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Eduardo Campos 11/08/2017 19:15
    Transandes Challenge Patagônia 2017

    Transandes Challenge Patagônia 2017

    Corrida de MTB (stage race)

    Transandes Challenge Patagônia 2017

    O drama latino no sobe e desce da Selva Patagônica chilena

    Decidi correr a Transandes Challenge de última hora, motivado por dois amigos que haviam feito a inscrição na categoria duplas. Famosa por suas belas paisagens que reúnem a dramaticidade das montanhas e vulcões dos Andes com seus picos nevados, a verdejante selva patagônica chilena e pela exigência física e técnica de suas trilhas, é uma competição que está na lista de todos os amantes de provas de Mountain Bike do tipo maratona por etapas, daquelas que durante uma semana ou mais só se faz pedalar, comer e dormir. O desafio era vencer os prometidos 9 mil metros de ascenção, um pouco mais que um Everest, em 300 km de prova, distribuídos em seis etapas que aconteceriam em cinco dias de competição. Mas a história foi outra, como quase sempre é.

    Diferente das oitos versões anteriores, a arena da 9a edição da Transandes Challenge e todas as etapas ocorreram sempre no mesmo local, a Reserva Biológica Huilo Huilo, uma área de 100.000 hectares em meio ao bosque patagônico, cerca de 900 km ao sul de Santiago, e que abriga lagos glaciares, rios de cor verde esmeralda e vulcões com picos nevados que compõem um alucinante cenário para o intenso sobe e desce das trilhas, todas elas diferentes. Foi depois do primeiro pedal que entendi a razão dos índios mapuches terem batizado o lugar de Huilo Huilo, que na língua deles significa grande sulco de terra.

    A primeira edição da Transandes Challenge ocorreu em 2009 na turística Pucón e contou com apenas 31 participantes. Desta vez foram 282 atletas vindos de variados países. Os 34 brasileiros na prova colocaram o país na terceira colocação no número de inscritos por nacionalidade, atrás de Argentina, com 43 e Chile com 111. Os demais vinham de outros 21 países. Muitos da América do Sul, mas também dos Estados Unidos, Suíça, Reino Unido, África do Sul e até um representante dos Emirados Árabes. Mulheres eram apenas 35. Havia opção de correr em categorias solo ou duplas, divididas por faixas etárias.

    O que diferencia a Transandes Challenge das demais competições em formato semelhante é sua localização, na mítica Patagônia, sua altimetria de números superlativos e a ausência de corte por tempo de prova, o que pode ser um bom atrativo para os atletas menos competitivos que querem pedalar por lindas e alucinantes trilhas.

    Minha preparação se iniciou tarde, em meados de novembro. Treinei seis vezes por semana desde então, inclusive no Natal e Ano Novo, e fui para a prova sabendo que enfrentaria frio durante as noites e subidas e descidas íngremes durante o dia. Inscrito na categoria solo, não estava com a pressão de não aguentar o ritmo da prova e atrapalhar um eventual parceiro.

    Havia decidido correr a Transandes com um tipo de bike menos competitiva e mais divertida, ideal para trilhas, para fotografar e coletar informações para essa matéria. Amigos experientes em provas de Mountain Bike e também em cobertura jornalística (e que me conhecem um pouquinho) me aconselharam por optar por uma bike leve e ir para competir e desencanar da máquina fotográfica. Obedeci e fui com uma bike de cross country.

    E começa a prova.

    Alinhei na primeira etapa no meio das multidão de atletas que esperavam ansiosos pelos 73 km com quase 2.500 metros de subida acumulada nesse dia. Segui espremido nos primeiros quilômetros, me desvencilhando daqueles que estavam com mais dificuldade para encarar as subidas com pedras soltas até que todos encontram seu ritmo e o pelotão se espalha, como sempre ocorre. E então veio uma subida longa onde encostei em meus amigos e achava que iria andar com eles, que normalmente pedalam bem mais do que eu. Mas eu estava me sentido muito bem e fui distanciando dos caras. Na sequência veio um singletrack de uns 10 km com um traçado muito desafiante e divertido onde ultrapassei muita gente. Mas lá pelo km 45 o terreno ficou plano e só voltou a subir um pouco no km 60, seguindo assim até o final.

