AventureBox
Create your account Login Explore Home
Travessia Do Orobó 09/15/2023 17:33 with 2 participants
    Travessia Do Orobó - Parte 3

    Travessia Do Orobó - Parte 3

    Limpeza e manutenção da trilha - Parte 3

    Bushcraft Scouting Trekking

    Travessia do Orobó

    Manutenção da trilha

    Parte 3

    A missão da limpeza da trilha se estendia cada vez mais, devido ao alto grau de dificuldade, tanto pelo acesso, quanto o trabalho em si que é demorado e requer muito esforço. Como o trabalho hoje conta apenas comigo e com Jones acaba impactando diretamente do rendimento, já que como disse anteriormente requer muito esforço, pois que bater foice ou facão no platô da montanha em pleno meio-dia não é fácil, ainda mais que é um trabalho voluntario, a fim de facilitar a locomoção de pessoas pelo percurso, evitando até mesmo que venha a se perder. Mesmo diante de todo esse cenário controverso e nada favorável, a gente decidiu realizar essa missão, seguir em frente e concluir quanto antes.

    Na última limpeza, quando voltávamos para casa, o assunto da viagem foi a próxima etapa da manutenção, como já havíamos planejado passar o final de semana no Rancho Recanto da Chapada com um possível grupo de turistas de outras cidades, que acabou desmarcando em cima da hora, decidirmos realizar outra etapa da limpeza e quando descer da Serra acampar no Rancho Recanto da Chapada com nossas namoradas e alguns amigos, deixamos a conversa em aberto para resolver ao decorrer da semana. Logo na terça-feira pela manha conversando por mensagens combinamos o horário de saída para missão, ficou acordado para ser sábado às 03:30 da manhã, porém dessa vez iriamos de moto, para agilizar e economizar um pouco de combustível, afinal toda essa missão é voluntaria e os custos sempre dividimos. Como de costume acordei às 03:00 e mandei logo uma mensagem para ver se Jones estava acordado, não demorou muito e logo respondeu que já estava arrumando suas coisas, assim já comecei a me preparar. Já havia deixado minha mochila brevemente organizada e a bota separada, a demora foi apenas me vestir enquanto a água do café fervia. Café na mochila, agora tudo pronto para seguir para a missão, faltava apenas dar um beijo na minha namorada que logo mais tarde iria me encontrar no Rancho Recanto da Chapada. Cheguei um pouco atrasado dessa vez no ponto de encontro, que mais uma vez foi na casa de Jones, ele já estava prontamente me esperando com tudo organizado como combinado, guardei minha moto na garagem e partimos em direção ao rancho.

    Dessa vez não tinha o som da rádio tocando música clássica, escutávamos apenas o barulho que o vento fazia no capacete, com nossos pensamentos já fixados na montanha e decididos a dar o melhor de si naquela missão. Seguimos focados e não paramos momento nenhum durante a viagem, apenas o necessário para abrir as cancelas, para aproveitar o máximo de tempo possível na montanha. Dessa forma chegamos rápido no rancho, estava um pouco frio, a montanha ainda coberta de neblina, porém dessa vez não parecia que iria chove e o clima era favorável. Deixamos a moto em uma área coberta, quando olhei para o relógio, já marcava 04:52 tratamos logo de abastecer nossas mochilas com água, enquanto arrumava as bolsas e enchia os vasos de água, o assunto da vez foi o cenário político que enfrenta nosso município e a falta de incentivo no turismo, deixando muito a desejar, pois, contamos com um potencial enorme, mas pouco explorado.

