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Myka Oli 11/02/2020 19:36 com 1 participante
    Travessia Serra Fina

    Travessia Serra Fina

    Travessia realizada com Rogério, Eduardo e Rodrigo Molinha em Setembro de 2019.

    Montanhismo Trekking Acampamento

    Iniciamos os preparativos, pesquisando mapas e relatos para termos a travessia na mente como um filme, só de ler, eu, como sou um pouco detalhista, procurava vídeos das montanhas, e do trajeto, procurando sempre decorar as “erradas” comuns.
    Até que a semana ia terminando e comecei a montar a minha cargueira na terça feira, combinei com o Rodrigo de dividirmos as alimentações, como ele já iria comprar os liofilizados para ele, pedi para comprar os meus junto, e assim dividiríamos os valores. Tudo esquematizado, pensamos na logística, de como iriamos de Santos e decidimos irmos com o veiculo do Rodrigo. Então, tudo pronto, na quinta (05/09/2019) minha cargueira já estava fechada. Combinado de encontrar o Rodrigo as 18:20 em santos, cheguei no horário, e ele já estava me aguardando. Seguimos para o ponto de encontro, encontrar o Rogério e o Eduardo e chegamos em cima do horário, onde decidimos se alimentar com algumas porcarias antes de iniciarmos o trajeto, e ai, lembramos do saco de dormir que o Rogério iria me emprestar e fomos busca-lo. Pouco após as 20:00 estávamos saindo de Santos rumo a Passa Quatro. Onde o Rogerio havia reservado um Hostel com o seu amigo Guto que estaria nos aguardando. No trajeto, paramos em um posto de parada pouco mais que as 22:00 e nos alimentamos, em uma das paradas o veículos do Rodrigo deu uma pane elétrica e o seu motor de arranque não tinha vontade de acordar, então, decidimos fazer a famosa pegada no “tranco” como eu sou mais levinha, fiquei encarregada e em menos de 3 metros empurrados, fizemos funcionar e assim seguimos até o Rodrigo que havia trabalhado o dia todo e estava acordado desde as 4:00am começou a dar indícios de cansaço e pescou na direção passando em seguida a direção para mim, continuamos até chegar na estradinha de mão dupla e com pouca iluminação que chega até a cidade de Passa Quatro – MG, nesse momento o Rodrigo já estava em sono profundo e não presenciou nosso sufoco para visualizar a estrada, de copiloto o Eduardo, com muito sono também, e o Rogerio conversando comigo a fim de distrair a tensão, me localizava apenas pelos “olhos de gato” da pista, que de um lado tinha e de outro não, até que deu tudo certo e conseguimos chegar na cidade tranquilamente por volta das 1:20am onde nos direcionamos para a casa do Guto pegar a chave do hostel para uma ultima verificada na cargueira e umas horinhas de sono. Eu preferi dormir sem banho e toma-lo assim que acordasse para iniciar a trilha limpa, pensando que ficaria mais 4 dias sem ele, então, alinhei com o Rogerio alguns itens, que iria e o que não iria utilizar, deixei minhas panelas mas levei um gás e o fogareiro, deixei meu shit-tube para trás a fim de dividir com o Rodrigo, pois o dele é um pouco grande e seria suficiente pra nos, então coloquei uma parte da comida dele na minha cargueira, para divisão de pesos. E como iria dividir barraca com ele, levei as varetas também e todas as câmeras fotográficas. Depois de tudo ajeitado, pesando a cargueira ela estava com 12,5kg com apenas 1,5l de agua, e duas garrafas vazias, para na toca do lobo encher. Então parti para o sono as 2:30 para acordar as 4:00 pois nosso resgate estava marcado com a Patrícia da” Adventure Transfer” às 5:00am, como planejado, tudo certo.

    As 5:10am estávamos embarcados para dar inicio a trilha as 6:00am onde a Patrícia nos informou de algumas novidades da cidade, de alguns grupos que conhecemos em comum e de que ela estaria na Pedra da Mina no Sábado, dia da nossa segunda noite, então iriamos nos encontrar lá para alguns registros. As 06:00am ela nos deixou e iniciamos o trajeto.

