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Cicloviajar pelo Jalapão, pela Chapada Diamantina, pelo Vale Europeu, pelo Rio de Janeiro, pelo Paraná, pelo litoral ou interior de SP, é sempre uma delicia. Lindos cenários e beleza de tirar o fôlego. Adoro. Mas cicloviajar por Minas Gerais, realmente me encanta pela receptividade do povo É tão bom chegar cansada em um pequeno vilarejo, ser recebida com um largo sorriso, uma boa prosa; e claro, um olhar curioso que dá espaço àquela expressão de espanto: "Ocêis vieram de lá do outro lado da serra até aqui pedalando? Mas é longe demais da conta sô. Porque não vieram de ônibus ou de carro?". rsrsrs

E foi nesse clima de interior de Minas, de aconchego, de companheirismo, de acolhimento, que mais uma vez 'cicloviajei' entre amigos pela região de Minas Gerais. Descortinando a Serra da Mantiqueira nos mais de 160 km pedalados de maneira auto-suficiente, carregando em nossos alforges nossa barraca, saco de dormir, isolante, comida para os 4 dias, fogareiro, panelas, ferramentas, sem a necessidade de carro de apoio. Acampando nos 'melhores' lugares, de acordo com a decisão e disposição do grupo. E nos deliciando com os lindos cenários no topo de cada longa subida, que acumularam pouco mais de 4 ou 5 mil mts nos 4 dias de pedalada.

Não vou escrever relato detalhado com os pontos de referência, locais de água e nem dicas do trajeto, pois seguimos boa parte da Carta de Orientação do Caminho dos Anjos, que é muuuito bem detalhada, e o trajeto bem sinalizado com setas amarelas. Caso precise da carta me avise que envio.

Cicloturismo Serra da Mantiqueira - Trechos do Caminho dos Anjos:

Feriado chegando e não havia dúvida: a boa pedida era pedalar. Combinamos com alguns amigos, e na quarta feira a noite tocamos pra cidade de Passa4 (ainda em SP). Fabio e eu chegamos por volta das 2 da manhã e encontramos com os demais integrantes da cicloviagem: Bruno, Meire, Taysa e Raudi. Saímos para comer algo e procurar um local para esticar o corpo e esperar o dia clarear para sair pedalando. A cidade estava em festa, véspera de feriado de corpus christi, tapetes enfeitando a cidade toda, logo, não foi uma tarefa fácil achar um bom local pra esticar o esqueleto, já que até mesmo a rodoviária estava lotada de turistas em dia de festa. Avaliamos a linha do trem, a rodoviária, o mirante, e achamos uma construção perto da praça coreto, e por ali ficamos ate clarear. Dormimos pouco, das 3 as 6hs acho, mas apenas para relaxar o corpo um pouco. Depois de um farto café da manha, seguimos para o ponto de partida...


Dia 1: Passa Quatro x Itamonte x Vilarejo antes de Alagoa (no calçamento)
A pedalada inicia em frente a Pousada Pedra da Mina, e segue sentido quem vai para a travessia Serra Fina, Paiolinho, etc, mas logo toca mais a esquerda sentido Itanhandu abandonando a principal. Saímos as 10:00 e seguimos em ritmo suave, afinal, a idéia era cicloturismo, e o corpo também sentia os efeitos da falta de uma boa noite de sono. Mas sem pressa alguma, seguimos em frente. O terreno era bem fácil, sem maiores exigências, praticamente sem subidas, e assim fomos tocando. Aproximadamente 18km depois passamos em um bairro Boa Vista e paramos para pedir informação. Enquanto o morador explicava o caminho para Itamonte, ele olhou bem firme e disse: Eiii, Vivi !!! Ai nos cumprimentamos e recordamos que alguns anos atrás acampamos juntos no topo da Pedra da Mina com ele, o Aguinaldo, a Silvia, Cris, etc. Papo vai papo vem... que honra encontra-lo assim, bem de saúde, e com boas recordações daquela ocasião. Partimos com aquela vontade de ficar mais um pouco, com muita conversa pendente, e aquele convite para retornar um outro dia com mais tempo para trilharmos juntos pela montanha...
Passamos por Itamonte rapidamente e seguimos sentido Alagoa. Pegamos um trecho de asfalto e reconheci um rostinho que gritou pelo vidro do carro. A pessoa disse: Vivi !!! huahauhau. Outra encantadora coincidência Total de Gastos do dia: 0,00
Total de quilômetros do dia: 38km (medidos pelo celular, portanto, não é muito exato)
Total de subidas acumuladas do dia: 1.322 mts


