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Bruna Fávaro 03/10/2015 18:01 com 2 participantes
    Travessia Petrópolis x Teresópolis

    Travessia Petrópolis x Teresópolis

    Trekking no Parque Nacional da Serra dos Órgãos, estado do Rio de Janeiro, saindo da cidade de Petrópolis até Teresópolis em 3 dias.

    Trekking Montanhismo Acampamento

    Dedo de Deus, Escalavrado, Pedra do Sino.

    Mal iniciamos nossas atividades de montanha e nos deparamos com esses nomes e seus formatos inusitados. Não demora para nos lançarmos na meta de percorrer aquela que é a mais longa travessia dentro dos limites da Serra do Órgãos: a que sai da cidade de Petrópolis e vai até Teresópolis, no Rio de Janeiro.

    Marcelo, Renan e eu, encaramos a empreitada de pouco mais de 30km em sua clássica versão, a que tem duração de três dias. E antes de dar início a um breve relato dos dias de trekking, vamos falar da logística!


    Saímos na sexta rumo a Petrópolis e chegamos por lá já cerca de 1h da manhã do sábado. Nos hospedamos em um alojamento chamado Pousada Vila Açu, que nos cobrou R$60/pessoa o pernoite com café. Trata-se de um alojamento MESMO. Dois quartos com muitos beliches, colchão sem roupa de cama ou travesseiro e uma área com três chuveiros e banheiro. O café da manhã só é servido às 8h30. E você deve estar se perguntando: qual é a vantagem desse lugar? Ele fica a 5 minutos a pé da entrada do parque e foi o mais barato possível que encontramos!

    Café tomado, deixamos o carro estacionado na própria pousada (R$30) e nos dirigimos à entrada do Parnaso. Lá, descobrimos que os rapazes que cuidam da guarita oferecem um serviço excelente para quem está viajando de carro. Pela quantia de R$150 eles pegam o seu veículo e levam até a portaria de Teresópolis no dia em que você desejar finalizar a trilha. Não sei o quanto isso é confiável, mas garanto que vale imensamente a pena. Explico o porquê: no último dia de trilha, já cansados, levamos cerca de 5h30 para sair da portaria de Teresópolis e chegar até a pousada em Petrópolis para buscar o carro. Pegamos uma sequência de 4 ônibus e gastamos cerca de R$30/pessoa com as passagens. Faça a conta, vale a pena. ;)


    PRIMEIRO DIA (7Km)

    Às 9h10 do primeiro dia demos a largada e disparamos morro acima em direção à Pedra do Queijo. A trilha é constituída por uma subida de inclinação considerável a maior parte do caminho (praticamente todo os 7km totais, na verdade).

    Cerca de 12h, estávamos num importante ponto de água chamado “Ajax” e fizemos uma pausa maior para comermos. Após esse ponto, passamos pelo trecho chamado “Isabeloca”, uma parte de subida em zigue-zague bastante desgastante. Apesar disso, o visual e a brisa fresca vindos do Vale do Bonfim traziam àquela subida sem trégua uma energia boa, um gás forte pras nossas canelas.

    Visual do Vale do Bonfim


    Chegamos no Morro do Açu às 14h20, ainda bastante cedo, e passamos a tarde “fuçando” e curtindo cada canto da região. Preparamos a janta regada a vinho tinto (cortesia do Marcelo) e tendo sobre nós uma lua cheia das mais bonitas que já vi.

    Vista do nosso acampamento: à direita o abrigo interditado.

    Renan dentro das rochas que formam o Castelo do Açu

    Jantar sob a luz de muitas estrelas


    SEGUNDO DIA (11km)

    Acordamos cedo para presenciar o amanhecer, que não estava lá essas coisas, pois a visibilidade estava ruim. Tomamos o café da manhã e partimos sem pressa cerca de 7h30.

    Sem sombra de dúvidas esse foi o dia mais bonito da travessia, não só porque o tempo estava ótimo, mas porque passamos a observar as cadeias de montanha do parque a partir de seus ângulos mais bonitos e com maior proximidade. A trilha se estende por uma região de planalto, com a presença de alguns vales cuja descida davam um pouco de trabalho para os joelhos mais problemáticos. Mas calma, nada absurdo!

    Marcelo e o visual clássico do conjunto de picos


    O primeiro morro ao sair do acampamento do Açu é chamado Morro do Marco. Em seu topo existe uma importante bifurcação: pegue à direita caso queira conhecer o local chamado Portais de Hércules (40 min para ir e 1h30 para voltar ao ponto inicial). Caso contrário, siga seu caminho em direção ao próximo vale.

    Marcelo e eu andando na região de planalto


    Em pouco tempo encontramos uma conhecida passagem dessa travessia: o trecho do “Elevador”. Trata-se de um conjunto de ferros chumbados na costa do morro que facilitam a subida que, sem eles, seria bastante penosa. É um trecho que exige um pouquinho de atenção para não escorregar, mas não é nada demais. O caminho segue uma inclinação de cerca de 60° com “agarras” fixas e próximas umas das outras.

    Cerca de 12h30, logo após passarmos pelo “Elevador”, paramos para almoçar num lugar bastante agradável (e com sombra!) próximo ao ponto de água do chamado Vale das Antas, que é cortado por um pequeno rio. Barriga cheia, demos início à subida do último morro do dia, a Pedra da Baleia, que parecia assustadora do ponto onde estávamos, mas foi alcançada rápido e sem muito esforço.

