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Mata Atlântica - Biodiversidade e riqueza florestal

    A Mata Atlântica é considerada um dos hotspots mundiais da biodiversidade. Conheça suas principais características e sua imensa riqueza.

    Nos Alpes
    27/05/2021 11:22

    Mata Atlântica - Biodiversidade e riqueza florestal

    O bioma Mata Atlântica possui uma rica biodiversidade que é o lar para inúmeras espécies de fauna, flora e ao ser humano. Está presente em 17 Estados do território brasileiro. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, a Mata Atlântica originalmente abrangia uma área de aproximadamente 1,3 milhões de km². E conforme estudos da SOS Mata Atlântica, devido a ampla exploração de seus recursos para o estabelecimento humano (cerca de 72% dos brasileiros vivem nesse bioma), hoje restam aproximadamente apenas 12% de sua área original, tornando-o o bioma brasileiro mais ameaçado.

    Apesar da sua intensa exploração a Mata Atlântica é considerada um dos hotspots mundiais da biodiversidade. Os hotspots são áreas com grande biodiversidade, ricas principalmente em espécies endêmicas, e que apresentam alto grau de ameaça. De acordo com o livro The Atlantic Forest of South America, a Mata Atlântica abriga de 1 a 8% da biodiversidade mundial. É classificada como uma Reserva Mundial da Biosfera pela UNESCO.

    Mata Atlântica expressa em números

    Sua riqueza é apresentada em números expressivos, que de acordo com a SOS Mata Atlântica, possui cerca de 15,7 mil espécies de plantas, sendo 8 mil endêmicas, ou seja, que só ocorrem nesse bioma. São 992 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 350 espécies de peixes, 270 de mamíferos e 200 espécies de répteis. De acordo com o livro Recuperação ambiental da Mata Atlântica essa imensa biodiversidade é possível pois esse bioma apresenta uma grande variação latitudinal (de 5º a 25º de latitude sul) e de altitude (desde o nível do mar até acima dos 1.000 m.s.n.m ).

    Devido sua ampla abrangência no território nacional, este bioma apresenta características distintas de acordo com alguns fatores. São ele o clima, solo e relevo, que criam subdivisões dentro do bioma. Essas subdivisões são conhecidas como unidades fitogeográficas, que podem ser florestais ou não florestais.

    Foto: Renan Zoch

    Formações florestais da Mata Atlântica

    Floresta Ombrófila Densa (FOD)

    No Brasil essa formação ocorre nas encostas orientais da Serra do Mar, da Serra Geral e Vales da região leste do Planalto. O termo Floresta Ombrófila Densa foi criado por Ellenberg e Mueller-Dombois (1967) e substituiu o termo Pluvial (de origem latina) - que era utilizado anteriormente - pelo termo Ombrófila (de origem grega), ambos com o mesmo significado: “amigo das chuvas”.

    Portanto essa unidade é fortemente marcada por uma elevada precipitação, bem distribuída ao longo do ano (a média anual de dias secos varia entre 0 a 60 dias), e por temperaturas médias em torno dos 25º C (IBGE, 2012). Estas condições climáticas favorecem essa unidade a ser uma das mais exuberantes dentro do bioma. Tanto em relação a flora quanto em relação a fauna, abrigando inúmeras espécies endêmicas e ameaçadas.

    Sua vegetação é formada por grandes árvores que podem atingir mais de 35 metros de altura, além de uma grande diversidade de outras formas de vida, como palmeiras, epífitas (orquídeas e bromélias) e lianas (cipós). Devido essa grande diversidade esse ambiente foi alvo de intensa exploração de madeira, palmito, plantas ornamentais, aves, peixes e pequenos mamíferos.

    Foto: Renan Zoch

    Floresta Ombrófila Mista (FOM)

    Popularmente conhecida como Floresta com Araucária ou Mata dos Pinhais essa unidade é marcada pela coexistência de representantes das floras tropical (afro-brasileira) e temperada (austro-brasileira), sendo a espécie Araucaria angustifolia um elemento característico dessa vegetação. Na língua Guarani a Araucária é conhecida como Curiúva o que, literalmente, significa “a árvore do pinhão”

    De acordo com o livro Floresta com Araucária - Ecologia, Conservação e Desenvolvimento Sustentável, no Brasil essa unidade ocupa os planaltos sulinos dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ocorre também em algumas disjunções nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Sua presença é observada em altitudes que variam de 200 a 1500 m.s.n.m.

    A região de ocorrência dessa floresta é bem delimitada por um clima temperado, com alto índice de chuvas e geadas frequentes. Em toda sua área de distribuição raramente registra-se menos de 1.400 mm de chuva por ano, podendo chegar a 2.450 mm na vertente oeste da Serra do Mar e nos rios Uruguai e Iguaçu. A temperatura média anual é sempre inferior a 18ºC, e a média mensal pode atingir valores inferiores a 10 ºC nos meses mais frios e superiores a 20 ºC nos mais quentes.

    Conforme o artigo "Conservação da Floresta com Araucária no extremo sul do Brasil", infelizmente o histórico de desmatamento da Floresta com Araucária não é nada animador. Atualmente a FOM é a unidade fitogeográfica mais ameaçada do país. E de acordo com o livro "As florestas da América do Sul: ecologia, composição e importância econômica" isso se deve pois, por décadas, o principal produto florestal do Brasil foi a Araucária. Na década de 1970, chegou a ser exportado cerca de um milhão de metros cúbicos de toras de araucária.

