1º dia - Nos encontramos em Muçum, deixamos os carros onde no 3º dia seria o final da travessia. Eu, Elisandra, Marina, Malu, Tiago e mais 2 amigos, inciamos a caminhada em Linha Colombo, um pouco antes da cidade de Guaporé.

Para ir até o ponto de início pegamos um ônibus de linha que faz o trajeto entre Muçum e Guaporé. Descemos na rodovia e procuramos o início da ferrovia. Não foi difícil de achar. Às 11h30 do dia 20/09, feriado no RS, começamos a travessia, sendo o camping Casa Recanto da Ferrovia nosso objetivo. Nosso almoço/lanche foi na cabeceira do Viaduto Mula Preta (foto), o primeiro viaduto vazado da travessia, com 360 metros de comprimento e 98 de altura. É uma experiência incrível e alguns travam na travessia. Além da vertigem, tem o temor de deparar-se com o trem em pleno viaduto, pois não há guarda-corpo na lateriais e os refúgios não são muitos.

Durante a tarde, por volta de 14hs, logo que saímos de um dos túneis, passou o trem, com algumas dezenas de vagões. Chegamos ao camping às 17hs. Neste 1º dia caminhamos 11 km pelos trilhos. A parada na Casa Recanto da Ferrovia é lugar marcante da travessia, onde muitos caminhantes passam a noite. Aproveitar a hospitalidade, com boa comida e bebida.

2º dia - O trem nos acordou cedo, passou às 6h30 e, com isso, dificilmente o veríamos durante o dia. Iniciamos a caminhada às 7h30, após tomar café da manhã, e logo no início enfrentamos o Viaduto Pesseguinho, o segundo viaduto vazado do trajeto, com 268 metros de comprimento e 86 metros de altura. Já estávamos craques.

Neste segundo dia enfrentaríamos o assombroso túnel de 2,5 km, mais de 30 minutos caminhando na escuridão. Nosso objetivo era o famoso Viaduto 13, o mais imponente do caminho. Durante a travessia do longo túnel de 2,5 km, nos chamou a atenção uma clarabóia que faz a ventilação do ambiente e ajuda na saída dos gases emitidos pelas locomotivas.

Nosso almoço foi nos arcos, pouco antes de chegar no V13. Aproveitamos também para visitar as cachoeiras que ficam nas bordas da ferrovia. E são muitas.

Nosso objetivo era chegar no V13 e acampar por ali, mas decidimos tocar em frente. Passamos pelo V13, V12 e V11, o terceiro e último viaduto vazado, e seguimos por mais alguns quilômetros até achar um local para acampar ao lado da ferrovia. Queríamos algo que não fosse um camping lotado. Encontramos um local show de bola, que coube todas as 5 barracas e tinha água por perto. O trem passou durante a madrugada, dava pra sentir o chão tremendo e parecia que iria passar por cima das barracas. Neste 2º dia caminhamos 18 km pelos trilhos.

3º dia - Pelos nossos cálculos restavam 13 km para concluir a travessia e queríamos chegar ao ponto final ao meio dia, em tempo de ir até algum restaurante e bater um rango caprichado. Assim fizemos, apertamos a caminhada e seguimos pelos trilhos. Essa última parte não tinha muitos atrativos, mas é legal mesmo assim. Caminhar pelos trilhos tem seu magnetismo.

Chegamos em Muçum, onde havíamos deixado os carros, às 13hs. Completamos assim 42 km pelos trilhos. Foram 21 túneis, com o assombroso de 2,5 km de escuridão. 15 viadutos, com os temidos Mula Preta, Pesseguinho e V11. O famoso e imponente V13, com 148 metros de altura. Todas obras primas da Engenharia Militar Brasileira construídas entre as décadas de 50 e 80. Essa foi a Travessia da Ferrovia do Trigo.

Usei durante a Travessia da Ferrovia do Trigo:

• Mochila Deuter Aircontact Lite 65 litros
• Saco de dormir Deuter Neosphere -10
• Isolante térmico Ultralight Insulated Sea To Summit
• Barraca Mongar Naturehike (foi a estréia da barraca)
• Primeira camada camisetas manga longa Track&Field
• Segunda camada Fleece The North Face
• Jaqueta impermeável The North Face
• Calça Silver Ridge Columbia
• Bermudas suplex para caminhadas (sim, eu asso entre meio as pernas)
• Saco estanque e compressão eVent Sea To Summit (todas as roupas dentro)
• Boné
• Protetor solar
• Crocs
• Bota Salomon
• Vários pares de meia lã merino Solo
• Kit primeiros socorros (básico para dores, pequenos curativos, bolhas, queimaduras, cobertor de emergência,...)
• Kit básico EDC (headlamp BlackDiamond, canivete suiço, silvertape, abraçadeira de nylon, cordelete, apito,...)
• Kit higiene pessoal (escova/pasta dental, shampoo/sabonete de hotel, desodorante, bepantol (assaduras) e polvilho antisséptico (para os pés), lenços umedecidos, papel higiênico,...)
• Kit colapsável Sea To Summit panela + caneca + chaleira + coador café + talheres
• Fogareiro Spark Azteq
• Equipamento fotográfico (GoPro HERO6 Black e celular Motorola G6)
• Caderneta de anotações
• Passaporte / dinheiro / cartão crédito
• Streamer 2 litros Deuter
• Óculos de sol Julbo
• Bastões de caminhada Naturehike

Dicas:

Evite fazer essa travessia no verão

Prefira dias de semana, se possível, ou esteja preparado para congestionamento de gente fazendo a travessia e turistando nos viadutos famosos, como o V13.

Use um calçado de sola bem dura, pois passará 90% do tempo caminhando no cascalho.