    Marcelo e Renan apreciando o visual da Pedra do Sino e do Garrafão


    Do topo da Pedra da Baleia temos uma das vistas mais fascinantes de toda a travessia e que está aqui representada de forma justa pela foto de capa dessa nossa aventura: a pedra do Sino e o Garrafão, que disputam nossos olhares pela grandiosidade e também pelas suas curvas. Um verdadeiro show que a natureza oferece àqueles que estão dispostos a enfrentar algumas ladeiras tendo apenas o peso de uma mochila sobre os ombros.

    Passado o encantamento, seguimos para a Pedra do Sino. Nesse momento já é possível avistar o “tão temido” trecho do Cavalinho. Ao chegarmos nele, realmente sentimos um certo desconforto devido à exposição do trecho, que margeia a queda para um grande vale, o “Vale dos 7 ecos”.

    Pedra do Sino vista por trás com destaque para o trecho do "Cavalinho"


    Como estratégia, o Marcelo foi na frente sem a mochila, em seguida o Renan (que é o mais alto) passou todas as mochilas para ele. Depois disso, sem a mochila nas costas, foi bastante tranquila a passagem, exceto pela mãozinha que o Renan precisou me dar devido a minha estatura de anã... minhas pernas não alcançavam o outro lado da pedra. :(

    Depois dessa passagem, em que realmente não é necessária a utilização de corda (diferente do que li em muitos relatos por aí), chegamos no acampamento do segundo dia em cerca de 20 minutos, exatamente às 14h30!

    Deixamos as coisas por lá, montamos a barraca, tomamos um banho, tivemos um papo bom e animado com os responsáveis pelo abrigo (de quem ganhamos até um café fresquinho!) e subimos em direção à Pedra do Sino para apreciarmos o último pôr do sol da travessia.

    Pôr do sol encantador, por sinal!

    TERCEIRO DIA (12km)

    Às 3h da manhã já estávamos de pé tomando café e preparando as mochilas para a descida. Sob a iluminação majestosa da lua cheia (que tinha passado por um eclipse naquela noite!), partimos às 4h10 rumo a uma altitude mais de mil metros abaixo!

    Descida ao anoitecer


    Iniciamos a descida com o auxílio de uma headlamp, até que em pouco tempo o sol começou a dar as caras, nos trazendo visões magníficas da cidade de Teresópolis e do Parque Estadual dos Três Picos. Trata-se de uma descida suave, de mata fechada, com uma trilha larga e óbvia. O caminho é bastante bonito, com maior diversidade de plantas e animais.

    Descida!


    E às 7h20, após ouvirmos muitos sons incríveis de pássaros pelo caminho (em especial da Araponga), chegamos ao que se chama de “Barragem”. Lugar onde a trilha acaba e passamos a andar dentro da área pavimentada do parque, sede Teresópolis.

    Fique atento porque desse ponto até a portaria temos mais cerca de 2,5km de caminhada. Chegamos na portaria, saída para a rua e para o ponto de ônibus, cerca de 8h10.

    Terminada a travessia, ainda tínhamos que ir buscar o carro (5h30 depois... viu como os R$150 valiam a pena?! Rsrs)

    Visual durante a descida. Amanhecendo. Ao fundo, o Pq dos Três Picos.


    E foi essa a nossa experiência nesse parque nacional que tem tanto a oferecer! A sede Teresópolis possui uma boa área de camping e uma infinidade de pequenas trilhas de observação, as quais não pudemos conhecer devido ao tempo apertado que tínhamos. Mas não faltará uma oportunidade para passarmos uns dois dias descansando por lá e percorrendo esses pequenos caminhos. Quem aqui anima? :D

    O bom da montanha, além de toda conexão que nos proporciona, é que sempre saímos dela com mais horizontes do que quando chegamos.

    Bruna Fávaro
    Bruna Fávaro

    Publicado em 03/10/2015 18:01

    Realizada de 26/09/2015 até 28/09/2015

    2 Participantes

    Renan Cavichi Marcelo Baptista

    Visualizações

    22067

    36 Comentários
    Bruna Fávaro 11/10/2016 14:08

    Koslinsky, muito obrigada pela dica de hospedagem. Tá na lista agora! rsrs

    Bruna Fávaro 11/10/2016 14:08

    Boa sorte Ghady! Precisando, estamos aí!

    Bruna Fávaro 11/10/2016 14:09

    Leonardo, vamos animar aí! Eu voltaria fácil! Você não anima tbm, Jairo? :D

    Jairo Villao 19/10/2016 13:16

    Bruna, eu animo e chamo uns amigos, mas teriamos que esperar a temporada seca, ou não?

    Wilson Iwazawa 12/12/2016 13:48

    Show o relato! Vou fazer essa travessia em Março. É tranquilo de ir sem guia? Bem sinalizado? Eu não esquento, mas um amigo que vai está com receio. Sobre os abrigos, vi que é possível reservar os beliches. Sabe me falar se é confiável (ou o pessoal é desorganizado), não estava a fim de levar barraca. Grande abraço!

    Márcia Maria 03/02/2017 10:56

    Top

    Marcos Mello 21/09/2018 01:01

    Vi que usaram barraca da azteq. É necessário ter uma barraca autoportante, por causa do terreno e pela dificuldade de poder fincar estacas para deixar a barraca mais firme, ou o terreno possibilita a montagem de todos os tipos de barracas?

    Renan Cavichi 21/09/2018 01:09

    Olá Marcos, tudo bem? O terreno em sua maior parte é de terra ou grama em alguns abrigos, então pode ser qualquer barraca! \m/

    Bruna Fávaro

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