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Danilo Lessa Bernardineli 08/02/2024 22:57
    Averiguação da Trilha na Crista do Morro Doce

    Averiguação da Trilha na Crista do Morro Doce

    Um lugar no meio de várias realidades

    Mountain Bike Cicloviagem

    https://www.strava.com/activities/9824897845

    Essa rota passa em uma trilha há décadas esquecida que sequer existia no mapa (que agora existe pois adicionei semana passada) ou consta nos mapas de calor. Esse pedal foi visando confirmar a existência ou não desta trilha. O resultado é quase. O interesse pelo trecho é devido ao Morro Doce, que possui altitude similar ao Pico do Jaraguá ao mesmo tempo que é um lugar no meio de várias realidades: latifúndio "conservacionista" virando alphavile ao oeste, favelas ao nordeste e comunidades espirituais ao sudeste. Com o Rodoanel rasgando tudo no meio por um túnel no ponto mais alto do morro. Os trechos estão em amarelo numa das fotos

    A ida e a volta foram pelo miolo urbano entre o anhaband, principalmente para fins de preencher mapa de calor. Tem bastante beleza para quem sabe onde olhar. Quebradas de praxe.

    O trecho especulativo começa próximo da entrada da Fazenda Itahye (que bordeja todo lado oeste desta trilha, talvez o maior latifúndio da cidade). A entrada estava fechada e cercada e haviam cavalos para guardá-la. Pensei em desistir pois não parecia promissor e havia começado o pedal tarde demais mas fui do mesmo jeito. Após os cavalos, começou a primeira trilha inexistente no mapa. Trata-se de uma estrada abandonada há 30 anos que vem sendo gradualmente reflorestado. Rente a esta trilha, tem uma ocupação de 2013 que é bloqueada pelo morro. Subo a trilha com o som dos pássaros e do funk. Encontro também um carro de desova, aparentemente muito antigo. Para chegar na tal Estrada de Portugal, tive de cruzar umas três cercas de arame farpado. O trecho é semi-pedalavel.

    Chego na Estrada de Portugal esperando encontrar uma rua, mas na verdade trata-se de uma estrada bastante batida e judiada como raramente visto. Rapidamente, aparece mais outro obstáculo-muro: um portão bastante abandonado de uma comunidade espiritual. Parecia trancado mas não estava. Boto fé em Deus e entro nesta comunidade. Descubro ser um condomínio, com casas bastante elegantes e com uma vista privilegiada para São Paulo e o Pico.

    O segundo trecho especulativo trata-se do final da Estrada de Portugal até o Jardim Jaraguá. O trecho inteiro inexiste no mapa, e trata-se da subida, altiplano e descida ao Morro Doce, cujo ponto mais alto está logo acima do Rodoanel. Através de muito fuçar, (wikiloc & afins), eu havia certeza de que o trecho da subida e descida pelo menos alguém já passou alguma vez. Porém o altiplano era um mistério. A subida é agradável, é uma trilha que está nitidamente sendo cuidada pelos moradores do condomínio espiritual. Já o altiplano é mato. Nenhuma trilha evidente, apenas pequenas evidências de que alguém alguma vez já passou lá. Totalmente fechado. Na ausência do facão, a coroa e o cassete são as ferramentas que perfuram o mato na intenção de poupar a pele que já é muito judiada. O ponto mais alto é magnífico de vista. Um verdadeiro tesouro para fotógrafos de paisagem com muitas possibilidades de composição. A vegetação é mata atlântica do lado oeste e cerrado do lado leste, possivelmente devido ao vento. Na descida, voltamos a ter um mínimo de fluidez dado que ela passa no meio de campos. Ao final da trilha, logo antes de chegar ao Jardim Jaraguá, me deparo com algumas casas improvisadas com notificações de papel coladas no porta anunciando a desapropriação. Uma das mulheres que lá habitam nota minha presença e trocamos uma rápida conversa. A partir disso: a descida final. Passo por declives de 30% no meio de um bairro novo e improvisado, onde o asfalto dá lugar ao concreto rasurado na esperança de que se haja qualquer tração.

    Após isso, volto a urbanidade padrão da região metropolitana, com todas as implicações que se há.

