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Fabio Fliess 06/05/2022 18:03 con 1 participante
    Circuito das Araucárias | P.E.da Serra do Papagaio

    Circuito das Araucárias | P.E.da Serra do Papagaio

    Lindo circuito de dois dias na Serra do Papagaio.

    Trekking Montañismo Acampada

    Circuito das Araucárias – 21-22.04.2022

    Esse lindo circuito na área do Parque Estadual da Serra do Papagaio (PESP) já estava no meu radar há alguns anos, mas acabou ficando na gaveta por causa da pandemia. A ideia foi retomada no ano passado, quando fizemos uma tentativa no feriado de 12 de outubro, frustrada pelas chuvas torrenciais que caíram na região. Na época, acabamos ficando “presos” numa pousada em Alagoa e desde então ficamos aguardando uma oportunidade de voltar.
    Essa oportunidade se concretizou no feriado de Tiradentes (21 de abril). O objetivo principal seria fazer o circuito em dois dias e aproveitar os demais dias para fazer mais alguma trilha na região. Acabamos elegendo um retorno ao Pico do Santo Agostinho (ou Garrafão), ponto culminante do parque, cujo início da trilha fica bem próximo da pousada onde ficaríamos.
    Para essa viagem, convidamos o casal de trilheiros Gilmar e Alessandra, amigos de longa data. Eles toparam na hora!!!!
    Uma semana antes da viagem, entrei com contato com o parque via WhatsApp para saber se havia alguma restrição para visitação. Responderam rapidamente, solicitando que fosse preenchido um registro de visitação on-line (link no final do texto) e enviando algumas regras do parque. Reforçaram também sobre os pontos oficiais de acampamento, que no Circuito das Araucárias, deveria acontecer no antigo Rancho do Salvador.
    Me informaram também que o parque estaria fechado nos dias 21 e 22, justamente nas datas da trilha. Por conta disso, teríamos que deixar o carro estacionado antes da porteira, que estaria trancada, permitindo acesso apenas aos pedestres. Se o parque estivesse aberto, poderíamos deixar o carro estacionado ao lado da sede, poupando um tempo de caminhada.

    Primeiro dia – 21.04.2022

    Saímos de Itaipava às 3h15 da matina do dia 21 e tocamos até Aiuruoca, aonde chegamos por volta das 6h45. Na pracinha da cidade, encontramos uma padaria aberta e tratamos de providenciar um café com pão de queijo. Alimentados, seguimos por estrada de terra em direção a Alagoa. Cruzamos a pequena cidade, pegamos a esburacada MG-881 em direção a Itamonte por cerca de 7 km, e depois pegamos a direita novamente em estrada de terra, na chamada Via PESP. Desse ponto até a portaria do parque, rodamos cerca de 12,5km em terreno razoável.
    Chegamos na portaria do parque às 9h30 e tratamos de estacionar o carro em um local que não atrapalhasse ninguém. Fizemos os últimos ajustes, colocamos as mochilas nas costas e iniciamos a caminhada às 9h45, cruzando a porteira.

    Na portaria do PESP (Foto: Leticia Fliess)


    Havia dois caminhos e optamos por seguir o da direita, entre imponentes pinheiros. Esse trecho, de aproximadamente 900m nos levou direto até a sede do parque. Realmente não havia ninguém para nos recepcionar. Mentira: as doguinhas Simba e Zezinha vieram fazer festa conosco!!!
    Tiramos algumas fotos e descemos até o início da trilha, passando pelos abrigos do parque. Ali tivemos a confirmação que o outro caminho nos deixaria no mesmo ponto. Quebramos a direita e alguns metros à frente, entramos realmente na trilha, num desvio a esquerda.
    Nosso primeiro destino seria a Cachoeira do Charco, cerca de 7km adiante. Esse primeiro trecho é praticamente sem desnível, margeando o Rio Baependi, e repleto de fontes de água. Para fazer jus ao nome do circuito, nos primeiros quilômetros, vimos muitas araucárias. Segundo dizem, no PESP estão as últimas florestas nativas de araucárias no estado de Minas Gerais.
    O dia estava lindo, sem muito calor e a caminhada rendia muito bem. Fazíamos pausas rápidas para fotografar e beber um pouco de água. Com um pouco menos de 2hs de caminhada, chegamos a um casebre onde existe uma pequena área de acampamento e uma mesa. Aproveitamos a deixa e fizemos uma parada para descansar, hidratar e fazer um lanche mais reforçado.
    Bem perto desse ponto, quem faz a travessia Aiuruoca X Baependi precisa cruzar o rio, num dos trechos mais tensos da caminhada. Quando fizemos a travessia, em 2014, encontramos um ponto bom para cruzar o rio, com água no meio das coxas. Mas é comum o pessoal atravessar com água da cintura pra cima.
    Descansados, voltamos a caminhar às 12h. Pouco a frente do casebre, a nossa trilha encontra com a trilha da travessia. Optamos por não pegar essa trilha, seguindo em frente para visitar a Cachoeira do Charco, aonde chegamos 15 minutos depois. Deixamos as mochilas e descemos até o leito do rio para tirar algumas fotos.

