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1ª Semana On-line de Montanhismo Ultraleve

    Breve resumo sobre a primeira SOLMU, de 30/6 a 5/7 de 2024 - na foto, mochila para 3 dias de caminhada, autonomo

    No transcorrer dos 6 dias da semana de 30/6 a 5/7 uma intensa jornada

    de palestras abarcando desde os fundamentos e conceitos da filosofia

    do Montanhismo Ultraleve até as ações a se tomar quando as coisas

    resultaram mal. Tratou-se de comunicação eficaz e de baixo custo, dos

    prós e contras dos diferentes sistemas de vestimentas e abrigos, desde

    barracas, tarps e bivaques, de como reduzir o peso ao máximo gastando

    o mínimo no cenário brasileiro. Os diferentes sistemas de cozinha e

    algumas das receitas clássicas e leves foram trazidos à discussão com

    suas vantagens e fragilidades inerentes. Foram apresentados

    fornecedores nacionais e seus processos de desenvolvimento, discutido

    como a comunidade UL pode contribuir na evolução dos equipamentos

    frente às restrições que o mercado nacional apresenta.

    Após as considerações da Priscila Passos, organizadora dessa primeira

    edição virtual, os trabalhos foram iniciados com a palestra do Rodrigo

    Rodrigues sobre a história do montanhismo ultraleve “Introdução do UL

    no Brasil”, mediada pela Passos, onde apresentou-se os conceitos

    envolvidos, os percussores dessa mentalidade, entre eles nosso bravo

    Sérgio Beck, quiçá o primeiro médico brasileiro a sistematizar a parte

    de PS em trilhas e montanhas. Alguns paralelos entre a evolução da

    prática ultraleve, bem como as motivações entre os diferentes

    cenários, aqui e no exterior foram traçados.

    O escritor Marlon Schunk (Associação da Serra Geral Montanhismo-

    ASGEM) trouxe na palestra Experiências em Travessias de Longo Curso

    suas percepções sobre essa modalidade de trekking, a gênese do Caminho

    das Araucárias e os desafios que as grandes extensões impõem ao

    esportista, notavelmente contornadas com o emprego da filosofia UL. As

    experiências do escoteiro são objeto de seu livro “NO CAMINHO DAS

    ARAUCÁRIAS”, discorrendo sobre os pouco mais de 500 km atravessando

    toda a região de cânions do sul foi e relatando aspectos históricos,

    geológicos e culturais das terras percorridas. A apresentação teve,

    com a mediação da Priscila, foco nos aprendizados de mentalidade UL e

    equipamentos que os dois anos de preparativos somados aos 22 dias em

    campo trouxeram ao escritor – montanhista – escoteiro.

    A paranaense Avi Rocha (Alto Estilo) com a mediação da Priscila Passos

    trouxe, em sua apresentação, Mochila UL e Sua Evolução, a história do

    desenvolvimento dos produtos da marca desde os momentos iniciais da

    empresa, focada em produtos para escalada até o momento atual, em que

    a linha de produtos recebe atualização frequente, com as melhorias

    identificadas pela equipe de desenvolvimento e pelos usuários de teste

    de desde os primórdios da empresa. As limitações que os processos de

    produção de inovações precisam lidar, desde a etapa de conceito,

    protótipo, desenvolvimento de fornecedores nacionais – valor para a

    Alto Estilo, validação de materiais, ajustes nos equipamentos, testes

    de campo, produção em escala e marketing foram abordados, ilustrando

    as complexidades envolvidas e explicitando que a superação desse gap

    entre o “produto desejado” e o “produto disponível” apenas pode ser

    superado através da intensa e efetiva comunicação entre os usuários

    (esportistas) e os desenvolvedores (empresas).

    Estado hospitaleiro por natureza, a Bahia mostra-se propícia para o

    montanhismo UL pelo clima ameno, além de áreas belíssimas para a

    prática do trekking. Na palestra, Chapada Diamantina, Arredores

    Travessias Longas, Peter Tofte e Marcelo Melo (CEU) apresentaram

    trilhas na Chapada Diamantina, nas Serras Altas e na Serra de

    Jacobina, focando naquelas de longo curso e mais selvagens. Também se

    tratou dos equipamentos UL recomendados e dos riscos percebidos nesses

    locais.

    Da sabedoria da minha saudosa Vó Graziela, fiquei com o aprendizado de

    que “saco vazio não para em pé”, então tratei de acompanhar

    atentamente a palestra do segundo dia, Sistema de Cozinha e Receitas

    pela dupla Felipe Vitória (OmaGear) e Rodrigo Rodrigues. Iniciaram

    apresentando os sistemas de cozinha mais presentes no rol de

    equipamentos UL para, em seguida, passar algumas receitas “clássicas”

    obtidas com emprego de alimentos liofilizados ou desidratados.

    Escapando ao extremo da postura perdulária que por vezes vicia o

    esportista, o hebiatra Rodrigo Rodrigues, com a mediação da Dianna

    Almeida, tratou na palestra UL Mão de Vaca, o “como” montar um

    conjunto de equipamentos leves, otimizando cada real dispendido. Mais

    do que indicar equipamentos ou marcas, critério per si inadequado às

    melhores escolhas, apontou alternativas e abordagens funcionais para a

    aquisição dos materiais, pensando nos materiais acessíveis no mercado

    nacional.

    Na quarta, Rogério Alexandre (Malucos da Amantikir – MDA) e Márcio

    Salvatti trataram do tema Comunicação e Segurança em duas palestras

    complementares e sequenciais, uma primeira generalista e voltada às

    diversas formas de comunicação disponíveis para o esportista, seguida

    de um aprofundamento orientado ao emprego de uma rede legalizada de

    radiocomunicação. Discorreu-se sobre o emprego de meios

    analógicos/mecânicos como apitos, sinais visuais corporais ou

    luminosos, livros de registro nos cumes e nas bases das trilhas.

