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Claudio Luiz Dias 22/09/2015 21:21
    Trilha do Pico do Baepi - Ilhabela - SP

    Trilha do Pico do Baepi - Ilhabela - SP

    Trilha de grau difícil no Parque Estadual de Ilhabela. O objetivo, além de chegar no cume, era recolher o lixo deixado por outros trilheiros

    Fui convidado para participar desse trecking ao Pico do Baepi - Ilhabela, por minha amiga Sthephanie Leite que, junto com sua turma do curso de Gestão Ambiental, participariam do dia de limpeza de praias, rios e parques.

    Encontramos-nos na Balsa das 7h30 em um sábado de pleno sol que prometia...

    Saindo da balsa, já na Ilha, os “desmotorizados” como eu, seguiram pela ciclovia e pela ponte estaiada sobre o ribeirão da Água Branca. Nem sabia, mas o Pico do Baepi já nos encarava lá do alto. Só reparei vendo depois a foto.

    Depois pegamos carona com as motoqueiras do grupo que voltaram para nos buscar e levar até o bairro Itaguaçu. O ponto de referência é o restaurante Deck, na esquina da rua Almirante Tamandaré com rua Dona Isa. Essa é a rua que dá acesso à trilha. Lá encontramos com nosso guia, o Alex, credenciado no Parque, e subimos a parte urbana de carros e motos. No final há um largo onde é possível deixar os veículos (coordenadas UTM 463.614 x 7,367,446)

    Dalí pra frente 3,5km só de camelo. E começamos a recolher o lixo deixado no fim da rua e na trilha. A boa notícia é que não encontramos muito lixo na trilha. Nos mirantes e pontos de descanso havia concentração maior de garrafas d’água, tampinhas, embalagens.

    inicio da trilha

    Conforme informações da placa do Parque no início da trilha, essa é considerada uma trilha com nível alto de dificuldade e tempo estimado de 6 horas. Nós levamos bem mais tempo que isso pois o grupo era heterogêneo e não havia pressa.

    O primeiro mirante, a cerca de ¼ da trilha fica em uma área de sapezal, onde no passado era um local de agricultura e pecuária. Esse tipo de capim agressivo e o fogo que às vezes assola a área impedem a regeneração da mata.

    Esse capim também corta a pele, por isso é bom ir de calça e camisa de manga longa.

    E não se esqueça que vc está na Ilhabela, terra dos borrachudos....E pode ter carrapatos no sapezal. E tinha.

    A vista deste mirante já vale a pena. É bom dar uma parada nesse local, se hidratar e comer. Assim, o corpo de recupera do esforço inicial e se prepara para seguir adiante.

    Apesar de ainda estar cedo, por volta das 9h00, o sol já estava pegando. Por isso é fundamental protetor solar e boné / chapéu.

    Mas após uma caminhada relativamente curta no sapezal sob o olhar desconfiado do Pico, a trilha entra numa abençoada sombra mata adentro. Além da sombra, a mata fechada nos faz perder um pouco a sensação de aclive acentuado, já que não temos pontos de referência (mar e montanha).

    Ai a diversidade biológica se apresenta. Muitos pássaros machos cortejando as fêmeas, pois já era quase primavera. O canto da araponga era constante. Encontramos alguns lagartos pequenos e uma salamandra amarela e preta. Apesar de existirem, não nos deparamos com cobras.

    Em alguns pontos a trilha é estreita e devemos passar entre a rocha e a árvore.

    A vegetação também vai ficando mais exuberante e encontramos alguns cipós imensos. Em alguns pontos o solo é fofo em função do acúmulo de matéria orgânica.

    Silenciosamente a figueira mata-pau “abraça” uma arvore de grande porte e a usa como suporte em busca do sol. Com o tempo, lentamente ela “estrangula” a árvore suporte, que morre.

    Nosso guia Alex e a figueira

    Havia muitos pássaros machos cortejando as fêmeas, pois já era quase primavera. O canto da araponga era constante.Encontramos alguns lagartos pequenos e uma salamandra amarela e preta. Apesar de existirem, não nos deparamos com cobras.

    A trilha vai ficando mais íngreme, com rochas a serem vencidas. Raízes expostas das árvores e o bastão de caminhada ajudam a empreitada. Usei um par Quechua 500 e foi fundamental para reduzir o esforço nos joelhos, tanto na subida como na descida.