Dia 2: Vilarejo do Calçamento x Alagoa x Aiuruoca
Desmontamos acampamento com aquele frioooo, mas 1 minuto em cima da bicicleta já aqueceu, rs, já saímos da casa subindo... E a partir dali foram 10 km de de subida seguida, mas bem tranquila. No inicio não estava muito inclinada, mas no final ficou um pouco mais íngreme, mas totalmente pedalável, mesmo com a bicicleta pesada, e foi tranquilo vence-la, com algumas paradinhas para o lanche e reabastecer água. Creio que levamos em média 1:15hs. No topo da subida optamos por descer direto para Alagoa (havia a opção de descer pela esquerda, mas disseram que as pedras estavam escorregadias, e com a bike tão carregada e pesada optamos por agilizar a descida e não arriscar quebrar algum bagageiro de tanto quicar nas pedras, rs). Em Alagoa era dia de Festival de Queijos. Compramos parmesão e fizemos um lanche. O caminho a partir dali seguiu bem agradável. Procuramos a Cachoeira do Ouro Fala descrita na carta mas não localizamos, vimos apenas uma pequena queda que passou batido. Antes de Aiuruoca uma parada para banho de rio (perto das placas de Guapiara). Eu não entrei, rs, a água era muito gelada. A Meire e o Raudi foram os únicos corajosos a enfrentar a agua fria. De doer os ossos. Chegando em Aiuruoca optamos por não entrar para o centro, e procuramos um local para acampar pouco antes. Achamos um bom local na beira do rio, mas aparentemente era área de pasto e a possibilidade de ter muitos carrapatos era grande. Então acabamos acampando no grande gramado de uma casa abandonada, aparentemente em construção. O Bruno foi o grande herói do dia, que sem anunciar foi até a cidade, comprou algumas cervejas, bolinhos e trouxe para todos nós. Fizemos uma sessão petiscos com o queijo de Alagoa na chapa. Tostadinho na manteiga. Hummm e preparamos nosso jantar bem tranquilos. Dormimos muito bem. PS: O Raudi e a Taysa passaram muuuito mal a noite toda, e nem sequer dormiram. Dor de barriga e diarréia. Ele talvez por intolerância a lactose do creme de leite. Ela talvez pela água do rio que bebeu, não sabemos ao certo.
Total de quilômetros do dia: 56,6 km (medidos pelo celular, portanto, não é muito exato)
Total de subidas acumuladas do dia: 1.699 mts

Dia 3: Aiuruoca x Cachoeira Garcias x Cachoeira Inferninho
Acordamos antes das 6 da manhã e saímos bem cedo. Chegando no centro da cidade, preparamos o nosso farto café da manha nas escadarias da arquibancada de uma quadra no centro de Aiuruoca. Passamos café no coador de pano Total de quilômetros do dia: 33 km (medidos pelo celular, portanto, não é muito exato)
Total de subidas acumuladas do dia: 1.482 mts

Dia 4: Cachoeira Inferninho x Espraiado do Gamarra x Baependi x Caxambu - Final
Acordamos com calma, sem pressa, pois o destino final estava bem próximo. Como estávamos atrasados para o roteiro original e 2 integrantes já estavam em Passa4, deixamos de lado a idéia de chegar pedalando até o carro, e optamos por finalizar a Cicloviagem na rodoviária de Caxambu, afinal, a melhor parte da viagem já tinha passado... e dali em diante seria o trecho mais tranquilo e sem grandes aclives/declives, e... ou teríamos que correr muito e deixar de lado a ideia do Cicloturismo ... ou teríamos que chegar a Passa4 pela rodovia, o que não se mostrou ser uma boa opção apesar de ser praticamente "sem subidas", devido a quantidade de carros, trânsito, sem acostamento, curvas perigosas, etc. Tomamos um demorado café da manhã, e seguimos pedalando tranquilamente... O trecho aqui fica mais suave ainda, sem dificuldade alguma, praticamente somente plano. Logo chegamos no Espraiado do Gamarra onde fizemos uma longa parada para banho de rio. Num piscar de olhos chegamos em Baependi onde fizemos contato com o Raudi e Taysa. Estavam bem. Fizemos uma paradinha na praça da igreja matriz. E rapidinho, por uma estradinha de terra boa, e bemmm plana, logo chegamos na rodoviária de Caxambu, as 13:00hs.

Total de quilômetros do dia: 30 km (medidos pelo celular, portanto, não é muito exato)
Total de subidas acumuladas do dia: 658 mts


Total de Gastos com Hospedagem durante a cicloviagem: 0,00
Total de gastos com comida durante a cicloviagem: 7,00 Bolinhos no Espraiado + 8,00 Uma peca de queijo parmesão em Alagoa, o restante levamos tudo nos alforges.
Total de gastos com bebida durante a cicloviagem: 7,00 Breja Heineken Cachoeira Garcias + 1,00 Guaraná Mantiqueira + algumas cervejas pelo caminho que agora nao lembro.