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Travessia da Neblina | P.N.da Serra dos Órgãos
Bonita travessia localizada na sede de Teresópolis do Parque Nacional da Serra dos Órgãos.
Montañismo HikingTravessia da Neblina – 20.05.2023
Desde antes da pandemia eu tentava fazer a Travessia da Neblina. Cheguei a marcar algumas vezes, mas sempre acontecia algum problema: o clima não colaborava, os amigos tinham compromissos, entre outros motivos. Mas conversando com o meu amigo Leo Carvalhaes sobre qual trilha fazer no final de semana, entre outras opções, acabei lançando também a ideia de fazer a travessia. E ficamos de definir mais próximo da sexta-feira.
Quando retomamos a conversa, acabamos firmando mesmo a ideia de fazer a travessia e convidamos mais algumas pessoas. No final do dia, estávamos combinados Léo, Nélson, Max e eu, todos amigos do Centro Excursionista Petropolitano. Como essa travessia tem alguns lances técnicos, separei o material necessário e deixei a mochila arrumada.
No sábado, acordei bem cedo, tomei meu café e aguardei a chegada da carona dos meus amigos. As 6h20 estávamos seguindo em direção a Teresópolis, diretamente para a portaria do PARNASO. Com a atual limitação do número de visitantes é importante chegar o mais cedo possível para conseguir fazer as trilhas da parte alta. Chegamos as 7h15 e fomos ao Centro de Visitantes entregar o termo de responsabilidade que levamos já preenchido. Devidamente autorizados, seguimos até o estacionamento onde terminamos de arrumar tudo. Ali no estacionamento vimos que havia outros grupos grandes que iriam para o mesmo destino. Não poderíamos dar bobeira, pois ficaríamos presos em algum “engarrafamento”.
Logo cedo o dia se mostrava incrível (Foto: Nélson Toledo)
Um pouco antes das 8h, iniciamos a caminhada pela estrada que leva até a Barragem. Chegando lá, pegamos mais um pouco de água e seguimos caminho. Mantivemos um bom ritmo, sem paradas e fomos nos distanciando dos outros grupos. Na verdade, só fomos ultrapassados por um grupo que iria escalar o Nariz do Frade. Seguimos nessa toada até a entrada do atalho do Paredão Paraguaio. Esse atalho nos pouparia uns quilômetros e nos deixaria bem próximos do nosso primeiro destino do dia: o Morro da Cruz.
Aproveitamos a pausa para fazer um lanche e nos hidratar. Nesse momento, chegou um grupo guiado pelo amigo Felipe Lombardi (do canal do YouTube “Drone Aventura”), que se dirigia ao Mirante do Inferno. Conversamos um pouco, eles seguiram pelo atalho e pouco depois foi a nossa vez.
Embora o atalho seja um trecho curto, a inclinação é bem forte e tivemos que fazer duas pequenas pausas para recuperar o fôlego. As 10h35 estávamos na trifurcação que leva ao Morro da Cruz, Mirante do Inferno e Cota 2000, novamente na trilha para a Pedra do Sino. Sem demora, pegamos a primeira trilha a esquerda e seguimos até o cume do Morro da Cruz (2006m de altitude, segundo o GPS). Tiramos algumas fotos, mas não fizemos uma parada demorada no cume. Curtimos rapidamente a paisagem e na nossa frente podíamos ver o São João, o Mirante do Inferno e a imponente Agulha do Diabo.
Retomando a caminhada, seguimos na direção oposta à nossa chegada e começamos a descer. A trilha já fica mais discreta, mas ainda é bem marcada. Após algumas subidas e descidas, chegamos em um trecho de lajes de pedra. Seguimos descendo e naturalmente o caminho nos leva para a direita, em direção ao Nariz do Frade. Logo encontramos os grampos indicando o primeiro ponto de rapel.
