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Edgard Morangon Vasques 06/12/2017 05:48
    Salkantay Trail

    Salkantay Trail

    A realização de dois sonhos: Visitar Machu Picchu e vagar os Andes.

    Essa foi minha primeira viagem sozinho...
    Meu primeiro mochilão...
    Minha primeira viagem internacional...
    Minha primeira viagem de avião...
    Meu primeiro treking...
    Meu primeiro acampamento...
    Sem falar Espanhol...
    Sem falar Inglês...
    E com um coração do tamanho do mundo para captar tanta energia boa nesses 11 dias...

    Gostaria muito que você me desse uma chance e lesse meu relato por completo. Espero, ainda, que você se emocione com esse relato, e que ele te faça pensar naqueles seus sonhos que voce realizou, e também naqueles que são um projeto e que logo se tornam realidade e parte do seu "ser".

    • 1º dia (17/11/2015):

    Às 08h45 saio do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Chego em Lima às 11h, e às 13h20 voo com detino à Cuzco, onde chego às 14h40.

    Aquela zona de táxi na porta do aeroporto e, como era a primeira viagem, achei melhor embarcar em u deles com direção à Plaza de Armas, em Cuzco, pois o Hostel Kurumi ficava há 3 quadras dali. Devido algumas ruas estarem fechadas, desci no táxi na Plaza de Armas para, a pé, ir até o Hostel (Cale Aro Iris, nº 488, Cusco, 5min da Plaza de Armas).

    Eu tinha ouvido falar sobre a altitude mas nao dei bola. Com duas mochilas (uma de 40l e outra de 80l), comecei subir uma escadaria e ali me imeginei como um astronauta, como se nao houvesse oxgenio. Nada de dor de cabeça, náusea ou tontura, mas uma sensação estranha de forçar o corpo a subir a escada, enquanto parecia ser empurrado para trás.

    No simpático hostel me deram uma bela caneca de chá de coca, enquanto eu acertava a estadia e me mostravam meus aposentos. 5 camas de solteiro, dispostas nas paredes, formavam o belissimo quarto com pinturas e cobertores tipicamente Peruanos.

    Saí do quarto e fui até o quarto onde duas amigas do trabalham estavam hospedadas. No correror externo, em direção ao quarto delas, uma belissima Ilhama zanzava de um lado ao outro comendo a grama. Elas me disseram que passaram muito mal, e que dois dias foram perdidos pois nao conseguiam fazer absolutamente nada, e até estranharam o fato de eu estar tão bem.

    Deixei minhas coisas no Hostel e sai de calça e camiseta para dar uma volta e conhecer a cidade. Um calor infernal, e me levaram até o Mercado de San Blas. Ali me senti em outro mundo, e já estranhei a gastronomia: uma banca descoberta com 5 Cuís (vulgo porquinho da índia) ja sem pele, aguardando o próximo comprador que, então, "afogava" os bichos em um latão de água "cristalinamente amarela" e os embrulhava em papel.

    Saí dali e já me arrependi de nao ter saído com blusa. Ali já percebi o quanto o clima em Cuzco ébem marcado, com o dia bastante quente a noite bastante gelada e com muito vento.

    Jantamos no fantástico pub The Cross Keys (Cale Triunfo, nº 350, próximo a Cusco Cathedral), aonde assisti a Seleção Brasileira ganhar de 3x0 da Peruana, e aonde a refeição (entrada ou sobremesa + prato principal + suco) saiu por S/18 (18 Novo Sol Peruano, que equivale a R$20,00).

    Sugestao: Sempre que sair para turistar, deixe um fleece na mochila. Se for voltar muto tarde, um anoraque é bem vindo. No dia seguinte fiz isso, e nunca mais passei frio.

    • 2º dia (18/11/2015):

    Acordei às 06h00 e esperei o café da manhã às 07h00, que para meu preço de diária dava direito a 2 pães peruanos, 1 porção de geleia, 1 porção de manteiga, 1 banana, café, leite e suco a vontade.
    Saí do hostel às 07h45 pensando em aproveitar bem a cidade, mas em Cusco o horário Comercial é diferente e eu não sabia. O normal, lá, é o comércio funcionar das 10h00 às 22h00. Como estava muito cedo, caminhei at 08h30 pela cidade, em busca de fotos, quando fui abordado por uma agência de viagens para fechar tour pelo Vale Sagrado (com muita negociação, paguei S/40 com almoço, transporte e guia inclusos para o dia todo), e visitei Pisac, Ollantaytambo, e Chinchero.

