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São Thomé das Letras - Só para loucos, só para os raros!!
Após alguns anos retorno à montanha mágica para conhecer o mítico Pico do Gavião e o complexo de cachoeiras da Garganta do diabo
PICO DA ONÇA x SÃO THOMÉ DAS LETRAS Parte II
27/30 - NOVEMBRO - 2021
Dia 1 - Circuito Garganta do diabo
27/30 - NOVEMBRO - 2021 (Faz um tempinho que rolou essa trip, mas como ela é bem legal e muito especial pra mim, achei conveniente deixá-la eternizada aqui)
Cheguei 7h15 na cidade mística, mesmo depois de algum tempo longe me sinto em casa, o dia ensolarado de primavera dava vida à cidade que ainda acordava da ressaca para uma nova semana que se iniciava, sim era uma segunda feira, e andando pelas ruas ainda vazias fui subir a montanha para dar boas vindas à cidade. A paisagem sempre é ao mesmo tempo exuberante e tranquilizadora, bem característica de Minas, com o mar de morros por todos os lados que se olhe. Aqui mesmo tive a ótima ideia de ligar pro Tibilk (cantor de São Thomé, e parceiro do Ventania); a fim de resolver minha hospedagem, St ainda é um lugar onde se encontra hospedagem barata, mandei msg e ele logo respondeu pedindo que o encontrasse na praça, assim o fiz, veio ele e a Nasa, a cachorra companheira. Acertamos a estadia e ficou com um preço super em conta, a pousada é na parte da frente da casa dele, boas acomodações, ambiente relax e sossegado, e fica a 50m da Praça Barão de Alfenas, que é a principal da cidade, onde se encontra a igreja matriz. Construção iniciada em 1785, a matriz por fora carrega o estilo barroco mineiro, e tendo seu lindo interior ornamentado em estilo rococó e popular, uma jóia da cidade, a sua visita é fundamental.
Igreja Matriz
Para aquela visita eu tinha pensado em ir a dois lugares específicos e inéditos para mim, a Cachoeira Garganta do diabo e o Pico do Gavião, e ter ficado na casa do Tibilk foi bom também porque ele me deu várias dicas de como fazer esses rolês da melhor maneira possível. Começando pela Garganta do diabo que era uma cachoeira que eu não conhecia ainda, e tava super afim de conhecer, motivado pelas fotos incríveis que eu já tinha visto, ele me aconselhou que seria bom ir pelo Poço Secreto, dentro da área da pedreira que fica colada na cidade, após passar pelo poço teriam placas indicando o caminho até a garganta.
O sol estava de rachar! e ainda eram 10h30 da manhã, mas não perdi tempo, deixei minhas coisas lá, levei o essencial numa mochilinha de ataque e parti pra cachoeira. Após 20min de caminhada saindo da cidade, passando pelo portal e descendo a montanha, logo após uma empresa de reciclagem de minérios, tinha uma pedra encostada ao meio-fio indicando o Poço Secreto em 2km (lado esquerdo), entrei na estrada indicada e o lugar é coberto de pó de quartzo e calcário, a estrada estava toda branquinha e as laterais cobertas de rejeitos de pedras, quando o sol batia ali e ele estava batendo forte, refletia de tal forma que você quase cega, meus olhos quase fechavam e o suor derretia o protetor solar dos braços e do rosto. Fui com um olho meio aberto, meio fechado até chegar a uma portaria que aí sim era da pedreira mesmo, e virei à direita já seguindo outra placa que indicava o tal do Poço Secreto, ao virar nessa direção a estrada já começou a mudar um cadinho, meus olhos já haviam acostumado com o ambiente, então eu já estava de olho bem aberto e via apesar do cenário de destruição, um lugar também fascinante, grandes pedras brancas reluziam ao sol como mármore Carrara, e o céu extremamente azul deixava o ambiente quase bicolor, as partes escavadas da montanha chamavam a atenção por todo o caminho.
