AventureBox
Crie sua conta Entrar Explorar Principal
Bruno Negreiros 08/04/2019 15:13 com 4 participantes
    Travessia Alto Palácio - Serra dos Alves (2 dias) | MG

    Travessia Alto Palácio - Serra dos Alves (2 dias) | MG

    Uma das travessias mais bonitas em que já estive. Não consigo esquecer as imagens do Mirante do Travessão e do Cânion da Boca da Serra.

    Trekking

    Data: 23 a 24/03/2019
    Local: Parque Nacional da Serra do Cipó, indo da portaria de Alto Palácio até a Serra dos Alves.
    Atividade: Caminhada de 2 dias (42 km)
    Participantes: 15 - Grupo Caveiras da Montanha + 15 - Grupo Trip Pistache
    Transporte: Van de 15 lugares (Suprema Rios)
    Início: Portaria Alto Palácio às 8:00 do dia 23/03/2019.
    Ponto Final: Vilarejo da Serra dos Alves às 15:00 do dia 24/03/2019.

    Essa aventura foi desbravada com o grupo Caveiras da Montanha, do Rio de Janeiro, em conjunto com o grupo Trip Pistache, de Belo Horizonte.

    Dia 1 - 23/03/2019

    Todos chegaram no ponto de encontro no tempo previsto, aproximadamente às 21:00. A ida não teve surpresas. O Spot estava ligado e tivemos uma viagem tranquila.

    Após um breve encontro com o grupo Trip Pistache na padaria, seguimos para a portaria do Parque Nacional da Serra do Cipó, em Alto Palácio. Chegamos aproximadamente às 7:30, com tempo suficiente para nos preparar, acertar a burocracia junto ao parque, brincar com os amigos mineiros e iniciar a travessia. Eram 30 pessoas e eu podia ver a preocupação no rosto de todos.

    Com todos prontos às 8 e pouco, paramos para aquela tradicional roda de comunicados e fotos. Alí o gelo começou a quebrar. Conforme previsão, o tempo estava muito fechado e com aparência de que ia chover a qualquer momento da manhã. Começamos a caminhada com baixíssima visibilidade. Nosso grupo era conciso, apesar de um ou outro atraso. O visual da Serra do Cipó foi se abrindo e começamos a experimentar os visuais maravilhosos que estariam por vir.

    Enfim, por volta das 10:30, alcançamos o tão desejado Travessão. O tempo estava perfeito e o visual do mirante era simplesmente espetacular. Um dos lugares mais bonitos que vi na vida. Todos tiraram fotos e se divertiram muito. A ideia inicial era comer alí, mas por argumentação do Bruno Carvalho (Pistache), decidimos terminar de subir o vale e comer perto de uma pequena cachoeira, o que seria um ponto de água ideal para almoçarmos.

    Após isso, encaramos uma forte caminhada até o ponto de camping estipulado, na Casa de Tábuas. Agora com tempo aberto, conseguimos ver o visual característico do espinhaço mineiro: grandes campos somados às com rochas talhadas pelo intemperismo, pontiagudas e apontadas para direções comuns. Chegamos na Casa de Tábuas por volta de 15:00. Tínhamos uma difícil decisão a tomar: ficar ou seguir mais 12 km até os Currais. Se seguíssemos, nosso segundo dia seria reduzido, o que agilizaria nosso retorno ao RJ. Os responsáveis pelo evento já tinham conversado com seus respectivos grupos sobre a possibilidade e ambos já estavam preparados psicologicamente, apesar de fisicamente debilitados. A decisão foi por seguir.

    Seguimos a caminhada em terrenos difíceis, muito charco, lama, ruim orientação sem GPS e a noite que beirava à porta. Quando ela realmente caiu, a orientação ficou ainda pior. Agora a responsabilidade estava comigo e com o Jon Bessa, do Pistache. Decidi juntar os grupos e forçar que andássemos juntos pelo meio da noite. Acredito ter sido a melhor decisão. Eu e Jon puxamos o ritmo e não deixávamos abrir muito. Até que houve uma lesão nos últimos quilômetros do dia. Aí os nervos foram à flor da pele. Todos estavam cansados, a noite era árdua, os terrenos eram difíceis de transpor e a luta por paciência individual parecia uma guerra interna. Foi aí que senti mais orgulho ainda do meu grupo. “Empatia” é a palavra certa. Sei que todos estavam cansados, mas o pensamento de solidariedade pesou. Andamos juntos até o fim. Vale ressaltar que o último quilômetro, depois da porteira, é o pior de todos. Muita lama, charco e obstáculos naturais. Vencemos. Chegamos aos Currais aproximadamente às 20:45.

