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Denis Gois 04/09/2023 14:10
    Trilha do Pinheirinho (Serra do Lopo, Extrema-MG)

    Trilha do Pinheirinho (Serra do Lopo, Extrema-MG)

    Com a alcunha de Porta de entrada da Serra da Mantiqueira, a Serra do Lopo oferece diversas trilhas, como Pda do Sapo, Sacerdotisa, Cabritos

    Hiking

    TRILHA DO PINHEIRINHO (SERRA DO LOPO, EXTREMA-MG)

    Com a alcunha de Porta de entrada da Serra da Mantiqueira, a Serra do Lopo sempre me pareceu uma grande muralha verde protegendo a tranquila cidade de Extrema-MG. A imponente muralha podendo ser considerada um acidente geográfico, fica e serve de divisa entre SP e MG, tendo inúmeros outros atrativos além do famoso Pico do Lopo, configurando mais uma alternativa pro povo Trilheiro

    Fui convidado a fazer essa trilha pelo Emerson, guia da AE Trips, para um reconhecimento da trilha, com a possibilidade de que ele levasse a galera pra lá depois. Pois bem, assim foi, marcamos de sair bem cedo de SP pra aproveitar o melhor que pudéssemos, fomos de carro para maximizar o tempo, além de economizar e ter mais conforto. Chegamos em Extrema por volta de 7h30, “tão cedo” que os comércios da cidade ainda estavam todos fechados, bom esperamos um pouco pra comprar mais alguma coisa no supermercado e rumamos pro pé da serra, com a neblina da manhã se dissipando pudemos ver o sempre lindo visual da serra como pano de fundo para os intermináveis sobe e desce que caracterizam as ruas do lugar. Fomos subindo as ruas sem guardar muito os nomes, até porque o ponto de entrada para essa trilha é o Mirante da Caixa D’Água.

    Aqui a trilha começa de verdade, é necessário passar uma cerca já devidamente ‘’aberta’’, pra adentrar ao pasto que dará início à trilha pra Pedra do Sapo, estamos na altitude de 1.002m, subindo esse pasto com um leve declive, já esquentamos as pernas e o corpo, passamos pela Pedra do Sussego, que é outro mirante bem perto da cidade onde é possível apreciá-la do alto, logo passamos por um mata burro (outra cerca) e seguimos agora por dentro da mata, na primeira trifurcação pegue a esquerda, não saindo da trilha principal; já salientando que por toda a trilha sempre nos pontos de intersecção haverão várias trilhas chegando no mesmo lugar, então por mais que a tilha seja muito bem marcada, é bom estar atento; Logo encontramos o primeiro trecho d’água, água limpa, vinda do alto da serra, continuando a subir por mata fechada vamos ganhando altitude e logo a frente tem outro ponto d’água, conhecido por alguns como Bicão, onde no alto de algumas pedras um cano jorra água pra quem quiser pegar, aqui é um ponto que requer atenção, pois a trilha faz um U, onde pegamos a ramificação da direita pra continuar a subida da serra. 10min após esse trecho chegamos a um local que podemos até chamar de acampamento 1, dada a dimensão e beleza do lugar, aqui a água cai também por entre as pedras, não permitindo banho, mas com criatividade dá pra se molhar nas geladas águas sim, uma área de acampamento que deve comportar umas 5 barracas bem ajeitadas e uma grande pedra com inscrições burrestres marcam o local, restos de fogueiras recentes indicam que ali é frequentado de fim de semana, aqui estamos na altura dos 1245m, e ao lado dessa clareira se apresenta uma subidona que cansa só de olhar, mas a dificuldade técnica dessas subidas é bem pouca, já que a trilha é bem aberta e parece uma avenida.