Num momento para chegar ao Poço Secreto atravessei uma montanha de cascalhos de pedra, bem diferente andar por aquelas pedras, e ao subi-la já chegando numa estradinha na parte de cima, vejo um poço bem parecido com o poço secreto, porém, todavia descubro que ali não é o Poço Secreto, e sim um poço menor, embora ele tenha quase as mesmas características, como a água esverdeada, pedras soltas pela borda e cascalhos por toda a parte. Logo à frente tinham placas já indicando o Poço Secreto e o Portal do sol, que era um local que eu não conhecia nem de nome. Seguindo por uma estrada toda branquinha com o pó das pedras, sempre sinalizada e larga, chego em menos de 10min ao tal do Portal do Sol, um local em um grande platô, que servia também como estacionamento e tinha o tipo de um bar onde vendem alguns comes e bebes. O Portal em si, ou os portais; porque são dois, um maior e outro menor; são grandes pedras empilhadas de modo que formem os portais, pedra branquíssima aliás, as mais reluzentes de toda a serra por ali, e o pico é realmente muito legal sim, lá tem uma vista bem massa da região. E com o sol fritando, eu fiquei debaixo dele por um tempinho me refrescando enquanto beliscava uma maçã. Bom, até ali estava tudo ótimo, já tinha conhecido esse lugar que estava fora do roteiro e estava me virando bem por aqueles caminhos, pelo que diziam as placas estava ao lado do Poço Secreto.
Portal do Sol
Descendo por uma estradinha à esquerda sempre passando por alguns poços largados e menos cobiçados, logo contorno um grande morro de rejeitos e chego finalmente ao Poço Secreto, esse o verdadeiro, levei 1h desde a entrada da estrada, o Poço é imenso, com grandes paredes de cascalhos e grandes amontoados de pedras nas bordas, pra quem sabe nadar é um prato cheio, água bem esverdeada (por conta dos processos de mineração), mas contrastando com o branco das pedras forma um ambiente "agradável" pra se ficar e observar, eu consegui achar uma única sombra debaixo de uma árvore seca, onde fiquei um pouco para beber água e reaplicar o protetor, enquanto umas poucas pessoas nadavam. Percebi que tinham sido levadas por um guia, e essas foram as primeiras e únicas pessoas que vi aproveitando algum dos poços (segunda-feira né), ao lado tem outro poço também bem bonito, mas com uma descida mais complicada, só registrei em fotos e fui voltando em direção aos portais.
Poço Secreto
Símbolo da Paz
Na volta indo na direção dos portais, bem abaixo deles, me banhei em um poço menorzinho que havia no caminho, esse bem menor e com a água igualmente esverdeada, bom pra se refrescar já que o sol estava a pino!.
Subindo a direita desse poço tem a trilha pra Garganta do diabo, e foi por onde eu segui, num caminho naturalmente coberto por pedras, e com inúmeras setas amarelas indicando o trajeto, que é ornado por grandes paredes laterais de uma beleza e crueza estonteantes, pelo menos pra mim cada pedacinho daquele lugar tem algo novo a se descobrir. Rapidinho cheguei numa parte onde tem que atravessar uma laje inclinada de pedra, com um aviso nada convidativo de risco de morte, afinal a pedra é bem lisa, tipo um escorregador, e é mais um lugar fodaa! Ali eu tava tipo, nossa atrás de nossa!! Eram lugares novos pra mim e o sol reluzia forte nas pedras, dando vida, dando cor a tudo.
Mais 10 min e eu chego a Garganta do diabo, que devia ser a Garganta de Deus, dada a beleza e clima do local, um astral que se sente, adornada por centenas de totens, a queda da garganta fica preservada num pequeno espaço bem semelhante a uma garganta mesmo, a queda é suave e mais parece uma chuveirada dos deuses, sinceramente dá pra ficar horas ali, ao passo que se você cansar de se banhar, dá pra ficar sentado num dos vários ‘bancos’ naturais de pedra e apreciar aquele local mágico, eu estava solo e até chegou um argentino lá quando eu estava de saída, mas fora ele, o movimento por ali era nenhum, vantagens de uma segunda feira né.
Cachoeira Garganta do diabo
Ao sair para continuar a trilha, que é intuitiva; e vira e sempre com marcações em amarelo pra ninguém se perder por ali; passo por um trecho com pedras cortadas, parece que a prumo, lugarzinho bem exótico onde dá pra se imaginar algumas coisas. O que vinha na sequência era a Cachoeira da Gargantinha, igualmente desconhecida pra mim, mas que foi a jóia da coroa, uma discreta placa indica sua existência, a descida é complicadinha pra quem não puder fazer movimentos mais elásticos, já que tem que desescalaminhar um pequeno trecho, após isso se vai caminhando pelas pedras do rio por poucos metros, até que você dá de cara com sua beleza surreal!! Encravada no meio de rochas, corre um filete de água cristalina formando um pequeno e aconchegante poço, resultado de uma pequena queda de uns 3m, decorrente da garganta mãe. Com palavras é difícil descrever. O fundo do poço era de pedras coloridas e mais puxadas para um verde água, me lembrou uma arte Moura, uma viagem de ácido, antigas lembranças; era lindo demais. Ali não teve jeito, tive que entrar na água pela terceira vez no dia e esquecer da hora, esse até hoje foi o lugar mais bonito e especial em que eu já nadei, daqueles lugares que você quer que todos conheçam, se pudesse transportava toda a minha família pra lá, todos meus amigos, só pra mostrar como o mundo é aberto e taí para todos conhecerem, é nosso! São lugares que nos pertencem, deslumbrado fiquei lá um tanto de tempo e depois sai pra continuar a caminhada.
