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Bruna Fávaro 03/04/2016 22:35
    El Chaltén - Los Glaciares

    El Chaltén - Los Glaciares

    Em busca de amanheceres por 3 dias no Parque Nacional Los Glaciares, na Patagônia Argentina.

    Trekking Montanhismo

    Como parte de uma viagem de trinta dias pelo sul da patagônia chilena e argentina com meu amigo André, nos enveredamos a conhecer os famosos maciços pontiagudos da cidade de El Chaltén, clássico destino patagônico, conhecida como “a capital argentina do trekking”.

    27/12/15:

    Para chegarmos na cidade, tivemos que nos deslocar de avião desde Ushuaia até El Calafate (aerolíneas argentinas) e de lá tomar uma van que sai do próprio aeroporto até El Chaltén. Parte desse percurso é feito pela famosa Ruta 40, o que reforça o ar grandioso dos conjuntos de cerros que começamos a avistar ainda antes de chegarmos à cidade.

    Ao nos aproximarmos da cidade em si, sentia como se estivesse entrando num portal, como se aquela realidade fosse desvinculada do planeta terra e representasse cenários que eu confiro às andanças mais surreais que minha cabeça às vezes se permite imaginar.

    Não estou exagerando. Chegamos já no fim do dia e o sol se punha. Estávamos dentro da van, então não consegui tirar boas fotos. Peguei uma cujo crédito da imagem não pude recuperar:

    Ruta 23 em direção a El Chaltén.

    27/12/15:

    Na manhã seguinte, precisávamos tirar um dia para resolvermos mil e uma pendências. Desde pagar contas que continuavam vencendo e nos lembrando que a vida no Brasil seguia, até reservarmos hotéis e passagens rodoviárias dos próximos destinos e nos abastecermos no mercadinho da cidade para os próximos três dias de trilha. Almoçamos num simples e honesto restaurante onde conhecemos uma grande figura, a D. Maria José, que nesse momento ainda era apenas a garçonete do lugar.

    28/12/15:

    Dia de partir para a caminhada é sempre um bom dia, que começa cedo, com a mochila pesada e os olhos cheios de expectativas, ainda mais os meus que nunca haviam estado por ali.

    A trilha em si começa ainda dentro dos limites da cidade e basta seguir as orientações de placas e informativos locais para encontrar seu início. Escolhemos como destino final do dia o Campamento De Agostini, de onde é possível avistar o imponente Cerro Torre.

    As trilhas do Parque Nacional Los Glaciares são quase sempre de curta duração, e se você estiver animado e sem peso é possível percorrê-las todas no mesmo dia. Como estávamos em busca dos famosos amanheceres de seus cerros, nos organizamos para estar por lá durante três dias.

    Os caminhantes que frequentam o parque são em sua grande parte europeus e compostos por pessoas de uma ampla faixa etária, indicando não só a tradição do montanhismo vinda desse continente como também que as montanhas podem ser para todos, basta querer. ;)

    Esse primeiro trecho é o mais frequentado e durante praticamente todo o caminho seguimos as margens do leitoso Rio FitzRoy tendo como plano de fundo o Cerro Torre. O dia estava nublado então praticamente não pudemos avistá-lo, mesmo ao chegarmos no destino final, 3 horas depois de iniciarmos a caminhada.

    Quase na metade do caminho encontramos a bifurcação que leva ao Campamento Poincenoit. No dia seguinte esse seria o caminho a tomar.

    29/12/15

    Como amanhece cedo, lá estávamos nós às 5h da manhã em um pequeno mirante a 5 minutos do camping prontos para apreciarmos a tal “rocha de fogo”. Com o azar de mais um dia nublado, acabamos é ficando apenas com o frio de tremer o queixo daquela hora da manhã.

    Com o rabinho entre as pernas e tudo o que mais coubesse dentro dos bolsos devido ao frio, voltamos para o camping e para dentro do saco de dormir, onde um resto de sono nos esperava.

