AventureBox
Crie sua conta Entrar Explorar Principal
Caminho da Fé - dia 02

Caminho da Fé - dia 02

Andradas/MG > Taguá (Ouro Fino)/MG

Trekking Hiking Montanhismo

Histórias e acolhimento pelo caminho

Acordar cedo também faz parte da nossa rotina peregrina!

Naquela manhã, acordamos cedo, nos preparamos e nos juntamos aos outros peregrinos para o café da manhã.

Foi o momento de encontrar toda a turma do padre e Ana, uma peregrina experiente, que já fez o caminho de Santiago e que é voluntária em projetos sociais pelo mundo.

O Rafa a conheceu no dia anterior e havia comentado sobre seu voluntariado na África.

Tivemos poucos minutos para conversar, mas no pouco tempo que conversamos, percebi como tenho muito o que aprender com as pessoas, com suas experiências e principalmente com o caminho.

Nos despedimos do Wagner, e com o coração apertado partimos para nosso segundo dia!

Naquele momento senti que ali estava se formando uma nova família.

Uma família movida por um grande propósito: viver o caminho!

Seguimos as setas amarelas e logo já havíamos deixado a cidade para trás.

Tudo era novo, e aqui dentro havia um grande frio na barriga!

Ainda no asfalto, encontramos o grupo do Padre.

Junto deles duas mulheres com a Cindy, uma Golden linda; e um rapaz que seguia sozinho, o Cris.

Na verdade só vim a saber o nome deles mais tarde, durante o caminho.

É engraçado, me sentia como uma criança em seu primeiro dia de aula, conhecendo os novos amiguinhos.

Uma das moças, a que estava com a Cindy, era a Lara, psicóloga e escritora que estava percorrendo o caminho para apresentar seu livro - Histórias, vivências e milagres no Caminho da Fé. Neste livro ela conta a histórias dos donos das pousadas

Foi dela que ouvimos, mais tarde, a história da Dona Natalina.

Aproveitando que estávamos todos juntos, fizemos uma foto coletiva.

Foto feita, partimos, agora sim, rumo a estrada de terra que nos levaria ao próximo desafio: a Serra dos Limas.

Quando o asfalto vai chegando ao fim, avistamos lindas parreiras de uva e uma grande vinícola.

Adentramos na estrada de terra e sob muita poeira, começamos a avistar inúmeras plantações de café.

Foi como voltar no tempo e reencontrar minhas memórias de infância, quando meus pais e avós cultivavam café.

Aquele cheirinho!! Ah, quantas lembranças!

Por um longo período caminhei ao lado do Padre Alcindo.

Que pessoa maravilhosa!!

A conversa fluiu levemente permeando assuntos como família e casamentos, e assim seguimos por um longo período.

O grupo era acompanhado por um carro de apoio, o qual parava de tempos em tempos para abastecer os peregrinos com água e frutas.

Mas o caminho se faz ao caminhar, e com o passar do tempo fomos nos distanciando do grupo do Padre Alcindo e já começamos a avistar a famosa Serra dos Limas, que embora curta, desafiaria nossa coragem e determinação naquele dia.

Na verdade, isso foi o que eu pensei naquele momento, pois eu nem sonhava que um desafio maior estava por vir.

Desde o primeiro dia, entendi que cada um deve seguir no seu ritmo, por isso, não me importava em ficar para trás nas subidas, o que acabou acontecendo com grande frequência durante todo o caminho.

Rafa e Cris seguiram na frente, e eu vim logo atrás.

Após uma curva, avistei os dois me esperando sentados em uma gruta à beira da estrada. Logo pensei: eba, água!!

Mera ilusão!!

A torneira estava seca, mas aproveitamos o degrau da gruta para descansar e fazer um lanchinho, até porque o que a gente mais fez no caminho foi comer!

Ficamos ali um tempo e logo chegou um casal de caminhonete. Eles estavam acompanhando algumas pessoas que estavam treinando para o caminho.

