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Claudio Luiz Dias 02/01/2022 20:28
    Trilha da Vovozona

    Trilha da Vovozona

    Trilha na Comunidade Maguari, Floresta Nacional do Tapajós, Belterra, PA, Brasil, para chegar até a gigante Samauma, apelidada de Vovozona.

    Trekking

    Mais uma vez, voltamos à Flona - Floresta Nacional do Tapajós para vivenciar a vida numa comunidade ribeirinha amazônica e fazer uma nova trilha em meio à mata primária.

    Partimos de Santarém utilizando o meio de transporte mais barato: o ônibus de linha, ao custo de R$ 15,00 por pessoa e duração de 3 horas. É como os ribeirinhos se deslocam entre a FLONA e as cidades de Belterra e Santarém. A saída é às 12h00, na Av. São Sebastião, em frente ao Colégio Santa Clara.

    Empresas de turismo também oferecem passeios de barco, saindo de Alter-do-Chão para a Flona.

    Na entrada da FLONA há um posto do ICMbio, orgão gestor do Parque, onde é feito o registro de entrada dos visitantes. Para grupos com 10 ou mais pessoas é preciso comunicar antecipadamente a chegada do grupo, com nome, cpf e onde ficarão alojados.

    Ficamos alojados na Pousada Nirvana do Tapajós da alegre D. Conceição (93-991 799 569), localizada na Comuidade Jamaraquá (ponto final do ônibus). A pousada tem quatro quartos com uma cama de casal e uma de solteiro cada. Há também um redário, mas o visitante deve levar sua própria rede. O café da manhã está incluso.

    O calor e a ausência de pernilongos (pela acidez das águas do Rio Tapajós e afluentes) convidam para dormir na rede.

    Após a chegada, no fim da tarde, caminhamos cerca de 2 km até a comunidade de Maguari , local do início da trilha que planejamos fazer. Procuramos o lider Sr. Raimundo "Cari" e agendamos a trilha para a manhã seguinte, com um guia que seria indicado pelo Sr. Cari (93 991 775 171).

    O Sr. Cari também possui um redário onde é possível se hospedar e ter refeições.

    Ao anoitecer, fomos agraciados com com um incrível céu estrelado. Acompanhamos o nascer das Constelações de Orion e Touro, e Jupiter, se pondo do lado oposto, deixou seu brilho refletindo nas águas do Rio Tapajós.

    De magrugada, uma inquietante algazarra de macacos bugio, com rugidos em volume altíssimo. Será que era para alertar sobre a presença de alguma onça ou era um namoro mais ardente?

    Na manhã seguinte, após o café da manhã, como combinado, nos deslocamos até a comunidade Maguari onde encontramos o guia e inciamos a trilha da Vovozona.

    Nosso guia estava se recuperando de uma fisgada de arraia no pé, o que mostra que mesmo para os experientes ribeirinhos, a arraia é um perigo constante ao entrar em rios da região, nas partes mais lamacentas ou escuras.

    A trilha pode ser considerada fácil, apesar dos seus 15 km.

    O caminho é largo no início, com solo mais arenoso e muitas trilhas de saúva, que já estavam trabalhando duro pela manhã.

    Pelo caminho, nosso guia foi mostrando arvores importantes e seus usos, como Jatobá, Pequiá, Tauari e Cumaru. Olhos aguçados também nos mostrou uma cobra venenosa muito diferente (deu o nome de Moiacica, mas ainda não encontrei o nome cientítico) ...

    ... e um pequeno sapo preto com pintas brancas e amarelas (Adelphobates castaneoticus), endêmico do Pará, cujo veneno é utilizado pelos indígenas nas pontas das flechas.

    Mostrou também pegadas de diversos animais e até um local com marcas de onde uma onça tinha urinado. Como bom felino, cobre o local depois de urinar.

    Já próximo do destino o terreno fica mais inclinado e na trilha há uma escadaria escavada no solo já mais argiloso, com corrimão e tudo.

    Chega-se então a um belo mirante de onde se pode avistar toda a vasta planície do Rio Tapajós e o próprio rio.

    Aí há uma cabana elevada do solo, onde é possível agendar para passar a noite na mata, dormindo em redes. Duas garotas que passaram a noite lá nos disseram que foi mas tranquila do que as noites dormidas em Albergue de Alter-do-Chão, além de poder presenciar o alvorecer com a algazarra dos pássaros.

    Ao lado da cabana há uma Samaúma bem jovem. Aproveitamos o lugar e a vista para comer algumas frutas e tomar água.

    Passado o descanso, seguimos em frente e passagmos por uma Samauma que para nós já era bem grande, mas tem o apelido de Bebê. E passamos também pelo o que foi a maior Samauma da comunidade, apelidada de Vovô. Já em idade avançada foi atingida por um raio e agora há apenas enormes escombros.

    Então, perecorridos exatos 7 km, chegamos à grande Samauma, apelidada de "Vovozona". Não há palavras para descreve-la, que traduza a emoção que é ficar tão perto de um gigante da floresta.

    A Sumaúma (Ceiba pentranda) pode chegar a 70 metros o que equivale a um edifício de 24 andares e viver por 900 anos.

    Na base, raízes em forma tabular (chamadas de sapopemas - palavra do tupi que significa raiz chata) se projetam em várias direções.

    Quanto à sua veneração, de acordo com a sabedoria da floresta, na base da sumaúma há um portal, invisível aos olhos humanos que conecta esta realidade com o universo espiritual. Os seres mitológicos das matas entram e saem por esse portal.

    Por isso, ao entrar em matas preservadas, é sempre bom pedir licença.

    E sua copa se projeta acima de todas as demais servindo de abrigo e proteção para inúmeros pássaros e insetos.

    Após admirar essa arvore centenária e sagrada, iniciamos o caminho de volta.

    Um desvio no levou a um igarapé cercado por açaizeiros para um banho revigorante na água cristalina e gelada.

    O final da caminhada se deu na estrada, onde já não há a proteção d sombra das árvores e o sol estava forte, pois já passava das 13h00.

    De volta à residência e redário do sr. Cari, aproveitamos de um delicioso almoço (previamente encomendado) com arroz, feijão, macarrão, salada e peixe frito.

    Cumprida a missão, visitamos a manufatura de artefatos de latex e a lojinha de arteanato na comunidade Jamaraquá. No final da tarde, ainda andamos pela praia para tirar fotos de passaros e pescadores.

    Após o jantar fomos dormir cedo, já que o ônibus de volta a Santarém parte às 4h00 da manhã. O bom é que chega às 7h00 em Santarém, podendo aproveitar o dia para outras atividades como conhecer o Mercado Municipal, o Mercado de Peixes, o Centro Cultural João Fona, o Museu de Arte Sacra e a Catedral de Nossa Senhora Imaculada Conceição.

    sites pesquisados

    https://icmbio.gov.br/flonatapajos/guia-do-visitante

    https://portalamazonia.com/amazonia/conheca-a-arvore-rainha-da-amazonia-a-gigantesca-sagrada-sumauma)

    Claudio Luiz Dias
    Claudio Luiz Dias

    Publicado en 02/01/2022 20:28

    Realizado desde 30/11/2021 al 01/12/2021

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    Claudio Luiz Dias

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    Agrônomo pela ESALQ USP.Trabalha na CETESB (Agência Ambiental do Estado de São Paulo) desde 1990. Interesse por meio ambiente, historia e cultura (foco em cerâmica indígena)

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