    Nesse dia, que amanheceu nublado mas tornou-se lindo, voltamos àquela bifurcação e a tomamos rumo ao próximo camping. Dali, caminha-se um trecho silencioso dentro de um bosque que parece ter saído de um conto de fadas, para em seguida tomarmos o Sendero Madre y Hija, que são os nomes de duas lagoas lindíssimas, de um verde estonteante, que encontramos no caminho.

    Paisagem cênica. Acho que é assim que defino esse trecho da caminhada. Um lugar com horizonte amplo, cerros enormes que despontam a cada curva e cores que se misturam num quadro perfeito, composto por nada menos do que o icônico Fitz Roy.

    30/12/2015

    Assistir ao amanhecer nas bases do FitzRoy, na chamada Laguna de Los Tres, não foi tão fácil quanto o dia anterior. Do camping à Laguna são cerca de 2,60Km percorridos numa ascensão de quase 500 metros. Isso às 4 horas da manhã, num frio de fazer chorar a nós brasileiros tropicais.

    Cerca de 1h30 depois, lá estávamos nós presenciando um espetáculo sem igual da natureza: a cada raio de sol, o granito até então opaco das paredes do Fitz Roy ia ganhando coloração, até quase querer explodir diante de nossos olhos silenciosamente extasiados.

    Presenciar momentos assim é sentir como se algo nos realinhasse com a vida, nos conectasse com o inexplicavelmente belo do mundo, nos parametrizasse como indivíduo. Parece exagerado, mas é o que sinto, de verdade.

    Depois de tanta sensação diante desse espetáculo não houve dúvidas: voltaríamos ao primeiro acampamento – De Agostini – para uma nova busca pelo amanhecer do Cerro Torre.

    Então, sem pressa, seguimos de volta para lá em uma caminhada de cerca de 3 horas.

    31/12/2015

    Acordamos e fomos buscar aquele que foi o último amanhecer de 2015, e com certeza, um dos mais lindos amanheceres que tive o privilégio de viver na minha vida. E o Cerro Torre estava lá, majestoso e inteiro, imponente como todas as suas histórias:

    Aproveitamos o período da manhã desfrutando os momentos entre um café e outro no camping e perto da hora do almoço, já com as mochilas leves, voltamos para a cidade de El Chaltén.

    Nesse dia tínhamos duas fortes razões para comemorarmos: a experiência incrível dos últimos dias de trekking e, como não poderia deixar de ser, o Ano Novo!

    Tentamos encontrar um restaurante bacana para jantarmos e tudo estava fechado ou esgotado, de modo que fechamos 2015 e abrimos 2016 no restaurante de nossa colega Maria José, onde comemos um gordurosíssimo Cordeiro Patagônico e com quem bebemos uns tantos vinhos argentinos escutando a história singular de sua chegada à cidade, da solidão de viver longe da família e da confusão de seu relacionamento com o cozinheiro – seu amigo com derechos , rsrs. E foi um ano novo especial, com meu amigo André e nossa colega Maria José, ambas pessoas que nas minhas lembranças da viagem brilham sempre enormes como o Cerro Torre.

    Observações:

    Os campings possuem áerea razoavelmente plana para as barracas, um fosso coberto e fechado para o banheiro e ambos estão localizados ao lado de correntes de água (aparentemente) potável.

    Bruna Fávaro
    Bruna Fávaro

    Publicado em 03/04/2016 22:35

    Realizada de 27/12/2015 até 31/12/2015

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    7 Comentários
    Jorge Afonso 13/04/2016 16:44

    Lindo lugar, este é um dos meus projetos rs.

    Bruna Fávaro 23/04/2016 20:14

    Oi, Laura! Essas que estão aqui são minhas mesmo... mas ele tirou muitas fotos lindíssimas de lá. ;)

    Fabio Fliess 04/05/2016 13:33

    Muito, muito bom Bruna!! Não vejo a hora de colocar os pés nesse lugar incrível... :)

    Thiago de Mello 04/05/2016 15:14

    Lindas fotos, ótima trip!

    Lindas fotos, linda viagem!

    Bruna Fávaro 11/10/2016 14:04

    Fabio, é imperdível, sério!

    Bruna Fávaro 11/10/2016 14:04

    Thiago e Carlos, obrigada!! :D

    Bruna Fávaro

    Bruna Fávaro

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