    De tempo em tempo, parávamos para descansar, beber, comer (até como uma forma de aliviar o peso das mochilas) e também para esperar o povo se reagrupar.

    Interessante a ideia de grupo e equipe. Enquanto tínhamos um objetivo mais coletivo, o de recolher o lixo, funcionou a ideia de equipe. Mas à medida que o lixo rareava, a equipe se tornava um grupo com sub grupos formados principalmente em função das aptidões físicas.

    Placas vão indicando a distância percorrida e a altitude alcançada: 2km 600; 3km 800m; 3,5km 1048m.

    Em alguns pontos há um providencial corrimão, ou uma escada para transpor uma rocha grande. Com o cansaço, uma árvore grande caída no meio da trilha parece intransponível. Lembrei do desenho FormigaZ, quando caia uma folha na trilha das formigas e a fila fica desorientada..

    Já próximo do topo há um bambuzal que cria dois problemas: temos que passar quase engatinhando sob as varetas com risco de ferir o olho e o excesso de folhas secas que deixam o chão super liso.

    Vencendo o bambuzal, chega-se à altitude de 1048m e a placa avisa os perigos de chegar.

    Aí é só vencer uma rampa esculpida na rocha.

    No cume, uma pequena área de pedra exposta com uma vista incrível.

    Olhando para o interior da ilha, uma densa vegetação. É o Parque Estadual da Ilhabela.

    Do outro lado, o Canal de São Sebastião, a Vila em Ilhabela, o centro de São Sebastião, o píer da Transpetro (a esquerda), o Yacth Club, a Serra do Mar e ao longe, a Serra da Mantiqueira. Estávamos acima do nevoeiro que começava a se formar ao norte do Canal

    E o sol não dava trégua, tanto que o tempo de permanência no cume não pôde se estender muito.

    E como prevíamos, não havia nenhum helicóptero, tirolesa, teleférico, paraglider ou Ícaro para nos levar de volta ao nível do mar, então o jeito foi caminhar tudo de volta.

    Não se engane quem acha que pra baixo todo santo ajuda. O nível de dificuldade continua alto e o risco de queda aumenta bastante.

    Já de volta à área do sapezal, uma última olhada para o Pico, agora nos sentindo íntimos e com saudades, sabendo agora que a montanha é um grande monolito.

    Dizem que uma experiência incrível é subir no Baepi de madrugada para ver o nascer do sol. Bora la?

    6 Comentários
    Stephanie Leite 22/09/2015 23:59

    Obrigada pela companhia nesse dia Claudio, sem dúvida um sábado memorável. E apesar de tanto sofrimento (de minha parte) valeu a pena. Quero você em todas!

    Renan Cavichi 23/09/2015 00:12

    Boa Claudio! Tem algumas novidades nessa trilha, antigamente não tinha o mirante e a escada de madeira, mas o bambuzal continua o mesmo rsrsrs.

    Stephanie Leite 23/09/2015 00:14

    Verdade Renan, tivemos a companhia de alguns "guardiões" do Baepi que nos contaram dessas novidades. E olha, se assim já foi difícil, imagino como era antes. Rs.

    Renan Cavichi 23/09/2015 19:42

    Rsrsr legal Stephanie! Preciso publicar um relato antigo que tenho aqui sobre o Baepi, vai ser legal pra ver como era! Quando publicar aviso vocês!

    Cássio Pieroni 06/11/2015 16:51

    Cláudio, boa tarde! Pra fazer esta trilha, é obrigatório a companhia de um guia? Já vi alguns sites que dizem ser obrigatório. Vlw

    Claudio Luiz Dias 09/11/2015 20:35

    Cassio. A orientação da trilha não é muito difícil. Tem pouca bifurcação (uma que eu me lembre). Mas é muito recomendado ter um guia, pelo menos na primeira subida. Mas se é obrigatório ou não, seria melhor peguntar aos gestores do Parque Estadual da Ilhabela. Se for o caso, eles devem ter a relação de guias credenciados. Outra opção é ir com quem conhece o lugar. Escolha um dia de ceu limpo, de uma semana sem chuva, para aproveitar mais. boa sorte

    Claudio Luiz Dias

    Claudio Luiz Dias

    Caraguatatuba

    Rox
    345

    Agrônomo pela ESALQ USP.Trabalha na CETESB (Agência Ambiental do Estado de São Paulo) desde 1990. Interesse por meio ambiente, historia e cultura (foco em cerâmica indígena)

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