17/12/2013 (Ouro Preto - Ouro Branco)

07h da manhã, cidade Ouro Preto e os quatro elementos: água , fogo, água e ar (Carol, Rubian(tissão), Vinicius(Mac) e Ana Laura) formados para o início do caminho velho da estrada real, com destino final em Paraty. Fizemos uma prece e seguimos com destino a Ouro Branco. Trecho pesado, com bastante subidas intensas, 33km com sensação de 80! E pra piorar muita chuva, neblina e rodovia sem acostamento. Mas estávamos animados e felizes de estar ali. Algumas paradas para ajeitar as malas, alimentar e arrumar algumas coisas na bike que deram problema. Cantigas, alegrias, histórias compartilhadas, expectativas e muita raça nos fizeram chegar a Ouro Branco. O primeiro dia foi teste de resistência e por volta de 14h chegamos. Levamos as bikes em uma bicicletaria para colocar a garupeira de Vinicius e arrumar o pedal da Carol. Eu e Carol dormimos em uma pousada e os meninos armaram um acampamento perto da rodovia.

18/12/2013 (Ouro Branco - Casa Grande)

Na nossa prece pedimos pelo sol e ele veio. Entramos na estrada de terra, passamos por Conselheiro Lafaiete, Queluzito e Casa Grande. Trecho tranquilo e bonito. Cantando pelo caminho, agradecendo a vida e observando que temos tudo aquilo que precisamos e a felicidade realmente está nas coisas mais simples. Armamos nosso acampamento perto de uma fazenda em Casa Grande.

19/12/2013 - (Casa Grande - Lagoa Dourada)

Começamos o dia as 4 da manhã. A lua estava brilhando muito forte no céu. Passamos na fazenda do seu Jair para pegar água e seguimos. O começo da trilha já era um morro grande para aquecer e assim foi durante 28km. Muitos morros, trecho cansativo que nos desgastou bastante. Algumas paradas para alimentar, pegar tomates e canas nas fazendas. O sol estava bem forte e o céu fazia um contraste com as belas serras ao fundo. Erramos uma parte do caminho e passamos pela fazenda do seu Geraldo. Fizemos um almoço para reforçar e saímos da fazenda por um atalho da estrada real, onde tivemos que atravessar as bikes por um riozinho de lama. Depois subimos um morro enorme no meio de uma trilhinha onde tivemos que carregar as bikes. Aventura total onde fomos recompensados com uma belíssima paisagem no final. Finalmente chegamos em Lagoa Dourada, já bastante cansados e procuramos por uma bicicletaria e encontramos um anjo. O dono da bicicletaria, seu Davi, nos doou um lar para posarmos. Ele nos deu também um jantar delicioso! Uma senhora da casa da frente também nos deu algumas cobertas para dormimos. Fomos abençoados!

Lagoa Dourada-MG

20/12/2013 (Lagoa Dourada - São João Del Rey)

O sol raiou e logo seguimos viagem, durante o trajeto até São João Del Rei muitas descidas e o pedal rendeu bastante. Chegamos lá e fomos acolhidos por um amigo. Ele nos levou até a cachoeira do Urubu, lugar incrível.

21/12/2013 ( Dia de descanso em São João e passeio em Tiradentes)

Nesse dia amanhecemos todos doentes e tossindo muito. Providenciamos algumas ervas no mercado de São João e resolvemos passar o dia na cidade sem pedalar. Fomos conhecer Tiradentes, um encanto de cidade com uma energia maravilhosa.

Tiradentes-MG

Marco zero da Estradal Real - Entre São João Del Rey e Tiradentes

22/12/2013 - (São João Del Rey - Capela do Saco)

Levantamos 5:30 da manhã . Já estávamos melhores da gripe. Tava frio e garoando.Depois saiu sol. Pedalamos durante toda a manhã e tarde. Passamos por São Sebastião da Vitória, Caquende e pegamos a balsa para Capela do Saco. Passamos em uma fazenda para pegar leite e seguimos para uma cachoeira perto de uma casinha branca, 7km pra frente da cidade. Armamos nosso acampamento nessa cachoeira, muito linda.

23/12/2013 (Capela do Saco - Carrancas)

Depois de dormimos 12 horas seguidas, acordamos e Mac fez um mingau para nos dar energia e encararmos 30km de subida ate Carrancas. Pedalamos durante 5 horas seguidas. Trecho bastante pesado, porém a cada subida uma paisagem mais bonita do que a outra... trecho lindo, chegamos pertinho do céu. Ali o acesso de carro é impossível. Viajar de bike é como não pertencer a nenhum lugar e pertencer a todos ao mesmo tempo. "Eee mundão que fica pra trás, ee mundão que vem pela frente".

24/12/2013 - Carrancas

Acordamos um pouco mais tarde, o dia um pouco nublado, tomamos um banho na cachoeira que havia perto do nosso acampamento e seguimos rumo a famosa cachoeira da Zilda e o escorregador natural que tem por lá. Pelo caminho, morros íngremes e algumas descidas. Passamos em uma fazenda e nos ofereceram um café! Seguimos e acampamos perto do escorregador natural que realmente é uma perfeição da natureza. Depois preparamos a ceia de natal, com alguns vinhos, queijos, fogueira, música, uma chuvinha abençoada e depois um céu estrelado. Melhor natal da vida.

25/12/2013 - Descanso em Carrancas. Noite de Natal.

Feliz Natal! Nesse dia não pedalamos e fomos curtir as cachoeiras. Um dia tranquilo, chuvoso e de paz.