    Com uma chuva que começava a cair, todos sofreram para arrumar a barraca. o Cansaço bateu forte. Mas após isso, todos conseguiram se alimentar bem, brincar um pouco e descansar para o que viria no segundo dia.

    Eu nunca senti tanto orgulho de um grupo liderado por mim. Estão todos de parabéns e desempenharam um papel espetacular. Todos compreenderam o espírito de união desde o início. Todos fizeram parte do time. E como um só, formamos uma máquina de superação física e mental.

    Dia 2 - 24/03/2019

    Acordamos cedo, tomamos café da manhã e ficamos prontos às 8:00. Tivemos que esperar o Pistache se arrumar. Não me recordo bem, mas acredito que conseguimos sair todos às 9:00.

    Agora, descansados, com o dia todo pela frente e com uma caminhada reduzida, ganhamos terreno na frente. Foi lindo, andamos juntos o dia quase inteiro. Mais visuais incríveis, com destaque para o Canyon da Boca da Serra. Destaque também para a cobra avistada por todos em uns arbustos e pela cobra filhote que chegou a me dar um bote na bota. Sinistro, poderia ter acontecido algo pior, eu estava distraído com um rádio. Mais atenção.

    A caminhada era mais fácil que a do dia anterior. Aproximadamente às 13 já estávamos na bifurcação da cachoeira, somente à 2,5 km do fim da travessia. Uns optaram por curtir a cachoeira, outros por seguir e terminar a travessia antecipadamente. A cachoeira era incrível. Conseguimos tomar banho, relaxar, tirar fotos, comer e brincar um pouco.

    Por fim, o grupo inteiro finalizou a travessia aproximadamente às 15:00. Dalí, resolvemos não almoçar no vilarejo por conta do temor da chuva cair e atrapalhar o estado da estrada de terra.

    O retorno foi emocionante. Por um erro no caminho da estrada de terra, a van atolou. Poderia ter sido um momento tenso, mas mais uma vez a união e a empatia de todos falou mais alto. Ninguém se lamentou ou criou dificuldades. Todos desceram da van e ajudaram, seja com força física ou com ideias para sairmos daquela situação. Grande destaque para o Beto, nosso motorista e dono da Suprema Rios. Sempre disposto a resolver a situação e nunca deixando o estresse vencer. Um cara justo, correto e muito gente boa. Se fosse outro motorista, o problema teria sido bem maior. Ganhou nossa admiração eterna. Depois de superada a estrada de terra, tivemos uma nova viagem tranquila até o Rio de Janeiro, chegando na rodoviária às 3:00, onde todos seguiram seus rumos com um sentimento de companheirismo e vitória únicos.

    Bruno Negreiros
    Bruno Negreiros

    Publicado em 08/04/2019 15:13

    Realizada de 23/03/2019 até 24/03/2019

    4 Participantes

    Zoé Henrique Protázio João Vitor Rosa Renato Olmos

    Visualizações

    1895

    7 Comentários
    Fabio Fliess 10/04/2019 13:42

    Grande Bruno!! Lendo o seu relato eu matei um pouco a saudade dessa travessia incrível. Parabéns! Abs

    Bruno Negreiros 12/04/2019 07:18

    Fala, Fábio. Que legal, meu camarada. É meu primeiro relato aqui na plataforma. Ele tá bem simples, espero que você tenha curtido!

    Fabio Fliess 12/04/2019 10:47

    Salve Bruno. Curti sim. Ficou nota 10 cara! Aguardando novos relatos por aí. Seja bem vindo! Abração.

    Bruno Negreiros 12/04/2019 11:12

    Valeu, Fábio!!!!

    Renan Cavichi 16/04/2019 11:19

    Irado Bruno! Essa ainda está na listinha infinita rsrs! Bora pro FEAL! :D

    Bruno Negreiros 16/04/2019 13:53

    Já tô contando os dias, irmão!

    Esthéfane Rubianne 14/05/2019 18:51

    Que demais!

    Bruno Negreiros

    Bruno Negreiros

    Rio de Janeiro

    Rox
    3748

    Engenheiro ambiental e montanhista com o sonho de contribuir para a disseminação dos esportes ao ar livre e de aumentar a conscientização ambiental e social no mundo outdoor.

    Mapa de Aventuras
    www.instagram.com/brunobnegreiros?r=nametag


    Mínimo Impacto
    Manifesto
    Rox

    Dri @Drilify, Renan Cavichi e mais 442 pessoas apoiam o manifesto.