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Fabio Fliess 29/07/2022 14:26 com 2 participantes
    Pico do Glória | P.N.da Serra dos Órgãos

    Pico do Glória | P.N.da Serra dos Órgãos

    Montanha com 1900m encravada no interior do Vale do Bonfim, dentro do Parque Nacional da Serra dos Órgãos.

    Hiking Montanhismo

    Pico do Glória – 24/07/2022

    Na sexta-feira, dia 22, recebi uma mensagem do meu amigo Marcelo Lemos no WhatsApp:
    - Amigaço, bom dia. Talvez apareça o Pico do Glória com o Marcelo no domingo. Vamos?
    Comentei com a Letícia e topamos ir. Já estive uma vez no cume dessa montanha, mas fazia muito tempo dessa visita e a Letícia há tempos queria conhecer.
    O Pico do Glória é uma montanha com cume pontiagudo, localizada no interior do Vale do Bonfim, com acesso pela portaria do lado petropolitano do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Foi conquistado em 22 de junho de 1931 pelo famoso guia Emerico Ungar do CEB – Centro Excursionista Brasileiro, junto com outros colegas de clube. É uma montanha que chama a atenção de todos que passam em direção a alguns atrativos famosos do parque, como o Véu da Noiva, o Morro do Açu e a Travessia Petrópolis-Teresópolis.
    A Letícia, no final da sexta, resolveu desistir de subir a montanha, pois estava ainda se recuperando dos efeitos da Covid. No sábado, combinamos os detalhes! Nos encontraríamos às 6h30 na Praça de Correas e o Marcelo ficou de levar a corda, pois o trecho final que antecede o cume é uma pequena escalada, mas dada a exposição do trecho, não permite erros.
    Saímos de casa às 6h15 de domingo, em direção a Correas. A Letícia ainda pensava em ir até o Véu da Noiva conosco, mas resolveu voltar para casa. Assim que os Marcelos (Lemos e Borges) chegaram, eu passei para o carro deles e tocamos para o estacionamento no Bonfim, que estava vazio.
    Às 7h05 chegamos na portaria do parque, que felizmente também estava vazia. Com o termo de responsabilidade preenchido, a burocracia foi resolvida rapidamente. Cinco minutos depois já estávamos iniciando a pernada em direção ao nosso primeiro objetivo do dia: a cachoeira Véu da Noiva.
    Fazia um pouco de frio, mas dez minutos depois tive que fazer uma pausa para tirar o casaco. Com a trilha nesse trecho bem consolidada, nosso ritmo era bom. Às 7h45 chegamos à bifurcação que divide os caminhos para o Véu e para o Morro do Açú/Travessia. Pegamos o caminho da esquerda, passamos pela Gruta do Presidente e às 8h chegamos na cachoeira.

    Morro do Alicate visto da parte superior da Cachoeira Véu da Noiva.

    Fizemos uma pequena pausa e logo retomamos a caminhada para alcançar a parte superior da cachoeira. A partir desse ponto, devemos contornar um poço e seguir caminhando pelo leito do rio. O primeiro trecho estava bastante escorregadio e subimos com cautela. Justamente por esse motivo, não é recomendado fazer essa trilha fora da temporada de montanhismo ou após períodos de chuva.
    Logo o leito do rio afunila e passamos a caminhar escolhendo os melhores lugares para passar, pulando entre as pedras. Em alguns pontos existem totens de pedra indicando o caminho e pelo menos um trecho precisa ser feito na mata, contornando uma parede mais inclinada. A sensação de isolamento é muito grande.

    Caminhando pelo leito do rio (Foto de Marcelo Borges)

    Não me recordo ao certo, mas acredito que gastamos cerca de uma hora nesse trecho, até o ponto onde os blocos de pedra acabam e surge uma laje lisa e inclinada. Ao lado, um pequeno poço e um paredão que indica claramente não ser possível avançar por ali. A direita do topo da laje, está o início da trilha do terceiro trecho da caminhada, que leva direto ao cume do Glória. O meu GPS indicava a altitude de 1510m. Teríamos um desnível de 390 metros para ser vencido em aproximadamente 1km de trilha.
    Logo de cara a inclinação da trilha é grande, e usávamos as árvores para ajudar a avançar. Mas logo a trilha deixa a mata. Com cerca de 10 minutos de subida, encontramos um formigueiro gigante bem colado na trilha, numa rampa inclinada. Já havia lido sobre ele no relato do André Deberdt, do Centro Excursionista Mineiro, aqui mesmo no AventureBox. Passamos com cuidado, mas inevitavelmente acordamos algumas formigas. Como estava no final da fila, passei bem rápido.
    A trilha segue bem inclinada até nos depararmos com uma parede de cerca de 2 metros de altura. Quando estive pela primeira vez no Glória, usávamos uma árvore para ajudar a subir, mas agora esse trecho estava bem mudado e bastante erodido, mas há uma corda fixa que ajuda a vencer a parede.
    Na sequência, a trilha passa por vários trechos de laje, com alguns trepa pedras. Até que chegamos em um grande paredão rochoso (não lembrava dele), que é bem inclinado, especialmente no início. O Marcelo Lemos estava na frente e chegou ao topo da parede, onde há um grampo. Para facilitar a nossa ascensão, ele colocou a corda e subimos rapidamente. A corda realmente ajuda no começo, mas logo depois vira praticamente um corrimão.
    A trilha continua passando por blocos e lajes de pedra por um trecho pequeno, e logo depois entra em uma bonita mata, ainda bem íngreme. Pouco tempo depois, chegamos em um grande bloco de pedra, que deve ser contornado pela direita. Acima desse ponto, a inclinação cede um pouco e a trilha sai da mata, já bem próximo do cume. O visual do vale do Bonfim naquele dia lindo de inverno já pagava todo o esforço despendido até o momento.