    Início da Trilha

    Aqui ganhei a dianteira e fui puxando a subida que começa numa retona, depois vai ziguezagueando por entre a mata, que iluminada estava pelos raios solares que penetravam por entre a copa das árvores, a certa altura o sinal do gps estava dando que tínhamos saído da trilha, mas nenhum de nós tinha visto nenhuma bifurcação e a trilha seguia bem aberta, enfim, decidimos continuar subindo pra ver qual que era; os aparelhos de gps são essencialmente para nos auxiliar, porém depender exclusivamente deles não vai te fazer autossuficiente, ter faro de trilha e senso de direção vão ser suas cartas na manga quando estiver desbravando por ai; e não deu outra, depois de pouco tempo de subida, nos deparamos com uma trilha perpendicular a que estávamos, pegamos a da direita que indicava ser a direção da Pedra do Sapo, e começamos nossa sina de tirar teias de aranha do caminho; e seriam centenas até o final do dia; depois de seguir por essa trilha rapidamente chegamos à Pedra do Sapo, na altura dos 1380m, embora seja difícil, é possível subir na pedra, mas tem que ter alguma noção de loucura e de escalada, ao lado tem outra pedra menor que serve tanto pra ver a Pedra do Sapo por outro ângulo, como para apreciar a vista de Extrema, e confesso que nem olhando a pedra por outro ângulo, não conseguimos ver o tal sapo, ficamos por ali bebendo um pouco de água e recuperando o folêgo enquanto o vento soprava pra secar um pouco do suor das roupas que tinha se molhado e secado algumas vezes já, mas logo saimos pra dar continuidade a caminhada.

    Pedra do Sapo

    A prosseguir fomos voltando a trilha até a parte da bifurcação do final da subida e seguimos reto agora, sentido leste, em questão de uns 15min chegamos a um pequeno lajedo com água corrente e algumas trilhas para se escolher, à direita escondida na mata tinha uma pequena clareira, que no trek que consultamos, estava nomeada de Clareira da Bruxa, é um local que comporta umas 3,4 barracas e água correndo por todos os lados, ficamos ali comendo e batendo papo por umas meia hora pra dar uma descansada básica. e logo que nos pusemos a trilhar, dei uma erradinha no caminho por ter escolhido uma trilha que não era a certa (não naquele momento), logo percebemos e voltando logo após a clareira pegamos agora a trilha certa, que pra quem está chegando, é a da direita, deve-se seguir pela direita, que já bem batida era a continuação do caminho que queríamos, por ali a trilha segue aberta expressamente e agora já mais em nível; vale destacar que a maior declividade estará até você chegar à Pedra do Sapo; nosso destino agora era a Torre da Embratel.

    No caminho passamos por alguns gigantes tombados, que entravam em um novo estágio no ciclo da vida, agora servindo de outra maneira a mãe natureza, suas raízes ancestrais expostas e um tronco partido que em meio à selvageria, enchia de um azul inesperado a nossa visão, que até então era dominada pela cor verde da mata que nos cercava, nos fazia admirar mais ainda aquela natureza que nós trilheiros tanto amamos.

    O caminho segue com suaves curvas numa subida contínua, mas tranquila de fazer, logo após os gigantes tombados, já chegamos a Torre da Embratel, na altura dos 1.517m, até ali a maior altitude alcançada, o local me lembrou muito a Torre do Itapanhaú, embora a Torre da Embratel seja bem menor e ainda funcione, o que dificulta a vida de quem subir ali pra ver uma vista bem mais panorâmica. Passamos rente a cerca que a contorna e saímos numa trilha lateral bem em frente ao portão da torre, que era adornado a sua direita por uma placa bem surrada e quase toda encoberta por matos, sinalizando a Rota dos Ventos, Trilha do Pinheirinho, que era a nossa. O estado da placa em si analogicamente retrata bem a má vontade com que muitos donos de terrenos particulares vêem os trilheiros hoje em dia, pois à medida que tudo vai sendo vendido, logo vão se diminuindo as áreas públicas e temos que vez ou outra passar por propriedades, não que queiramos isso, mas é necessário, ou seja é mais fácil esconder ou tentar apagar, do que incentivar e conscientizar.

