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Tati da Mata 17/09/2015 15:46
    Surfing my Californian Dream

    Surfing my Californian Dream

    Durante 3 meses vivi intensamente cada segundo neste lugar que respira o "lifestyle" que tanto amo: SURF.

    Surfe

    Desde adolescente esta era uma viagem dos sonhos!

    Vou tentar ser breve, mas resumir 3 meses de uma vivência intensa na Califórnia não é tarefa fácil para mim.

    Sempre fui uma estudiosa sobre a Califórnia, via filmes, reportagens, livros, guias, mapas, me informava com pessoas que já conheciam o local. Na minha adolescência assisti um seriado que se chamava O.C. Um estranho no Paraiso, que se passava na cidade de Orange County na Califórnia, mostrava lugares alucinantes, como Laguna Beach, Newport Beach, eu assitia e dizia para mim mesma: um dia ainda vou conhecer todos estes lugares.Filmes de Surf então, já sabia o nome de vários picos de cor. Nunca pensava ir para outro lugar se não a Califórnia.

    Foram muitos anos planejando, sonhando, juntando grana. Inúmeras vezes a viagem foi adiada, ora por doenças de família, ora pela crise financeira no país, trabalho, visto negado com curso de inglês pago! Mas nunca desisti, como aliás dificilmente desisto de algo que desejo muito. Início de 2012, uma grande amiga minha que morava há mais de 6 anos em Santa’ana, C.A., me ligou via Skype e disse: “Tati, tem que vir pra cá, vamos nos mudar este ano, é agora ou nunca!”

    Essas palavras foram uma verdadeira faísca para reacender meu fogo. Em 3 meses, por conta própria consegui meu passaporte europeu, o que me livrava da tortura de tentar novo visto, comprei as passagens e embarquei dia 23 de maio de 2012. Aliás para muitos que tem essa possibilidade corram atrás. A vida toda escutei as pessoas dizendo: você vai ter muito trabalho, demora anos, vai gastar muito dinheiro para ter um passaporte de outro país. Por conta própria, consegui, primeiro tirar a documentação do meu pai, nascido em Portugal e em seguida a minha também estava prontinha.

    Passaporte na mão, passagens compradas e minha amiga me aguardando e lá fui eu. Não consegui relaxar e acreditar que a viagem estava se concretizando até passar pela imigração no Aeroporto de N.Y, onde fiz escala. Então, quando finalmente o carimbo foi dado no passaporte, tive vontade de sair pulando na frente do oficial, mas me contive!

    Chegando lá fui recebida pela minha amiga que sempre foi parceira de surf quando morava no Brasil. Não podia ter melhor anfitriã, a Vivi, que agora se tornou a Sra. Messinovich, pois se casou com um bósnio e por motivos adversos estava afastada do surf, mas quando cheguei lá, essa foi um dos meus maiores orgulhos: voltar a fazer um surf em companhia da minha sempre parceira de quedas no Brasil.

    No caminho do aeroporto para casa, já minha primeira visão da paisagem que me fez chorar: o píer de Hunginton Beach. Inexplicável a sensação e dali em diante essa sensação se repetiu inúmeras vezes, em cada paisagem e lugar que descobria.

    Devidamente instalada numa casa mega confortável, me apossei de uma bike que algum dos antigos moradores daquela residência deixou de “presente” para mim, aquela que seria minha fiel escudeira e principal veículo de locomoção para os próximos 3 meses.

    Naquela região da Califórnia praticamente todas as vias contam com as “bike lines” e isso facilitou meu acesso, tanto para a escola que ficava em Irvine e para as praias.

    A principal via que pegava praticamente todos os dias ficava entre as praias de Newport Beach e Huntington Beach. Pedalava em média de 10 km todos os dias, e poderia pedalar mais 10, pois curtia cada paisagem, cada cheiro, cada cor que a “califa” me apresentou.

    Claro tratei de comprar um celular com GPS, mas que muitas vezes me deixou na mão em meio a caminhos totalmente desconhecidos, mas aproveitava estes momentos para “desenrolar” meu inglês, pedir informações e foi assim que me vi em alguns dias totalmente adaptada!

    Após 6 dias da minha chegada à Califórnia, finalmente consegui uma prancha para surfar, afinal esse era o foco da viagem! Para o surf, contava com a ajuda e carona da Vivi e de outras grandes amigas que fiz lá, que me davam carona de carro, pois a distância da minha casa para a praia mais próxima era inviável levar um longboard na bicicleta.

    O pico escolhido para minha primeira sessão de surf foi Huntington Beach, a prancha um softboard (prancha feira com o mesmo material de um bodyboard, própria para quem está aprendendo a surfar), muito diferente das pranchas que surfo no Brasil, mas que foi minha parceira nesse dia feliz. Vivi, eu e a nova amiga Regina Canto ( mal cheguei na Califa e fiz amigos, claro brasileiros, que te acolhem no melhor estilo brasileiro de ser). Água geladíssima, como sempre me falavam, mas na verdade nem senti todo este frio, a adrenalina e vontade de estar ali era tanta que estava anestesiada! Foi a queda perfeita: meio metrinho, amigas, locais te dando maior apoio e falando: GO GO GO e como se não bastasse, um cardume de golfinhos passando atrás de mim como se falassem: bem vinda!