    Começamos ali nossa caminhada, rindo, descontraindo, mas no fundo um pequeno frio na barriga com medo do que tinha lido e relido sobre a travessia, mas pelo fato de ter pesquisado bastante sobre o trajeto estava um pouco confiante e em boas mãos pois confio nos meus amigos, e de imediato, com a alvorada gelada ainda e o orvalho nas plantas, o Rogério pediu para que eu fosse na frente com o Rodrigo, derrubando as águas das plantas a fim de evitar que ele e o Eduardo se molhassem tanto, tomei a frente e fui identificando o trajeto até chegarmos na Toca do Lobo, onde há uma linda corrente de agua e uma caverna pequena com alguns opiliões e buracos, parecidos com tocas de morcegos, bem interessante. Mas confesso que olhei um pouco e já sai com receio de algo surgir dali.

    Depois, abastecemos as garrafas e continuamos a pernada, onde já começa a ficar um pouco íngreme, até avistarmos as primeiras montanhas a nossa frente, onde o frio na barriga foi aumentando e a duvida se eu aguentaria, aumentando, pois a subida íngreme e o peso da mochila com os 4,5 de agua já estaria pesando no primeiro dia, a duvida se aguentaria os outros três era grande. Mas insisti e rebati o pensamento negativo, confiante estava, e quando cansava, olhava para trás e via os meus parceiros com a respiração ofegante e vi que o meu cansaço não estava só e me confortava. Estávamos pesados, o Rogerio sedentário (diz ele), então, se ele estava sedentário, estávamos no mesmo ritmo. As 6:30am estávamos no rumo ao Cruzeiro onde se avista o pé do Quartzito onde chegamos as 7:20am em uma pernada boa para aquecer. Subimos sob as nuvens e quando olhamos para trás, largar a mochila era um brinde e iniciamos os registros daquela imensidão de nuvens e montanhas de encher os olhos de alegria e coragem.

    E foi ali que eu percebi que era capaz de ir até o fim, que a cada passo a natureza me presenteava com um gesto, e aquelas nuvens, pareciam sorrir para nós, e mais ou menos 20 min de registros, com sinal de celular tive a sorte em publicar um vídeo do momento com a cara de superação e o largo sorriso; continuando a caminhada, e a contemplar a paisagem em uma breve parada avistamos duas pessoas a se aproximar de nós, onde um chegara mais rápido apenas com uma mochila de ataque, nos alcançando e parando para se apresentar, onde nos informou que iria fazer um ataque ate o CA e que havia trago mais um rapaz que iria fazer a travessia solo, no mesmo esquema que nós de 4 dias e 3 noites, e então continuamos com as fotos até o outro rapaz (James) chegar em nós, onde nos cumprimentamos e trocamos algumas informações sobre a travessia, e então nos disponibilizamos a ajudar caso ele precisasse de alguma ajuda, onde perguntamos se ele tinha um apito, e ele desse que havia esquecido e o Rodrigo como sempre anda com um reserva, lhe entregou um e disse para caso precisasse, estaríamos logo atrás, e assim, ele prosseguiu, solo, com a sua cargueira do tamanho do mundo, pesando em média 20kg, então, continuamos e em poucos minutos perdemos ele de vista nas montanhas e então eu preocupada com o James, lembrava dele a cada instante e comentava do quão corajoso ele é, e do tamanho da experiência que ele deve possuir... Continuamos até chegarmos aos pés do CA decidimos fazermos uma pausa para lancharmos e se hidratar e para recarregar as garrafas de agua para a Pedra da mina no dia seguinte, eu com 4,5 e coloquei mais um garrafa de 500ml na lateral, mas como os bolsos são de difícil acesso, íamos bebendo as do Rogério que é de fácil acesso e íamos repondo a cada parada.

    Passado o descanso, nos ajeitamos e continuamos a subida, Rogério na frente, eu atrás dele e Rodrigo, Eduardo em seguida, e em um leve descuido, com a cargueira pesada com 5 litros de água me desequilibrei e acabei escorregando no trecho das cordas, onde se vê nitidamente o quão íngreme estávamos, por sorte, meu amigo Rodrigo estava preparado para me segurar e acabei caindo sobre ele, onde até para se ajeitar e procurar apoio foi difícil, mas por estar com os bastões, consegui apoiar, pois as pedras soltas com lama impossibilitavam em firmar o pé, então, me equilibrei ali, sujando-me pernas, braços e mãos e segurando nas cordas, onde consegui sair daquele trecho, e o Rogério já estava esperando eu chegar para alguns registros, e então, continuamos.

