LendasIlha de Superagui
Paraíso escondido
Litoral do Paraná, a ilha de cerca de 700 habitantes pertence ao município de Guaraqueçaba, próximo à fronteira de PR com SP.
Localizada ao norte da Baía de Paranaguá e fica aproximadamente meia hora de barco da Ilha do Mel.
Faz parte do Parque Nacional do Superagui, junto com o Vale do Rio dos Patos, que engloba as ilhas das Peças, do Pinheiro e do Pinheirinho.
A região é considerada pela Unesco como Reserva da Biosfera e Patrimônio da Humanidade.
As praias desertas e trilhas ecológicas ajudam a preservar o santuário de espécies endêmicas, a vida marinha, a fauna e flora da reserva.
Botos são vistos com facilidade nadando entre os barcos de pescadores.
Índia Potira
Uma lenda caiçara está ligada ao nome. Em tupi-guarani, Superagui significa "senhora dos peixes".
Há muitos anos atrás, aquela ilha era só habitada por índios.
Um certo dia, a índia Potira estava brincando no mar, quando avistou um pescador branco, loiro e de olhos verdes, que estava aparentemente naufragado e afogado.
Então, a moça fez respiração boca a boca no rapaz, que despertou e se apaixonou por ela.
Assim, a indígena passou a ter um romance proibido com o loiro.
Mas, algum tempo depois, Potira apareceu grávida e todos da tribo pediram para a jovem falar quem era o pai da criança.
Assim, ela confessou que estava esperando filho de um pescador que naufragou na ilha.
Os índios, revoltados, procuraram o branco que foi expulso do lugar.
Nove meses depois, Potira deu à luz a uma menina, de pele morena e olhos verdes, que foi batizada pela tribo de Superagüi, que significa em tupi-guarani: senhora dos peixes, já que a criança era filha de um pescador.
O mais grave foi que Potira morreu no parto.
Superagui – Senhora dos Peixes
Superagüi foi criada por uma idosa da tribo, mas ela era desprezada pelos outros membros por ter sangue de branco nas veias.
Durante a infância, esta garota gostava de brincar no mar e ela dizia que conversava com os peixes, pois conhecia a linguagem deles.
A menina delicada virou uma mulher de saúde frágil, que tinha um único sonho: dar à luz a um filho.
Porém, nenhum homem da tribo queria casar-se com Superagüi, pois ela tinha sangue branco nas veias.
Um certo dia, Superagüi estava trabalhando com outras índias na ilha, quando, de repente, ficou doente e morreu.
Após a sua morte, integrantes da sua tribo afirmaram que seu fantasma costumava aparecer na Lua Cheia e repetia a mesma frase:
- Quero ter um filho!
Muitos anos se passaram e os brancos invadiram aquela ilha.
Um certo dia, um casal de pescadores chamado Pedro e Maria (que estava grávida), resolveram morar naquela ilha.
Numa certa manhã, o homem saiu para pescar e no meio do mar viu o espírito de uma índia, que disse:
- Meu nome é Superagüi, meu sonho sempre foi ser mãe e se o senhor me der o seu bebê, que está para nascer, para eu criar, prometo que lhe darei muitos peixes. Pois, sua pescaria sempre será farta.
O rapaz, assustado, gritou:
- Não!
O tempo passou e a esposa do pescador deu a luz a um lindo menino. Mesmo assim, a alma da índia decidiu proteger aquela família dando-lhe muitos peixes.
Reza a lenda que o fantasma da índia, sempre aparece flutuando no mar, nas noites de Lua Cheia.
Dizem que se, numa noite de Lua Cheia, você estiver nesta ilha, for até a beira do mar, desenhar uma criança na areia e chamar o nome de Superagüi três vezes, ela aparece e lhe garante fatura na pescaria.
Navio Chinês encalhado
Em 1969, o navio Sin Hai II partiu de um porto no sul da ilha de Taiwan, ficou à deriva no Atlântico e encalhou, sendo palco de um grande mistério.
Segundo relatos, antes do navio encalhar, houve uma tragédia a bordo. “O cozinheiro conectou a mangueira que levava oxigênio aos alojamentos dos tripulantes num reservatório de gás amônia, usado para congelar os peixes.
Com isso, 22 tripulantes morreram asfixiados porque o cozinheiro trancou por fora as portas dos quartos.
O marujo poupou o comandante, o chefe da casa de máquinas e um marinheiro, que foi obrigado a jogar os corpos no mar e depois se matou”.
O assassino da tripulação foi preso e mandado para a China, onde consta que foi executado. Os outros dois sobreviventes, muito abalados, foram parar no hospital.
O aposentado Querino Gabriel da Silva comandou a operação para desencalhar o navio, já que a própria seguradora desistiu e concordou apenas em assinar um contrato de risco: só pagaria pelo serviço se o navio fosse salvo.
Para se libertar da areia, o Sin Hai II precisava de uma maré alta, e ninguém podia prever quando ela viria.
A maré alta ocorreu em 27 de março de 1971. Era o fim de uma operação ousada, que nem a companhia seguradora acreditou que pudesse dar certo.
De Superagui, o navio seguiu para o porto de Santos, onde foi entregue para a seguradora. Hoje ainda opera nos mares de Portugal.