    Não demoramos muito para organizar tudo e logo as 05:10 saímos do rancho, com intenção de parar apenas no cruzeiro, ainda estava escuro e nublado, a serra estava coberta pela neblina e corria um vento gelado vindo da montanha. Seguimos pela mata e logo pela casa de Senhor, ali já nos aproximávamos da entrada da trilha e sempre observando o caminho que marcamos, como ainda estava escuro, podemos constatar que as fitas ajudam muito, principalmente a noite que se destacam em meio a vegetação quando apontamos a lanterna. Geralmente eu vou à frente com a foice e Jones me segue com o facão, dessa vez ele estava com uma lanterna mais potente e foi na minha frente, como naquele trecho já estava tudo limpo e marcado com isso não teríamos problemas seguimos nessa formação. Após uma intensa caminhada subindo a montanha, já nos aproximávamos do limite da mata, naquele momento eu precisava parar e beber um pouco de água, fizemos uma breve parada e ali contei para ele uma situação que ocorreu em minha casa há uns dias, enquanto meus pais esperavam meu sobrinho na garagem, ele avistou uma cobra pequena ainda, já tinha passado pelo portão e já estava indo em direção ao beco da casa, logo tratou de matar depois pode identificar ser um filhote de jararaca, pequeno ainda, mas é perigoso. A conversa foi bem breve e com poucos detalhes, já que estávamos focados na limpeza e em chegar logo no cruzeiro. Porém, creio que naquele momento acabamos ficando mais atento ao chão, já com receio de animais rasteiros, sendo abundantes da região. Logo na nossa frente foi o local onde encontramos a casa de marimbondo na primeira vez, Jones seguia na minha frente e ele parou logo abaixo da ganha onde tinha a casa, apontou ainda com a lanterna, o galho e vimos os vestígios da casa de marimbondo grudada em uma pequena folha. Por um instante, desviei meu olhar e minha atenção se voltou para o celular, para a mudar de música, nesse momento apenas escutei meu amigo, que veio em minha direção meio que gritando e pulando, quando parou próximo de min ele apenas falou estar com ginge, toquei no seu braço e ele estava todo se tremendo, não havia entendido até ali o que tinha acontecido ou o que ele tinha visto, por um instante eu pensei até que era brincadeira, para me assustar com os marimbondos ou algo do tipo, após ele se acalmar, ele só disse? Olha para o chão, tem uma cobra ali e eu quase pisei, nesse momento apontei a lanterna imediatamente para o chão onde ele disse e vi, lá estava ela, parada, atravessada no caminho, como se soubesse que iriamos passar por ali, era aparentemente uma Crotalus atrox (Cascavel), totalmente calma e imponente, era um filhote ainda comparado a alguns exemplares já encontrados aqui na região, mesmo assim não deixa de assustar ou até mesmo de causar um acidente. Ficamos ali afins de observá-la e realizar registros de vídeos e fotografias, conversamos ainda sobre o que fazer com ela, se deixaríamos ela seguir seu caminho ou cogitamos em matar ela, já que é uma espécie venenosa e pode causar algum acidente, más não se estendeu muito a conversa e decidirmos deixar ela seguir seu caminho, afinal somos nós que estamos no ambiente dela e devemos respeitar. Com a foice fui tocando no seu corpo afim dela sair do nosso caminho e logo ela saiu, seguiu o caminho dela e nos seguimos o nosso, após um baita susto no mesmo lugar dos marimbondos, seria uma coincidência?

    Após o susto com a serpente seguimos em direção ao cruzeiro, o dia agora clareando e com nossa atenção redobrada, fomos observando com mais atenção o caminho com receio de encontrar outra serpente, não demorou muito e logo as 05:51 já tínhamos chegado no primeiro ponto de descanso, eu já estava caindo de fome e doido para tomar um café, fizemos um breve descanso ali em meio a neblina e o vento gelado que só um bom café para aquecer de dentro para fora. Não demoramos muito no cruzeiro e seguimos logo em direção ao platô da montanha, encontramos novamente nossa trilha de fitas azuis e seguimos firme até chegar onde páramos na última vez, ao decorrer do caminho ainda trocamos algumas fitas de lugares e substituímos algumas fitas amarelas por azuis, a fim de deixa o caminho todo padronizado. Após chegamos no ponto que paramos na última vez, deixamos nossas mochilas em uma clareira e fomos realizar o reconhecimento do local, lá que ali era uma encruzilhada e teríamos que ter a certeza do caminho certo a seguir e limpar.