    Equipamentos como celulares, comunicadores satelitais e

    radiocomunicadores foram apresentados e comparadas suas vantagens e

    limitações. A questão da clareza na transmissão das informações foi

    trabalhada frente às possíveis divergências na toponímia dos atrativos

    visitados, bem como na conveniência do conhecimento pelos praticantes

    de atividades outdoor do alfabeto fonético da OTAN.

    Na quinta feira, foi a oportunidade de conhecer melhor as tecnologias,

    qualidades pretendidas e limitações atuais nos Sistemas de Abrigos e

    Vestimentas, na qual a dupla Rodrigo Rodrigues e Marlon Machado

    apresentou de forma ampla e, ainda assim minuciosa, os balizadores de

    desenvolvimento de barracas, tarps, bivaques e roupas. Apresentou-se

    as características intrínsecas dos materiais, as complexidades de

    processamento e emprego no mercado nacional e, de forma prática, quais

    conjuntos de equipamentos se mostram mais oportunos para as realidades

    brasileiras.

    O último dia de palestras da semana foi iniciado com a temática “Bike

    Ultraleve” com o cicloativista Douglas Silva apresentando o emprego da

    filosofia UL no cicloturismo. Considerando que, por vezes, as

    distâncias envolvidas nessa atividade são bastante expressivas e que a

    propulsão humana tem restrições discorreu-se sobre diferentes

    abordagens quanto ao arranjo dos equipamentos na bicicleta, as

    dificuldades e estratégias na questão dos acampamentos e lida com as

    diferentes dificuldades vividas a bordo de uma magrela. A mediação do

    Marcelo Melo, do Centro Excursionista Universitário - CEU trouxe

    contrapontos, percepções e experiências complementares, enriquecendo a

    discussão.

    Na sequência, o médico e montanhista Alexandre Charão, do Clube

    Excursionista Carioca discorreu sobre o emprego da mentalidade UL no

    tocante às atividades verticais, na palestra Escalada Ultraleve,

    apresentando materiais nacionais e abordagens alternativas às

    clássicas para a redução de peso.

    Concluindo o rol de palestras da 1º SOLMU, a segunda palestra do

    Charão, trouxe o conceito de mínimo peso à um elemento tão crucial

    quanto descuidado nas mochilas de muitos montanhistas: a parte de

    Primeiros Socorros, uma abordagem UL. Discorreu sobre os eventos mais presentes nas

    atividades outdoor, estratégias de minimização e contingenciamento.

    Baseado em sua experiencia em montanhismo e na formação acadêmica, o

    médico estimou o peso de kits minimalistas, cobrindo as principais

    necessidades de um aventureiro, em 200 gramas para 4 pessoas por 5

    dias. Considerou-se, para essas estimativas um “leigo treinado”, ou

    seja, alguém não profissional de saúde, mas que tenha absorvido os

    conhecimentos necessários para proceder o primeiro atendimento à uma

    eventual ocorrência.

    Após a sequência de perguntas, a Priscila procedeu ao encerramento do

    evento, conclamando que os montanhistas interessados no trilhar

    responsável, busquem informações nos clubes de montanhismo, como o

    Centro Excursionista Universitário- CEU, o Clube Excursionista Carioca

    – CEC, o Clube Paranaense de Montanhismo – CPM e o Clube Alpino

    Brasileiro – CAB.

    Destacou aos montanhistas interessados na filosofia UL e que pretendam

    reduzir o peso de suas cargueiras, maximizando o conforto e a

    segurança que podem se informar através dos canal do Youtube Graxain

    Congelado ou dos andandoleve@gmail.com e Brasileltraleve@gmail.com. O

    grupo de WhatsApp Montanhismo Ultraleve, organizador desta 1º SOLMU e

    do encontro presencial no Itatiaia em 2023, congrega entusiastas na

    filosofia e iniciantes. Também se deliberou pela hospedagem das mídias

    produzidas durante a semana nas páginas

    https://www.ultralevebrasil.com e

    https://semana-ultraleve.blogspot.com/.

    Conforme conheci mais amiúde o universo do montanhismo ultraleve, uma

    singularidade me chamou atenção: dos percussores da aplicação e

    divulgação dos princípios, a maioria tem formação médica: Beck,

    Rodrigues e Charão. O Maurício, do Graxain Congelado, por sua vez, é

    engenheiro. Apenas coincidência ou essas carreiras demandando grande

    precisão e assertividade nas ações e decisões, tornariam esse zelo com

    os gramas consequência natural? Seja como for, agradeço a cada um, no

    seu tempo e na sua dedicação pelos (muitos) ensinamentos.

    Para finalizar esse texto, teço uma loa à Priscila Passos que, frente

    aos contratempos que tornaram inviável a execução do segundo encontro

    presencial, não se entregou e buscou soluções se desdobrando para

    concatenar os muitos desafios envolvidos na organização desta 1º

    SOLMU. Os registros de acessos e participações tornam evidente o

    acerto da solução adotada e trazem alvissareira expectativas para os

    eventos futuros, em modo presencial ou virtual.

    Rogério Alexandre Francis

    Rogério Alexandre Francis

    Santos e SP

    Rox
    543

    Montanhista de FDS, engenheiro de formação, aficionado por historia, geografia e biologia. O cume não pode ser a maior alegria da pernada.

    Mapa de Aventuras


    Mínimo Impacto
    Manifesto
    Rox

    Bruno Negreiros, Fabio Fliess e mais 452 pessoas apoiam o manifesto.