    Quando o segundo trecho, mais simples que o primeiro, passamos e então ao olharmos a nossa direita, enxergávamos a PM nitidamente e ao pensar que iriamos andar até lá no outro dia, me dava calafrios, pois, de todos os relatos que eu li, diziam ser o mais complexo e difícil, mas estufei o peito e alcançamos o CA as 14:35 onde o James já estava com acampamento montado se escondendo do sol nos capins, então cumprimentamos ele e fomos montar nosso acampamento, preparar nosso jantar e então admirar o por do sol como recompensa daquele dia cansativo.

    Nosso amigo Eduardo, estava tão exausto que dormiu e não presenciou o por do sol, preferindo colocar o sono em dia e descansar bem... eu, Rodrigo não perderíamos aquilo por nada. Tiramos muitas fotos, muitos registros e muitos vídeos...


    Nos recolhemos, e eu e o Rogerio ficamos um bom tempo conversando na barraca e olhando as fotos, rindo dos momentos e das caras de cansaço nas fotos, o vento estava tão gelado que não saímos mais da barraca, e então dormimos. As 5:40am o Rogerio já estava acordado, pois brigou a noite toda com o isolante inflável que parecia uma bexiga raspando na parede na barraca. Eu acordei algumas vezes com a movimentação da sua briga, mas não demorava muito já voltara a dormir. Levantamos e iniciamos os preparativos para o café, fiz minha higiene pessoal, tirei a roupa limpa e sai para contemplar o nascer do sol. Onde tínhamos companhia de mais 3 homens que dormiram no acampamento antes da subida do CA e então dividimos espaço para as fotografias. Lindo demais, onde tiramos o Eduardo da barraca no tapa (modo de dizer) para contemplar aquele presente.

    Tudo pronto, registros feitos então iniciamos nossa caminhada para a Pedra da Mina, onde a altitude pela travessia é sentida drasticamente em relação a subida via Paiolinho, e então James foi na frente, onde o Rogerio como já sabe todas as erradas, explicou que deveríamos sair do CA mais para a esquerda para evitar cairmos numa errada que acaba num abismo vertical de uns 50 m, nem muito à esquerda para não desandarmos para o Tijuco Preto. Então tudo certo, descemos nos apoiando no que havia pela frente, muitos bosques de bambuzinhos, e muita pedra solta... chegamos ao Maracanã e aceleramos o passo para evitar pegarmos o sol direto na cabeça ao meio dia no Melano. Nosso plano era apertar o passo, e chegar antes das 16:00 na PM a fim de conseguirmos boas suítes para nosso conforto, e lembrando que a Patrícia da Adventure Transfer havia nos comunicado que iria subir no mesmo dia que nós pelo Paiolinho, e então seguimos rumo ao Melano...

    onde avistamos o CA para algumas fotografias com os dedinhos no topo dele e pouco mais de 11hrs estávamos no seu topo, onde conseguimos avistar a PM cada vez mais próxima e então no entra e sai dos bosques na ultima descida antes de chegar aos pés da PM escutei alguns gritos com o Eduardo, e sem saber de qual direção, paramos e ficamos procurando por alguns minutos, os gritos continuaram no intuito de localizarmos, e então sem sucesso na localização continuamos a caminhada até chegarmos no riozinho onde encontramos o James descansando e fugindo do “sol nervoso” como havíamos feito na subida do CA, espelhado na nossa técnica de esperar o sol diminuir, nos aguardou, e então decidi tomar banho, onde tímida, levei uma garrafa de 2litros e me escondi no meio dos capins, descalça, e com a troca de roupa e os itens na mão me escondi e consegui tomar meu banho rápido sem molhar o cabelo, pois, não havia tempo suficiente, James já iniciou o trajeto se despedindo e então terminado o banho na hora de retornar para o local de descanso, um capim entrou entre meus dedos e acabou cortando profundamente meu dedinho, sangrando de imediato, causando uma poça de sangue em segundos, me preocupando pois havíamos PM para subir e mais um dia inteiro de caminhada, mas como um bom amigo, Rogerio me tranquilizou e pediu para lavar, colocar um algodão para diminuir o sangue, fiz, deu tudo certo, me troquei, ajeitei a cargueira, abastecemos nossas garrafas de agua, rumo ao ultimo bosque onde o Rogerio pediu uma pausa e continuamos até ele voltar, continuei na frente pois o sol não estava fácil e então Rodrigo e Eduardo me acompanharam, onde ao chegar em uma pequena laje, sentamos e beliscamos alguns doces e nos hidratamos até o Rogerio nos alcançar para então continuarmos;

