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Pucallpa – Entrada para a Amazônia Peruana
Viagem em busca da cerâmica, mas descobrimos muito mais
Depois de vivenciar o Peru Andino, mais árido e frio ao sul, seguimos para Pucallpa, capital do Departamento de Ucayali, seguindo a rota da Cerâmica indígena da etnia Shipibo, motivo principal de nossa viagem ao Peru.
Ao chegar ao pequeno Aeroporto de Pucallpa, vindo de Lima pela Star Peru, a primeira diferença que sentimos foi aquele calor familiar, parecido com o de Manaus e Santarém.
Gentilmente, o proprietário do Hotel Luz de Luna que reservamos, foi nos buscar no Aeroporto. Então percebemos uma segunda diferença. Nas vias públicas, praticamente somente nós estávamos andando de carro. Lá o principal meio de transporte é o motocar ou Tuk – Tuk.
A Plaza de Armas da cidade é muito bem arrumada e à noite, principalmente nos fins de semana há apresentação de artistas populares e carrinhos de pipoca com bexigas coloridas para deleite das crianças.
Nas decorações das pilastras dos prédios governamentais e nas praças, já se percebe a influência e o respeito às nações indígenas.
Na cidade, fomos ao Parque Regional de Pucallpa (transporte: 5 soles a partir do centro, em motocar. entrada: 3 soles por pessoa). Este parque comporta um rico zoológico e também o Museu Regional, com um grande acervo de cerâmicas Shipibo.
Mas este Parque pede socorro e é urgente. Os córregos que cortam o parque estão muito poluídos com lançamento de esgoto in natura e falta manutenção.
Perto da Plaza de Armas há também lojas de arte indígena e tendas gerenciadas pelos próprios Shipibo que vale a pena conferir .
Na "orla" do rio Ucayali aos fins de semana em feira gastronômica, com iguarias muito apetitosas.
No hotel perguntamos por passeios turísticos e nos indicaram a empresa "Los Yacurunas" (losyacurunas@gmail.com) para fazer uma visita às comunidades indígenas Shipibo-Konibo de São Francisco e Santa Clara (nomes dados por jesuítas), com acesso pela Laguna Yarinacocha (Lago das Yarinas). Yarina é uma palmeira que abundava na região, mas devido ao intenso uso de suas palhas como cobertura de telhados já é considerada rara.
Essa laguna recebe as águas do rio Ucayali e tem pequenos canais por onde pequenos barcos de pesca tem acesso ao rio.
Na manha do dia combinado, fomos de motocar até o Porto Callao no município de Yarinacocha, às margens do lago e tomamos o barco pilotado por nosso guia Ronald Sandro Taboada Quispe.
Tivemos a satisfação de termos também, como guia, a Graciela, uma Shipibo estudante de Turismo na faculdade local .
Assim, tivemos a oportunidade de conhecer um pouco das lendas e mitos da amazônia peruana.
Nos subterrâneos, habita uma imensa cobra. De tempos em tempos ela sai para caçar e então a terra treme, causando os terremotos. Mas para os terremotos, há quem acredite na lenda das placas tectônicas...
A primeira parada foi na comunidade de São Francisco onde os Shipibo-Konibo tem uma incrível tecelagem em algodão e basicamente os desenhos se referem à serpente, à cerâmica, aos meandros do rio Ucayali e a Yauhasca.
Essas comunidades são urbanizadas com ruas e energia elétrica.
Fomos então apresentados à Ayahuasca!
Ayahuasca (do quéchua aya, que significa 'morto, defunto, espírito', e waska, 'cipo', podendo ser traduzido como "cipó do morto" ou "cipó do espírito". No Brasil é conhecida , também conhecida como santo-daime. É frequentemente, associada a rituais religiosos e também faz parte da medicina tradicional dos povos da Amazônia.
As autoridades jurídicas do Peru, considerando o uso tradicional, reconhecem a ayahuasca como parte da medicina tradicional amazónica e patrimônio cultural da nação, e reconhece virtudes terapêuticas na planta, sem apresentar riscos à saúde quando usada no contexto do tradicional e do sagrado.
Passamos então em atelies de cerâmica, com seus fornos rústicos a lenha.
A Ceramista Gloria Amasifuen pode ministrar cursos e vivência em cerâmica na própria comunidade.
A ideia era fazer uma caminhada de São Francisco até a comunidade de Santa Clara, cerca de 2km. Mas o sol forte e aquela alta umidade nos convenceram a ir de taxi (motocar).
Em Santa Clara conhecemos uma típica familia Shipibo, e fizemos uma degustação no pomar. É possível alugar um chalé na comunidade para passar férias, pescar e fazer trilhas. Vimos também a confecção das roupas típicas, tingidas com terra de várias cores.
Os desenhos nos tecidos e na cerâmica são inspirados de visões que as artesãs tem quando sob efeito da Ayahuasca.
Voltando pela laguna, paramos na comunidade de San José para ver uma plantação de Camu-camu, uma fruta da cor e do tamanho de uma jaboticaba, muito rica em vitamina C.
Em San José, vale a pena visitar o Museo Etnográfico y Natural "Dr. Willian Cameron Townsend" localizando dentro do Sachamama Ecolodge.
Passando pela laguna de manhã, avistamos botos que estavam indo se alimentar no rio Ucayali e cruzamos com vários barcos voltando do rio após passar a noite na pesca.
E para terminar, um delicioso almoço regado a suco de camu-camu, em um tipo de balneário que fica lotado nos fins de semana, onde se pode nadar na laguna ou numa grande piscina.
Pudemos então, neste balneário vivenciar a serpente de verdade!