    Veredito da trilha: absolutamente não recomendado para nenhuma pessoa de qualquer nível que seja. Muito bonito e único. A curiosidade tem que ser quem manda.

    Essa rota passa em uma trilha há décadas esquecida que sequer existia no mapa (que agora existe pois adicionei semana passada) ou consta nos mapas de calor. Esse pedal foi visando confirmar a existência ou não desta trilha. O resultado é quase. O interesse pelo trecho é devido ao Morro Doce, que possui altitude similar ao Pico do Jaraguá ao mesmo tempo que é um lugar no meio de várias realidades: latifúndio "conservacionista" virando alphavile ao oeste, favelas ao nordeste e comunidades espirituais ao sudeste. Com o Rodoanel rasgando tudo no meio por um túnel no ponto mais alto do morro. Os trechos estão em amarelo numa das fotos

    A ida e a volta foram pelo miolo urbano entre o anhaband, principalmente para fins de preencher mapa de calor. Tem bastante beleza para quem sabe onde olhar. Quebradas de praxe.

    O trecho especulativo começa próximo da entrada da Fazenda Itahye (que bordeja todo lado oeste desta trilha, talvez o maior latifúndio da cidade). A entrada estava fechada e cercada e haviam cavalos para guardá-la. Pensei em desistir pois não parecia promissor e havia começado o pedal tarde demais mas fui do mesmo jeito. Após os cavalos, começou a primeira trilha inexistente no mapa. Trata-se de uma estrada abandonada há 30 anos que vem sendo gradualmente reflorestado. Rente a esta trilha, tem uma ocupação de 2013 que é bloqueada pelo morro. Subo a trilha com o som dos pássaros e do funk. Encontro também um carro de desova, aparentemente muito antigo. Para chegar na tal Estrada de Portugal, tive de cruzar umas três cercas de arame farpado. O trecho é semi-pedalavel.

    Chego na Estrada de Portugal esperando encontrar uma rua, mas na verdade trata-se de uma estrada bastante batida e judiada como raramente visto. Rapidamente, aparece mais outro obstáculo-muro: um portão bastante abandonado de uma comunidade espiritual. Parecia trancado mas não estava. Boto fé em Deus e entro nesta comunidade. Descubro ser um condomínio, com casas bastante elegantes e com uma vista privilegiada para São Paulo e o Pico.

    O segundo trecho especulativo trata-se do final da Estrada de Portugal até o Jardim Jaraguá. O trecho inteiro inexiste no mapa, e trata-se da subida, altiplano e descida ao Morro Doce, cujo ponto mais alto está logo acima do Rodoanel. Através de muito fuçar, (wikiloc & afins), eu havia certeza de que o trecho da subida e descida pelo menos alguém já passou alguma vez. Porém o altiplano era um mistério. A subida é agradável, é uma trilha que está nitidamente sendo cuidada pelos moradores do condomínio espiritual. Já o altiplano é mato. Nenhuma trilha evidente, apenas pequenas evidências de que alguém alguma vez já passou lá. Totalmente fechado. Na ausência do facão, a coroa e o cassete são as ferramentas que perfuram o mato na intenção de poupar a pele que já é muito judiada. O ponto mais alto é magnífico de vista. Um verdadeiro tesouro para fotógrafos de paisagem com muitas possibilidades de composição. A vegetação é mata atlântica do lado oeste e cerrado do lado leste, possivelmente devido ao vento. Na descida, voltamos a ter um mínimo de fluidez dado que ela passa no meio de campos. Ao final da trilha, logo antes de chegar ao Jardim Jaraguá, me deparo com algumas casas improvisadas com notificações de papel coladas no porta anunciando a desapropriação. Uma das mulheres que lá habitam nota minha presença e trocamos uma rápida conversa. A partir disso: a descida final. Passo por declives de 30% no meio de um bairro novo e improvisado, onde o asfalto dá lugar ao concreto rasurado na esperança de que se haja qualquer tração.

    Após isso, volto a urbanidade padrão da região metropolitana, com todas as implicações que se há.

    Veredito da trilha: absolutamente não recomendado para nenhuma pessoa de qualquer nível que seja. Muito bonito e único. A curiosidade tem que ser quem manda.

    Danilo Lessa Bernardineli

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