26/12/2013 - (Carrancas - Cruzília)

Madrugamos esse dia pra começar o pedal bem cedinho. O próximo destino era Traituba. Muita subida e o sol forte nesse trecho. Chegamos lá e não havia nada na cidade e estávamos com pouca comida. Paramos na fazenda mais próxima e pedimos um pouco de macarrão para reforçar o nosso rango. Ganhamos e pegamos também chuchu, couve, cebolinha e de repente tínhamos um banquete batizado de "Traituba", comida improvisada para continuar o pedal e encarar mais 32km pela frente. A cada morro uma respiração profunda, um pensamento de fé, um desafio superado. Juntos somos potentes, temos força, somos um. Chegamos em Cruzilia, bem cansados e fomos comer em uma pizzaria. Depois montamos nosso acampamento em uma quadra dentro da cidade.

27/12/2013 (Cruzília - São Lourenço)

Acordamos bem cedo e fomos rumo a Caxambu. 28km de rodovia, com o sol iluminando e uma estrada bem perigosa, mas rendemos bem devido as descidas. Passamos pela cidade, fizemos algumas paradas para alimentar e pedalamos mais 30km até São Lourenço. Nesse dia resolvemos ficar em uma pousada para descansarmos melhor. A noite fomos a uma praça movimentada da cidade, fizemos um som e jogamos capoeira.

28/12/2013 (São Lourenço - Passa Quatro)

Começamos a nos organizar 7h da manhã. Próximo destino, Pouso Alto, 28km de distância. Durante o trajeto, a estrada ainda molhada e o sol saindo aos pouquinhos. Trecho muito perigoso, sem acostamento e movimentado. Mas tudo correu bem. Durante o caminho conhecemos dois rapazes de SP que também estavam fazendo a estrada real. Conversamos um pouco, compartilhamos experiências e seguimos juntos durante um tempo. Após passar por Pouso Alto, seguimos rumo a Passa Quatro, mais 30km pela frente. Estrada com bastante curva. Passamos pela cidade e nos informamos sobre a cachoeira da Usina Velha, lugar espetacular. Fizemos nosso acampamento próximo do local. Água deliciosa, natureza perfeita e o sol sempre nos acompanhando...

Camping cachoeira da Usina Velha - Próximo a Passa Quatro-MG

29/12/2013 (Passa Quatro - Guaratinguetá)

Por vontade maior de passar o ano novo em Paraty, decidimos adiantar o trecho e continuar seguindo por rodovia e o próximo destino era Guaratinguetá, 70km. Começamos o dia com um bom aquecimento, subindo as bikes carregadas por um atalho para chegar na rodovia. Avistamos a placa da divisa MG/SP. Só alegria! Em seguida paramos em um mirante belíssimo, com muita serra ao fundo, muito verde e céu azul a se perder de vista. Que visual! Depois rolou a melhor descida da vida. Uns 12 km de freio, alegria, curvas, paisagens, vento no rosto, sorrisos, gritos... muita emoção. Depois continuamos, algumas subidas intensas e muito calor. E de repente, o meu pneu fura! O primeiro depois de mais de 550km rodados. E por coincidência (ou não) o do Mac e Tissão furou também em seguida. Já exaustos, chegamos em Guará por volta das 19:30.

30/12/2013 (Guaratingueta - Cunha)

Próxima parada: Cunha. Já estávamos sabendo que seria um dia longo, cheio de subidas e dificuldades pelo caminho. Perguntei para um Sr: "Cunha é por aqui?" e ele disse: "Ixi... Tá longe...". Mas para nós longe é o céu. Estávamos preparados para a Serra de Cunha, que realmente é bem tensa. Paramos algumas vezes para nos alimentarmos e seguir. As descidas que vieram depois foram maravilhosas. Fizemos o tão temido trecho em 5 horas. Chegamos em um posto na estrada e montamos o nosso acampamento.

31/12/2013 (Cunha - Paraty)

Nessa madrugada havia chovido bastante, porém amanheceu com sol. Hoje o trecho era de Cunha a Paraty, 50km. Sabíamos que teria muita descida e estávamos empolgados. Porém não sabíamos que haveria tanta subida também. Até a metade do trajeto, só subimos, e subidas pesadas, piores do que o dia anterior... Foi bastante difícil, fizemos muitas paradas, sentimos muito esse dia.

Ainda não sei definir o sentimento que me tomou conta durante esse trajeto. Era uma mistura de emoção por estar chegando e também estar acabando tudo que estávamos vivendo... Era uma espécie de tristeza alegre, ou alegria triste. Alegria em chegar e tristeza por acabar. Após os morros, descemos muito também. Um longo trecho de descida, em uma estrada com muitos buracos e curvas. As mãos doíam de tanto freiar! De longe avistávamos Paraty... era real! Era um sonho real. Finalmente chegamos lá, não parecia verdade, a ficha custou a cair... Uma aventura como essa fica eternizada no coração de cada um que vivenciou. Cada momento, cada dificuldade, cada sorriso, cada paisagem... Um turbilhão de acontecimentos em apenas 14 dias, os quais pareciam meses, em tamanha intensidade. Sou grata a todos que nos ajudaram durante esse caminho, todas as fazendas que nos deram leite, todas as pessoas que nos deram água, a todos que nos encorajaram e mandaram boas vibrações, a todos os Universos que fizemos parte, e a nós, os quatro elementos da viagem.