Cachoeira da Gargantinha
Ao sair dali daquele lugar de sonhos, na sequência já vem o Poço dos Namorados, um lindo pocinho, tudo bem arrumadinho, limpo, sinalizado, lá tinha uma casal se banhando e pouco fiquei, mas vale a pena conhecer viu galera. Logo depois tem a Cachoeira da Escada, o nome por si só já é bem explicativo e o lugar é lindo! Tanto para fotos quanto para banho vocês não vão se arrepender. O trecho seguinte fiz acompanhando o córrego d’água que segue agora por propriedades…Vishh…Mas sem problemas, mesmo adentrando umas três propriedades, por cercas já arrombadas por outros, as únicas presenças que encontrei foram do gado que pastava pelos verdes campos do lugar, um trecho rápido de cerca de 20min. Chegando ao Vale das Borboletas, apenas passei por ali e segui até o Poço dos Gnomos, a trilha até lá agora é feita toda por uma passarela de madeira. Reformaram todo o caminho, limpando, sinalizando e imagino que fazendo a manutenção, por tudo que foi feito no que agora é chamado de ‘Complexo da Garganta’ achei até justa a cobrança, mas para quem tem um mínimo de noção e experiência, não é necessária a contratação de guias.
A linda Cachoeira da Escada
Vale das Borboletas
O Poço dos Gnomos estava com uma galerinha, então não deu pra entrar n’água de novo, não faz mal, fui em direção à saída do vale e por lá tem lugar pra comer, beber, comprar roupas, artesanatos. Eram 14h44 e acabei parando no restaurante Borboleta Azul, puta lugar bacana, recomendo viu! Enquanto ia tomando aquele double clássico de cerveja e caipirinha, o som ambiente tocava o indefectível Zé Ramalho, Minas sabe ser Minas, ali a hora passa ligeiro e quase ao final da tarde fui embora de volta pra cidade, almocei num lugar bom e barato na rua do posto de saúde, paguei 12$ num pf caprichado, fora da muvuca sempre vai ser mais barato.
Ao cair do crepúsculo fomos eu e Tibilk assistir o pôr do sol na montanha, esse um ritual clássico para quem mora ali e também pudera né, porque é sempre um espetáculo à parte, ficamos ali trocando umas idéias de boa, a cidade estava com poucos turistas e o sossego rolava solto, ao descermos ainda demos uma voltinha e eu estava a fim de comer uma pizza na pedra, mas como era eu solo, achei melhor não e num dos rolês que eu dei, achei na subida da montanha um lugar que vendia salgados, peguei dois, mas os salgados estavam ruim, ruim, comi só a parte com recheio e vida que segue. Fiquei um pouco ainda na Pedra da Gruta e voltei pra casa, afinal logo cedo iria para Sobradinho.
BrodUAI
Dia 2 - Pico do Gavião - Sobradinho de Minas (MG)
07h30 partia o Coutinho para sobrado pequeno, barato e de clima interiorano, ali dentro tinha só eu que não era nativo do lugar, ou seja, de modo autônomo não tinha mais ninguém fazendo aquele roteiro, o que foi regra nessa viagem. Enquanto o coutinho rodava eu me deliciava com as paisagens da zona rural de São Thomé, descendo pelo bar do Jhonny, o busão passa por vários lugares e pousadas que eu conhecia só pela internet, experiência bacana ir de busão, a viagem já ia chegando em meia hora quando o busão serpenteou uma praça com uma igreja azul, por lá desceram algumas pessoas. Ali era Sobradinho! Realmente muito pequeno, tanto que passei batido, 5min depois perguntei para o motorista e confirmei o vacilo, desci no meio da estrada e ia ter que continuar na caminhada, 5min de ônibus podem significar até 1h de pernada, pra mim seria quase isso né, mas beleza tranquilo, estava cedo e eu estava onde eu queria, então ótimo vamos caminhar. Só que a maré estava tão a favor que logo na primeira vez que eu estiquei o dedão já consegui uma carona; pegar carona é das coisas mais legais que tem numa viagem; era um Uno verde 96, o cara era um hiponga pardal, daqueles de cidade, ele morava em Sp, porém estava ajudando na construção de um centro ayahuasqueiro, até rapé me ofereceu, mas estava sem o aplicador, uma pena né. O que ia levar quase uma hora caminhando, levou cinco minutos de carro, foi um belo adianto e logo estava eu de volta ao centro de Sobrado Pequeno.