    o Rogério e o Rodrigo brincando de quem conseguia chegar primeiro no topo, subiram disparados, e eu economizando minhas forças como uma pessoa sensata, continuei meus passos lentos e firmes para não me desgastar, pois o sol já estava muito forte, onde conversando com o Eduardo, seguimos lado a lado.

    Até que avistamos o Rogério descendo para buscar minha cargueira que sem duvidas eu não iria entregar. Continuamos nós três a subir e chegamos a PM as 15:20 onde nossa meta era até a 16:00, estávamos com tempo e opções de suítes para montarmos, escolhemos uma bem abrigada com medo de ventos e tempestades ao lado de um espaço onde poderíamos fazer nosso jantar. O Rogério já ajeitou a montagem da barraca, enquanto eu o Rodrigo fomos para os registros, muitas fotos, muitas poses, o céu estava lindo, até que não resisti e chamei o Rogério para abandonar a montagem do equipamento e participar dos nossos registros, o Eduardo ficou na montagem mas logo apareceu para algumas fotos também, quando avistamos a Patrícia e seus amigos se aproximando do pé da PM e o Rogério foi recepciona-los, ajudando a carregar a sua cargueira.

    Tudo pronto, acampamento armado, comida nos planos, eu e o Rodrigo iniciamos os preparos antes do Por do sol, fizemos um risoto e uma carne com azeitonas liofilizada, que deu para comer, logo mais tarde, tínhamos combinado com o James de fazermos fondue de queijo do lado da sua barraca. Então, teríamos que deixar um espaço, pois tínhamos que comer o pão italiano que eu estava carregando desde o primeiro dia na mochila antes dele endurecer de vez. Iniciando a alvorada, o céu começou a ficar colorido e as pessoas começaram a aparecer, inclusive um grupo com umas 10 pessoas, onde se acomodaram onde fizemos nossas refeições, se acomodaram onde deu, pois estavam fazendo a travessia em 3 dias. Então uns 3 grupos que estariam acampando no pé da PM apareceram também, onde todos reunidos esperando o por do sol. Eu aproveitei e corri trocar de roupas, colocar as roupas limpas e já se preparar para a baixa de temperatura que sempre ocorre depois do por do sol, dito e feito, roupas trocadas, quentinha, a temperatura despencou...

    ..registros feitos, e a galera começou a descer para os acampamentos e nós para nosso fondue, tínhamos convidado a Patrícia, mas ela estava com itens para o seu strogonoff então preferiu dar uma atenção dobrada a ele. Iniciamos nossos preparativos, e nos juntamos ao James, onde estava terminando o seu jantar, conversamos um pouco e ele sempre tímido, sempre em silencio. Tiramos uma foto no escuro com as lanternas vermelhas que marca esse momento...

    ...logo, todos satisfeitos e a temperatura caindo, seguimos para as barracas, eu e o Rogerio ficamos horas olhando nossas fotos e rindo dos momentos, situação muito especial, porque esses momentos não saem da minha cabeça, nossa proximidade e cuidado uns com os outros me deixa com o coração transbordando gratidão por eles. Assim, decidimos dormir, onde pegamos no sono e as 3:00am acordei desesperada para ir ao banheiro e o Rogerio já estaria acordado achando que estava clareando, engraçado que quando olhou o relógio até assustou, era o céu, iluminado como se tivessem lamparinas sob nossas cabeças, as estrelas brilhantes que pareciam que estávamos a poucos metros delas. Então, rimos, e me agilizei a levantar e ir ao banheiro com o Rogerio, fomos, e tiramos uma foto linda da cidade clara, e das barracas montadas naquela montanha linda.

