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Luís Henrique Fritsch 06/10/2015 23:14
    Trilhando os Caminhos da Ferrovia do Trigo/RS

    Trilhando os Caminhos da Ferrovia do Trigo/RS

    Tudo começa com uma simples conversa com amigos na internet, uma aventura planejada para o dia 16 de Agosto de 2015.

    Trekking

    A empresa Gaia Travel em parceria com a empresa Trekking POA, planejaram fazer um passeio em alguns trechos da Ferrovia do Trigo/RS, localizada na cidade de Vespasiano Corrêa/RS – Brasil. Na aventura sobre o maior viaduto das Américas, chamado pelo nome de viaduto do exército ou v13, teria atividade de trilha até a desconhecida caverna subterrânea e o viaduto 11, terminando com rapel de 143 metros de altura.

    Pensando na referida atividade do dia 16, programei uma aventura solitária um dia antes!

    Preparei a mochila, com todos os equipamentos necessários para passar a noite confortavelmente, sem esquecer a água. Pela manhã do dia 15 de Agosto, parti da cidade de Farroupilha/RS de ônibus com destino a cidade de Muçum/RS, carregando comigo apenas a mochila cargueira e meu espirito aventureiro. Durante a viagem de ônibus passei por Bento Gonçalves/RS, uma cidade bela que proporcionava uma linda vista do Vale dos Vinhedos, ponto turístico obrigatório para quem passa por ali.

    Chegando na cidade de Muçum/RS, parei ao lado de uma ponte de concreto conhecida como Princesa das Pontes, uma ponte alta e extensa, por onde passa trens que vão para a cidade de Encantado/RS e também a Vespasiano Corrêa/RS, que seria meu próximo destino. Ali, fiquei sentando em um banco de madeira admirando a construção e tirando algumas fotos.

    Passados 15 minutos olhando a vista na cidade de Muçum, resolvi que era hora de começar minha aventura pela Ferrovia do Trigo. Segui pelo lado esquerdo da ponte por uma estrada de paralelepípedos, caminhando cerca de uns 150 metros, encontrei uma escadaria que leva até o encontro com os trilhos. A partir dali foi só seguir até encontrar o maior viaduto das Américas, o famoso v13.

    Andando pelos trilhos, encontrei moradores do local e parei breves minutos para conversar com eles, buscando a informação de quanto tempo o trem havia passado, eles responderam que havia passado antes do amanhecer e que só iria passar novamente no final da tarde ou a noite, pois como não é época de colheita, o trem passa menos vezes ao dia, em razão da pouca demanda de produtos. Logo a frente, avistei uma estação abandonada, parei um pouco na sombra para descansar e me abrigar do calor forte do sol.

    Seguindo pelo trilhos e contemplando a natureza, comecei a sentir sede, procurei pela garrafa de água que tinha colocado em um bolso externo da mochila, e tive a grata surpresa de, ao tocar o bolso notar que a água que tinha levado, não estava ali, certamente a perdi no caminho. Olhei em volta da ferrovia a procura de fonte de água ou poça, lamentavelmente, tudo estava terrivelmente seco.

    Resolvi continuar a caminhada, andei cerca de mais uns 30 a 40 minutos e achei uma pequena goteira que caia de algumas pedras com musgos bem verdes, para ter certeza, que aquela água era boa para beber, coloquei a mochila ao lado dos trilhos e subi até o alto das pedras para ver de onde vinha aquela água, foi um momento de alívio, mas tinha um pequeno problema, não tinha como tomar a água diretamente da fonte. Então retornei aos trilhos, peguei minha caneca e coloquei em baixo daquela goteira, sentei em baixo de uma árvore e esperei até que tivesse uma quantia razoável de água para beber, esperei por quase 30 minutos para tomar uns 150 ml de água, foi maravilhoso.

    Coloquei a mochila nas costas novamente e continuei andando, agora minha meta não era mais somente chegar ao v13 em Vespasiano Corrêa/RS, mas sim continuar caminhando e torcer para achar outra fonte de água, o sol não dava trégua, havia muitas partes da ferrovia que não tinha nenhum ponto de sombra. Nessas horas que estamos sozinhos, sem nosso maior bem que é água, temos que manter o controle da situação, não se desesperar, pensar positivamente e continuar andando.

    Ao chegar no primeiro túnel da ferrovia encontrei duas coisas que me deixaram muito feliz, a primeira delas era sombra, e a segunda era que tinha poças de água ao lado dos trilhos. Os túneis podem ser um pouco claustrofóbicos, más estar dentro deles depois de caminhar algumas horas sobre o sol forte, faz agente se renovar. A água que encontrei na beirada do túnel não era das melhores águas que queria beber, só de olhar dava medo de tomar, pois era esverdeada e bastante barrenta, nessa hora que temos que confiar nos equipamentos que temos, levei junto comigo o filtro LifeStraw, um filtro de água portátil, que segundo o fabricante, elimina 99,9999% dos vírus e bactérias encontrados na água. Peguei a caneca, lanterna e o filtro e fui andando para dentro do túnel e vendo se tinha alguma outra poça de água menos suja, não achei nenhuma possibilidade melhor de água, o que notei foi que ao entrar cada vez mais no túnel a água na beirada possuía resíduos de óleo. Assim pensei. antes de tomar água com óleo, é preferível tomar a água esverdeada que encontrei no começo do túnel. Peguei aquela primeira amostragem de água, enchi a caneca e quando me preparei para usar o filtro reparei que os trilhos começaram a vibrar, nisso lá no fundo vi uma luz forte se aproximando e um barulho muito forte, de imediato pensei: “é o trem…”. Peguei a caneca com água e o filtro e corri para fora do túnel, quando passou não era o trem, mas sim a Mutuca (veículo de manutenção da ferrovia), então me sentei em cima do trilho e bebi, imagino que 4 canecas de água filtrada.