    Seguimos subindo pela crista da montanha e passamos por uma rampa de pedra, que deve ser superada com cuidado. Para ajudar, existem muitos pontos para colocar as mãos e os pés. Minutos depois, precisamente às 10h50, chegamos ao “crux” da caminhada. Um conjunto de blocos de pedra que tomam conta de toda a crista da montanha. O trecho não é muito difícil, mas é bastante exposto e não dá margem para erros.

    No lance de escalada para alcançar o cume do Glória (Foto de Marcelo Borges)


    O Marcelo Lemos se equipou e eu dei segurança para ele subir. Primeiro é preciso vencer um pequeno platô e depois escalar um trecho de aproximadamente 2,5m. No topo, havia um grampo que ele usou para fixar a corda para subirmos.
    Como eu estava equipado, fui o próximo. Achei o lance usado pelo Marcelo complicado porque precisava elevar muito os pés. Preferi me deslocar cerca de meio metro para a esquerda, onde encontrei uma fenda em que consegui colocar minha mão inteira. Com a segurança da corda, icei meu corpo até a parte de cima e venci esse trecho. Deixei meus equipos com o Marcelo que desceu para equipar o Marcelo Borges. Comentei com o Marcelo que havia visto fotos de um rapel mais para a direita de onde subimos. E na verdade, subir por ali também era mais fácil, desde que a corda esteja fixada.
    Aguardei pelos dois em um bloco de pedra um pouco acima desse trecho. Aproveitei para tirar várias fotos, pois o dia estava fantástico. No vizinho Alicate, havia uma pessoa. Como o celular pegava 4G, fiquei sabendo que era o Lucas Bastos, um sócio do CEP, que estava lá.
    Assim que os Marcelos chegaram, seguimos rapidamente por um pequeno trecho de trilha até alcançarmos o topo do Glória, a 1900m de altitude. A bela laje de pedra do cume conta com um totem caprichosamente instalado em 19 de julho de 1997. Embaixo desse totem, está a marmita com o livro de cume.
    Nos cumprimentamos pela bela jornada até o cume da montanha. Como o Marcelo Lemos bem descreveu, o Glória parece estar instalado no centro de um grande anfiteatro, com um semicírculo de várias montanhas bem mais altas. Podíamos ver o Cubaio, os Castelitos e a Luva, que são cumes acima dos 2200m. Também a nossa frente estava o Morro do Marco, coladinho no Açu, e que alcança 2160m.
    Ficamos cerca de 1h20 no cume, onde nos hidratamos e fizemos um lanche reforçado. Novamente, tiramos muitas fotos. A vontade era de não sair dali, mas precisávamos descer. Às 13h15 deixamos o cume e iniciamos nosso retorno. Novamente instalamos a corda no paredão para facilitar a descida.

    No cume do Pico do Glória (Foto de Marcelo Lemos)


    Às 14h55 chegamos ao rio. Fizemos uma rápida parada e começamos a descer os blocos de pedra. Logo no início, escorreguei e entrei com os dois pés na água. Ossos (molhados) do ofício. Dessa vez, levamos pouco mais de meia hora para vencer o trecho mais complicado, com os blocos de pedra.
    Quando chegamos no trecho final, pouco antes dos poços, o visual estava muito bonito. Os Marcelos caminhavam à minha frente e ao fundo, o Morro do Alicate se destacava na paisagem. Quando chegamos ao poço, fizemos mais uma pausa de 15 minutos para hidratação e lanche.
    Descemos até a cachoeira e seguimos sem paradas até a portaria do parque, aonde chegamos às 16h55. Demos baixa em nosso termo e seguimos para o estacionamento. O Marcelo Borges me deixou novamente na Praça de Correas, onde esperei pelo “resgate” da Letícia.
    Um grande dia na montanha, com um velho amigo (a primeira trilha que eu fiz com o Marcelo Lemos foi em 1993) e um novo (foi minha primeira trilha com o Marcelo Borges, que só conhecia pelas redes sociais). Deixo aqui meus agradecimentos aos dois pelo convite e parceria.
    Até a próxima!

    Fabio Fliess
    Fabio Fliess

    Publicado em 29/07/2022 14:26

    Realizada em 24/07/2022

    2 Participantes

    Marcelo Lemos Marcelo Borges

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    1250

    6 Comentários
    Marcelo Borges 29/07/2022 18:15

    Belo relato dessa empreitada meu amigo. Muito obrigado!!👏👏

    1
    Fabio Fliess 31/07/2022 12:43

    Eu que agradeço meu amigo. Valeu demais pela companhia.

    Marcelo Lemos 29/07/2022 19:29

    Amigaço, excelente e preciso relato. Parece que eu estava no Glória novamente. Dia esplêndido, obrigado.

    1
    Fabio Fliess 31/07/2022 14:47

    Obrigado amigaço... Agradeço demais o convite. Que venham as próximas!!! Abraços.

    André Deberdt 30/07/2022 07:29

    Muito bom, Fábio! O formigueiro precisa ser preservado e patrimoniado como mais um dos desafios da ascensão ao pico do Glória! Quem não tiver coragem de passar por ele não merece chegar ao cume. Um verdadeiro rito de passagem! Ótimo relato, como de costume!

    1
    Fabio Fliess 09/08/2022 08:05

    Salve André. Concordo contigo. Até mesmo porque, se o formigueiro continuar crescendo, vai virar o crux da trilha em breve. Grande abraço.

    Fabio Fliess

    Fabio Fliess

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    Montanhista desde que me conheço por gente!!! Sócio e condutor do CEP - Centro Excursionista Petropolitano. Take it easy e bora pras montanhas! Instagram: @fliess

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