    Dali em diante, definitivamente já me sentia parte daquele lugar! Amava toda a minha rotina: acordar cedo ao som dos corvos na minha janela, café da manhã com Vivi e marido que mantinham a rotina de trabalho, então lá ia eu com minha bike para mais um dia de aula e depois um rolezinho!

    Como não tinha visto de estudante, minha carga horária na escola não poderia passar de 4 horas de aula por dia, então as 11h30min me despedia da minha turma, formada por 5 brasileiros e 3 japoneses, ou seja, aprendi mais inglês fora da sala do que dentro, pois meus amigos brasileiros, adoravam conversar no velho e bom português durante as aulas.

    Após a aula escolhia entre as praias de Newport Beach e Huntington Beach para passar a tarde estudando na areia ou surfando.

    Nessa mesma época que estive lá, acontece em Huntington Beach, o U.S.Open de Surf, outro evento que já conhecia pelas transmissões ao vivo na internet, então pude acompanhar toda a montagem da estrutura gigantesca desse evento. Além do surf, pistas de skate, bike e palco de shows, e eu acompanhava tudo de perto!

    O evento foi um espetáculo à parte. A estrutura, o público, assistir os maiores ídolos como Kelly Slatere Rob Machado, surfando de perto, foi mais um capítulo desse sonho. E pra me deixar ainda mais alucinada com tudo, assisti de perto meu ídolo do longboard Joel Tudor surfar!

    Em meio a esta rotina de HB e Newport Beach, fomos para San Diego algumas vezes, que fica cerca de 45 minutos de carro de onde estávamos.

    Em San Diego, nos aventuramos na Wave House, a piscina de onda, onde foram muitos “rolas” e risadas. Mas o pico mais incrível a surfar estava por vir: Cardiff Cliff em Encinitas! Fui recebida por um velho amigo que conheci no Brasil, John Dahl, fundador da mais famosa fábrica de parafinas do mundo a Sticky Bumps.

    Durante o tour na fábrica ele perguntou se queria uma prancha emprestada e disse para olhar para cima e escolher! Queria ter filmado minha expressão naquele momento: olhei para cima e no teto da fábrica tinham dezenas de pranchas, de todos os tipos e tamanhos. Fiquei sem fala, sem reação. Até que John percebendo meu estado de choque, escolheu por conta própria uma prancha pra mim: um long 9’1, 3 longarinas clássica, singlefin, de algum shaper do Hawaii. Foi o melhor surf que fiz durante minha estadia: prancha perfeita, ondas perfeitas, companhia perfeita! Mais uma vez minha adrenalina era tanta de estar vivendo tudo aquilo, que não sentia frio, medo de tubarões, crowd.

    Voltando à região de Orange county, resalto que Newport Beach é realmente um cenário real de filmes e seriados de TV. Aquelas casinhas à beira da praia, bares com gente bonita e sempre de bem com a vida, ondas mais cavadas e rápidas, é neste lugar que fica o conhecida onda The Wedge, que se pesquisar na internet vai ver que apenas os locais encaram.

    Há cerca de 20 minutios de carro de onde morava, também me encantei por Laguna Beach, que respira arte e surf, com galerias de arte e exposições maravilhosas, além de um por do sol absurdamente lindo.

    Poderia me alongar aqui e descrever mais dezenas de lugares e situações que conheci e vivi na Califórnia, pois me lembro de tudo perfeitamente

    Mas para não ser muito mais chata neste relato, quero dizer que, desde que vim embora eu penso em voltar para lá, todos os dias da minha vida!

    Infelizmente a alta do dólar dificulta cada vez mais isto. Mas para quem ama o surf como eu, principalmente, esta é uma viagem especial. Aquele lugar, aquelas pessoas respiram o “lifestyle” do surf. Lá você não é melhor ou diferente do outro por surfar, você é mais um, e isso fez com que eu me sentisse 100% incluída, a vontade para viver de forma mais natural possível esse universo.

    Tati da Mata
    Tati da Mata

    Publicado em 17/09/2015 15:46

    Realizada de 18/05/2012 até 15/08/2012

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    2 Comentários
    Renan Cavichi 18/09/2015 08:23

    Caraca Tati, ficou demais! Califórnia tem mesmo uma história muito forte com o surf, caras como o Joel Tudor são inspiração para toda essa geração de Longboarders! Deve ser irado assistir ao vivo uma sessão dele heim!

    Tati da Mata 18/09/2015 08:38

    Poxa Renan nem fale! Eu não sabia que ia rolar uma session de longboard no US Open, quando anunciaram isso no microfone eu quase pulei da arquibancada que estava....foi sensacional, inesquecível....não pisquei praticamente durante toda a bateria dele na água!! Espero que tenha gostado do relato. simples mas sincero e muito real! Cortei algumas coisinhas pois 3 meses tem história para contar! Mas amei poder compartilhar esses momentos tão especiais aqui com a galera!

    Tati da Mata

    Tati da Mata

    São Paulo - SP

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    Apaixonada pelo surf e praticante de Longboard

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