    Torre da Embratel (1517m)

    Chegando ali completamos mais um trecho do que agora parecia mais uma travessia, agora descemos mais um tanto pela estrada principal da torre, até encontrar com uma outra estrada, estrada essa que dá acesso ao Lopo, numa batida bem íngreme, a placa indica as Rampas de voo livre e as trilhas, e é pra lá que vamos, iremos só até as rampas e retornaremos, mas a subida é puxada e exige um pouco mais de força nossa, já que aqui a trilha alterna entre estrada de chão e calçamentos, mas o caminho tem uma boa parte coberta do sol, o que ajuda, ao largo de meia hora, 140m de desníveis e algumas reclamações, chegamos à primeira rampa de voo (que deve estar desativada), no geral ela é a mais antiga e com a melhor vista pra se saltar, pois está de frente pra Represa do Jaguari. Como era pouco mais de meio dia, calhou de ser a hora exata pra comer mais um desjejum, Emerson com o lanche dele e eu com um dos meus hambúrgueres, optei por levar hambúrguer por ser algo prático, que eu já tinha em casa e que me custou muito pouco, além de estar ingerindo algum de tipo de proteína, e eu faço bem hambúrguer, então estava bem favorável, comemos um pouco, descansamos um punhado de minutos e fomos olhar a outra rampa, que fica logo à frente, lá sim deve tá rolando voo, pois a estrutura é de ferro e está em boas condições, demos uma bizoiada geral e nem sequer rastro do Lopo, só dá pra ver mesmo lá mais pra frente na trilha, os grandes monumentos nem sempre aparecem assim tão fácil.

    Pela mesma trilha que viemos, descemos, e isso ia se estender até o pequeno riacho de leito rochoso no qual se encontrava perpendicularmente a clareira da Bruxa, essa volta toda fizemos em pouco tempo até; pois as trilhas já “estavam limpas”, as teias de aranha que foram uma constante em toda a trilha, já tinham sido tiradas em boa parte do caminho; logo chegamos nessa área de lajedo, onde é necessário atenção, pois o caminho a se seguir é a Trilha da Sacerdotisa, que é a trilha do meio (Não descer a esquerda, pois esta vai pro fundo do vale), nela fomos seguido ,pois sabíamos que era bem batida, e fomos em direção à Sacerdotisa, ou Feiticeira como eu chamava kkk. No caminho vimos que a chuva se avizinhava, aliás ela estava pairando no ar desde as rampas, mas aqui ela caiu mesmo, e caiu quando estávamos numa posição privilegiada, pois do alto de um mirante de pedra víamos ela se aproximando e banhando vários morrotes rurais e depois a cidade, quando a chuva chegava perto da serra ela meio que subia ou se afastava, fato é que de qualquer maneira embrulhamos os pertences tecnológicos e continuamos na caminhada, pelo menos eu deslumbrado e honrado por estar ali acompanhando aquilo tudo do alto, sabendo as jogadas antes dos dados rolarem, ao passo que sem demora chegamos à Pedra da Sacerdotisa, na altura dos 1.494m, que é um conjunto de rochas expostas no alto da serra, com vistas pra toda cidade de Extrema e Itapeva, a pedra da sacerdotisa em si é de difícil subida, tendo outro pequeno conjunto rochoso adjacente, que serve de banco e assento pra curtir o visual ao redor, foi ali nesse cenário que fizemos nosso último lanche antes de começar a descida.

    Rolou até um café com leite no alto da montanha, Emerson levou o fogareiro e improvisamos um pingado, com café e leite condensado; que ficou bem bom; ali comi o último hambúrguer que tinha e me enchi de água para descer bem e não perder o ritmo, que estava bom até agora. Dali já pudemos ver os próximos picos, que já eram em zona aberta. Rapidamente fomos descendo a pequena encosta, sempre próximo a cercas e vimos até uma placa dizendo que “Era proibido entrar ali, sem guias”, ué, eu não entendi nada e continuamos andando, agora passando por um pedacinho de mata e saindo já de cara com a Torre da Telecom, 1.354m, que nada mais é do que uma torre de transmissão de sinal, sem novidades né.