    Foi chegando em Chinchero que percebi a força da gravidade e o ar rarefeito. Senti uma leve presão na cabeça, mas foi aliviada rapidamente quando o ônibus parou e eu masquei folha de Coca. O pacote de folha de coca me acompanhou até o último dia de viagem, junto com chá de coca todas as manhãs. Realmente é o melhor remédio, e não é alucinógeno como muitos pensam. À partir daí, nenhum dia da viagem me senti mal, e em nenhum deles tive outra pressão na cabeça. O pacote custa em torno de S/3 e pode ser utilizado por vários dias.

    Para visitar o Vale Sagrado, foi necessário comprar o Boleto Turístico de Cusco pelo preço tabelado pela prefeitura de S/70, que deu direito a utilizar por dois dias. Eu comprei o “Boleto Parcial Circuito 3” que vale por dois dias e dá direito a Pisaq, Ollantaytambo, Chinchero e Moray. No entanto, é muito mais vantajoso comprar o “Boleto Geral” de S/130 Soles válido por 10 dias, e dá direito a 16 lugares, incluindo todo o Vale Sagrado os sítios arqueológicos da região (exceto Machu Picchu).

    Como cheguei em Cusco 23h00, retornando do tour, estava muito cansado e comi no Mc Donalds mesmo, que fica à esquerda da Cusco Cathedral.

    • 3º dia (19/11/2015):

    Repeti o início do segundo dia, e com uma agência fechei o tour para Moray e Salinas de Maras (entrada por S/10), retornando 15h00 ao Hostel.

    Às 19h00 fui ao escritório da Wilka Travel para os últimos acertos referentes a Trilha Salkantay, que começaria no dia seguinte. Nessa reunião, o dono da agência Rolando e mais um guia me explicaram todos os detalhes dos 5 dias de trilha até Machu Picchu, e marcaram o horário que outro guia me buscaria no hostel no dia seguinte.

    Para essa trilha, paguei $265 pelos 5 dias, com todas as refeições (café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar), transporte de Cusco até o início da triha na cidade de Mollepata, e os eventuais transportes necessários, inclusive para visitação nas Termas de Santa Teresa, bem como os ingressos para a Tirolesa que tem nessa cidade (4 cordas que cortam de um lado ao outro, pelos Andes). Além disso, o valor incluiu as entradas de Machu Picchu, o permit para subir a Machu Pichu Moutain, o trem de retorno de Águas Calientes à Ollamtaytambo, e o translado até Cusco.

    Interressante comentar que negociei os valroes da Salkantay Trail, com a Wilka Travel, através do facebok quando estava no Brasil 3 meses antes.

    Das 20h00 às 22h00 fiquei separando as roupas, e empacotando tudo em sacolas plásticas, arrumando a mochila cargueira. Na realidade, nem precisava a mochila cargueira, e também não precisava muitas das coias que levei. Vi muitas listas na internet e inclusive na própria agência sobre o que levar, mas eu acho que as dicas não foram boas, e por isso escrevo aqui o que acho válido levar:

    Roupas para os primeiros 4 dias de caminhada
    1 Calça térmica (2ª pele)
    1 Calça de trilha (preferência para a que vira bermuda)
    2 Camisetas (repete mesmo)
    1 Blusa térmica (2ª pele).
    1 Fleece
    1 anoraque
    Luvas
    Gorro
    Toalha de microfibra
    Chinelos
    Botas (já amaciadas...)

    Roupas de baixo
    3 cuecas (repito meso rs...)
    1 sunga ou uma bermuda para tomar banho nas termas de Santa Teresa ( a galera entra tudo de cueca)
    2 Pares de meias especiais (utilizei Cool Max).

    Higiene/Remédios
    2 Sachês de shampoo 3-em-1 comprados em Cusco (o número de vezes que vc vai poder tomar banho é precisamente 2 (um no terceiro dia em Santa Teresa, e um em Águas Calientes no quarto dia) e com cada sachê você lava cabelo e corpo)
    Escova de dentes e pasta de dentes
    1 Pacote pequeno de lenços umedecidos
    Protetor solar
    Repelente
    2 Rolos de micropore para enfaixar os pés
    Band-aids
    Dorflex (imprescindível)
    Aspirina
    Antiinflamatório
    Antialérgico
    Sorochji Pills (Isso aqui é um remédio bem forte, e o melhor para o soroche caso a própria coca não faça efeito. Pra mim, apenas chá de coca e mascar coca funcionaram).
    Rolo de papel higiênico

    Equipamentos/outros
    Saco de dormir
    Chinelo
    Bastão de caminhada. Eu detesto esses bastões e não utilizei, mas sei que eles ajudam, então recomendo que levem, caso já o utilizem aqui no Brasil.
    Óculos escuros
    Boné
    Câmera fotográfica + bateria extra (só tem tomada na noite do Dia 4)
    Head lamp