Isso é uma das coisas que mais me surpreendeu no caminho, a facilidade de conhecer pessoas e saber suas histórias.

Não me lembro se eles nos disseram seus nomes, mas me recordo que eles ficaram surpreendidos de ver que estávamos fazendo o caminho sem apoio, carregando nossas próprias mochilas, algo que pra gente era tão normal.

O papo estava bom, mas precisávamos seguir.

E assim lá fomos nós, devagar, passo a passo, parando às vezes para recuperar o fôlego, para admirar a paisagem e a linda plantação de café.

Eu estava de boca aberta com aquela plantação! As ramas do cafezal estavam carregadas de café madurinho, em tons de amarelo e vermelho. Estava lindo!

A todo instante, lembrava do meu pai e queria muito que ele estivesse ali para ver tudo aquilo comigo.

Com ritmo reduzido, logo fomos alcançados pela equipe do Padre; e pelos meninos do Rio, Ricardo, Arnaldo e Cristian, que seguiram na frente.

Quando chegamos ao final da serra nos deparamos com todo mundo reunido e um mirante de tirar o fôlego!

Era nossa primeira grande vista, lá de cima das montanhas.

Ficamos ali por um longo tempo, até que todos partissem e pudéssemos ficar em silêncio, admirando aquela paisagem que fez nosso coração bater mais forte!

Fiquei emocionada vendo aquele vale, aquelas montanhas, e me senti extremamente grata por aquele momento!

O silêncio só era interrompido pelo cantar dos pássaros e pelo zunido do vento.

A paz, literalmente, reinava ao nosso redor.

Como eu estava precisando daquilo!

A vida corrida, a cobrança dos tempos modernos e o imediatismo acelerado, estavam roubando minha paz nos últimos tempos, e estar ali, me deixando ser tocada pelo silêncio e energia daquele lugar, foi como um remédio, me trazendo a cura imediata!

Mais uma vez seguimos, descansados e animados!

O sol forte e o ritmo da caminhada aqueciam nosso corpo.

Começamos a descer tendo em mente uma próxima parada para descanso, e quem sabe um almoço, na Pousada da Dona Natalina.

Descemos por estradas empoeiradas, passando por capelinhas com bica de água fresquinha, riachos tranquilos e mais um tiquinho de subida.

Já estávamos famintos quando realmente chegamos a Dona Natalina.

Lá encontramos Ana esperando por suas amigas; a Lara com Cindy e sua amiga; o Junior - de Bike; um homem que fazia o caminho carregando a própria barraca na mão e outras pessoas que não chegamos a conhecer.

Logo na entrada da Pousada tem um pequeno estabelecimento onde o seu Bento vende bebidas, doces e outras coisinhas.

Quando chegamos todos já haviam almoçado, mas Dona Natalina já foi logo nos preparando um almoço quentinho.

Arroz, feijão, ovo frito, carne de porco e salada de tomate!

Que delícia!!

Comida de verdade no meio do dia!

Teria sido incrível se eu não tivesse virado um vidro de pimenta sobre o meu prato.

Coisas de Dani, mas no final deu tudo certo!

Ficamos por ali um tempo descansando, arejando os pés e ouvindo a Lara ler a história da Dona Natalina, descrita em seu livro.

Não teve quem não se emocionou!

Dona Natalina recebe peregrinos em sua casa há muitos anos, e um certo dia, alguém passou por ali e avisou que encontrou uma moça e um homem no caminho, e eles estavam vindo para o almoço. Ao chegar na pousada, Dona Natalina perguntou à moça sobre seu companheiro. A moça, espantada, disse estar sozinha.

Naquele momento todos se perguntaram: seria Jesus acompanhando aquela moça pelo caminho?

Histórias e mistérios que permeiam aquelas estradas, e que as tornam ainda mais lindas!