Primeiro rapel (Foto: Max Cabral)
Depois do Max se aventurar com o drone recém adquirido, o Léo começou os procedimentos para montar o rapel, enquanto nós nos equipávamos. O Léo desceu primeiro e eu desci em seguida. Esse trecho não é muito inclinado, mas a corda aumenta a segurança. Aguardamos a chegada do Nélson e do Max para fazermos mais um pequeno rapel até reencontrarmos a trilha. Nesse trecho, descemos sem equipamentos, usando apenas a corda.
Seguimos descendo forte por um trecho bastante erodido, onde árvores e pedras eram usadas como apoio. Pouco depois, existe uma pequena subida que leva até a base da escalada do Nariz do Frade. Cumprimentamos a turma que estava lá, incluindo alguns conhecidos, e seguimos em direção ao próximo trecho de rapel.
O acesso ao paredão “Roy Roy” precisa ser feito com cuidado. Até chegamos ao ponto de ancoragem, há uma descida bastante escorregadia. O Max desceu na frente e eu desci logo em seguida. Esse trecho é bem mais íngreme, então é importante manter o corpo bem inclinado para trás, aumentando a área de contato dos pés com a rocha. Pouco depois já estava liberando a corda para o Léo e o Nélson. Quando eles estavam se aprontando, um outro grupo havia chegado na entrada do rapel.
Aguardando a montagem do rapel no Paredão Roy Roy (Foto: Nélson Toledo)
Aproveitamos a sombra na base do paredão para fazer mais um lanche reforçado. Por volta das 13h30 retomamos a nossa caminhada. Alguns minutos depois chegamos em um bonito mirante de onde podíamos ver Escalavrado, Dedo de Deus e Cabeça de Peixe. Enquanto alguns fotografavam, o Max fez mais uma tentativa de voar com o drone. Rimos um bocado com o nervosismo do piloto!!
Pouco depois iniciamos a descida até o antigo Abrigo 2. Inicialmente passamos por um trecho bastante erodido, escorregadio e com muita poeira. Logo retornamos para a proteção da mata e seguimos descendo por cerca de uma hora. Em determinado ponto, encontramos uma enorme árvore caída, obstruindo a trilha. Passamos por baixo da árvore e reencontramos a trilha, agora menos vertical. Alguns minutos de caminhada e nos deparamos com a placa do abrigo, ao lado do caminho por onde havíamos passado mais cedo. Fizemos mais uma pausa para outro lanche e hidratação, e pouco depois começamos a longa descida até a Barragem. Esse é o trecho mais cansativo da caminhada.
As 16h20 finalmente avistamos a porteira que indica o final da trilha. Bebemos um pouco de água, nos lavamos um pouco na água corrente e seguimos para o trecho final até o estacionamento, aonde chegamos as 16h40. Colocamos as mochilas no carro e tocamos de volta para casa, fazendo antes uma rápida parada para lanche numa padoca de Teresópolis.
Bom demais finalmente conseguir riscar mais uma pendência da inesgotável lista de trilhas a fazer.
Meus agradecimentos aos amigos de trilha por mais um dia incrível na montanha.
Dicas:
1 – Como dito no começo do texto, nas trilhas da parte alta, o termo de responsabilidade preenchido e assinado é obrigatório. Para ganhar tempo, procure levá-lo preenchido. É possível baixá-lo na página do Parnaso no site do ICMBio.
2 – Em função dos trechos técnicos é preciso levar no mínimo alguns equipamentos de escalada: corda, baudrier (cadeirinha), dois mosquetões, freio, solteira e um cordelete para montar um prussik. O uso de capacete é recomendável.
3 - Essa não é uma trilha para iniciantes. Existem trechos técnicos e que exigem boa orientação. Avalie se está capacitado para fazê-la ou contrate um guia.
Excelente amigaço. Mais uma descrição completa que vai para o Guia de Montanhas do Fliess. Abração.
Show Fábio,parabéns.
Show! Essa travessia é muito linda!