    Cachoeira do Charco


    Seguimos em frente, com o caminho alternando trechos abertos com outros de trilha bem discreta. Com certeza não é um caminho muito frequentado. Em um determinado ponto, cruzamos um pequeno rio e começamos uma forte subida que nos levou até uma crista. Ali começou uma subida suave, mas constante. Com cerca de 7,8kms caminhados chegamos até um lajeado com um bonito rio e um pequeno poço. Aproveitamos para encher as garrafinhas de água.
    Tomamos um susto enorme quando olhamos para trás e vimos a Zezinha chegando no rio. Será que estavam nos seguindo ou estavam com alguém?? Estranho demais ela só aparecer depois de quase 3h de caminhada. Simba apareceu logo depois! Ainda ficamos um tempo aguardando para ver se alguém iria aparecer, mas nada.
    Voltamos a subir sem pressa. Por volta das 13h20 chegamos próximos da cota de 1800m e começamos a caminhar no plano. Em muitos pontos, a trilha desaparecia por completo para aparecer alguns metros à frente. Pouco depois entramos em um pequeno trecho de mata que, no seu término, se juntou a trilha da travessia, em direção a Cachoeira do Juju. Encontramos pela primeira vez um grupo, que devia estar fazendo a travessia para Baependi. Aparentemente, as cachorrinhas resolveram seguir esse pessoal.
    Seguimos agora por uma verdadeira avenida dentro da mata e a trilha parecia ter tido uma manutenção recente. Pouco depois de sair da mata, é preciso atenção para pegar uma saída à esquerda em direção a cachoeira. O ponto não é sinalizado e a trilha bem discreta. Por sorte, estava atento ao GPS.

    Iniciando a descida pra Cachoeira do Juju. Ao fundo, o Pico do Chorão!


    Alguns metros à frente o cenário era inconfundível: as bonitas quedas que formavam a Cachoeira do Juju. Animado com a vista, desci sem freios até a cachoeira, aonde cheguei às 14h20. Fiquei cerca de 10 minutos esperando o restante do pessoal. A cachoeira, como eu suspeitava, estava bem cheia, com pessoas que foram unicamente para curtir um banho de rio e também com muitos trilheiros fazendo a travessia. Ali me informaram que o Rancho do Salvador já estava bem cheio. E, de acordo com outros trilheiros, ainda havia grupos grandes um pouco atrasados na travessia.
    Preocupados com a dificuldade de obter um espaço para pernoite, ficamos apenas uns 25 minutos no Juju, onde fizemos um lanche rápido e logo seguimos em direção ao Rancho do Salvador. Como eu e Gilmar estávamos com as barracas, aceleramos na frente e chegamos ao acampamento as 15h25.
    Realmente já havia umas 20 barracas no local. Rodamos um pouco e achamos uma área para montar as nossas barracas. Não era o ideal, mas daria para o gasto. Esperamos as meninas chegarem e montamos o acampamento. O Rancho possui um rio com água farta e um belo poço para banho. Aproveitamos para nos lavar e pegar água para fazer um chá mais tarde. Enquanto estávamos curtindo a água, vimos mais grupos chegando. E entre eles, vimos um rosto familiar. Para a nossa surpresa, a Cláudia Bessa do CEB (Centro Excursionista Brasileiro) estava guiando um grupo do clube na travessia. Aproveitamos para conversar um pouco!!
    No restante do dia ficamos descansando e comendo no acampamento, até a noite cair. Preparamos um chá, comemos um sanduíche e com o frio chegando nos entocamos nas barracas.

    Segundo dia – 22.04.2022

    A noite foi difícil. Bem difícil. Dormi bem pouco, com uma dor chata na lombar, que me obrigava a mudar de posição toda hora. Apesar disso, levantei bem disposto, antes das 6h da matina. Para não cair na tentação e voltar para o saco de dormir, Letícia e eu já começamos a preparar um chá para despertar, acompanhado de um bom lanche.
    Alimentados, arrumamos as mochilas e deixamos o sol da manhã secar um pouco as barracas. Enquanto isso, enchemos os streamers com água, pois nesse dia não teríamos nenhum ponto de coleta. Finalizamos a arrumação das mochilas e as 7h45 voltamos a caminhar. Tiramos as botas para atravessar o riacho do acampamento, coisa que eu não havia feito no dia anterior, tamanha a vontade de chegar. Nos despedimos dos amigos do CEB e pegamos o rumo contrário deles, sentido Morro do Chapéu.

    Primeira subida do segundo dia!

    Ainda caminhando na trilha da travessia, após um pequeno trecho de mata, começamos a primeira subida do dia. Com o corpo ainda frio, sempre fica um pouco mais difícil. Superado esse trecho, começa uma sucessão de pequenas subidas e descidas que tornam nossa ascensão bem mais tranquila. Cruzamos com um grupo grande, de 15 pessoas, que provavelmente acamparam no Chapéu. A caminhada rendia muito bem e avançávamos com rapidez. Por saber que, em algum momento, deixaríamos a trilha marcada da travessia, fiquei atento ao GPS e por isso, não erramos a saída que é feita numa curva forte à esquerda. O relógio marcava 9h em ponto.
    A trilha continua sem muitos desníveis, mas agora bem mais discreta. Em um determinado ponto da caminhada, vi algumas penas grandes espalhadas pela trilha e logo adiante o pouco que restou de alguma ave (possivelmente um gavião) bem grande. Alguém se fartou de comida!