Parar é bom, mas se demorar muito não é tão bom assim!

Naquele dia exageramos no tempo de pausa, e sentimos isso na pele ao final do dia.

O caminho segue lindo!

Na Barra, paisagens que parecem ter saído de um conto de fadas, enchem nossos olhos e nos fazem viajar.

Seguimos confiantes, mas já pensando no próximo desafio: o Morro do Sabão.

Pobre de mim que pensei que a Serra dos Limas era a parte mais difícil do dia!

Mas no caminho não tem como fugir, é enfrentar ou desistir.

Resolvemos enfrentar!

Pausa na bica para reabastecer a água e sebo nas canelas!

E haja sebo!!

A subida faz jus ao nome.

Apesar de curta, é extremamente íngreme e desafiadora!

Se estava difícil subir andando, imagine o pessoal da bike.

Ali não teve pra ninguém! Todo mundo subindo com a língua de fora!

Mas como tudo na vida passa, aquele desafio também passou!

Seguimos rumo a nosso destino - a pousada Santa Catarina, em Taguá.

As plantações de café continuavam adornando o caminho, coloridas de tempos em tempos por lindos pés de limão cravo carregadinhos.

O sol começou a descer, ao chegar no topo da última subida, avistamos ao longe uma pequena Vila, Crisólia, por onde passaríamos no próximo dia.

Contemplamos os últimos raios de sol passando por entre os pés de café e seguimos caminhando até chegar, já quase sem luz, à casa da Sônia e do Sr. Zacarias.

Sônia veio ao nosso encontro com os braços abertos e um sorriso largo estampado no rosto, nos fazendo sentir o aconchego de um lar.

Que delícia de recepção!!

Essas são as maiores riquezas do caminho!

Chegamos exaustos mas felizes!!!

28 km de Andradas a Taguá, onde cada passo foi vivido intensamente, e cada detalhe absorvido profundamente.

Outra grata surpresa foi encontrar os meninos do Rio, e o Junior ciclista.

Ricardo, Arnaldo e Cristian haviam chegado mais cedo e já descansavam por ali.

Na mesa queijo, café e uma garrafa de pinga!

Depois de muito bem acomodados e banho tomado, ao redor da mesa a prosa seguiu animada, regada a uma pinguinha e histórias engraçadas.

Xaninha, a gata, foi logo se empoleirando no colo do Rafa.

Sônia se desdobrava entre o fogão e o tanque, onde botava nossas roupas para serem lavadas, sempre sorridente e participativa. Não deixou de jeito nenhum que a gente a ajudasse.

No caminho temos o privilégio de ter nossas roupas lavadas, por isso não são necessárias mais do que duas trocas de roupa. Enquanto uma está limpa, a outra está sendo usada.

Nesse clima de casa, fomos agraciados com um delicioso jantar.

Arroz, feijão, linguiça, ovo, salada de folhas e de beterraba.

Que delícia!

O papo seguiu animado, mas fomos vencidos pelo cansaço.

Cada um seguiu para seu quarto, e numa cama quentinha, descansamos gratos!

O meu caminho da fé
O meu caminho da fé

Publicado em 31/07/2021 18:30

Realizada de 11/07/2021 até 12/07/2021

2 Participantes

Dani Garbiatti Cris Cosetto

Visualizações

1070

2 Comentários
Samanta Silva 16/08/2021 15:06

Acompanhando a trilha! Que lindo 😍

O meu caminho da fé 18/08/2021 10:55

Ah que bacana!!

O meu caminho da fé

O meu caminho da fé

Rox
110

Por onde o vento soprar no Caminho da Fé! Para descrever todas as sensações, pensamentos e experiências do Caminho da Fé, o meu caminho de fé!

Mapa de Aventuras


Mínimo Impacto
Manifesto
Rox

Fabio Fliess, Peter Tofte e mais 442 pessoas apoiam o manifesto.