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Bruno Negreiros 24/04/2019 10:26 com 2 participantes
    Travessia São João da Chapada x Curimataí | MG

    Travessia São João da Chapada x Curimataí | MG

    Uma experiência entranhada no cerrado mineiro, fora da mesmice e do usual norte de Minas Gerais/MG.

    Trekking

    Data: 19/04/2019 a 21/04/2019
    Local: São João da Chapada, Parque Nacional das Sempre Vivas e Curimataí
    Atividade: Travessia de 3 dias.
    Participantes: 15 - Chico Trekking
    Transporte: Van saindo de Belo Horizonte
    Início: São João da Chapada/MG
    Ponto Final: Curimataí/MG

    RELATO

    Tudo começou com uma ideia maluca de fugir da mesmice no feriado de páscoa. Entre muitas opções de roteiros, apareceu o convite de fazer algo diferente, bem longe e de pouco conhecimento do grande público. O responsável por isso foi um dos caras que mais admiro nesse mundo outdoor: o Chico Trekking. Na mesma hora, comecei a agitar uma possível logística e convidar amigos que eu sabia que também estavam procurando por um novo desafio. Consegui mais cinco pessoas empolgadas e um carro para nos levar. Como só cabiam cinco pessoas no veículo, ficou acordado que eu iria um dia antes de ônibus para BH. Isso não seria um problema, visto que eu não trabalharia e que estava devendo uma visita à muitos amigos.

    Antes de entrar no relato em sí, vale um agradecimento especial a todos os amigos de BH que me receberam. Em especial para a Karina e à Alê, que me abrigaram e me alimentaram MUITO BEM. Tivemos um dia incrível de muito café, ideias e conversas sobre o futuro. Obrigado ao grupo Trip Pistache pelo acolhimento e carinho nos momentos pré viagem.

    Dia 1 - 19/04/2019

    Após passar o dia por BH, o pessoal do Rio de Janeiro me encontrou por volta das 23:00, chegando de uma longa viagem de carro. Imediatamente partimos para o terminal turístico JK, nosso ponto de encontro com o Chico. Lá, o encontramos com seu cigarro de palha e um sorriso no rosto. Entramos na van com aquele jeito carioca. Enquanto os mineiros queriam descansar, nós conversávamos e riamos. A viagem foi tranquila, com uma parada legal em São João da Chapada para um café da manhã do interior de MG.

    Por volta das 8:00, começamos a caminhada. O início se deu em uma longa estrada de terra batida de aproximadamente 4 km. Alí já refletia sobre estar mais um fim de semana no cerrado mineiro. Estou ficando apaixonado por essas belas savanas de rica biodiversidade e vegetação de troncos grossos e tortuosos.

    Tivemos dois grandes destaques no dia. O primeiro foi o Rio Pardo Grande, um afluente da margem direita do rio das Velhas e, portanto, um subafluente do rio São Francisco. O segundo momento foi a belíssima vista das Serras do Tigre e da Onça. Acredito que as imagens a seguir podem passar um mínimo da sensação de beleza e contemplação que me encheu por dentro nesse cansativo primeiro dia de caminhada. Sem dormir à quase dois dias, a energia era renovada a cada característica única e sinuosa daquela paisagem.

    Alguns problemas começaram já no primeiro dia. Tínhamos alguns participantes bem abatidos e sofrendo com bolhas. Mais uma vez o trabalho de motivação foi fundamental. Destaque para a Josye, Henrique e Ana Paula que foram grandes guerreiros. Foram 24 km de “é logo alí”.

    O fim do dia se deu através de uma descida até as margens do Ribeirão Paciência, onde acampamos, descansamos e até fomos para a casa de um dos moradores locais para uma cerveja noturna. Destaque para a lua cheia que estava incrível. Como eu queria ter uma câmera que conseguisse retratar esse momento com toda sua plenitude.