    Depois de ter tomado toda aquela água me senti renovado, parecia que tinha tomado energético, coloquei a mochila nas costas e então continuei a caminhar sob os trilhos.

    Continuei até chegar no viaduto 11, um viaduto construído com vigas de concreto, metal e madeira. Caminhar sob esse viaduto é um pouco mais complicado do que o restante que já tinha passado, pois ele é aberto dos lados, e não possui “chão”, você caminha diretamente olhando para baixo, de passo em passo, a cada passada o medo e a vertigem se tornam companhias constantes, para entender melhor o que eu estou falando, gravei um vídeo a partir da metade do viaduto.

    Assista o vídeo: Caminhando sobre os trilhos - Ferrovia do Trigo/RS

    Depois de cruzar o imponente viaduto 11, cheguei ao famoso v13, o viaduto mais alto das Américas, a vista de cima é surpreendente, com certeza uma construção magnifica. Mas, já era hora de descer até a base do do viaduto e descansar.

    Para descer é muito fácil, ao fim da extensão do viaduto há uma estrada de terra que leva para a base. Na descida avistei macacos, da espécie Mico, nas arvores. E é nessas horas que nos conectamos com a natureza ao nosso redor. Meu espirito aventureiro estava em êxtase, meu corpo cansado, só queria chegar ao destino, descarregar a mochila, tomar muita água e descansar. Em baixo do viaduto existem dois pequenos barezinhos, quiosque para fazer churrasco e uma ampla área de acampamento. Não é cobrado qualquer valor para acampar, somente é cobrado o valor do quiosque pelo uso. Possui também banheiro e chuveiro quente. O uso do chuveiro é cobrado o valor de R$ 3,00 reais para cada banho.

    Comprei 1,5 litros de água, sentei-me e permaneci conversando com outras pessoas que estavam no local fazendo turismo. Nas ocasião encontrei um casal da cidade de Caxias do Sul/RS, que desejavam permanecer acampados ali durante noite, conversamos bastante sobre atividades que podiam ser realizadas no local. Em virtude que estava quase anoitecendo, eu e o casal optamos por montar as barracas e ajeitar nosso acampamento.

    Depois de armar as barracas começamos a fazer o jantar, o casal me convidou para jantar com eles, fizemos então churrasco com pão, passamos algum tempo numa boa e divertida conversa e após fomos dormir.

    No dia seguinte, ao acordar observei o céu, este estava nublado e estava um pouco frio, a serração estava baixa, impedindo de ver toda a paisagem ao meu redor. Sentei e tomei um bom café da manhã e sai para caminhar e bater algumas fotografias.

    Quando retornei ao acampamento o casal de novos amigos já tinha acordado e estavam fazendo o café. Ficamos conversando por aproximadamente uma hora e resolvi que era hora de desmontar a barraca e organizar minha mochila. Ao terminar de arrumar minhas coisas, meus novos amigos convidaram para ir com eles até em cima do v13. Aceitei o convite, deixei minha mochila em um galpão da empresa chamada V13 Adventure, após solicitar autorização do pessoal que ali estava. Assim fui de carona no automóvel do casal até o topo do viaduto 13. Ao chegar ficamos admirando a neblina ir sumindo gradativamente e revelando cada vez mais a beleza do lugar. O casal seguiu para o viaduto 11, e eu, permaneci ali, sentado em um dos refúgios do viaduto, aguardando a chegada das empresas Gaia Travel e Trekking POA. Permaneci ali sentado por pouco tempo até que a galera chegasse na base do v13, aproveitei para fotografar a subida deles até o topo, onde eu me encontrava.

    Assim que chegaram ao topo do viaduto 13, cumprimentei todos os amigos e seguimos turistando pelas ferrovia do trigo. Veja a seguir algumas fotos dessa aventura nos trilhos.

    Melhor que apenas caminhar na Ferrovia do Trigo, é poder prestigiar com seus amigos o trem passar em cima do viaduto 11.

    Assista o vídeo: Diversão na Ferrovia do Trigo/RS - TrekkingRS

    Depois de caminhar e tirar muitas fotos, é hora de descer de rapel 143 metros no Viaduto 13.

    Se você tiver a oportunidade de arrumar suas malas e ir, vá! E, se for preciso, vá sozinho. Não tenha medo, viva!

    Data do relato: 15 e 16 de Agosto de 2015

    Texto e fotos: Luís H. Fritsch

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    Trekker, mochileiro e viajante, pratica atividades ao ar livre desde do ano de 2000, apaixonado por acampamentos, café e fotografia (maior hobby, fotografar o pôr do sol).

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