    Voltamos para a barraca e voltei ao sono pouco depois. As 5:00am o Rogerio já estava pronto para a alvorada e começou a nos acordar as 5:30, e as 6:00 eu já estava pra fora da barraca, toda vestida com todas as vestimentas pois o frio estava grande, tiramos algumas fotos no totem, e na ponta da montanha, algumas fotos antes do sol surgir e não demorou muito ele aparece e nos aquece, algumas fotografias conseguimos enquadrar ele nos nossos dedos, como se tivéssemos pegando ele em nossas mãos.

    Registro feito e o Rogerio nos apressando para o café, onde o grupo que estava fazendo a travessia em 2 dias havia levantado acampamento e partiram as 7:30AM, comemos e aceleramos, fiz minha higiene pessoal e partimos as 8:30am quando avistamos o grupo da travessia de dois dias subindo pela trilha que da acesso a trilha via Paiolinho, esperamos eles chegar e fomos conversar para ajudar, onde eles disseram ter confundindo a descida e assim, o Rogerio como experiente nas saídas daquela montanha, ofereceu acompanhar eles até a cascatinha onde iriamos parar para tomar um banho. Dito e feito, iniciamos a parte do Ruah muito rápido, passamos pelas poças de lama, até eu pisar e meu pé afundar na altura do joelho e ai percebi que precisaria de um pouco mais de cautela naquela parte, fui pisando nas pedras que colocaram no caminho e me equilibrando com o bastão e assim, chegamos nas tocheiras de capim onde é literalmente um ninho de rato, mas como o Rogerio conhece aqueles caminhos como a casa dele, foi margeando o rio, ate chegarmos na cascatinha, assim, nos despedimos do grupo, eles coletaram agua e o Rogerio passou algumas coordenadas para prosseguir com cautela e eles estavam cientes que se houvesse algum problema estaríamos próximos, pois iriamos pernoitar no Pico dos 3 estados. Despedimo-nos, e eles seguiram o trajeto, e nós fomos para nosso glorioso banho na cascatinha onde o termômetro registrou a temperatura de 11 graus, estava sol, calor, mas mesmo assim, senti meus pés doerem, ficamos em media 40 min brincando de tirar foto naquele paraíso, onde eu não queria mas acabei mergulhando para o banho de batismo da SF com as calças do Rogerio, pois a minha estava seca e ele já havia molhado a dele, cômico, sim, tirei a parte das pernas e virou short, mas não ficou menos engraçado.

    Nos trocamos, enchemos todas nossas garrafas e então continuamos nossa caminhada rumo ao pico dos três estados, onde avistávamos o grupo entrando e saindo dos bosques, e assim, esperançosos que haveria lugar suficiente para nós naquela montanha, já que o grupo da nossa frente iria estar de passagem apenas.

    Começamos a pegar a encosta do Ruah, trilha bem marcada e já começamos a avistar o Cupim de Boi, onde eu toda hora confundia com cabeça de boi e o Rogerio me corrigia, e eu caia na gargalhada, continuamos subindo e descendo pequenos morros e sem novidades já era possível admirar o pico dos Três Estados e ao lado os Camelos, Picu ( onde era nosso referencial de final da trilha no ultimo dia), e da Cabeça de Touro que longe parecia ENORME e quando estávamos próximo, ficou pequenininho, alinhando uma pequena vontade de subi-lo. Quem sabe um dia... Continuando todos pesados, admirando aquela imensidão de verde, onde paramos para nos hidratar e comer alguns beliscos, a fim de calibrar nosso corpo com energia e ganhar um folego para o que estava por vir, continuamos a subir até que chegamos ao cume e eu fiquei esperando mais, com aquela cara de “Rogerio, cadê o difícil?” como ele sempre diz, mamãozinho, mas só que não. Estávamos a 2.665 metros de altitude e para nós não foi cansativo, pois estávamos com treinos em dia, mas para pessoas despreparadas, é uma baita pernada.

    Ajeitamos-nos, escolhemos os locais de acampamento, o James já estava com tudo pronto, com a sua bela câmera nas mãos, fazendo alguns registros da alvorada... o Rogerio adiantou a montagem da barraca e nos unimos para os registros no livro e fotografias no totem onde faz a divisão dos estados de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro. Ficamos tirando fotos e mais fotos, nos abrigamos ao lado da nossa barraca antes de dar o horário do por do sol, e começamos a preparar nossos liofilizados para jantar e dividimos as tarefas, fizemos o inventário de agua para o dia seguinte e separamos 2 litros para cada para a descida do dia seguinte.