    Panorâmica das Terras Altas da Mantiqueira!

    Andamos por mais uma hora desde a saída da travessia e chegamos ao ponto mais alto de toda a caminhada: 1970m de altitude. Aproveitamos para fazer uma pausa, descansar um pouco, lanchar e preparar um isotônico. O dia estava incrivelmente bonito e ventava um bocado.
    Revigorados, voltamos a caminhar já sabendo que após 400 metros deveríamos tocar para a direita, para iniciar a descida. Mas cadê a trilha? Tocamos reto, aproveitando que a vegetação permitia esse vara-mato e interceptamos a trilha mais à frente. Descemos um pouco mais e cruzamos por uma cerca de arame farpado ao lado do que parecia ser uma cerca de pedras.

    Alessandra começando a descida até a sede (Foto: Letícia Fliess)

    Continuamos a descer por um bonito trecho aberto, até entrarmos no último trecho de mata, bem bonito. No início desse trecho de mata, tivemos que caminhar com cuidado, pois a trilha estava bastante erodida e escorregadia, com muita sujeira trazida pelas chuvas. Ao finalizarmos esse trecho, passamos por uma porteira e temos o visual da sede, aos nossos pés. Faltavam agora cerca de 500m de trilha, numa descida bem acentuada e repleta de pedras soltas.
    Com cuidado chegamos ao final da descida, bem próximo de algumas casas que pareciam abandonadas, e caminhamos mais 400m planos até chegar aos abrigos do parque. Dessa vez optamos por seguir pela estradinha de baixo até o carro, aonde chegamos às 11h30.
    Pensamento assim que cheguei ao carro: “Poxa, se eu soubesse que esse dia seria tão tranquilo, teria colocado pilha para ir até o Morro do Chapéu”! Ideia super válida! rsrs
    Bebemos mais um pouco de água, tiramos a foto oficial de “fim de trilha” e embarcamos no carro de volta para Alagoa, onde paramos no Restaurante da Dona Inês para uma comida mineira caseira harmonizando com uma IPA geladinha. Após o almoço, fomos para a pousada descansar e nos preparar para mais uma trilha no sábado.
    Mas isso é assunto para outro relato. Até lá...

    Observações:

    1 – Embora não obrigatório, o preenchimento do registro de visitação é muito importante para o parque. O endereço do formulário é: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScNZfW09p56O-WON_EnVY3rLG9mdS6IEo_7g9mKi3fImlpWag/viewform.
    2 – O telefone do parque é (35) 3341-5404. Também funciona como WhatsApp.
    3 – Para quem se interessar, ficamos na Pousada Trilha do Ouro, em Alagoa. Os proprietários são a Paula e o Dalmo, extremamente atenciosos. Estando lá, peçam o macarrão na panela de queijo! E depois me agradeçam! kkkkkk

    Fabio Fliess
    Fabio Fliess

    Publicado en 06/05/2022 18:03

    Realizado desde 21/04/2022 al 22/04/2022

    1 Participante

    Letícia Fliess

    Vistas

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    6 Comentarios
    Marcelo Lemos 07/05/2022 08:43

    Amigaço, parabéns por mais esses km no currículo. Para qualquer lado que se olha naquela região, há belezas mil. Excelente relato! Grande abraço.

    1
    Fabio Fliess 21/05/2022 13:05

    Valeu amigaço!!  Realmente essa região é de grande beleza. Foi muito bom voltar lá. Abração.

    Estela Mizukawa 08/05/2022 10:23

    Sempre que tem araucárias é garantia de visual lindo. Parabéns!

    1
    Fabio Fliess 21/05/2022 13:06

    Concordo totalmente Estela. Obrigado!!!!!

    1
    Edu Amaral 12/05/2022 14:06

    Show de relato, fiquei aguçado a fazer, estive no Pico de Santo Agostinho em maio de 2021, aonde pernoitei e no dia seguinte após a descida, fui conhecer a Cachoeira da Fragraria. Trouxe um belo parmesão para casa e não durou nem duas semanas. Já quero esse macarrão. Boas aventura amigo!

    1
    Fabio Fliess 21/05/2022 13:07

    Obrigado meu amigo. Depois desse circuito, no dia seguinte, fizemos novamente o Santo Agostinho. Um espetáculo de montanha. O queijo da região é realmente delicioso. Espero que tenha a oportunidade de provar o macarrão. Vai gostar muito! Abraços e boas trilhas.

    1
    Fabio Fliess

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    Montanhista desde que me conheço por gente!!! Sócio e condutor do CEP - Centro Excursionista Petropolitano. Take it easy e bora pras montanhas! Instagram: @fliess

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