    • 4º dia (20/11/2015):
      1º dia Salkantay Trail: Cuzco - Molletapa - Soraympampa

    Antes de falar sobre este dia, ressalto que foi proposital chegar 3 dias antes em Cusco para ter boa aclimatação e nao sofrer absolutamente nada durante os 5 ias de trilha. Minha programação era ficar três dias em Cuzco sem fazer absolutamente nada além de andar pelo centro, apenas para me aclimatar. Porém, como estava em ótima forma e me sentindo muito bem, aproveitei e fiz o tour no Vale Sagrado. De qualquer forma, minha sugestão é de separar pelo menos dois dias, antes do início da trilha, para seu corpo acostumar, pois depende muito de pessoa para pessoa (particularidade de organismo).

    Às 04h00 o guia me buscou no Hostel, e de lá partimos para buscar outros 5 integrantes do grupo em cada um dos seus hostels, para uma viagem de van de 3 horas até Mollepata, onde tomamos café da manhã. Os 5 integrante do grupo (clientes), além de mim, eram formados por 1 alemão, 2 inglesas, 1 japonesa, 1 israelense.

    Lá foram apresentados os carregadores com burros de carga (cada pessoa tem a dar 5kg ara o carregador levar). Além dos burros de carga há cavalos que acompanham os carregadores, e sao utilizados exclusivamente caso algum cliente passe mal, a um custo diário de $50,00.

    Após o café, mais uma hora de van e então começamos o trekking passando por Challacancha. É uma caminhada que chega a irritar, de tão leve e de pouco impacto visual, até chegar ao sitio de almoço e acampamento chamado Soraypampa. Após almoço, 1h de sesta e depois uma árdua e linda caminhada de 2h até a sagrada Humantay Lake, localizada ao lado dos nevados da montanha de Umantay e Salkantay onde se vê a caída das aguas, a paisagem maravilhosa e a laguna de cor verde que é única nesta região.

    Jantar foi a luz de lanterna, e dormimos às 20h00 com muito frio e uma sensação térmica abaixo de 0º (infelizmente não medi a temperatura).

    Altitude máxima: 3.850 msnm.
    Altitude mínima: 2.850 msnm.
    Distância: aproximadamente 11 km.
    Pernoite: acampamento - Barracas
    Refeições: almoço e janta (café da manhã foi pago a parte, por aproximadamente $5)

    • 5º dia (21/11/2015):
      2º dia Salkantay Trail: Soraympampa - Chaullay - Colpapampa

    Fomos acordados às 05h00 com o cozinheiro servindo chá de coca fumegante. Tomamos café e partimos 06h00 para o dia mais difícil de caminhada. O inicio da manha é a travessia por Salkantay Pampa para ir ao lado esquerdo do nevado chamado Umantay, que está perto do nevado Salkantay.

    Às 11h00 chegamos a 4.650 metros de altitude no Passo de Salkantay. Ficamos por uma hora apreciando o frio e as geleiras. É nesse local que neva no inverno. Lá, vi 4 lindas avalanches da montanha Salkantay.

    Almoçamos em Huayracmachay, e aí veio a parte mais difícil de toda a trilha. Se de manhã era muita subida e frio, e parte da tarde foi de calor insuportável por dentro da mata, em uma decida muito exaustiva compedras soltas e muito sol.

    Caminhamos até o povoado de Chaullay (Colpapampa) e chegamos às 17h00 (2.950 m.a.n.m). Foi uma caminhada de 22km até o acompamento.

    Altitude máxima: 4.650 msnm.
    Altitude mínima: 2.920 msnm.
    Distância: Aproximadamente 22 km.
    Pernoite: acampamento - Barracas
    Refeições: café da manha, almoço e janta.

    • 6º dia (22/11/2015):
      3º dia Salkantay Trail: Colpapampa - La Playa - Lucmabamba

      Acordamos 06h00 para tomar cha de coca e saímos 07h00. Almoçamos em La Playa, e depois fomos de Van Lucmabamba, onde montamos as barracas e, de van, fomos até as Aguas Termais de Santa Teresa (S/10 se não me engano).

    De noite, fizemos fogueira e ficamos interagindo com outros grupos que acamparam no mesmo local.

    Altitude máxima: 2.920 msnm.
    Altitude mínima: 1.600 msnm.
    Distância: Aproximadamente de 20 km.
    Pernoite: acampamento - Barracas
    Refeições: café da manha, almoco e janta.

