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Travessia Marins Itaguaré

Travessia Marins Itaguaré

Travessia clássica do montanhismo brasileiro, com belas vistas durante toda a travessia.

Montanhismo Trekking Acampamento

Desde o início da pandemia, quando nossos planos da expedição ao Ojos del Salado foi frustrado dias antes da partida com o fechamento das fronteiras, tivemos apenas uma pequena expedição aos canions de Santa Catarina. A vontade de estar na montanha só crescia dia a dia... Com a maioria dos parques onde estão as maiores ou importantes montanhas brasileiras fechados ou com restrições, buscamos alternativas. Depois de alguns debates, surgiu a ideia da travessia Marins/Itaguaré. Com pouco (ou quase nenhum) planejamento, marcamos a data da partida - 08 de julho. Inicialmente éramos três, mas com o nascimento rescente da filhinha do Matheus, tivemos a baixa do guerreiro quando o mesmo teve seu alvará de soltura cassado pela esposa. Restaram eu e o Jr Baggio, parceiro de longas datas e ponta firme sempre.

Dia 1 - Viagem

A partida estava prevista para a madrugada do dia 08 mas resolvemos adiantar para o final da tarde do dia 07 de julho após o término de um compromisso do Jr. Mochilas preparadas, carro abastecido, ânimos a mil, partimos logo após às 17h00 de Pato Branco, sudoeste do Paraná rumo a Lorena-SP, mais de 1100km pela frente.

Em Ponta Grossa, paramos para um rápico jantar e seguimos viagem até Cajati-SP quando eram quase 2h30 da madrugada e o sono bateu depois de 630km rodados.

Achamos um hotel na beira da estrada, aqueles que você se arrepende e constata que era melhor ter dormido no carro.

Dia 2 - Chegada a Lorena-SP

Saímos bem cedo de Cajati e continuamos pela Regis até quase 14h quando chegamos ao destino inicial. Almoçamos e fomos ao endereço do AirBnB que reservamos previamente. Descançamos o restante da tarde, quando arrumamos as mochilas para o dia seguinte, saímos para jantar e em seguida, dormimos.

Dia 3 - Início da travessia

Acordamos ainda escuro, catamos uma padaria aberta para tomar um rápido café e rumamos até a pousada Refúgio Marins onde o carro ficaria estacionado.

Logo na saída de Lorena, a Mantiqueira se revelou com a silheta das montanhas no amanhecer do dia.

Chegando lá fomos muito bem recebidos pelo Dito e sua família. Algumas últimas informações coletadas com o Paulo - genro do Dito, nos abastecemos de água e iniciamos a trilha antes das 8h00 da sexta-feira fria, a menos de 10 graus.

Logo o trecho de mato foi vencido e chegamos aos campos de altitude com uma bela vista da Mantiqueira.

Foram aproximadamente 9km de caminhada dura, com muito trepa-pedra, escalaminhada, mas com trilhas bem definidas e sem muita dificuldade.

Chegamos ao morro do careca onde fizemos uma pausa para descanso.

A coleta d'água no único ponto do dia seria a garantia de abastecimento para a noite. A água, de cor escura mas de boa qualidade foi tratada com clorin e, após recobrarmos as forças iniciamos a subida do Marins até o primeiro acampamento num platô da montanha, já que na base estava lotada de barracas devido ao feriado estadual neste dia.

A subida foi dura, com grande aclive e muito trepa-pedra mas finalmente chegamos. Armamos acampamento enquanto muitos subiam para acampar no cume. Por sorte, fomos os únicos que acampamos neste local.

Após tudo pronto, era a vez do ataque ao cume sem peso, o que aconteceu em uns 20 minutos, mas a graça da conquista foi ofuscada pelo excesso de barracas no cume, gritaria e muitos turistas levados pelos guias locais.

Registramos algumas fotos, fizemos o registro no livro de cume e retornamos ao acampamento, onde contemplamos um belo pôr-do-sol acompanhado do silêncio que buscamos na montanha.

A noite, preparamos o jantar e dormimos cedo. Na madrugada, fomos acordados com rajadas de vento que nos obrigou a reforçar as amarras da barraca com pedras.

Dia 4 - O dia mais duro da travessia

Acordamos tarde nesse dia. Era passado das 7h30 quando levantamos, preparamos um café reforçado, desmontamos acampamento e iniciamos a descida ao acampamento na base do Marins. Uma nova pausa para coletarmos água e iniciamos a subida íngrime do marinzinho, onde em pouco tempo chegamos ao cume. Novo registro no livro de cume e seguimos em frente. Acabamos pegando uma trilha errada mas em poucos minutos retornamos ao cume e dessa vez, pegamos o rumo certo.

A partir daí a travessia passa a ser de gente grande. A dificuldade de vencer os obstáculos é cada vez maior e não há muita marcação da trilha, que se resume a poucos totens de pedra pelo caminho. Logo chegamos a uma parede íngrime onde um resto de corda auxilia a descida.

Por recomendação do pessoal lá na pousada, decidimos deixar nossa corda e foi nessa hora que o arrependimento bateu.

Mas vencemos com certa facilidade o obstáculo e auxiliamos uma turma de BH que conhecemos no dia anterior a portear as mochilas.

Seguimos até o cume da pedra redonda onde paramos para um pequeno descanso.

A essa altura, nosso estoque de água já tinha diminuído e sabíamos que a essa travessia é marcada por poucos pontos de coleta. Acabamos parando num local onde achávamos que seria o ponto de coleta e nesse tempo, uma turma de mais de 20 turistas passou a nossa frente, interditando a trilha.