    Finalizei em quarto lugar na categoria, em 4h32 min, muito distante do primeiro, que fez em 4h07min. Mas vi que poderia brigar por algo mais. O circuito do primeiro dia era o único em que havia um longo estradão com falso plano no fim, o que é bastante desfavorável para mim, que sou pequeno, leve e com pouca potência. No final desse dia todo mundo ainda estava inebriado com as trilhas da etapa, comentadas com entusiasmo e sorriso largo entre uma cerveja e outra, distribuídas pela organização.

    Fui bem mais animado para o alinhamento do segundo dia, pois o circuito era só com subidas e descidas: 80 km com quase 1.800 m de subidas acumuladas. Estava pra mim. Acelerei mais que no dia anterior, mas sem esgoelar, afinal é uma prova de maratona por etapas. Mais uma vez as trilhas foram sensacionais, sobretudo as fortes descidas, com trechos bem técnicos. Finalizei em segundo lugar na cetgoria, com 3h29min, 10 minutos atrás do primeiro. Esse resultado ainda me manteve em quarto na soma das etapas em razão do meu mal desempenho no primeiro dia. Porém, ficou comprovado que poderia pedalar forte e brigar pelo pódio. E como o primeiro colocado estava acelerando demais, minha meta secreta passou a ser acumular tempo para fechar a competição na segunda colocação.

    Nesse segundo dia foi o único em que corremos com o tempo fechado, com garoa esporádica e por entre as nuvens quando atingimos o topo da montanha. Não estava muito frio, mas o base layer que usava caiu bem. E apesar da umidade não pegamos lama. Não pedalamos nenhum dia por aquele barro vermelho, grudento e escorregadio que é comum no Brasil. Nos demais dias a prova se deu sob forte sol e calor, amenizado pelas constantes sombras dos pinheiros que margeavam as trilhas, sem aqueles famigerados e monótonos estradões de terra.

    A infra

    Todas as etapas contaram com dois pontos de apoio com água, isotônicos, frutas, biscoitos, chocolates, batatas e barras de cereais, o que permitiu a muitos pilotos correrem sem mochilas de hidratação.

    A infraestrutura de apoio conta com uma grande tenda que serve de refeitório (café da manhã, almoço e jantar para aqueles que optaram pelo pacote de alimentação) e a exibição das fotos e vídeos de cada etapa. Cerveja à vontade no almoço e no jantar, quando também são servidos vinhos chilenos, por supuesto.

    Os banheiros, com chuveiros à gás com misturadores de água são confortáveis e em bom número. Foram dispostos dez banheiros químicos, constantemente lavados, junto às barracas. E o parque conta com outros quatro conjuntos de banheiros em alvenaria, de boa qualidade. Não havia wifi disponível para os atletas. Mas era possível comprar um chip da operadora local na tenda da organização da prova.

    Havia ainda uma tenda para guardar as bicicletas, vigiada 24 horas. Destaque para a equipe de apoio. Todos muito atenciosos, cientes da importância de suas funções. Eram educados, calmos e com genuína vontade de escutar e ajudar, habilidades raras em um mundo onde a vertigem da velocidade tem promovido o descaso entre os seres humanos.