    Fizemos mais alguns registros, entrei na barraca trocar de roupa e fazer minha higiene pessoal enquanto o Rogério guardava as coisas do jantar...tudo pronto, roupa trocada, quentinha, alguns registros e nos recolhemos... Eu estava ansiosa para o fim, pois não aguentava mais a sensação de cabelo sujo, pois o único banho “marromenos” foi na cascatinha, mas não utilizei sabonete e nem shampoo na água, pois bem... ficamos olhando as fotos até pegar no sono, e por volta das 21:00 eu dormi, acordando as 6:00 assustada achando que dormiria demais, e o Rogério já estava preparado para o café, ajeitamos as coisas para frente do totem, e começamos a preparar a crepioca, leite ninho com farinha de amendoim, castanhas, nutela e queijo. Café da manhã de Deuses... fiz alguns registros do Rogerio fazendo as Crepiocas, do Eduardo admirando o nascer do Sol, James nos registros com a sua super câmera, e o Rodrigo fazendo mais leite...todos alimentados, começamos aos preparativos de desmontagem de acampamento e me lembro bem do Rogerio comentando para mantermos sempre juntos pois os trechos a seguir tinha muitas erradas que precisaria de um pouco mais de cautela. Alinhamos com o James nossa partida, e ele nos informou que o seu resgate estaria agedado para as 13:00 e o nosso para as 15:00, onde deveríamos chegar até o alto dos ivos para comunicar o resgate para dar tempo, o Rogerio pediu que eu, Rodrigo e Eduardo tomássemos a frente para descobrir a trilha sozinhos, fui puxando e um pouco mais de 30 min avistávamos bem o bandeirante, com muitas bifurcações, precisa-se um pouco de cautela nesse trecho, havia lido noutro relato, que as bifurcações deveriam levar sempre para a esquerda, onde chegaria ao paredão do bandeirante, errei uma e entramos numa tocheira de capins, todos confusos, sugeri voltarmos pelo mesmo caminho e descobrir onde foi o erro, solucionado, conseguimos encontrar o erro, e então chegarmos a conclusão que o grupo anterior havia feito o mesmo que nós, e então prestando atenção no caminho, havia algumas marcações que eles tinham deixado. Continuamos e superado o Bandeirante, chegamos no Alto dos Ivos e comunicamos a Patrícia nossa localização, continuamos e chegamos nos quilômetros finais, economizando agua rumo ao sitio do Pierre, todos juntos, até que o Rogerio tomou a frente e eu Rodrigo, Eduardo ficamos por ultimo, fazendo companhia para nosso amigo James, onde nos enchia de orgulho em olhar o tamanho de sua mochila e a sua determinação... Chegamos ao Luciano, vendinha onde vende mel, pastel, cerveja e coca cola. Onde corremos nos afogar em uma coca cola gelada, e então, Patrícia adiantou o nosso trajeto e estava nos esperando ali mesmo. Colocamos as mochilas no carro, oferecemos carona ao James e com aquele sorriso largo de vitória, fomos pendurados do lado de fora do carro durante o percurso, segurando o estribo do carro e sentindo a brisa da floresta no rosto, rimos, nos divertimos até chegarmos e deixarmos o James na vendinha onde o seu transfer já aguardava, nos despedimos, e agradecemos por tal experiência e pela companhia agradável que ele se tornou para nos e muito mais que isso, por nos mostrar o quão vitoriosos nós somos. E abençoados por vivermos cada segundo de suor e alegria nas montanhas a fora.

    Myka Oli
    Myka Oli

    Publicado em 11/02/2020 19:36

    Realizada de 06/09/2019 até 08/09/2019

    1 Participante

    Rogério Alexandre Francis

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    3 Comentários
    Marcelo A Ferreira 11/02/2020 19:42

    Travessia inesquecível

    mandou bem, Myka!!

    Douglas Dessotti 12/02/2020 00:57

    Parabéns, ótimo relato 👏🏼

    Myka Oli

    Myka Oli

    Rox
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