    Dia 2 - 20/04/2019

    Como não tínhamos uma caminhada muito longa no segundo dia, conseguimos descansar bem e sair do acampamento por volta das 9:00. O dia foi tranquilo, tirando os problemas físicos de alguns participantes que estavam se agravando. Aqui, vale uma dica importante: não deixem de usar os calçados de inteira confiança em uma caminhada longa. Uma bota não amaciada pode fazer estrago.

    O dia reservou o meu reencontro com o Parque Nacional das Sempre Vivas. Estive no Parque há dois anos atrás e morria de saudade de suas terras. Vale ressaltar a importância da unidade de conservação, visto que o cerrado, apesar de ter sua importância reconhecida para a conservação da biodiversidade, é o bioma com a menor porcentagem de áreas de proteção integral no território nacional.

    Chegamos bem cedo ao camping, por volta de 12:00 ás margens do Rio Preto, onde montamos acampamento e nos alimentamos. Seguimos para algo que, com certeza, seria inesquecível: a cachoeira de Santa Rita. Foi uma caminhada difícil devido ao fato da trilha estar pouco batida. Foi um vara mato só. Subidas e descidas até chegarmos no leito do Rio Preto. Mais um tempo de caminhada pulando rochas até a verdadeira e monstruosa queda da cachoeira.

    A cachoeira vale um parágrafo à parte. Bela, gigante, imponente, monstruosa. Não sei como descrever. Uma das mais bonitas que esses humildes olhos já viram. Ainda estou chocado com tamanha força. A parte alta reserva lindas paisagens, mas na sua parte baixa….

    De volta ao camping, o fim do dia foi de maior entrosamento entre nós e o pessoal de MG. Galera sempre boa e extremamente receptiva. Que povo lindo.

    Dia 3 - 21/04/2019

    Era o último dia de caminhada e resolvi acordar cedo para ver os primeiros raios de sol. Fiquei surpreso que muitos pensaram na mesma coisa. Seguimos o ritual de sempre, desmontar barraca, arrumar as coisas, comer e sair.

    Foi um dia tranquilo, com mesma magnitude de beleza que os anteriores por dentro do Parque até a descida final para Curimataí. Sabe aquela estrada de cascalho com 36ºC? Então, foi isso.

    Chegamos ao vilarejo de Curimataí por volta de 14:00 depois de quase 50 km de caminhada total, onde batemos papo com os moradores locais, bebemos umas cervejas, almoçamos e desfrutamos do bônus que nos aguardava: a cachoeira de Curimataí.

    Por fim, a van nos pegou às 16:00, onde rumamos de volta para Belo Horizonte. Lá, as tradicionais despedidas e o começo de mais uma longa viagem para o Rio de Janeiro. Chegamos por volta das 6:00 da manhã e fomos direto para o trabalho. Sacrifícios devem ser feitos pelo contato com a natureza. Isso é algo que não aparece nas fotos bonitas.

    Bruno Negreiros
    Bruno Negreiros

    Publicado em 24/04/2019 10:26

    Realizada de 19/04/2019 até 21/04/2019

    2 Participantes

    Zoé Henrique Protázio

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    1572

    4 Comentários
    Fabio Fliess 24/04/2019 10:38

    Sensacional a travessia e o relato Bruno!!!! Tô devendo uma travessia dessas com o mestre Chico! Parabéns! Abs

    Bruno Negreiros 24/04/2019 10:39

    O cara é o mestre dos mestres! Tô ansioso pra ler o relato nas palavras dele.

    Marcelo A Ferreira 24/04/2019 13:06

    muito show

    Bruno Negreiros 25/04/2019 15:26

    Fala, Marcelão. Tmj

    Bruno Negreiros

    Bruno Negreiros

    Rio de Janeiro

    Rox
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    Engenheiro ambiental e montanhista com o sonho de contribuir para a disseminação dos esportes ao ar livre e de aumentar a conscientização ambiental e social no mundo outdoor.

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