    Decidimos descer um pouco o caminho da esquerda, a fim de observar seu rumo e buscar novos mirantes, seguimos descendo até chegar em um ponto que já era possível observar a serra do órobo, ainda coberta de neblina, dava para ter uma noção onde o caminho daria, logo abaixo tinha uma propriedade, creio que acabaram ouvindo e até mesmo vendo eu e Jones no alto da montanha, já que eu estava de vermelho e Jones de azul, assim se destacando no meio da vegetação, logo percebemos alguma pessoa nos observando, parada no meio do terreiro de uma propriedade, ainda chegamos a escutar vozes, quase não dava para ouvir. Então não demorou muito para a gente sair dali e se embrenhar na montanha novamente longe da sociedade. Voltamos para a clareira onde estava a mochila e começamos a limpeza e marcação da trilha, o caminho a partir daquele ponto era muito fechado, creio ser uma das piores partes que já havíamos encontrado, o que mostra uma manutenção muito antiga ou até mesmo rastros das primeiras vezes que alguém passou por ali, seguimos bravamente na missão, muita foice, muito facão e determinação que não podia faltar, pois, já beirava as 10 horas e tínhamos pouco tempo para realizar o serviço já que pretendíamos voltar mais cedo para aproveitar o acampamento.

    Chegamos a uma das matinhas por volta das 11:00 encontramos na montanha, um lindo jardim de sempre vivas se estendia pelo chão, bromélias para todos os lados, likens, musgos, epiferias, uma mata de altitude completa ali na nossa frente, um verdadeiro paraíso para os amantes do trekking. Naquele momento sabíamos que não iriamos chegar no topo daquela montanha, ainda faltava um bom trecho e já beirava meio-dia, com o sol mais intenso, poucos ventos, o calor ia subindo e o cansaço pegando, decidirmos então fazer uma parada mais demorada, para comer e descansar um pouco enquanto bolávamos ideias para as próximas vezes que a gente voltasse ali. A gente já sabia que não iria conseguir chegar muito longe naquele dia, pois tínhamos que voltar para aproveitar o acampamento e Jones ainda tinha que voltar para cidade para buscar sua namorada. Decidirmos ali mesmo a voltar daquele ponto, pois com o calor que estava fazendo o desgaste seria muito e o rendimento seria pouco, pois já era 12:34. Voltamos daquele ponto, porém bem devagar, pois a gente veio limpando o chão, tirando as folhas do caminho, dando uma limpada melhor por onde passamos e corrigindo o que deixamos para trás.

    A volta foi bem rápida, logo chegamos no mirante de Val da Jaca, e por as 13:50 chegamos no cruzeiro, nem paramos direito e já descemos a serra para chegar quanto antes no rancho, já beirava as 14:30 quando finalmente chegamos no destino, bastante cansados, porém satisfeitos com o trabalho realizado, ainda mais que resolvemos uma das bifurcações mais complicadas até o momento. Logo na chegada nosso amigo e anfitrião Léo, nos deu boas-vindas e nos convidou para sentar um pouco e beber uma água gelada, más não demorou muito para Jones pegar a moto e ir para cidade, enquanto eu fiquei no rancho para tomar um banho, relaxar um pouco enquanto esperava o pessoal para o acampamento. Assim se encerrou essa aventura, porém começava outra vivência no acampamento do Recanto da Chapada com nossas namoradas e amigos, más essa é uma história para outra hora. Por aqui me despeço e digo que em breve iremos voltar para mais uma etapa dessa missão. Até logo!!!

    3 Comments
    Ednilton Alves Mendes 09/15/2023 17:41

    A cada etapa realizada, por mais que seja cansativa, é gratificante poder ver o resultado e dessa forma me estimula a concluir o mais breve possível para que tanto eu, quanto todos os amantes do trekking poder desfrutar e aproveitar o máximo que essa trilha pode nos proporcionar!!!

    4
    Jonnes Goncalves 09/15/2023 17:48

    ⛰️👏

    1

    Pude conferir de perto o trabalho de vocês e digo: bom trampo, seja ele na dificuldade mas também na excelência! Parabéns 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

    2
    Travessia Do Orobó

    Travessia Do Orobó

    Ruy Barbosa - Bahia

    Rox
    54

    Para mais informações: @edy_mendes @jonnes.goncalves

    Adventures Map