    Pedal, suor, sangue e nada de lágrimas

    No terceiro dia todo mundo já sabia quem era quem e passamos a marcar e observar uns aos outros. Alinhei um pouco mais pra frente, focado nos próximos 52 km com pouco mais de 2.000 m de ascensão. Agora eu estava na prova! Como nos dias anteriores, fui buscando muita gente logo na primeira subida extensa e ainda deixando mais gente para trás na longa e forte descida. Eu queria tirar tempo e para isso precisa pedalar mais, pilotar mais, arriscar mais. E foi lá pelo km 40 que levei um capote forte. Bati joelho, peito e cara ao final da descida, já na beira do rio. Levantei rápido, conferi se a magrela estava inteira e vi que podia pedalar. O estrago foi pequeno considerando a velocidade em que eu estava. Logo na sequência começou um interminável e duro empurra bike. Uma parede de 3 km que levou meia hora para ser vencida. Ô coisa desagradável! Mas não deixei me abalar e assim que deu montei na bike e embalei na descida final. Mais um segundo lugar, com 4h07 minutos de prova, 15 minutos mais lento que o primeiro! Subi para a terceira colocação na soma das etapas, 2 minutos atrás do segundo.

    No briefing do fim da tarde a direção de prova comunicou que a 4a etapa, de 10 km e do tipo contra-relógio, estava cancelada e a 5a etapa, prevista para a tarde do mesmo dia, tinha sido antecipada para a parte da manhã em razão da previsão da onda de calor. Palmas da plateia que estava cansada e sua maioria pouco acostumada às altas temperaturas. Nós brasileiros ficamos um pouco frustrados. Mas no dia seguinte também agradecemos o cancelamento, a 5a etapa foi bem dura, e corrê-la no calorão da tarde seria muito difícil, ainda mais com o pedal acumulado da manhã.

    Depois do banho nas ótimas tendas com chuveiro à gás e do jantar no refeitório da prova as dores da queda se acentuaram. Foi a pior noite de sono. Não por culpa do frio da madrugada, constante toda a semana, ou da precariedade das instalações, que na verdade esteve longe disso, afinal dispunha de um colchão de ar e uma barraca de três pessoas só para mim, luxo em montanhas. O problema foi o corpo dolorido que me fazia acordar várias vezes. E o cansaço muscular já dava alguns sinais.

    Como todos os dias, acordei às 7h para tomar o café da manhã fornecido pela organização e me preparar para a largada, que acontecia sempre às 9h30, algo bem confortável. Nas minhas outras experiências em provas desse tipo, às vezes me sentia no exército ao ter que acordar às 5 horas para largar às 7h. Outra vantagem do horário mais tarde era pegar uma temperatura bem mais confortável, permitindo correr apenas de camiseta.

    E ausência de deslocamentos entre uma etapa e outra amplia o tempo de descanso e recuperação dos pilotos e também possibilita curtir os arredores. Por outro lado, para quem vem de longe, perde-se a oportunidade de explorar a região e descobrir seus encantos. Então, para quem pode, a dica é estender a estadia e aproveitar os dias extras para percorrer as paisagens patagônicas e conhecer sua cultura, como os famosos asados patagônicos e o mote com huesillo, bebida não-alcoólica feita com pêssego e trigo, vendida por todo Chile, mas bem tradicional desta região.

    Quem é quem

    O quarto dia foi o mais duro (5a etapa). Terminei muito cansado. Isso porque o brasileiro Fábio Mansur, atleta da minha categoria e muito experiente em maratonas por estágios (já correu Brasil Ride, Cape Epic, Titan Desert, Ruta de los Conquistadores e muitas outras), decidiu acelerar e veio comigo o percurso todo. Por três vezes ele abriu uma distância que pensei que não o pegaria mais. Por três vezes me conformei com a terceira colocação. Mas as subidas íngremes somadas a um erro de cálculo da organização da prova, que ocasionou num acréscimo de dez quilômetros na etapa, quebraram o Mansur que estava sem água e consegui cruzar por menos de um minuto à sua frente.

