Antes de mais nada, explico aqui ao leitor que a foto da capa é da vista da Sal da Terra mas foi tirada em outro dia em que o tempo estava mais aberto que o dia deste relato. A vista lá é linda e a via vale tanto pela escalada como pela paisagem. Além disso, quero agradecer ao Alessandro, meu colega e também monitor do Centro Excursionista Brasileiro pela parceria. Ele compreendeu minha insegurança em guiar usando móveis e com tempo corrido, e guiou tudo (já havia falado pra ele dessa possibilidade), além da paciência e calma já características dele.

Segue algumas dicas e opiniões pra quem pretende fazer a dobradinha algum dia. A primeira delas é, se você não conhece as vias, especialmente a "Lugar ao Sol", e a Pedra da Gávea não for um lugar de tão difícil acesso pra você, de forma que você possa voltar em outro momento, não faça esse esquema de dobradinha na primeira vez. A Lugar ao Sol é um via muito maneira e que merece ser feita com calma. Tem enfiadas difíceis/delicadas. Acho que a dobradinha vale como treino mas não indico pra uma primeira vez nela.

Deixamos o carro em um recuo na Estrada do Joá, o mais perto da entrada da trilha que por sua vez fica mais ou menos na altura do nº1244. O carro fica meio largado ali, se não tiver seguro não recomendo (Rio de Janeiro né). Começamos a trilha da Sal da Terra por volta das 6:30; chegamos na base da Sal da Terra por volta de 7:20. A trilha pra chegar na base da Sal da Terra pelo Joá é de orientação meio difícil porque a mata é muito aberta e nos tracklogs disponíveis nem sempre as pessoas fizeram um bom caminho. Dá pra se orientar usando eles mas você pode acabar varando mato em alguns pontos. Existem umas marcações de fita em árvores e totens mas muito espaçadas e portanto difícil de seguir. Por isso não recomendo essa trilha no escuro (já não foi fácil “no claro”). Eu já tinha feito anteriormente a trilha com pessoas que já tinham ido e quase não tinha varado mato (mas perdi esse track); dessa vez a gente não demorou muito mais mas varou muito mato.

Terminamos a via por volta de 9:15, tentamos ser ágeis pois ainda tinha a outra via pela frente. Mais detalhes da via podem ser vistos no croqui (link abaixo).Da parada dupla final saímos por uma trilha a direita. O Alessandro queria ver as bases de outras vias que começam ali perto do final da Sal da Terra: C100 e Aquarius. Então fomos andando bem devagar e analisando tudo, em direção à base da Lugar ao Sol. A trilha era bem definida, tínhamos um tracklog e uma foto de uma árvore bem característica para reconhecer a base, então chegamos sem problemas. Se tivéssemos ido direto acho que não daria nem 20 min de trilha. Chegamos na base da Lugar ao Sol às 9:55. Reconhecemos facilmente onde é a base por conta da foto de um amigo que veio meses antes e por isso vou colocar a foto dele aqui, ajuda muito para ter certeza que está no lugar certo.

Legenda: Base da via "Lugar ao Sol", foto de outro dia.

Devemos ter começado a escalar essa 2a via por volta das 10h. Chegamos na P3 da Lugar ao Sol ao 12h, na P6 às 13:45. A 6a enfiada (saindo da P5 para a P6) tem que atravessar uma florestinha e não é necessário ir no esquema escalada; pode manter encordado mas ir andando junto pra chegar no anfiteatro e recomeçar a escalada dali. Tem uma base bem boa. Se for no esquema um de cada vez, é necessário que ambos cheguem na base do anfiteatro antes de começar a escalar.

Chegamos na P9 às 16h, o que foi um alívio. Eu estava preocupada de chegar ai com luz pois uma amiga já tinha me alertado que a saída da via não era trivial (e não é mesmo). Ao chegar na P9, que é a parada final, você ainda não está num lugar seguro. Dessa parada você tem que pegar uma diagonal para a DIREITA, ainda na pedra, mas passando por um mato na pedra. Atenção porque é MUITO fácil seguir pelo caminho errado (é meio intuitivo tentar tocar pra cima mas não é pra cima!!).

E não tem mais chapa para se orientar, é fácil e não tem mais chapa, ai você segue nessa diagonal à direita até tocar na face mais vertical da pedra. Se a gente tivesse feito isso direto a gente teria terminado antes, mas mesmo com as dicas que eu tinha, ficamos inseguros do caminho certo e liguei pra um outro amigo que tinha ido com essa amiga e que me deu as dicas perfeitas pra eu ter certeza do caminho.

Acabamos chegando na trilha secundária só às 16:30 e de lá pra trilha normal da Pedra da Gávea é bem rápido. O ponto que sai na trilha normal é onde começa a via de escalada Passagem dos Olhos, logo antes da Carrasqueira. Nesse ponto desencordamos e desequipamos. Descansamos e comemos um pouquinho antes de descer. Chegamos no final da trilha já era mais de 18h e pegamos um uber pra resgatar o carro que ficou largado na Estrada do Joá.

Croqui das vias:

https://www.escaladas.com.br/via/id/5893/Via%20O%20Sal%20da%20Terra

https://www.escaladas.com.br/via/id/8796/Um%20Lugar%20ao%20Sol

Resumo objetivo:

Começamos a trilha da Sal da Terra por volta das 6:30.

Começamos a escalada da 1a via às 7:30.

Terminamos a Sal da Terra umas 9:15.

Chegamos na base da Lugar ao Sol às 9:55 (mas é bem rapido e fácil de uma pra outra se a pessoa for direto, não dá nem 20 min, a gente demorou porque estavamos com tempo e ficamos tentando identificar as bases da C100 e Aquarius).

Fim da Lugar ao Sol às 16:30.

Termino da trilha da Pedra da Gávea às 18h.

Dicas: não faça a dobradinha sem lanterna, leve muita água e muito lanche e evite dias muito quentes pois pega bastante sol.