Trilha na Floresta Nacional do Tapajos - FLONA
Trilha em meio à floresta amazônica primária e passeio de canoa em igarapé
A trilha pela floresta amazônica inicia-se na comunidade tradicional ribeirinha de Jamaraqua, as margens do rio Tapajos, no município de Belterra.
Para chegar à comunidade é possível ir de barco (1h30) a partir de Alter-do-chão, um distrito de Santarem (PA) ou de ônibus rural desde Santarém (cerca de 3h00 em estrada de terra).
Há taxas ambientais para visitar a Floresta e é preciso guia.
Estavamos hospedados em Alter do Chão, e contratamos a agência local Mãe Natureza Ecoturismo (http://www.maenaturezaecoturismo.com.br/alter.htm), que providenciou barco, guia, almoço e taxas.
O preço varia conforme o número de pessoas. Assim, é comum esperar por outros turistas para fechar o pacote. Os guias locais só falam português, mesmo com o crescente contingente de estrangeiros em Alter. Foi uma oportunidade de treinar inglês servindo de tradutor para um casal alemão que estava junto.
A viagem de barco já é uma aventura. O rio Tapajos que neste trecho tem mais de 15 km de largura e as ondas são grandes como no Canal de São Sebatião (litoral norte de São Paulo) em dia de mar agitado.
Ao longo da margem avistam-se praias fantáticas de areia branca, servidas por bares e quiosques.
É preciso parar em uma enseada para reabastecer (o combustível extra vai em galões). Essa é uma boa oportunidade para desfrutar da praia com água doce e quente.
Já na comunidade de Jamaraqua nos abastecemos de água e Jambo Rosa. De lá o guia, um senhor local, nos levou a visitar por trilha uma floresta primária.
O início da trilha, com muitas seringueiras exibindo as marcas da sangria do tempo do ciclo da borracha, é subida até chegar em um mirante.
galho de pequizeiro caído
Passamos por árvores gigantes, cujos galhos caídos eram maiores do que grandes árvores na Mata Atlântica e formigueiros incríveis. Há formigas que quando esfregadas na pele soltam um aroma cítrico repelente para insetos, mas há outras como a tucandeira cuja dor da ferroada demora 48 horas. É essa formiga utilizada em rituais de passagem indíginas onde meninos enfretam a dor e se tornam homens.
A volta em descida é feita por outra trilha. Ao contrário do que esperava, não haviam muitos insetos. Nem precisamos de repelente e nem protetor solar, já que a maior parte da trilha é à sombra de grandes árvores.
De volta à comunidade, pausa para um almoço típico com arroz, pirarucu ensopado, e salada, servido em uma mesa ao ar livre à sombra com vista para a praia.
Vista da praia do rio Tapajós durante o almoço em Jamaraqua
Depois de reabastecidos, hora de navegar em canoa pelos igarapés com o mesmo guia. Em setembro as águas estão baixando, expondo árvores, construções e até uma trave do gol de um campo de futebol que ficam debaixo d'água todo ano na épocas das chuvas (inverno).
Canoa típicca
Nos troncos e galhos que ficaram submersos, forma-se uma esponja chamada Cauixi que é utilizada pelos ceramistas desde os tempos pré colombianos mas dar plasticidade à argila. O problema que esta esponja irrita a pele e dá uma coceira que dura dias.
As águas são escuras (devido a decomposição de matéria orgânica) e bem quentes na superfície e corrente fria no fundo.
Depois do nadar no igarapé alguém teve a infeliz ideia de perguntar se tinha jacaré. E o guia com muita calma disse que tinha muitos e sucuri também. Mas nunca tinha tido um acidente com pessoas. Que bom que mantivemos a escrita!
Na comunidade há uma pequena loja de artesanato, bijuteria nativa e peças indígenas. Há também A Pousada do Pedro, com cama e rede, e paredes de palha de palmeira. É bem elevada do chão para evitar visitas indesejadas. Em uma próxima oportunidade ficaremos lá para vivenciar a vida na comunidade.
Moradores mantém pequenos fragmentos de cerâmica indígena encontrados em antigos assentamentos (os índios que habitavam a área eram nomades e quando abandonvam um lugar, deixavam para trás coisas pesadas como potes de cerâmica. Todos os objetos eram quebrados, amontoados e enterrados.
Cerâmica arqueológica
No fim do dia, mais 2h00 de barco de volta a Alter do Chão, com muito vento e ondas grandes. Uma noite incrível no mar de água doce com lua cheia.
Já está mapeando todo norte do Brasil em Claudio rsrs! Muito legal!
A ideia é essa Renan. Tem muita coisa legal no Para e Amazonas para ver. Abraço