Portais de Hércules – 02/07/2022

Aproveitando os bonitos dias que vinham fazendo aqui na serra, combinei com a Leticia de fazer um bate e volta no Morro do Açu, já que na excursão do Centro Excursionista Petropolitano em março, ela havia desistido antes de chegamos ao Ajax. Aproveitaríamos para encontrar um grupo do CEP que estava fazendo a travessia Terê x Petro em um dia.
No sábado acordamos bem cedo e seguimos direto para o bairro no Bonfim, onde fica a portaria do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Deixamos o carro no primeiro estacionamento, que ainda estava vazio, e não tinha ninguém para nos atender. Quando chegamos na portaria, já havia muitos grupos para dar entrada no parque.

O dia prometia!

Levamos o termo de conhecimento de risco preenchido e assinado para ganharmos tempo. Enquanto estávamos na fila, um dos guarda parques passou pela fila, viu que eu estava com o termo na mão e pegou para agilizar nossa entrada. Vencida a burocracia, a Letícia aproveitou para ir ao banheiro enquanto eu conversava com o amigo Geovane Rento, corredor de montanha, que iria guiar um grupo na travessia.
Começamos a caminhar por volta das 7h20 e ainda fazia um pouco de frio. Na bifurcação com os poços do Paraíso, fiz uma rápida parada para tirar o casaco. Logo alcancei a Letícia, seguindo em um ritmo bem tranquilo.
Por volta das 8h10, chegamos na bifurcação com a cachoeira Véu da Noiva. Fizemos uma rápida parada e seguimos em direção a Pedra do Queijo. Conforme combinado, subimos sem pressa, aproveitando o dia bonito e fotografando bastante. Já bem próximos do Queijo, encontramos com a amiga Luciana Maganin e seu filho, que também estavam fazendo um bate e volta. Ficamos conversando um pouco no Queijo, enquanto lanchávamos.

Subindo para o Morro do Gato

Seguimos nossa pernada, agora em direção ao Morro do Gato e, em seguida, até o Ajax, um ponto de descanso antes de encarar a pior subida do dia. Esse trecho até que foi bem tranquilo, e chegamos aproximadamente as 9h30 ao Ajax. Fui pegar água para preparar um isotônico, pois o sol já começava a pegar. Aproveitamos também para fazer mais um pequeno lanche.
Enquanto estávamos conversando, o Geovane chegou com o seu grupo. Para nossa surpresa, um dos participantes era o experiente alpinista Rodrigo Raineri que, entre outros feitos, chegou três vezes ao cume do Everest. Já havíamos nos encontrado em 2011, durante o lançamento do livro dele na Bienal do Rio. Ficamos conversando um pouco enquanto o grupo deles também lanchava.
Depois de 15 minutos voltamos a caminhar no trecho conhecido como Isabeloca. Nesse trecho me chamou a atenção o excelente trabalho da equipe do Parnaso na manutenção da trilha. Quando havia passado por ali em março, o trecho estava com grandes voçorocas, que podiam causar torções no caso de um escorregão. Dessa vez, estava tudo mudado, com os trechos mais perigosos devidamente aplainados.
Quando chegamos no trecho de zigue zague, acabei me distanciando da Letícia e cheguei as 10h20 no Chapadão. Pouco depois, chegou o grupo do Geovane e do Rodrigo, e logo em seguida, a Letícia chegou. Fizemos uma rápida pausa, e voltamos a caminhar, dessa vez todos juntos. Aproveitamos para tirar algumas fotos com o grupo deles.

Letícia, eu e o grupo do Geovane e do Rodrigo Raineri.