    Foto: Zig Koch

    Floresta Ombrófila Aberta (FOA)

    Na Floresta Ombrófila Aberta a vegetação é como o próprio nome diz, mais aberta e sem a presença de árvores que fechem as copas no alto. Ela é considerada um tipo de transição da Floresta Ombrófila Densa. Ocorre associada à um clima que apresenta um período de 2 a 4 meses de seca por ano, com temperatura média de aproximadamente 25 ºC. Estados como Minas Gerais, Alagoas e Espírito Santo são alguns exemplos de onde se pode encontrar essa formação.

    Floresta Estacional Semidecidual (FES)

    Essa vegetação possui dois períodos anualmente bem marcados, um de chuvas e outro de seca. Tais características climáticas são apontadas como fatores determinantes pela perda de folhas de cerca de 20% a 50% dos indivíduos no conjunto florestal, devido a resposta ao período de deficiência hídrica, ou à queda de temperatura nos meses mais frios (IBGE, 2012).

    Essas florestas são normalmente compostas por indivíduos que atingem até 40 metros de altura, com fustes retos e grossos, como é o caso da Peroba-rosa (Aspidosperma polyneuron). Porém quando comparada com as Florestas Ombrófilas, essa formação é bem mais pobre em relação a diferentes tipos de formas de vida, apresentado poucas epífitas e lianas em grande densidade de indivíduos, mas pertencentes a poucas espécies.

    Floresta Estacional Decidual (FED)

    No Brasil essas formações ocorrem em duas situações bem distintas: uma delas na zona tropical, onde ocorrem estações chuvosas seguidas de longos períodos de seca. A outra situação é encontrada na zona subtropical, sem período seco, porém com inverno mais frio (temperaturas médias mensais menores ou iguais a 15 ºC). Portanto pode-se identificar a Floresta Estacional Decidual em grandes áreas descontínuas localizadas, do norte para o sul, entre a Floresta Ombrófila Aberta e o Cerrado. De leste para oeste, entre a Caatinga do Sertão Árido e a Floresta Estacional Semidecidual. E no sul, na área subtropical no vale do Rio Uruguai, entre a Floresta Ombrófila Mista e os Campos Gaúchos (IBGE, 2012).

    Assim como a formação da Floresta Estacional Semidecidual, essa tipologia também apresenta indivíduos que perdem folhas nos períodos mais desfavoráveis, porém, nessas florestas isso ocorre com mais de 50% dos indivíduos.

    Formações não florestais da Mata Atlântica

    Também fazem parte da Mata Atlântica as formações não florestais de mangues, restingas, campos de altitude e brejos interioranos (Lei da Mata Atlântica, 2006).

    Apesar de não se tratarem de florestas, estes ambientes apresentam grande importância ecológica e servem de habitat para inúmeras espécies da flora e fauna, tanto ameaçadas quanto endêmicas. Um bom exemplo disso pode ser observado no trabalho de Gustavo Martinelli (1996), autor do livro Campos de Altitude, que estudou 6 trechos de ocorrência de campos de altitude nas Serras do Mar e da Mantiqueira, onde detectou taxas de endemismos variando entre 12 e 22% em cada área, um valor considerado elevado quando comparado a outros ambientes naturais.

    Porquê devemos conservar a Mata Atlântica?

    Apresentados todos os ecossistemas que compõem o Bioma Mata Atlântica, nós precisamos entender quais são os benefícios obtidos em manter tais áreas em bom estado de conservação. Abaixo são listados alguns desses benefícios:

    • Regulação do clima;
    • Proteção das escarpas e encostas serranas;
    • Proteção do solo;
    • Manutenção da biodiversidade;
    • Fonte de alimentos e plantas medicinais;
    • Fonte de lazer e ecoturismo;
    • Controle do surgimento de zoonoses e doenças infecto contagiosas. (entenda a relação em nosso artigo, aqui

    Foto: Zig Koch

    Apesar da imensa importância que esse bioma apresenta e da grande necessidade de conservá-lo ainda existem pessoas que pensam diferente. No dia 24 de abril de 2020 o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Novo), encaminhou ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) minuta de decreto propondo a exclusão de alguns tipos de formações vegetais da regulamentação da Lei da Mata Atlântica. Com o novo decreto o Ministro excluiria as formações não florestais da proteção da Lei da Mata Atlântica. Com esse afrouxamento da lei o bioma sofreria uma redução de aproximadamente 110 mil km².

    Sabendo dos inúmeros benefícios que a Mata Atlântica nos traz e que atualmente resta tão pouco dela, precisamos fazer algo imediatamente. Juntos precisamos nos posicionar e proteger a Mata Atlântica.

    Artigo escrito pelo Grupo Montanheros. Conheça mais em @grupomontanheros

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    Publicado em 27/05/2021 11:22

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    2 Comentários
    Tata cabeleireiro 04/06/2021 23:55

    Ótimo artigo 👏🏿👏🏿👏🏿

    Nos Alpes 05/06/2021 14:15

    Valeu Fernando! Escrito com muito amor e carinho pela nossa Mata amada :)

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