    Mas não era ele meu principal oponente, mas sim o cara que estava em segundo lugar, o chileno Carlos Bucaray. O encontrei depois de 12km de prova. Ele estava tossindo. Controlei a respiração, fiz pose de que estava passeando igual pavão e passei por ele como se estivesse novinho em folha. Acelerei até perdê-lo de vista. Depois de uns 30 minutos o Mansur chegou à minha roda e disse que o Bucaray estava quebrado lá traz, me ultrapassou e abriu. Relaxei. Aí veio mais um empurra bike na competição, sempre desnecessário. Após uns 15 minutos de caminhada escutei lá trás: ei papasito! Olhei e vi o Bucaray, renascido igual fênix. Ah não! Voltei a acelerar e consegui buscar o Mansur. Seguimos na disputa juntos desde então, deixando o Bucaray um pouco para trás.

    Neste dia foram 62 km de percurso com cerca 2.000 metros de ascensão que percorri em em 3h49 sem dar muita bola para as dores. Assumi a segunda colocação na soma das etapas, com apenas 2 minutos de vantagem para o terceiro, a fênix Bucaray. E o primeiro, o leão argentino Morandi, estava escapado lá na frente e era impossível buscá-lo em condições normais.

    A escolha da magrela

    Nesta edição da TAC foi sensível a presença de bicicletas equipadas com o sistema de doze marchas, celebrado lançamento no mercado de equipamentos para Mountain Bike em 2016 que promete acabar de vez com o câmbio dianteiro na modalidade. Os pilotos com esse equipo, que apresenta um cassete gigante de 50 dentes (o cassete maior do sistema de 11 velocidades usualmente tem 42 dentes), optaram por coroas entre 32 e 34 dentes. Para quem não é um atleta da elite e vai usar o sistema de 11 velocidades o recomendado é instalar nessa competição uma coroa de 30 dentes, como fiz. Consegui pedalar praticamente todo o percurso da prova, exceto em dois trechos bem inclinados nas etapas 3 e 5 nos quais todos tiveram que empurrar suas magrelas por longos trechos enquanto murmuravam impropérios à organização da prova. Não havia bikes com aros 27,5 e muito menos 26., apenas 29er. E a percepção foi de que hard tail e full supension estavam presentes em igual número.

    Tragédia latina

    Pois bem, prova do tipo maratona por etapas tem das suas e lá fomos nós para o último dia. Eu estava cansado, mas tranquilo. Minha estratégia era marcar o terceiro e não deixá-lo abrir mais de dois minutos, que era a minha vantagem para ele. Moleza, pensei.

    Alinhei lá trás e não ouvi a recomendação de um experiente amigo para pegar a bike e dar um jeito de achar espaço lá na frente. Presunçoso e pimpão com os últimos três segundos lugares, todos conquistados largando lá de trás e buscando todo mundo (bem, quase todo mundo), não dei ouvidos. Dada a largada tentei pular para a frente. Passei o primeiro colocado da minha categoria, que vinha dando na minha cabeça todos os dias, mas não localizava o terceiro. Foi então que começou o drama grego que aproxima esse esporte da vida e da arte, se é que são coisas diferentes. Entramos numa trilha relativamente plana, estreita e muito técnica (pedras, raízes, morrinhos…) e o povo na minha frente não conseguia pedalar direito e eu não encontrava espaço para ultrapassagem. Fui negociando, pulando mato e tronco para ganhar algumas poucas posições. Aí essa trilha acaba numa longa e estreita ponte de madeira sustentada por cabos de aço, a tal “Puente Deslizante”, pela qual passava uma bike por vez! Fiquei na fila um tempão vendo aquele povo com medo de altura na ponte balangando andando com se estivessem tomado todas. Passado isso o caminho se abriu. Toca acelerar e ultrapassar a galera. Ainda era começo de prova e eu tinha uns 30 km para andar forte e, ou buscar o terceiro, ou deixá-lo ainda mais para trás, pois não sabia onde ele estava.