O trecho que pelo Chapadão até o Morro do Açu possui cerca de 2kms e dois pontos com aclives mais acentuados. Pouco depois do mirante do Graças a Deus, acabei andando um pouco mais rápido que a Letícia e fiquei esperando por ela numa das lajes de pedra que antecedem os Castelos do Açu. Assim que ela me alcançou, seguimos juntos até os castelos. Chegamos lá as 11h20.
Reencontramos a Luciana que já estava se preparando para voltar. Como o horário ainda estava adequado, aproveitei para dar uma esticada até os Portais de Hércules, um dos mirantes mais bonitos da Serra dos Órgãos. A Letícia resolveu ficar me aguardando no Açu. Saí dos Castelos as 11h45.
Ao passar pelo abrigo, que ainda está fechado, reencontrei um ex-colega do CEP, o Huriel Bernardes, que agora trabalha como guarda parques. Avisei que iria aos Portais e segui meu caminho. Passei rapidamente por uma área de acampamento e logo comecei a primeira descida em lajes para em seguida, subir o Morro do Marco (o primeiro da travessia). Alguns pontos estavam bem escorregadios, mas em pouco tempo estava no cume (2145m). Fiz uma breve pausa para tirar algumas fotos e logo iniciei a descida em direção ao Morro da Luva. Ao chegar em uma laje de pedra com um grande totem é preciso tomar um caminho para a direita, ainda pelas lajes de pedra. Um casal que estava na minha frente não percebeu isso, e seguiu em direção a travessia. Tentei alertá-los, mas o vento não deixava minha voz chegar até eles.
O caminho até os Portais é basicamente cortando lajes e trechos com capim baixo. Na maior parte do tempo, a trilha está marcada e é bem óbvia, apesar da pouca sinalização, que se resume a setas marcadas nas lajes ou totens. Embora seja um trecho curto, de aproximadamente 1,5kms a contar do Morro do Marco, é uma bela descida de 270m de desnível, chegando a 1785m.
Já bem próximo dos Portais, é preciso descer com cuidado um trecho bem inclinado com terra preta e molhada. Tomei um escorregão, mas consegui me segurar em uma árvore. A queda teria sido feia. Desci com mais cuidado, atravessei o pequeno riacho e subi a outra margem, também escorregadia. Em um par de minutos estava frente a frente com um mar de montanhas.
O recorte na linha do horizonte mostrava Garrafão, São Pedro, a Agulha do Diabo ao lado do São João, Santo Antônio, Três Marias, Cabeça de Peixe, Dedo de Deus, Dedo de Nossa Senhora e Escalavrado. No interior do vale podia ver o São Joaquim, Cavalo Branco e o Nariz da Freira. E bem próximo do mirante, a incrível Coroa do Frade.

Um visual estonteante

O relógio marcava 12h30. Só havia um casal no mirante, que estavam tentando tirar selfies. Me ofereci para tirar umas fotos, e eles logo partiram. Fiquei por cerca de 25 minutos sozinho no mirante, aproveitando o silêncio e admirando a beleza e a perfeição daquele local. Que lugar incrível!!! Que paz!!! Aproveitei para tirar várias fotos também, claro! O dia estava lindo, e conseguia enxergar as montanhas do Parque Estadual dos Três Picos.
Quando comecei a ouvir vozes, resolvi arrumar minhas coisas e retornar para o Açu. Já encontrei algumas pessoas no riacho e outras mais no topo de trecho inclinado. Agora teria que subir tudo de novo, coloquei um ritmo tranquilo, mas constante. Durante o trecho até o Morro do Marco, encontrei várias pessoas indo para os Portais, com o horário já bem avançado.
Desci o Morro do Marco com bastante cuidado, pois ainda estava um sabão. Na laje para o Açu, bateu um certo cansaço, mas mantive o passo. Que saudade que eu estava de caminhar por aqueles lados. Quando terminou a subida, avistei novamente os Castelos do Açu que estavam apinhados de gente.
As 14h estava novamente com a Letícia, que conversava com o Fabiano Souza, do Trilhas na Serra. Ficamos um tempo papeando enquanto eu descansava dentro do abrigo de pedras, onde já havia dormido inúmeras vezes, antes do parque ter portaria e abrigo. A brisa canalizada no abrigo aliviava o forte calor.
Depois de saborear o restinho de uma água de coco (ainda) geladinha, começamos a nos preparar para descer. Infelizmente, nem sinal dos amigos que faziam a travessia. As 14h45 iniciamos a caminhada de volta. Fazia uma tarde muito bonita e ventava um pouco, o que amenizava o calor.
Um pouco depois do Graças a Deus, tivemos nosso último encontro do dia: a amiga Danielle Hepner estava fazendo uma travessia de dois dias, apenas com mulheres. Ficamos um tempinho conversando, tiramos uma foto juntos e seguimos nossos caminhos.
Fizemos uma única pausa durante a descida, no Ajax, para descansar, lanchar e pegar um pouco mais de água para preparar um repositor. No restante, a descida foi tranquila, sem maiores sobressaltos. Ainda pegamos um finalzinho de tarde bonito, um pouco acima dos poços do Paraíso.
As 17h45 chegamos na portaria, onde demos baixa no nosso termo e seguimos para o estacionamento. Diazão incrível na montanha!

Fechando um dia lindo no montanha!