Finalmente chegamos ao local de coleta, porém perdemos mais de 1 hora esperando o pessoal abastecer e seguir adiante. Foi nossa vez de abastecer 8 litros e seguir em frente.

Devido a esse atraso, nosso cronograma acabou sofrendo uma feliz mudança e, como o dia estava acabando fomos obrigados a parar num ponto de acampamento antes do Itaguaré. Feliz mudança pois novamente ficamos sozinhos há 1km antes do nosso destino prévio.

Cansados, com a noite caindo e a temperatura despencando, resolvemos não fazer o jantar e comemos rapi10 com salame e queijo com um café preparado na hora, afinal nós saímos do sul mas o sul não sai da gente.. rsrsrsr

A noite foi muito fria e sentimos os efeitos. Os sacos Deuter Orbit 0 não deram conta. Dentro da barraca estava gelado mas fora, era literalmente de bater os dentes.

Dia 5 - Cume do Itaguaré e final da travessia

Como combinado na noite anterior, acordamos ainda escuro para tomar um café, comer algo, desmontar acampamento e seguir caminho.

Para mim, a parte mais dura foi dobrar a barraca com pedaços de gelo. As mãos congelaram, ficando dormentes por um bom tempo.

Quando iniciamos a trilha, o sol estava pensando em se mostrar no horizonte e logo alcançamos e passamos o grupo de turistas que nos segurou no dia anterior e que estavam aos poucos saindo de suas barracas.

Vencemos dois vales íngrimes e alcançamos o último ponto de camping antes do Itaguaré, que era nosso destino inicial do dia anterior. Por lá, muitas barracas, alguns lixos e até fezes no meio da trilha (sem comentários).

Encontramos alguns parceiros que conhecemos nos dias anteriores. Após breve conversa, seguimos em frente.

Em pouco tempo, chegamos ao colo do Itaguaré, onde deixamos as mochilas e seguimos ao cume. Alcançamos em pouco menos de 20 minutos de caminhada.

Ao chegar no cavalinho, nos separamos. O Jr seguiu até o cume e eu fiquei por ali contemplando a vista. Eu tinha decidido ainda durante o planejamento que não seguiria adiante a partir desse ponto, já que meu joelho esquerdo está brigado comigo.

Após o Jr retornar, iniciamos a decida até as mochilas. Lá chegando, pegamos a trilha até o estacionamento.

Confesso que subestimei essa parte da trilha. A descida é encardida. As rampas de granito castigam as articulações. Logo que chega na área de mata a trilha fica íngrime, cheia de raízes e lisa, onde renderam alguns tombos.

Depois de pouco menos de 2 horas, chegamos ao estacionamento onde fomos recebidos com a tão desejada e sonhada cerveja gelada.

Tomamos umas 3 latas cada um enquanto esperávamos o Paulo, genro do seu Dito que estava chegando para nos resgatar.

Ao retornar ao refúgio, não resistimos ao belo almoço mineiro preparado pela esposa do Dito. Após comermos, carregamos as mochilas no carro e decidimos retornar a Lorena. Dormimos num hotel pois o cansaço unido a idade cobravam o preço.

Depois do merecido banho de quase uma hora cada um, saímos jantar e desmaiamos até às 3h30 do dia seguinte.

Dia 6 - Retorno a Pato Branco

Acordamos às 3h30 da madrugada e pegamos a estrada. Passamos São Paulo antes das 6h30 e não pegamos trânsito pesado. Paramos para um café lá pelas 7h30 e tocamos direto a Curitiba onde paramos para abastecer o carro. Restavam pouco menos de 450km até em casa, objetivo que alcançamos perto das 16h30.

Considerações

  • A maior dificuldade no meu ponto de vista é a pouca oferta de água, principalmente no inverno que é uma época mais seca. Leve uma boa reserva principalmente para o segundo dia, garantindo uma boa hidratação.
  • Diferente de outras travessias ou montanhas pelo Brasil, Marins Itaguaré não conta com nenhuma estrutura de segurança: nenhum ponto de via ferrata ou corda de auxílio em pontos críticos, a sinalização é praticamente inexistente principalmente a partir do Marins... (Nos indagamos durante o percurso como é surpreendentemente pequeno o índice de resgate nessas montanhas.)
  • Os pontos de coleta de água não são sinalizados, então tenha um (ou mais) tracklog de confiança para não passar batido por eles.
  • Se busca tranquilidade, fuja dos finais de semana. No nosso caso, pegamos um feriadão estadual que não tínhamos conhecimento e a montanha estava lotada de turistas.

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Luiz Carlos Piccinin
Luiz Carlos Piccinin

Publicado em 20/07/2021 21:43

Realizada de 07/07/2021 até 12/07/2021

2 Participantes

Viavertical Junior Baggio

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4 Comentários
Junior Baggio 20/07/2021 22:28

Já dá pra repetir, tio? Kkkk

Luiz Carlos Piccinin 20/07/2021 22:32

Tem alvará de soltura expedido?

Junior Baggio 20/07/2021 22:54

100%

Piá Ventura 21/07/2021 09:21

Demais! 🤘🏽

Luiz Carlos Piccinin

Luiz Carlos Piccinin

Pato Branco, PR

Rox
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Sou empresário, montanhista, canoista, ex-paraquedista, fundador da equipe ViaVertical.

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