AventureBox
Create your account Login Explore Home
Marco Gabri 12/20/2021 14:23
    Bikepacking Solo - Serra da Mantiqueira

    Bikepacking Solo - Serra da Mantiqueira

    Ao todo 239km com 5.766 metros de altimetria acumulada, 6 dias pedalando e acampando pela Serra da Mantiqueira.

    Bike Trip Bikepacking Camping

    Bikepacking autossuficiente na serra da Mantiqueira.

    Bikepacking, é uma forma de viajar em bicicleta, levando toda sua bagagem amarrada a bicicleta.

    Por que a serra da Mantiqueira?

    Apesar da baixa quilometragem, a escolha foi por conta de suas belezas e principalmente pela altimetria acumulada em todo o percurso.

    Autossuficiente, pois levei comigo meu sistema de dormir (barraca, saco de dormir), minha alimentação (cozinha completa) e minhas roupas, é claro.

    O que me permitiu acampar e cozinhar em todo o percurso.

    Sendo necessário apenas reposição de água e alguma alimentação no decorrer do caminho.

    Nesse trajeto, circulei a serra da Mantiqueira cruzando diversas vezes as divisas dos estados de MG e SP.

    No sentido:

    Joanópolis SP→ Monte Verde MG→ Gonçalves MG→ São Bento do Sapucaí SP→ Sapucaí Mirim MG→ São Francisco Xavier SP→ Joanópolis SP.

    Foram ao todo 239km com 5.766 metros de altimetria acumulada.

    Roteiro esse, 80% em estradas de terra e 20% em estrada de asfalto/ calçamento.

    O intuito não foi prioritariamente alcançar as cidades descritas, mas sim suas comunidades, distritos, povoados rurais e vilarejos.

    A bicicleta utilizada, foi uma Gravel All Road.

    Foram no total de 6 dias pedalado, sem o intuito de alcançar grandes médias, pois o intuito era desfrutar do caminho e não dos destinos.

    Até porque o peso da bicicleta não me permitia ir tão rápido.

    Foi uma imersão e conexão com a cultura local, com a natureza e principalmente comigo mesmo.

    Pois fiz essa viagem sozinho.

    Houve um minucioso planejamento prévio, pois uma aventura desse porte deve ser muito bem estudada por conta de sua logística, riscos etc.

    Mas foi bum bem executada, onde tudo ocorreu como planejamento, sem incidentes.

    Agora é começar o planejamento da segunda etapa da viagem onde explorarei outra região da mesma serra da Mantiqueira.

    Mas isso só para 2022.

    A título de cultura, Mantiqueira (Amantikir em Tupi Guarani) quer dizer:

    "A Serra que chora".

    Por conta de suas inúmeras nascentes de água.

    1º Dia (Joanópolis SP – Bairro dos Pretos)

    Cheguei em Joanópolis por volta das 14h e optei por seguir até o camping na cachoeira da encantada, bairro dos pretos, pois pretendia seguir para Monte Verde somente no dia seguinte, saindo pela manhã bem cedo e assim ter o dia disponível para pedalar.

    Armei meu acampamento e tratei logo de ir me refrescar na cachoeira da encantada.

    Já a noite, fiz meu jantar e fui dormir cedo, pois sabia que teria uma dura subida para Monte verde no dia seguinte.

    2º dia (Joanópolis SP – Monte Verde MG)

    Acordei cedo, fiz meu café e comecei a desmontar o acampamento e organizar as coisas na bicicleta. Mesmo acordando no horário, o processo de desmontagem e organização da bicicleta demora um pouco, o que fez sair do camping por volta de 8h.

    Já logo de cara, uma subida muito forte me mostrava o que eu teria pela frente, afinal estaria pedalando pela serra da Mantiqueira e lá, o que não é subida, é descida... rsrs

    Terminando essa subida, cheguei em Sabiaúna de cima, bairro rural ainda pertencente a Joanópolis. O terreno ali deu uma aliviada, mas durou pouco...

    Logo vieram outras subidas tão duras o quanto, mas o visual a cada curva, compensava todo o esforço.

    Segui em um ritmo tranquilo até chegar a entrada da fazenda melhoramentos por onde deveria cruzar toda a cultura de eucaliptos. Nesse ponto veio uma tempestade que dificultou muito a pedalada, pois tinha muitos raios e eu estava em meio a uma plantação de eucaliptos sem locais para me abrigar.

    Tratei de ir o mais rápido que pude, para sair logo da tempestade. Chegando na pista que liga Camanducaia a monte verde, optei por seguir direto ao camping, ao invés de passar pela cidade e “turistar”.