    • 7º dia (23/11/2015):
      4º dia Salkantay Trail: Lucmabamba - Llactapata - Águas Calientes

    Acordei chorando. Sim. Passei muita coisa para chegar até ali, e eu sabia que estava praticamente acabando a trilha. Foi o dia que mais me emocionei em toda a viagem.

    Acordamos 07h00 e às 08h00 fomos de Van até o local de uma tirolesa de 5 cordas. Foi um dia indescritível, e com paisagens alucinantes enquanto eu estava de cabeça para baixo nas imensas cordas e com velocidade de mais de 100km/h.

    De lá, andamos até a hidrelétrica. Almoçamos na entrada da hidrelétrica e caminhamos por 3h até alinda cidade de Águas Calientes.

    Sofri com pernilongos, mesmo utilizando bota, meia, calça, e repelente. Esse é o dia mais confortável, porque o pernoite é em um pequeno hostel com jantar em restaurante.

    Por volta das 17h, fomos ao mercado municpal de Águas Calientes comprar frutas, água e chocolates para o dia seguinte. A cidade é linda e vale a pena 2 per noite por lá (infelimente para quem faz a trilha como clente, é uma única noite).

    Altitude máxima: 2.350 msnm.
    Altitude mínima: 2.000 msnm.
    Distância: Aproximadamente de 16 km.
    Pernoite: Hotel turístico.
    Refeições: café da manha, almoco e janta.

    • 8º dia (24/11/2015):
      5º dia Salkantay Trail: Águas Calientes - Machu Picchu - Cuzco

    Acordamos 04h00 e ganhamos um kit de café da manhã. Começamos a caminhada 05h00 até o portão de acesso a trilha de pedras que sobre até Machu Pichu. Quando o portão abriu, começamos uma longa e interminável escadaria de pedras até os portões de Machu Picchu, que foram abertos 06h00 sobre muita neblina.

    Impossível chegar enão chorar, quando lembra de tudo o que fez para chegar até ali.

    Ate as 10h00 o guia ficou conosco para conhecermos Machu Picchu e entendermos um pouco da história, e à partir daí iniciei a subida da Machu Picchu Moutain (2.800), que é muito cansativa, mas com uma vista incrível de Machu Picchu. O acesso a essa trilha custou S/25 e levei 5 horas entre subir, descansar, e descer. Com 30 minutos de subida eu sentei no chão e não queria mais levantar. Isso se repetiu por mais 2 vezez no decorrer de outros 30 minutos, até que eu desisti de vez de subir. Fiquei ali num canto chorando de raiva de mim mesmo, até que criei forças e subi de uma única vez, sem nenhuma outra parada, o restante que faltava. Ali chorei mais e mais, mas de alegria. A descida foi desesperadora por conta das pedras soltas.

    Saí de Machu Pichu e novamente desci as escadarias (se pegar ônibus, custa $10,0) até Aguas Calientes, onde retirei algumas coisa do hostel, conheci as ruas próximas e o mercado municipal, para pegar o trem de retorno. O trem vai de Águas Calientes à Ollantaytambo em 2 horas de viagem, e depois a Van faz o translado até Cusco.

    Cheguei 00h30 em Cusco, e logicamente corri para o Mc Donalds.

    Trem: Águas Calientes - Ollantaytambo = 1h45
    Traslado: Ollantaytambo - Cusco = 2h00

    • 9º dia (25/11/2015):

    Tirei o dia para lembrar tudo o que fiz até aí. Fiquei deitado lendo e descansando. Saí a noite para beber e conhecer mais de Cusco.

    • 10º dia (26/11/2015):

    Visitação ao Museu de Arte Precolombiana.
    Comprei o Boleto Religioso que me deu acesso a toda as Igrejas de Cusco, eu são absolutamente fantásticas. EM promoção, consegui esse boleto por S/20.

    • 11º dia (27/11/2015):

    Dias de compras nos Mercados Municipais

    • 12º dia (28/11/2015):

    Volta ao Brasil

    3 Comentários
    Ana Retore 08/12/2017 21:43

    Bem legal Edgard, essas primeiras aventuras sempre fazem a gente confiar mais na nossa própria capacidade né! Parabéns

    Dri @Drilify 26/12/2017 19:46

    belo relato !!!

    Dri @Drilify 26/12/2017 19:46

    deu vontade de ir rsrs

    Edgard Morangon Vasques

    Edgard Morangon Vasques

    São Paulo - SP

    Rox
    29

    Apaixonado por montanhas, tenho os Andes e o Everest no meu coração. Disposto a aprender e conhecer mais sobre o montanhismo.

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