    Já na descida da Telecom, estamos no Pico dos Cabritos, com 1.364m, pico usado como rampa de parapente, por ser larga e com uma boa inclinação, é também um ótimo lugar pra ficar tomando vento, enquanto o dia passa agitado na cidade lá embaixo, afinal ali a vista é panorâmica, e olhando a cidade ela parecia aquelas bolachas meio a meio, ora com as nuvens encobrindo, ora com o sol batendo forte, e olhando para trás vemos o caminho que fizemos até aqui, com a Pedra da Sacerdotisa em destaque e a serra por detrás dela, ao olhar pro outro lado, pro lado mineiro, vejo aquele mar de morros com diferentes tonalidades de verde, e um céu escurecido que ameaçava chuva compunha o cenário, bem situados estamos no Sul de Minas Gerais e aos pés da Serra da Mantiqueira que começa já imponente, mas tímida, e segue até Itapeva, logo mais a frente em Monte Verde, aí sim já veremos ela bem definida e indo rasgar as fronteiras Paulista e Mineira, sendo um patrimônio da cultura desses dois estados. O relógio marcava pouco mais de 15h30, e embora a hora de chegar estivesse chegando, bem que queríamos continuar trilhando até o fim do dia, uma placa bem provocativa indicava a Trilha da Onça…Bom não foi dessa vez, fica pra próxima. Demos mais uma olhada no visu, satisfeitos com a trilha e com a natureza bela e bem preservada que encontramos e descemos, íamos passar ainda pelo Parque Ecológico Pico dos Cabritos.

    Pico dos Cabritos

    Caminhamos pela estrada fazendo um zigue-zague, e começamos a avistar algumas placas e trilhas, como a Trilha do Gavião, na qual entramos e cortamos um pouco do caminho por dentro da mata, nada demais, e logo apareceram outras, como a da Samambaia, até que chegamos num lugar que pensávamos ser a administração do parque, mas não o era, era sim um spa, e depois sacamos que aquilo ali estava esquisito, o local tem um restaurante, viveiro e salões de eventos, bem organizado e tudo arrumadinho, um pouco diferente de alguns parques que vemos por ai, e não tinha ninguém por lá, vazio vazio, saimos por um portão de madeira automático, o Emerson ficou bem agradecido por aquele portão ainda estar aberto, depois do portão tem algumas casas e logo tem uma portaria, que cobra as entradas pra se entrar ali. O Parque Ecológico dos Cabritos é um parque Privado, uma propriedade de 29 hectares que dominou o alto da serra por aquele lado e restringe o acesso da população ao Pico dos Cabritos, de forma que eles só sobem lá se pagarem uma taxa de 10$, os turistas pagam vintão! Good Vibes é dinheiro no bolso!

    Finalizada a trilha, mas não o rolê, ainda tínhamos que rasgar a cidade de Extrema até o carro, o final da tarde estava lindo e um belo sol trazia um céu azul que contrastava com o verde da serra, a caminhada até a Praça até que foi rápida, só andávamos em rua que tinha sombra, chega de sol na cachola né, e logo chegamos na Praça Getúlio Vargas, a principal da cidade, que se destaca facilmente quando olhada do alto, agora fazíamos parte dela e estava cheia, bem gostosa né, eu se morasse ali iria sempre. Com a sede já atacada, compramos uma sprite pra refrescar o radiador, quando se bebe muita água, às vezes a sede é de alguma coisa doce, feito isso descemos pela joão mendes que é uma puta ladeira e logo chegamos no carro, dia finalizado de maneira perfeita, muito bem aproveitado, gastando quase nada e curtindo, esse é um dos mantras da vida de quem não está nas rodas da fortuna que nos cercam, que é ser feliz vivendo com pouco, e isso implica ter uma grande curiosidade de não saber até onde se pode chegar. No total percorremos 21km, com um ganho de altimetria de 756m, nada mal pra uma quinta feira à tarde. Começamos a Temporada de Montanhas 2023! #DEUMROLE! Sempre que possível, e sempre que a coisa apertar!

    Denis Gois
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    Published on 04/09/2023 14:10

    Performed on 03/30/2023

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