    Estava molhado, cansado e com fome, então tratei logo de me ajeitar para descansar e seguir no dia seguinte.

    Já alojado no camping dos bambus, banho tomado e preparando meu jantar, fui surpreendido pelo caseiro do camping com uma porção de trutas fritas, que foi a minha mistura do jantar. Para não dizer que foi o principal...rsrs

    Após o banquete do jantar, fui me deitar, pois sabia que no próximo dia teria uma longa pedalada até Gonçalves e queria estar descansado.

    3º dia (Monte Verde MG – Gonçalves MG)

    Choveu durante toda a noite, mesmo assim acordei cedo e preocupado com o tempo, que demorou, mas abriu... o que me fez sair sentido Gonçalves.

    Em tese seria um dia tranquilo de pedalada, pois estaria praticamente o tempo todo por cima da Mantiqueira.

    Sai do camping e segui pela estrada que me levaria em uma bela descida até os bairros Itaúminas, Ponte Nova, Jaguary de cima e Juncal e vale do carafá.

    Nesse ponto as lindas paisagens me fizeram desacelerar a todo momento e contemplar o visual.

    E depois uma forte subida até São Sebastião das três orelhas, vilarejo de Gonçalves.

    Um lugar bem bucólico e seguido de uma forte descida, cheguei em Gonçalves.

    Por conta do tempo se fechando, fui seguindo direto ao camping para me organizar com o acampamento.

    Chegando no camping, armei meu acampamento dentro de um galpão de madeira, onde funcionava uma espécie de cozinha comunitária, mas como estava só no camping, fui autorizado a ficar ali por conta da chuva que se aproximava.

    Foi quando chegou um casal que estava em um chalé. E o senhor foi logo me perguntando:

    “Era você de bicicleta ali na subida de São Sebastião?”

    Respondi que sim... E ele foi logo me dando os parabéns, pois subir ali com a bicicleta carregada como estava, era para poucos...rsrsrs

    Logo na sequência, ele e sua esposa vieram com uma sacolinha com lanches, frutas, iogurte e coca cola, dizendo que era meu prêmio...

    Aceitei na hora, pois aquele tanto de coisa me virou um jantar e o café da manhã...

    Banho tomado, barriga cheia e ameaça de chuva lá fora, hora de dormir, pois no dia seguinte iria seguir para São Bento do Sapucaí, que apesar da baixa quilometragem, era metade morro acima e metade morro abaixo.

    4º dia (Gonçalves MG – São Bento do Sapucaí SP)

    Durante a noite não choveu, acordei cedo arrumei minhas coisas na bicicleta e segui o caminho.

    Era um dia especial para mim, pois era o dia de meu aniversário e escolhi estar ali como um presente que só eu poderia me dar...

    Sabia que passaria de novo por São Sebastião das Três Orelhas e depois seguiria em uma outra estrada passando pelo bairro do Campestre sentido São Bento do Sapucaí.

    Nesse dia as subidas eram constantes até o marco divisório dos estados MG/SP.

    A partir daí, sabia que era ladeira abaixo até o bairro do serrano já em São Bento do Sapucaí.

    Só não imaginava que eu literalmente despencaria serra abaixo.

    Quando cheguei ao mirante da serra que pude ter a dimensão de tudo aquilo...

    Um mar de montanhas, um visual a perder de vista e de tirar o folego, fiquei realmente emocionado com a grandeza desse lugar.

    A descida para o bairro Serrano, apesar de ser toda em calçamento, é muito íngreme, o que me obrigou a fazer várias paradas ao longo da descida para esfriar os freios e aproveitar para apreciar o visual ímpar daquele lugar.

    Não demorei a chegar no bairro do serrano. Logo de cara encontrei um mercadinho/ cafeteria e restaurante. Onde me dei de presente um prato de arroz, feijão, legumes e brachola...

    Estava bem próximo do camping, onde iria pernoitar, mas segui por mais 6km até o centro da cidade para conhecer.

    De volta, já no camping e temporal armando, pedi para me alojar no espaço coberto da cozinha e fui avisado que chegariam dois escaladores vindos do RJ e que deveria conversar com eles sobre ficar nesse espaço que era de uso comum.

    No meio da tempestade, por volta de 20h chegaram os escaladores, apenas um desceu do carro, o Bebeto.

    O outro optou por dormir no carro. Conversei com ele um pouco, aliás ele também optou por ficar por ali também. Se abrigando da chuva.

    5º dia (São Bento do Sapucaí SP – Sapucaí Mirim MG – São Francisco Xavier SP)

    O dia amanheceu com tempo fechado, o que me deixou preocupado em tomar a chuva pelo caminho, pois seguiria até São Francisco Xavier, passando por Sapucaí Mirim, em um trecho que sairia dos pés da Mantiqueira e subiria a quase 1500 metros.

    tomei meu café e conversei com o Bebeto, cara muito gente fina e experiente escalador, me deu várias dicas.