Igreja de Sobradinho de Minas
Chegando à cidade, precisei pedir info apenas 2x para achar o caminho certo até o Pico do Gavião, tem que se dirigir até o final da cidade e subir por uma estrada de terra que fatalmente o levará até o alto da serra. O clima estava agradável, não fazia sol, nem fazia frio, ótimo para caminhar, São Thomé dessa vez era um misto de novidades, eu estava conhecendo lugares novos e estava fazendo tudo solo, já fui inúmeras vezes para a montanha mágica, mas essa era a primeira vez solo, o que me dava a liberdade de fazer exatamente o que eu quisesse, isso é raro, pois poucas vezes conseguimos colocar nossas vontades à frente de nossas obrigações, quem sabe um dia eu possa viver em São Thomé, quem sabe um dia…
A subida até o alto da serra não apresenta dificuldades de navegação, é uma estrada de terra que sobe toda vida, óbvio que quanto mais sobe, mais íngreme e cansativa ela fica. No caminho não encontrei ninguém, plena terça feira quem se aventuraria por ali né, solamente yo! A estrada passa por grandes cupinzeiros e por placas que indicam o Pico do Gavião, ao longo da trilha tem árvores que protegem o caminhante num dia de sol, nesse dia em específico não fazia sol, mas o mormaço se fazia presente.
Conforme ia subindo ia ficando mais hard, até chegar a um trecho calçado com pedras; para ajudar os carros a subirem; com 36min de trilha, cheguei a uma parte mais alta, já numa espécie de planalto onde começaram a aparecer as primeiras vistas, e a fina areia branca começou a tomar de conta de tudo, algo como um pó de quartzo, muitas pedras soltas no chão me faziam chutá-las involuntariamente, (o que acabaria com meu tênis), mas eu me sentia bem com a mudança de ambiente pois ao invés de terra, agora eu andava por escadarias de pedra perfeitamente desenhadas. Ao começar a subir essa parte da montanha, vai dando uma certa ansiedade de saber logo onde o Gavião está, no entanto estou mais próximo do Poço de Jade (um poço de porte médio, também formado pela mineração local), nesse eu não fui porque não estava a fim de me desviar do meu objetivo. À essa altura eu estava sozinho no alto da montanha, dessa parte em diante não teriam mais subidas, porque é como se fosse um grande platô. Para me achar ali foi fundamental o gps, não era nenhum aplicativo de trilhas, somente o gps ligado e atualizando.
Quando chegar a uma placa branca indicando o poço de jade e o pico do gavião, vire à direita, seguindo por pequenos carreirinhos, não demora muito e se entra numa pequena trilha na mata, ali a trilha é feita por indução, coisa rápida, 5min. Após esse rápido trecho chego a uma área onde o exército também costuma treinar; é pouco utilizada, mas pode ser que a utilizem; chegando neste último trecho, se está cada vez mais perto, adentro então em um campo mágico, com centenas de pedras com formações intrigantes, a trilha vai cortando morros e o visual é deslumbrante, apesar do tempo nublado, o ambiente tem uma vibração e uma áurea especial. Consigo chegar a um antigo pára-raio do exército que continha a placa de uma antiga turma de um curso de comunicações do final dos anos 80. Ao lado estava o Cruzeiro com sua cruz de madeira, já surrada pelo tempo, lá de cima consigo ver todas as trilhas, mas nada ainda do gavião.
Essa parte da Serra das Letras é repleta de formações rochosas incríveis, fascinantes, estranhas e misteriosas
Dali também já podia ver a chuva se aproximando, era questão de tempo para que ela chegasse e eu ainda não tinha encontrado o gavião de pedra, a área era grande e o google maps estava dando que era ali perto, mas onde? Já que até ali eu não havia encontrado o bendito. Quando a chuva começou a cair eu já logo desci para me abrigar numa formação rochosa que lembrava uma concha, a garoa caia, porém sem raios, eram nuvens passageiras, e enquanto elas passavam eu pensava em procurá-lo onde não o havia procurado ainda, sabia que estava pertíssimo, só precisava de um detalhe para encontrá-lo.
