhos é grande. Mas até isso deve ser vivenciado e curtido em cada instante.
Observar e estar atento a cada respiração, a cada som de água ou pássaro e a cada resposta do corpo em forma de dor também é um tipo de meditação, em que corpo, mente e ambiente se amalgamam.
Chegamos novamente na base e pegamos a Van para voltar a Cusco, parando para um bom almoço em Mollepata.
À noite, nos encontramos em Cusco para um jantar de despedida. O Carlo, que não havia ido à caminhada por conta da dor de cabeça, nos contou sobre o terremoto de vivenciou pela manhã ainda no Hotel em Cusco, que durou vários minutos com a cama balançando e as portas do guarda-roupa batendo.
De fato, em todos os lugares há um certo nível de risco!
Lindo maravilhoso