    Arrumei minhas coisas na bicicleta em meio a conversa e decidi seguir, mesmo com a possibilidade da chuva me pegar no caminho.

    Nesse ponto, voltei ao estado de Minas (Sapucaí Mirim) via asfalto e depois para SP em São Francisco Xavier (distrito de São José dos Campos) todo em estrada de terra.

    Foi um trecho de subida continua até a divisa de estados e dali eu despencaria morro abaixo literalmente até São Francisco Xavier.

    Uma Descida bem dura e técnica, mas com cautela foi feita sem nenhum percalço.

    Já em SFX, descobri que o único camping da cidade estava fechado. Mas na mesma padaria

    Onde eu tomava café, descobri que eles tinham uma pousada/pensão que recebiam pessoas que vinham a trabalho e precisavam de hospedagem barata...

    Descobri que a diária era 15 reais mais cara que o camping que estava fechado.

    Não pensei duas vezes e me hospedei por lá, tudo muito simples. Mas muito além do que eu vinha usufruindo em acampamentos. Fiz meu jantar, tomei meu banho e nesse dia pude dormir em uma cama, a única de toda viagem! Rsrs

    6º dia (São Francisco Xavier SP – Joanópolis SP)

    O último dia!

    Um misto de alegria e tristeza, pois estava terminando.

    A bicicleta já não estava tão pesada, aliás, a dias vinha percebendo que estava cada vez mais habituado a ela.

    Acordei cedo, tomei meu café na padaria e segui sentido Joanópolis, onde se iniciou e onde terminaria essa saga.

    Dia nublado e longo também, com uma subida forte logo no início e depois aquele velho sobe desce digno da Mantiqueira.

    A quilometragem era relativamente alta, mas fui sem pressa, pedalando tranquilamente.

    Pois pretendia passar mais uma noite na cachoeira do encantado e ir embora só no dia seguinte.

    Cheguei cedo e ainda aproveitar para tomar um banho revigorante na cachoeira. Fiz meu jantar e armei o acampamento debaixo do quiosque, a 20 metros da cachoeira pois a chuva estava chegando...

    E pretendia dormir ao som da queda d’agua.

    6º dia (Joanópolis SP – São Paulo SP – Araras SP)

    Hora de voltar pra casa...

    Meu ônibus sairia as 14h da rodoviária de Joanópolis, então sai tranquilo, por volta de 10h da cachoeira, sentido a cidade. Tinha pela frente a última grande subida e também descida até o centro da cidade.

    Pausa para umas fotos, e um almoço regrado no restaurante da praça e aquela preguiça de ir embora que me deu tempo de passar o filme de toda viagem pela cabeça. A sensação de dever cumprido, alívio por ter ocorrido tudo como planejado era o que me confortava nesse momento, mas a saudade da família já apertava meu coração também.

    Aliás minha gratidão a minha família: minha amada Fernanda, meus filhos Jorge, Zeca, Filó, Chico e Mumu pela paciência, compreensão, por torcerem por mim e principalmente esperarem ansiosos meu retorno.

    Além de todos aqueles que cruzaram meu caminho, me dando água, amparo e apoio durante todo o meu percurso.

    O mundo é bom, as pessoas são boas e estão sempre dispostas a te ajudarem, de uma forma ou de outra.

    Quando você viaja em bicicleta, você está vulnerável e as pessoas reconhecem isso, são sempre solicitas com você.

    Não acreditem no que te dizem, saia para o mundo, viva intensamente e aproveite cada segundo. Você será recompensado, o universo conspira sempre a favor.

    Marco Gabri
    Marco Gabri

    Published on 12/20/2021 14:23

    Performed from 12/11/2021 to 12/17/2021

    Views

    663

    4 Comments
    Fabio Fliess 12/20/2021 14:38

    Parabéns Marco!!! Curti demais o relato. 👏🏻👏🏻👏🏻 Abraços.

    Marco Gabri 12/20/2021 15:02

    Valeu Fabio, obrigado

    1
    Daniel Greg 12/20/2021 20:48

    Muito Bacana o seu relato ! Em 2017 fiz parte deste trajeto e tome subida e descida!!

    1
    Marco Gabri 12/20/2021 20:56

    Muitas...rsrs

    Marco Gabri

    Marco Gabri

    Araras

    Rox
    127

    @manogravel Um Marco, Uma bicicleta e Uma vontade incontrolável de Conhecer o mundo...

    Adventures Map