Assim que a chuva parou eu saí do abrigo, caminhei até uma parte alta e a chuva voltou, saquei a capa de chuva e a vesti, foi aí que no meio da chuva avistei o Gavião de pedra, de longe já vi sua magnitude, esse foi o momento alto da viagem, rapidamente cheguei até ele com toda a reverência possível e tirei algumas fotos muito especiais, é uma escultura natural de pedra, com possivelmente mais de três metros de altura, imponente e dona do lugar, fiquei por ali um tempo curtindo a energia incrível e poderosa do lugar. Há um momento o tempo abriu e o sol ameaçou sair, trazendo o azul para o céu, eu fiquei mesmo muito impressionado com o majestoso gavião e com a paz e tranquilidade que ele me trouxe, bati mais algumas chapas dele e meia hora depois, peguei a trilha prometendo voltar novamente ali.
O Majestoso Gavião de pedra
A trilha de volta é descendo pelo lado esquerdo do guardião de pedra (trilha essa que eu demorei um pouco para achar, tendo que refazê-la em um trecho para que pegasse a correta, mas uma bússola bem azimutada resolveria a parada). Na volta me guiei bem voltando pelos mesmos lugares por onde já tinha passado, como o trecho de mata, a placa branca e as escadarias de pedra, usando o gps apenas para saber as distâncias a percorrer, afinal eu não poderia ficar o dia todo lá porque tinha que pegar o busum de volta para São Thomé por volta de 16h, que é o último horário dele no dia. A descida foi tranquila e pareceu ser bem rápida, comigo gastando cerca de 1h30 para descer até a cidade.
Eu precisava almoçar, estava com fome, o Tibilk tinha me indicado o Bar do Kito, ele fica bem na entrada/saída da subida da estrada para o pico; eu tinha olhado antes pela cidade e não tinha visto nenhum outro lugar muito chamativo para comer, então seria ali mesmo na dica do tibilk que eu iria almoçar, e não me arrependi, na verdade achei o lugar ideal para se comer em Sobradinho. Num prato feito com salada, farofa, batata frita, tubaína e um litrão de skol eu paguei 20 pilas, uma pechincha. A comida é boa, farta e tem um lugarzinho bem aconchegante com banquinhos de madeira para se tomar a sua breja na mais completa paz e sossego do interior de minas. Tudo estava muito bom, mas eu precisava apertar o passo, na volta ao centrinho da vila, que fica ao redor da igreja matriz, pude praticamente conhecer toda a cidade, que é bem pequena e se restringe a poucas quadras. Porém um dia apenas não é o suficiente para se conhecer todas as atrações naturais de Sobradinho, já que ali tem a gruta, a cachoeira e o poço de esmeraldas, pertinho da cidade para se aventurar também; (sem contar os lugares desconhecidos pela grande maioria, que é bom que assim permaneçam); o ônibus chegou um pouco antes do horário e embarquei nele tendo a certeza de que esse brasilzão não tem fim. Podia não parecer mas aquelas eram minhas últimas horas em St, ali eu já estava encarando a odisséia da volta, o ônibus chegou rápido em St e eu já fui direto pra casa do Tibilk para arrumar minhas coisas, botar a mochila nas costas e decolar. Já tinha chovido na cidade, as pedras estavam molhadas e o ar era puro, arrumei minhas coisas, nos despedimos e quando ele perguntou quando eu voltaria, eu respondi que só Deus sabia, ele me olhou meio assim e naquele momento a situação era aquela, mais pela falta de tempo e pelos compromissos de trabalho, do que propriamente pela falta de dinheiro.
Eu e Tibilk
O latão da Coutinho saiu da rodoviária às 17h30, porém o que iria para SP sairia somente às 23h lá da rodoviária de Três Corações (atualmente a viação Santa cruz tem saídas diárias de St para SP, às 15h). O jeito foi esperar e nesse meio tempo fiquei bebendo cerveja e comendo coxinha, coxinha essa aliás que é muito boa, recomendo bastante a coxinha da lanchonete altas horas, na rodoviária de Três Corações. A viagem de volta em si foi boa, fui sozinho na poltrona e dormi boa parte do trecho, cheguei em sp pouco depois das 5h, foi uma passagem relâmpago de apenas uma noite, de segunda 7h até terça 17h30, pouco tempo, mas aproveitei cada momento da maneira como tem que ser, consegui fazer dois passeios que poucos fazem de maneira autônoma e com sucesso! É um lugar que sempre voltarei e sempre farei questão de recomendar para gente de bom coração.
#DEUMROLÊ!!