    Pedalei muito, fazendo muita força na subida e nada do meu oponente. E nada do primeiro vir me buscar também. Estranhei. Finalizei o último trecho de subida bem cansado, em ritmo mais lento que nos dias anteriores, o que me fez descer um pouco mais devagar também. Cruzei a linha de chegada e vi que havia mais atletas que nos dias anteriores. Porém, nem o terceiro nem o primeiro estavam lá. Fui consultar o resultado e a fênix Bucaray havia chegado 8 minutos à minha frente. Pensei: que vacilada! Mas enfim, prova se ganha também na estratégia e o cara além de ter pedalado muito fez tudo certo.

    Então chegam meus amigos celebrando, pensando que eu havia me sagrado campeão no último dia. Não entendi nada. Contaram que o Morandi tinha tomado um tombo logo no começo e despencado pela ribanceira e ido parar no rio! Não finalizou a etapa. Que drama do sujeito! Era só ele pedalar na manha e finalizar a prova que seria campeão. Mas como é competitivo, como todo leão, quis pedalar forte e deu azar na hora mais errada.

    Nessa história os grandes personagens foram o leão Morandi que liderava com folga até a última etapa e acabou finalizando a competição na última posição na categoria e a fênix Bucaray que levantou o troféu de campeão. Ao segundo (esse que vos escreve), que pensava que era um pavão, viu que não passava de um pardal e coube o papel de coadjuvante.

    Para fechar as contas: a 6a etapa teve 39 km e 1.240 metros de subidas que percorri em 2h46min, totalizando 18h48min na competição. O americano Russel Finsterwald que venceu 4 das 5 etapas, somou 14h52min e foi o homem mais rápido a competição e campeão na Single Open Man. Na categoria feminina a também americana Kaysee Armstrong completou a prova em 18h47min e reinou absoluta em todas as etapas. O Brasil levou o ouro na categoria dupla feminina, formada por Camila Franciosi e Júlia Heidi Ribeiro, as únicas inscritas, com o tempo de 29h36min. E 42 horas foi o tempo que gastou o último colocado na geral.

    Em razão do cancelamento da 4a etapa e mudanças de trajeto porque pesquisadores avistaram, dias antes, alguns huemuls, um tipo de cervo regional ameaçado de extinção, em locais por onde passaria o circuito da prova, não chegamos a escalar "um Everest”, que tem 8.840 m, mas sim 8.680 m em 274 km de prova, medidos pelo dispositivo GPS da bike. Assim, a altimetria ficou mais próxima do K2, considerada por muitos montanhistas como a mais difícil alta montanha a ser escalada. Tamanho nem sempre é documento.

    P.S. Troquei mensagens com o Morandi, que acabou indo parar no hospital para tomar uns pontos mas que agora já está em casa, bem. E Bucaray me confessou que conhecia o circuito, vestiu uniforme diferente dos demais dias para eu não reconhê-lo e saiu lá na frente. Além de fênix o cara também é um camaleão!

    Vai lá!

    • Mais informações sobre o que rolou no Transandes Challenge Patagônia 2017 estão disponíveis no site oficial do evento transandeschallenge.com., inclusive sobre a prova de Enduro, que aconteceu pela primeira vez este ano e durou três dias. E em maio abrem as inscrições para 2018. Se achar que cinco dias é muito, há opção de correr apenas os três últimos.
    • E no site da Reserva Biológica Huilo Huilo (huilohuilo.com) estão descritas todas as opções de atividades e lazer na área bem como é possível efetuar reservas na exótica rede de hospedagem que mantêm. Vale conhecer a arquitetura exótica da sua rede de hotéis.

    Eduardo Campos, 46 anos, paulistano e geógrafo. Treina duro de bike para se divertir nas provas.

    São Paulo, 12 de fevereiro de 2017

    Eduardo Campos
    Eduardo Campos

    Publicado em 11/08/2017 19:15

    Realizada de 21/01/2017 até 28/01/2017

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