Pico do Muquém – 11/04/2015

Retomando a série de relatos sobre trilhas e montanhas pouco conhecidas do sul de Minas Gerais, agora vamos falar sobre o Pico do Muquém, localizado em Carvalhos, cidade que faz divisa com Aiuruoca. Esses relatos não estão em ordem cronológica. Essa foi a segunda ou terceira montanha que fizemos nessa região incrível.
O Muquém (1695m), junto com os picos da Bandeira (1725m) e do Calambau (1650m), formam uma tríade de montanhas na cidade, conhecida como Serra dos Três Irmãos.
Como sempre fazíamos, aguardamos os amigos Marcelo e Frederico na entrada da nossa rua, em Itaipava, ainda de madrugada. A temporada estava começando com promessa de tempo mais ameno, mas sempre procurávamos iniciar cedo as trilhas, para fugir das horas mais quentes do dia. Tocamos direto até o centrinho de Carvalhos, onde procuramos uma padaria para tomar um café da manhã e obtermos informações para chegar até o início da trilha.
Encontramos um estabelecimento bem simples onde, entre uma golada e outra no autêntico cafezinho mineiro, nos indicaram para seguirmos em direção ao bairro Ponte Alta e seguir até o final da estrada, onde poderíamos deixar o carro.

Pico do Muquém visto da estrada

Voltamos para a estrada, que logo deixou de ser asfaltada. Seguimos por pouco menos de 30 minutos em ritmo tranquilo, com o nosso objetivo sempre à nossa frente. Logo chegamos ao final da estrada e estacionamos o carro próximo a entrada de um sítio, sem atrapalhar a passagem de ninguém. O relógio marcava 9h.

O Marcelo ainda bateu palmas na entrada do sítio e, ao ser atendido, pediu permissão para estacionar o carro por ali. Com o consentimento dos donos do sítio, começamos a arrumar nossas mochilas e pouco antes das 9h15 cruzamos uma porteira e iniciamos a primeira subida do dia. Para nossa surpresa a trilha era bem marcada, mesmo com o capim baixo tomando conta.
Cruzamos com mais duas porteiras e em um trecho mais plano da trilha cruzamos um pequeno riacho. A água não parecia confiável, a não ser que fosse tratada. Havia diversas evidências de gado pastando ao redor da trilha. Passamos direto e logo voltamos a subir, cruzando pequenos trechos com mata um pouco mais alta. Com aproximadamente 1km de trilha, passamos por mais uma porteira.
A trilha diminuiu um pouco sua inclinação e logo passamos por mais uma porteira, que dava acesso a um pequeno curral. Contornamos uma cocheira, e subimos forte à esquerda. Nesse ponto, não havia trilha definida, mas seguimos ao lado de uma cerca de arame farpado. Um Em um determinado ponto da subida, fizemos a travessia para o outro lado da cerca e pouco depois chegamos num bonito mirante.

Mirante e início da crista para o Muquém

Enquanto tirávamos algumas fotos, observamos um rebanho bem grande mais acima, tomando conta do caminho por onde passaríamos. Não sei bem o motivo, mas poucos segundos depois, todo o rebanho resolveu se deslocar justamente para onde estávamos. Ficamos quietinhos esperando eles passarem. Com o caminho aberto, voltamos a subir, novamente com a trilha bem marcada.
À nossa esquerda, bem pertinho, podíamos ver uma das faces do Muquém com um belo paredão. Próximo deste, muitas pedras deslocadas de todos os tamanhos. Chegamos a ver algumas pessoas que pareciam garimpar essas pedras, na base da montanha.
Cruzamos por uma árvore ressecada que dava um aspecto diferente à trilha. Em um determinado momento da subida, acabei me desgarrando um pouco à frente, e cheguei à um trecho mais plano que converge à esquerda, em direção ao trecho final para o cume da montanha. Já tinha lido em algum relato que havia um trecho de escalaminhada pequeno, mas que não permitia erros. O Marcelo carregava um pedaço de corda para ser utilizado nesse lance, se necessário.
Fui caminhando devagar, esperando que o restante do pessoal se agrupasse. Como eles vinham conversando e sem muita pressa, acabei chegando na base do paredão e resolvi ir subindo. Com cuidado, venci rapidamente o trecho de rocha e um último trecho bem inclinado de trilha, chegando ao cume do Muquém as 11h25. Alguns minutos depois, o restante do pessoal chegou. O Fred ainda estava meio pálido com o susto que ele tomou com um bloco de pedra que quebrou debaixo dos seus pés e passou raspando pela Letícia e Marcelo. Essa fragilidade da rocha explica a quantidade de blocos de pedra soltos que vimos mais abaixo.

Cume!

O dia estava lindo e podíamos ver ao nosso lado o Morro da Bandeira com sua longa crista repleta de samambaias. Atrás dele, ao fundo, estavam as montanhas da região de Alagoa como a Mitra do Bispo, a Serra do Ouro Fala e também a Serra do Papagaio em Aiuruoca. Do outro lado tínhamos a vista das montanhas próximas a Lima Duarte e Ibitipoca.
Ficamos cerca de 50 minutos aproveitando o visual, lanchando e conversando. As 12h15 começamos a descida, passando com cuidado pelo trecho mais perigoso. O restante da descida foi sem maiores dificuldades, chegamos de volta ao carro as 13h30. Seguimos direto até o centro de Carvalhos, onde encontramos um restaurante simples para matar a fome. Já era um pouco tarde e a comida estava no fim, mas foi incrível como os proprietários se desdobraram para nos atender da melhor forma possível. Por isso eu amo esse país chamado Minas Gerais!
Em breve (ou não rsrsrs) eu volto com outro relato dessa série.
Até a próxima!